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Resumo
Importantes mudanças vêm sendo aplicadas no treinamento desportivo nos últimos anos, principalmente devidos aos
avanços nas pesquisas em Ciências do Esporte. Apesar disto, poucos trabalhos tem tratado em conjunto as avaliações físicas
necessárias para a prescrição dos diferentes métodos de treinamento. Esta revisão tem por objetivo explanar sobre alguns
métodos de avaliação funcional e da prescrição do treinamento adequado aos resultados dessas avaliações.
Unitermos: Treinamento desportivo. Avaliação funcional. Fisiologia do esporte. Especificidade. Individualidade biológica.
Abstract
Important changes in sport training have been applied in the last years, due the advances obtained in the researches in
sport sciences. However, lack studies about the adequate physical evaluation concerned the different methods of training.
Thus, the goal of this review is explain about some physical evaluation or methods and the training prescription related the
results form these evaluations.
Keywords: Methods of training. Physical evaluations. Prescription of training. Sport physiology.
Agradecimentos: À CNPq e CAPES pela bolsa de estudo concedida ao primeiro e segundo autores, respectivamente, deste
trabalho.
1/1
Introdução
O Treinamento Esportivo (T.E.) tem obtido importantes evoluções nos últimos anos,
principalmente devido ao avanço das pesquisas em fisiologia do exercício, biomecânica, psicologia
do esporte, bioquímica do esporte, nutrição do esporte, dentre outros.
Estas adaptações esperadas, só irão ocorrer caso o indivíduo realize atividade física
regularmente, e em nível superior ao seu habitual1. Um dos meios mais utilizados na busca de
melhor condicionamento físico é a corrida submáxima de longa duração (30 a 60 minutos) numa
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intensidade de 50% a 80% do VO2máx. Mais recentemente tem-se utilizado a intensidade associada
ao VO2máx como parâmetro para prescrição de treinamento intervalado2,3. Estes dois tipos de
treinamento são importantes para elevar o nível de aptidão aeróbica, requisito necessário para o
sucesso em esportes de endurance, além de o baixo nível cardiorrespiratório estar associado com
fator de risco aumentado para muitas doenças degenerativas4.
O treinamento resistido também tem sido utilizado com sucesso no aumento do desempenho de
atletas de alto nível, através dos seus benefícios associados à melhora da potência e capacidade
aeróbica, flexibilidade, resistência muscular, e principalmente força e potência muscular.
Há três fontes geradoras de energia, sistema anaeróbico alático (ATP-CP) que predomina em
esforços máximos de até 10 segundos, como em corridas de 100 metros; Anaeróbico Lático com
utilização de glicose, mas sem a necessidade de oxigênio com a formação final de piruvato ou
ainda, dependendo de vários fatores produzindo lactato, e que apresenta sua capacidade máxima
entre 30 e 60 segundos, como por exemplo, corrida de 400 metros; Sistema Oxidativo, que utiliza
glicose, lipídeos e proteínas para geração de energia, e que necessitam de oxigênio, e os esforços
são acima de 1 minutos, como por exemplo, corrida de 1500 metros6.
O treinamento esportivo é organizado em ciclos para facilitar sua organização temporal. São
divididos em macrociclo, que corresponde ao treinamento como um todo (geralmente 3 meses a 1
ano); Mesociclos, que é a divisão do macrociclo e corresponde geralmente a ciclos de 1 mês de
duração; microciclos, que é a divisão dos mesociclos e corresponde geralmente a 1 semana de
duração; ainda dentro dos microciclos temos a sessão de treinamento, que é a divisão dos
microciclos e que corresponde a um dia de treino.
Com base no acima exposto, poucos trabalhos têm tratado em conjunto as avaliações físicas
necessárias para prescrição do treinamento e os métodos de treinamento, ou seja, não há a união
da ciência do treinamento esportivo e da fisiologia do esporte. Deste modo, esta revisão tem por
objetivo explanar sobre alguns métodos de avaliação funcional e prescrição do treinamento baseado
nos resultados destas avaliações.
Avaliação do atleta
O Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx) pode ser definido como o maior volume de oxigênio
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por unidade de tempo que um individuo consegue captar, transportar e metabolizar para a
biossíntese da ATP durante exercício máximo7.
Este parâmetro fisiológico tem sido utilizado como o modelo padrão na avaliação da aptidão
cardiorrespiratória2,4,9 indicador da capacidade de endurance e parâmetro para prescrição de
treinamento, com seus valores podendo ser modificado pelo treinamento sistematizado6.
Cinética de VO2
Porém, quando o indivíduo sai da situação de repouso para um exercício de alta intensidade (i.e.
100% Intensidade do VO2máx), a frequência de aumento na fosforilação oxidativa é igual a
constante tempo ( ) para a cinética de VO2, que é o tempo requerido para alcançar 63% da
diferença entre o VO2 base (repouso) e a estabilização do VO2.
Há um clássico debate sobre as limitações da cinética de VO2, sendo que esta limitação seria
preferencialmente central ou periférica, seja em exercícios máximos ou submáximos13.
De acordo com Grassi14, há duas correntes que tentam explicar a cinética finita do VO2. Uma que
atribui o problema à lentidão do ajuste do metabolismo oxidativo à nova solicitação metabólica
(inércia metabólica) e, outra que atribui este fator à entrega de O2 para a fibra muscular. Ainda
segundo Grassi14, a explicação para esta cinética finita do VO2 é mais complexa, dependendo de
vários fatores limitantes.
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Vários índices fisiológicos tem sido utilizados na prescrição e controle do treinamento15, e entre
estas variáveis estão o Limiar de Lactato, Limiar Ventilatório, e mais recentemente a intensidade
associada ao VO2máx (IVO2máx), que é definida como a velocidade ou potência em que se atinge o
VO2máx e descreve a associação entre a potência aeróbica máxima e economia de corrida2. Outro
importante índice associado à IVO2máx é o Tempo limite (Tlim), que é utilizado tanto para
prescrição do treinamento aeróbico como para avaliação da capacidade anaeróbica2.
Limiar de Anaerobiose
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Para Weineck21, força máxima pode ser definida como a maior força que o sistema
neuromuscular pode exercer através de contração voluntária máxima, ocorrendo (dinâmica) ou não
(estática) movimento articular. O treinamento resistido promove aumento da força máxima, e este
aumento seria devido ao incremento da secção muscular transversa, aumento da sincronização e
dos disparos nervosos das unidades motoras, e diminuição do fenômeno de co-contração22.
Pesquisas têm sido realizadas na tentativa de desenvolver métodos de avaliar a força máxima em
atletas de maneira confiável, válida e fidedigna, visto que esta capacidade física é pré-requisito para
o sucesso em muitos esportes de competição, e o aumento da força é objetivo principal do
treinamento resistido23. Porém, um dos problemas encontrados é o da especificidade do
movimento, visto que as avaliações são realizadas em aparelhos típicos de musculação, fugindo dos
padrões de movimentos dos esportes.
O teste mais comumente utilizado e pesquisado é o de uma repetição máxima (1-RM), que foi
definido por Pereira & Gomes24 como a maior carga que pode ser movida por uma amplitude
específica de movimento uma única vez e com padrão de movimento correto.
No que tange à confiabilidade do teste de 1-RM, Dias et al.23, verificaram nas suas revisões que
vários estudos demonstraram níveis moderados e até mesmo elevados de correlação intraclasses no
teste-reteste. Ainda segundo Dias et al., esta não seria a melhor análise destes dados, visto que
neste mesmo estudo foi encontrado um nível elevado de correlação entre o primeiro dia de teste da
1-RM e o quarto dia, mas quando utilizado o procedimento de plotagem de Bland e Altman, um
recurso estatístico que permite a análise da concordância entre as medidas obtidas nas diferentes
sessões de testes de 1-RM, ficou evidente que mesmo em indivíduos treinados (mais de seis
meses), seria necessário um tempo de familiarização com o teste para que não se tire conclusão
equivocada, e este tempo estaria por volta de 3 sessões para os exercícios agachamento e supino, e
2 sessões para o exercício rosca bíceps. Contudo, este trabalho utilizou praticantes recreacionais de
musculação com mais de seis meses de experiência, e não atletas que visam alta performance, o
que pode resultar em dados diferentes do acima exposto.
Alguns estudos utilizam o teste de 1-RM na avaliação da força máxima nas condições pré e pós-
treinamento de atletas de alto rendimento. Dentre estes estudos, Azevedo et al.27 utilizaram esta
metodologia no estudo de caso do atleta Mario Sabino, quando este atleta alcançou a primeira
colocação nos jogos Pan-Americanos e terceira colocação no mundial de judô, ambos no ano de
2003. Foi verificado que a força de 1-RM nos exercícios de agachamento e supino aumentou com o
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decorrer do treinamento, e que esta variável pode ter sido importante para que os objetivos fossem
alcançados. Este dado no mostra a importância da avaliação da capacidade física força em atletas
de judô de alto nível.
Treinamento do Atleta
Periodização do Treinamento
Muito tem sido feito na tentativa de melhora da performance em atletas de elite, como criação
de novos suplementos alimentares, novas roupas, calçados, equipamentos dentro outros. Porém, o
que realmente faz a diferença no aumento desta performance é o treinamento, prescrito de
maneira correta e sistematizada. Na tentativa de se organizar o treinamento dos atletas de acordo
com os calendários competitivos e com as competições mais importantes surgiu a periodização do
treinamento, que nada mais é do que o planejamento das atividades do atleta num período
cronológico.
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que uma sobrecarga adequadamente aplicada irá resultar em adaptações orgânicas positivas,
e estas adaptações elevam a potencialidade e a capacidade do organismo a um novo
patamar, superior ao anterior. Portanto, para que esta homeostase seja novamente rompida,
e novas adaptações sejam conseguidas a fim de aumentar a capacidade funcional e o
desempenho atlético, uma sobrecarga maior deverá ser aplicada. Esta sobrecarga se refere
tanto ao volume quanto à intensidade de treinamento28.
A interrupção do treinamento, desde que seja para fins recuperativos e dentro do tempo previsto
como o necessário, de acordo com a intensidade e o volume de treino realizado, será benéfico para
que ocorra adaptação positiva ao organismo, porém quando este tempo é demasiado as adaptações
não são conseguidas e acaba por acontecer o processo de destreinamento28.
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O treinamento geralmente era organizado, e ainda hoje alguns usam esta estruturação, de
maneira a considerar um ciclo olímpico para a divisão do treinamento. Acontece que quatro anos é
um tempo um tanto quanto longo para atletas de alto desempenho, e este fato fez com que os
ciclos de treinamento passassem a ser anuais. Mas mesmo assim, é difícil para o atleta manter o
foco numa competição que acontecerá apenas dez a doze meses após o inicio do treinamento.
Frente ao exposto, e ás exigências modernas de patrocinadores e a participação cada vez mais
freqüentes de atletas de elite em competições internacionais de elevado nível, Verkoshanki30,
propôs um nova metodologia de planejamento do treinamento, que corresponderia a períodos de
três a seis meses apenas, em que o atleta alcançaria sua performance máxima mais vezes num
mesmo ano, o que melhoraria sua performance.
Uma estrutura básica é geralmente seguida para facilitar a organização dos períodos de
treinamento e no controle das cargas, o que pode ser chamado de blocos. Teremos, portanto três
blocos principais, o macrociclo, mesociclo e o microciclo, que veremos a seguir o que corresponde a
cada um deles, segundo Matveev29.
Mesociclos são blocos menores que dividem o macrociclo em fases menores, o que permite
melhor controle do volume, intensidade e recuperação dos treinamentos. A duração de cada
mesociclo dura em média de quatro a seis semanas, com alternância de volume e intensidade ente
as semanas, sendo que na ultima semana o volume e a intensidade geralmente são reduzidos com
o intuito de prevenir o sobretreinamento e permitir uma adequada recuperação e elevação da
performance. Cada mesociclo tem objetivos específicos a serem alcançados ao final do período.
É recomendado que os atletas não iniciem um novo mesociclo antes que se tenha recuperado
totalmente da etapa anterior, e isto pode ser monitorado por exames fisiológicos e bioquímicos,
além de resultados de provas e testes29. Além do fator preventivo, o resultado destes testes e
exames permite ao treinador verificar se o objetivo proposto esta na diretriz correta, e caso a
resposta seja negativa, o treinamento pode sofrer modificações a fim de alcançar os objetivos
propostos sem que o atleta chegue ao estado de overtraining.
Os microciclos são os blocos construtores dos mesociclos. Nas periodizações mais comumente
utilizadas o microciclo corresponde a uma semana de treino29. Geralmente cada quatro microciclos
seguidos correspondem a um mesociclo, o que totaliza um mês de treinamento.
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Treinamento Aeróbico
Foi demonstrado através do estudo de Baldwin et al.17, que a melhor maneira de individualizar o
treinamento é através do limiar de anaerobiose. Neste estudo os autores verificaram a influencia do
estado de treino e a intensidade relativa de exercício na resposta fisiológica durante exercício de
endurance em 7 indivíduos treinados e 6 não treinados, que realizaram performance de ciclismo
durante 60 minutos na intensidade de 70% do VO2pico e na intensidade de 95% do limiar de
anaerobiose. A concentração de lactato e amônia, além da frequência cardíaca foram maiores no
esforço a 70% do VO2pico quando comparado à 95% do limiar de anaerobiose, tanto para
treinados quanto para sujeitos não treinados, porém, quando comparados os dois grupos no
exercício à 95% do limiar de anaerobiose não foi encontrada diferença na resposta fisiológica para
as concentrações de lactato e amônia, além da frequência cardíaca. Estes dados sugerem que a
determinação do limiar de anaerobiose é o melhor parâmetro para a prescrição individualizada do
treinamento aeróbico, além de ser mais sensível ao treinamento do que o VO2max.
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Lindsay et al.32, sugerem que para a melhora do VO2máx e da IVO2máx seja apropriado incluir
pelo menos uma ou duas sessões de treinamento intervalado na semana para atletas de elevada
performance. Para a prescrição do treinamento intervalado de maneira individualizada, Billat33
sugere que o treinamento seja baseado na IVO2máx e no Tlim, e que a intensidade seja 100% da
IVO2máx, a duração correspondente a 60% do Tlim, com pausa ativa na intensidade de 60% da
IVO2máx e com relação esforço/pausa de 1/1 ou 1/2.
Demarie et al.34 também propuseram que o treinamento intervalado pode ser realizado na
chamada 50, que é a intensidade intermediaria entre o limiar de anaerobiose e o VO2máx, e que
permitiria atingir o VO2máx, assim como o treino na IVO2máx, porém, com a vantagem de
permanecer por maior tempo realizando o exercício. E ainda, o treino de corrida na 50, realizado
de maneira continua, também permite que seja alcançado o VO2máx.
Em estudo conduzido por Bickham e Le Rossignol35 sete atletas de endurance foram submetidos
a seis semanas de treinamento intervalado, realizando 4 séries. Iniciando com 14 repetições na
primeira semana, aumentando progressivamente o volume até que na última semana fossem
realizados 30 tiros. A duração foi de 5-15 segundos, na distância de 40 a 100 metros, 3 vezes por
semana, com pausa na razão de 1/5, 1/4 e 1/3 entre repetições e 5 minutos entre séries. A
intensidade foi correspondente a 90-100% do esforço máximo percebido. Foi encontrado que o
treinamento intervalado realizado nestes moldes aumentou o tempo de exaustão (15,3%) no teste
de corrida na intensidade de 110% do VO2máx, sem conseqüente aumento do VO2máx e no déficit
acumulado de oxigênio. Economia de corrida e cinética de VO2 também não apresentaram
mudanças significativas. Contudo, foi verificado que o treinamento aumentou em 5% o
requerimento de energia aeróbica durante o teste na intensidade de 110% do VO2máx.
Foi demonstrado através de estudo realizado por Tabata et al.36 que o treinamento intervalado
promove maiores ganhos de VO2máx do que em intensidade constante por longos períodos. Foram
utilizados 2 grupos. Um grupo realizou o treino 5 vezes na semana, durante 60 minutos por dia,
numa intensidade de 70% do VO2máx, obtendo aumento de 9% no VO2máx. Já o outro grupo
realizou treino intervalado 5 vezes na semana, 8 séries de trabalho máximo, com duração de 20
segundos e recuperação de 10 segundos, totalizando 20 minutos na semana. O grupo intervalado
obteve um aumento de 15% no VO2máx.
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na intensidade da Pmáx, com recuperação até que se atingisse 65% da frequência cardíaca máxima.
Grupo III (n=10), realizou 12 x 30 segundos à 175% da potência pico e recuperação de 4 a 5
minutos. Grupo IV (n=11), foi o grupo controle, que foi orientado a manter a base do treinamento
previamente proposto, de baixa intensidade. Todos os grupos melhoraram significativamente o
tempo de corrida nos 40 km além da potência pico em teste crescente quando comparado ao
controle. O Grupo I (+ 5,4%) e o Grupo II (+ 8,1%) aumentaram significativamente o VO2máx
quando comparado ao controle (+ 1%). Concluiu-se que realizar o treino de maneira intervalada na
intensidade da Pmáx e no tempo de 60% da Tlim para ciclistas altamente treinados é benéfico na
melhora do tempo em corrida de 40 km e para aumento do VO2máx.
Nos últimos anos o treinamento de força tem sido mais bem estudado por pesquisadores das
Ciências do Esporte, devido a sua influência no aumento de força máxima, potência e capacidade
de endurance.
Linnamo et al.40 realizaram um estudo com o objetivo de verificar os efeitos agudos de exercício
concêntrico no leg press realizados com a potencia máxima (40 ± 6% da força máxima isométrica)
e força de alta intensidade (67 ± 7% da força máxima isométrica). Foram realizadas 5 séries de 10
movimentos em ambos os exercícios com acompanhando de dados eletromiográficos, e apenas de
forma concêntrica. Os autores concluíram que exercícios de potência aumentam a ativação das
unidades motoras rápidas ou uma diminuição das unidades motoras lentas. Ainda, A freqüência de
potência média e mediana foi maior nos exercícios de potência do que nos de alta intensidade, além
do exercício de potência parecer ter induzido a facilitação do sistema neuromuscular ao invés da
fadiga.
Estudo interessante foi conduzido por Takarada, Sato e Ishii41, em que atletas de elite da
modalidade Rugby foram submetidos a treinamento resistido de baixa intensidade. Os sujeitos
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foram separados em 3 grupos distintos: Grupo controle, que não realizou treino resistido; Grupo
baixa intensidade com oclusão vascular (LIO); Grupo baixa intensidade sem oclusão vascular (LI).
Os sujeitos do grupo LIO foram orientados a realizar o maior número de repetições possível com
carga equivalente a 50% da 1-RM, no exercício de extensão de pernas, com velocidade de 2
segundos para cada ciclo concêntrico-excêntrico, pausa de 30 segundos entre séries, com quatro
séries, duas vezes por semana no total de oito semanas. O grupo LI foi orientado a realizar o
mesmo número de repetições que o LIO. Os autores concluíram que o treinamento de baixa
intensidade combinado com oclusão vascular para atletas de elevada performance promove
hipertrofia muscular, aumento da força e da endurance muscular. Este estudo abre uma boa
perspectiva, já que o treinamento é realizado com baixa intensidade e com volume baixo de treino,
podendo ajudar na prevenção de overtraining.
Um dos meios que tem merecido maior atenção é o treinamento de força especial, que é o
treinamento de força com movimentos e características especificas ou mais próximas possível do
esporte em questão, com o objetivo de aumentar a capacidade de força em movimentos
específicos43. A confirmação da eficácia do treinamento de força especial pode ser comprovada
através do trabalho de Rezende et al.44 na modalidade esportiva voleibol, em que os autores
relatam que o treinamento físico é feito de maneira a simular as ações motoras de uma partida.
Visto a grande expressão do Voleibol brasileiro em campeonatos mundiais e olímpicos nos últimos
anos, estes fatos nos permitem concluir que o treinamento especial, tanto de força como de
endurance são benéficos e importantes para o ótimo desempenho esportivo.
Ebben45, em seu artigo de revisão, relata os benefícios do que ele chama de treinamento
complexo, que é a combinação de exercícios de força e pliometria numa mesma sessão de
treinamento, em que o sujeito deve realizar um exercício de agachamento e logo em seguida
exercício pliométrico, com o objetivo de aumentar a potência muscular e conseqüentemente a
performance atlética. O autor relata que este tipo de treino deve ser realizado com pausa de três a
quatro minutos entre o exercício de força e o de pliometria, com cinco repetições máximas, sendo
mais efetivo em atletas de alta performance. Relatam ainda que o treinamento complexo resulta em
aumento de performance de salto, e apresenta também efeito ergogênico nos membros superiores
quando realizados exercícios para esta região do corpo.
A relação inadequada entre volume e intensidade de treinamento, que reflete outro princípio do
treinamento, o da interdependência volume x intensidade, junto com períodos inadequados de
recuperação entre estímulos de treino e competição pode provocar o fenômeno conhecido como
overtraining. Este fenômeno pode ser refletido por alguns sintomas como fadiga crônica, perda de
apetite, diminuição da performance, aumento da frequência cardíaca de repouso, infecções
freqüentes, distúrbios do sono, dentre outros46.
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É necessário um cuidado especial no momento da coleta das amostras sanguíneas, dado que as
concentrações de cortisol circulante no sangue são maiores no início da manhã, visto que
respondem ao ciclo circadiano. Por este motivo é aconselhado que as coletas sanguíneas sejam
realizadas entre 9 e 10 horas da manhã48.
Conclusão
Conclui-se através desta revisão de literatura acerca das metodologias do treinamento esportivo
e da avaliação funcional de atletas de alta performance, que existe uma lacuna entre a ciência do
treinamento esportivo e a fisiologia do esporte, e que a união destas é necessária para o melhor
entendimento dos fatores intervenientes na performance desportiva, e na escolha adequada dos
meios e métodos de avaliação funcional do atleta e do planejamento das etapas do macrociclo. E
ainda, que há métodos específicos para aprimorar determinadas capacidades físicas, de acordo com
os objetivos traçados no inicio do planejamento e baseado nos resultados das avaliações funcionais.
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