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Atualidades cientificas sobre a avaliação e prescrição do treinamento físico para atletas ...

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Treinamento de Equipes Grupo de corrida


Treine seus líderes e equipes para atuar com Corrida-Caminhada para iniciantes e
alta performance. experientes. Pq Ibirapuera.

Atualidades cientificas sobre a avaliação e


prescrição
do treinamento físico para atletas de alta
performance
*Programa de Pós-Graduação em Ciências
Paulo Henrique Silva Marques de Azevedo*
Fisiológicas.
Laboratório de Fisiologia do Exercício - UFSCar. João Carlos de Oliveira* | Júlio César Takehara*
**Departamento de Ciências Fisiológicas. Vilmar Baldissera** | Sérgio Eduardo de Andrade
Laboratório de Fisiologia do Exercício - UFSCar. Perez*
(Brasil) paulohazevedo@yahoo.com.br

Resumo
Importantes mudanças vêm sendo aplicadas no treinamento desportivo nos últimos anos, principalmente devidos aos
avanços nas pesquisas em Ciências do Esporte. Apesar disto, poucos trabalhos tem tratado em conjunto as avaliações físicas
necessárias para a prescrição dos diferentes métodos de treinamento. Esta revisão tem por objetivo explanar sobre alguns
métodos de avaliação funcional e da prescrição do treinamento adequado aos resultados dessas avaliações.
Unitermos: Treinamento desportivo. Avaliação funcional. Fisiologia do esporte. Especificidade. Individualidade biológica.

Abstract
Important changes in sport training have been applied in the last years, due the advances obtained in the researches in
sport sciences. However, lack studies about the adequate physical evaluation concerned the different methods of training.
Thus, the goal of this review is explain about some physical evaluation or methods and the training prescription related the
results form these evaluations.
Keywords: Methods of training. Physical evaluations. Prescription of training. Sport physiology.

Agradecimentos: À CNPq e CAPES pela bolsa de estudo concedida ao primeiro e segundo autores, respectivamente, deste
trabalho.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 111 - Agosto de 2007

1/1

Introdução

O Treinamento Esportivo (T.E.) tem obtido importantes evoluções nos últimos anos,
principalmente devido ao avanço das pesquisas em fisiologia do exercício, biomecânica, psicologia
do esporte, bioquímica do esporte, nutrição do esporte, dentre outros.

Como conseqüência do treinamento físico sistematizado, ocorrem adaptações tanto fisiológicas


como bioquímicas, levando à melhora no desempenho de tarefas específicas, sendo que, a natureza
e magnitude destas adaptações são dependentes do tipo de atividade realizada, da interação entre
o binômio - volume vs. intensidade, da individualidade genética e nível de aptidão inicial de cada
indivíduo.

Estas adaptações esperadas, só irão ocorrer caso o indivíduo realize atividade física
regularmente, e em nível superior ao seu habitual1. Um dos meios mais utilizados na busca de
melhor condicionamento físico é a corrida submáxima de longa duração (30 a 60 minutos) numa

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intensidade de 50% a 80% do VO2máx. Mais recentemente tem-se utilizado a intensidade associada
ao VO2máx como parâmetro para prescrição de treinamento intervalado2,3. Estes dois tipos de
treinamento são importantes para elevar o nível de aptidão aeróbica, requisito necessário para o
sucesso em esportes de endurance, além de o baixo nível cardiorrespiratório estar associado com
fator de risco aumentado para muitas doenças degenerativas4.

O treinamento resistido também tem sido utilizado com sucesso no aumento do desempenho de
atletas de alto nível, através dos seus benefícios associados à melhora da potência e capacidade
aeróbica, flexibilidade, resistência muscular, e principalmente força e potência muscular.

Para a perfeita harmonização do treinamento faz-se necessário conhecer seus princípios:


individualidade biológica, especificidade, interdependência volume x intensidade, progressividade,
sobrecarga, e reversibilidade. É de fundamental importância também o reconhecimento da fonte
energética predominante em cada esporte, para que os preparadores físicos possam aplicar com
exatidão os princípios da sobrecarga e da especificidade5.

Há três fontes geradoras de energia, sistema anaeróbico alático (ATP-CP) que predomina em
esforços máximos de até 10 segundos, como em corridas de 100 metros; Anaeróbico Lático com
utilização de glicose, mas sem a necessidade de oxigênio com a formação final de piruvato ou
ainda, dependendo de vários fatores produzindo lactato, e que apresenta sua capacidade máxima
entre 30 e 60 segundos, como por exemplo, corrida de 400 metros; Sistema Oxidativo, que utiliza
glicose, lipídeos e proteínas para geração de energia, e que necessitam de oxigênio, e os esforços
são acima de 1 minutos, como por exemplo, corrida de 1500 metros6.

O conhecimento destes princípios e da fonte energética predominante no esporte é fundamental


para que se consiga adaptações positivas, pois para que se consiga estas adaptações é necessário
que o estimulo seja dado numa faixa ideal, ou seja, nem muito fraco (débil) e nem muito forte5.
Estes estímulos causam catabolismo durante a sessão de treinamento, que é revertido nos períodos
de descanso, com aumento das reservas funcionais do atleta. Este fenômeno é chamado de
supercompensação. Ainda, os períodos de recuperação não podem ser muito breves, o que pode
acarretar fadiga e possível surgimento de overtraining. Mas também não pode ser demasiado longo,
pois pode não contribuir para as adaptações ideais, sendo este período dependente do volume e da
intensidade do treino.

O treinamento esportivo é organizado em ciclos para facilitar sua organização temporal. São
divididos em macrociclo, que corresponde ao treinamento como um todo (geralmente 3 meses a 1
ano); Mesociclos, que é a divisão do macrociclo e corresponde geralmente a ciclos de 1 mês de
duração; microciclos, que é a divisão dos mesociclos e corresponde geralmente a 1 semana de
duração; ainda dentro dos microciclos temos a sessão de treinamento, que é a divisão dos
microciclos e que corresponde a um dia de treino.

Com base no acima exposto, poucos trabalhos têm tratado em conjunto as avaliações físicas
necessárias para prescrição do treinamento e os métodos de treinamento, ou seja, não há a união
da ciência do treinamento esportivo e da fisiologia do esporte. Deste modo, esta revisão tem por
objetivo explanar sobre alguns métodos de avaliação funcional e prescrição do treinamento baseado
nos resultados destas avaliações.

Avaliação do atleta

Consumo Máximo de Oxigênio - VO2máx

O Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx) pode ser definido como o maior volume de oxigênio

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por unidade de tempo que um individuo consegue captar, transportar e metabolizar para a
biossíntese da ATP durante exercício máximo7.

Determinações diretas do VO2máx realizadas em teste máximo são um importante indicador do


limite superior de tolerância máxima ao exercício aeróbico. Com o incremento da intensidade do
esforço existe um aumento linear no consumo do oxigênio (VO2). Eventualmente, a uma dada
intensidade, a capacidade máxima de transporte de O2 para os músculos ativos é atingida e o VO2
entra num platô, ainda que por pouco tempo, apesar de continuar a existir um incremento da
carga. O valor de VO2 obtido nesse platô é considerado o VO2máx8.

Para a determinação laboratorial do VO2máx, geralmente, utilizam-se provas ergométricas


máximas, e a determinação faz-se de forma direta. O VO2máx pode ser expresso de forma absoluta
em litros por minuto (L/min) ou relativo à massa corporal por minuto (mL.kg-1.min-1)8 .

Este parâmetro fisiológico tem sido utilizado como o modelo padrão na avaliação da aptidão
cardiorrespiratória2,4,9 indicador da capacidade de endurance e parâmetro para prescrição de
treinamento, com seus valores podendo ser modificado pelo treinamento sistematizado6.

Segundo Green et al.10, indivíduos sedentários e ativos obtiveram melhoras de performance


aeróbica e de indicies fisiológicos que predizem esta performance, após treinamento aeróbico
realizado em intensidades submáximas. Já em indivíduos altamente treinados, um aumento no
volume de treinamento aeróbico submáximo não modificou a performance aeróbica e nem suas
variáveis fisiológicas associadas11. A não mudança destes índices e variáveis parece ser devido a
uma limitação central da oferta de O2, que, segundo Denadai2, é influenciada pelo débito cardíaco e
pelo conteúdo arterial de O2, podendo ser expresso como: Oferta central de O2 = CaO2 x FC x VS.

Cinética de VO2

No momento da transição do repouso para o exercício, durante os primeiros segundos de


atividade, o sistema energético do fosfagênio (ATP-CP) marca acentuadamente a ressíntese da
ATP12, diminuindo sua participação com o prolongamento da atividade. Segundo Hughson et al.12, a
ressíntese da ATP através da glicólise é dependente de enzimas específicas (i.e. hexoquinase) e das
mudanças nas concentrações de substratos (i.e. G-6-P, Pi, ADP), e numa intensidade de 50% do
VO2máx a fosforilação seria 100% oxidativa.

Porém, quando o indivíduo sai da situação de repouso para um exercício de alta intensidade (i.e.
100% Intensidade do VO2máx), a frequência de aumento na fosforilação oxidativa é igual a
constante tempo ( ) para a cinética de VO2, que é o tempo requerido para alcançar 63% da
diferença entre o VO2 base (repouso) e a estabilização do VO2.

Há um clássico debate sobre as limitações da cinética de VO2, sendo que esta limitação seria
preferencialmente central ou periférica, seja em exercícios máximos ou submáximos13.

De acordo com Grassi14, há duas correntes que tentam explicar a cinética finita do VO2. Uma que
atribui o problema à lentidão do ajuste do metabolismo oxidativo à nova solicitação metabólica
(inércia metabólica) e, outra que atribui este fator à entrega de O2 para a fibra muscular. Ainda
segundo Grassi14, a explicação para esta cinética finita do VO2 é mais complexa, dependendo de
vários fatores limitantes.

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Vários índices fisiológicos tem sido utilizados na prescrição e controle do treinamento15, e entre
estas variáveis estão o Limiar de Lactato, Limiar Ventilatório, e mais recentemente a intensidade
associada ao VO2máx (IVO2máx), que é definida como a velocidade ou potência em que se atinge o
VO2máx e descreve a associação entre a potência aeróbica máxima e economia de corrida2. Outro
importante índice associado à IVO2máx é o Tempo limite (Tlim), que é utilizado tanto para
prescrição do treinamento aeróbico como para avaliação da capacidade anaeróbica2.

Limiar de Anaerobiose

A determinação do limiar de anaerobiose, principalmente através do lactato sanguíneo, é hoje


uma das principais ferramentas para avaliação do atleta e prescrição do Treinamento16,
demonstrando ser superior ao VO2máx para a determinação de intensidade submáxima de treino e
mais sensível aos efeitos do treinamento17.

Na literatura encontramos muitas metodologias e nomenclaturas diferentes de determinação do


limiar de anaerobiose (i.e. limiar de lactato, lactato mínimo, limiar anaeróbico individual, limiar
ventilatório, entre outros), mas todos eles buscam identificar o mesmo parâmetro, que corresponde
à intensidade associada à máxima fase estável de lactato sanguíneo15,18.

A elevação da intensidade do exercício intensifica a via glicolítica, pois a maior recrutamento de


fibras musculares do Tipo IIa e IIb que são essencialmente glicolíticas, aumentando a produção de
lactato e sua conseqüente liberação no sangue, ocasionando em determinado momento do exercício
aumento não linear deste lactato sanguíneo com a intensidade do exercício, caracterizando o limiar
de lactato19.

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É importante ressaltar que o aumento da concentração sanguínea de lactato não é um fator


prejudicial à performance, e hoje é vista de maneira inversa ao que se acreditava a poucos anos
atrás, pois é creditado ao lactato a capacidade tamponante intramuscular, em que o piruvato é
reduzido a lactato pela ação da enzima lactato desidrogenase, o qual oxida um NADH. Este NADH
retorna à sua forma reduzida NAD, o qual pode participar novamente da glicólise, prorrogando
desta forma esforço físico. Outra função importante do lactato é quando este é transportado para
fora da célula muscular, via transportador monocarboxilase (MCT), e quando ocorre este transporte,
um íon H+ é retirado da fibra muscular pelo mesmo transportador do lactato, via co-transporte,
ajudando assim na alcalinização do meio intramuscular20.

Avaliação da Força Muscular

Para Weineck21, força máxima pode ser definida como a maior força que o sistema
neuromuscular pode exercer através de contração voluntária máxima, ocorrendo (dinâmica) ou não
(estática) movimento articular. O treinamento resistido promove aumento da força máxima, e este
aumento seria devido ao incremento da secção muscular transversa, aumento da sincronização e
dos disparos nervosos das unidades motoras, e diminuição do fenômeno de co-contração22.

Pesquisas têm sido realizadas na tentativa de desenvolver métodos de avaliar a força máxima em
atletas de maneira confiável, válida e fidedigna, visto que esta capacidade física é pré-requisito para
o sucesso em muitos esportes de competição, e o aumento da força é objetivo principal do
treinamento resistido23. Porém, um dos problemas encontrados é o da especificidade do
movimento, visto que as avaliações são realizadas em aparelhos típicos de musculação, fugindo dos
padrões de movimentos dos esportes.

O teste mais comumente utilizado e pesquisado é o de uma repetição máxima (1-RM), que foi
definido por Pereira & Gomes24 como a maior carga que pode ser movida por uma amplitude
específica de movimento uma única vez e com padrão de movimento correto.

No que tange à confiabilidade do teste de 1-RM, Dias et al.23, verificaram nas suas revisões que
vários estudos demonstraram níveis moderados e até mesmo elevados de correlação intraclasses no
teste-reteste. Ainda segundo Dias et al., esta não seria a melhor análise destes dados, visto que
neste mesmo estudo foi encontrado um nível elevado de correlação entre o primeiro dia de teste da
1-RM e o quarto dia, mas quando utilizado o procedimento de plotagem de Bland e Altman, um
recurso estatístico que permite a análise da concordância entre as medidas obtidas nas diferentes
sessões de testes de 1-RM, ficou evidente que mesmo em indivíduos treinados (mais de seis
meses), seria necessário um tempo de familiarização com o teste para que não se tire conclusão
equivocada, e este tempo estaria por volta de 3 sessões para os exercícios agachamento e supino, e
2 sessões para o exercício rosca bíceps. Contudo, este trabalho utilizou praticantes recreacionais de
musculação com mais de seis meses de experiência, e não atletas que visam alta performance, o
que pode resultar em dados diferentes do acima exposto.

A intensidade do exercício geralmente é determinada através do percentual da carga máxima em


uma única repetição (1-RM), ou estipulada pelo número de repetições máximas22,25,26 e este fato
faz com estes testes sejam aplicados a atletas, na tentativa de quantificar o volume e a intensidade
de treinamento, além do teste de 1-RM ser de fácil aplicação, com baixo custo operacional e
seguro23.

Alguns estudos utilizam o teste de 1-RM na avaliação da força máxima nas condições pré e pós-
treinamento de atletas de alto rendimento. Dentre estes estudos, Azevedo et al.27 utilizaram esta
metodologia no estudo de caso do atleta Mario Sabino, quando este atleta alcançou a primeira
colocação nos jogos Pan-Americanos e terceira colocação no mundial de judô, ambos no ano de
2003. Foi verificado que a força de 1-RM nos exercícios de agachamento e supino aumentou com o

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decorrer do treinamento, e que esta variável pode ter sido importante para que os objetivos fossem
alcançados. Este dado no mostra a importância da avaliação da capacidade física força em atletas
de judô de alto nível.

Treinamento do Atleta

Periodização do Treinamento

Muito tem sido feito na tentativa de melhora da performance em atletas de elite, como criação
de novos suplementos alimentares, novas roupas, calçados, equipamentos dentro outros. Porém, o
que realmente faz a diferença no aumento desta performance é o treinamento, prescrito de
maneira correta e sistematizada. Na tentativa de se organizar o treinamento dos atletas de acordo
com os calendários competitivos e com as competições mais importantes surgiu a periodização do
treinamento, que nada mais é do que o planejamento das atividades do atleta num período
cronológico.

Antes de se falar especificamente da periodização do treinamento, é necessário colocar aqui os


princípios que norteiam todo o processo do treinamento. Estes princípios são o da individualidade
biológica, adaptação, sobrecarga, continuidade, interdependência volume x intensidade, e o da
especificidade28.

 Princípio da individualidade biológica: refere-se à junção do genótipo do sujeito ao seu


fenótipo, ou seja, o que é herdado dos pais mais o que é vivenciado pelo sujeito ao longo de
toda sua vida o faz um ser único, mesmo que este seja gêmeos univitelinos. O genótipo do
individuo determina alguns fatores como o biótipo, altura máxima, tipagem de fibras
musculares predominantes dentre outros. Já o fenótipo é tudo que é acrescido ao sujeito
desde o seu nascimento como as habilidades esportivas, força máxima, VO2máx, limiar
anaeróbico, dentre outros. Sabendo-se destes fatores é preciso saber o que a individualidade
biológica influência no processo de treinamento. É simples, o treinamento deve ser o mais
individualizado possível às características do atleta e baseado nas suas avaliações individuais
para que possa alcançar suas potencialidades máximas, e caso o trabalho seja realizado em
equipes, é recomendado que sejam formados grupos os mais homogêneos possíveis para
que todos possam ter um aumento de desempenho similar e otimizado28.

 Princípio da adaptação: este princípio está diretamente relacionado ao conceito de


homeostase, visto que todo estimulo irá provocar uma resposta no organismo na mesma
intensidade. Estes estímulos são importantes para que ocorra um processo catabólico inicial e
um posterior anabolismo no período de recuperação, o que irá promover subseqüentemente
uma supercompensação e aumento do desempenho. Para que ocorra adaptação no
organismo é necessário que o treinamento ou atividade praticada sejam feitas em
intensidade acima do normal para o sujeito, para que ocorra quebra da homeostase interna
do organismo e este responda ao estimulo, e a resposta pode ser positiva, negativa ou não
haver resposta dependendo da intensidade e do volume do estimulo. Poderá esta resposta
ser danosa ou negativa se o estimulo for muito além do que o sujeito esta acostumado ou
além de suas reservas funcionais, ou ainda se o período de recuperação entre estímulos for
pequeno não permitindo a recuperação orgânica mínima necessária. Será débil se o estimulo
aplicado ficar aquém ou no mesmo nível do habitual para o sujeito. E poderá ainda ser
positiva a adaptação se o estimulo aplicado for acima do normal, mas dentro das
possibilidades do sujeito, e para que se acerte nesta intensidade é necessário aplicar testes
fisiológicos e de desempenho, e ainda, o período de recuperação entre estímulos deve ser
ótimo28.

 Princípio da Sobrecarga: este princípio esta intimamente relacionado ao anterior, visto

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que uma sobrecarga adequadamente aplicada irá resultar em adaptações orgânicas positivas,
e estas adaptações elevam a potencialidade e a capacidade do organismo a um novo
patamar, superior ao anterior. Portanto, para que esta homeostase seja novamente rompida,
e novas adaptações sejam conseguidas a fim de aumentar a capacidade funcional e o
desempenho atlético, uma sobrecarga maior deverá ser aplicada. Esta sobrecarga se refere
tanto ao volume quanto à intensidade de treinamento28.

 Princípio da interdependência volume x intensidade: para que ocorra aumento do


desempenho necessariamente devemos elevar a sobrecarga imposta ao atleta. Como visto,
esta sobrecarga pode ser tanto no volume como na intensidade, e isto dependerá da
qualidade física que se quer trabalhar e do momento especifico da periodização do
treinamento. Forçosamente, se o objetivo for por treinos de alta intensidade ou volume de
treino deverá ser moderado ou baixo, pois a fadiga rapidamente se instala e os padrões de
movimento ficam prejudicados. Caso o objetivo seja o treinamento de intensidade moderada,
como por exemplo, na intensidade do limiar anaeróbico, o volume de treino poderá ser de
moderado a alto28.

 Princípio da continuidade: como visto nos princípios da adaptação e da sobrecarga, o


processo de melhora das capacidades físicas e funcionais dos atletas é dependente do
contínuo aumento dos estímulos, o que tem por objetivo o aumento da performance. Dois
pontos são importantes neste princípio, a interrupção do treinamento e a duração total deste
período do treinamento28.

A interrupção do treinamento, desde que seja para fins recuperativos e dentro do tempo previsto
como o necessário, de acordo com a intensidade e o volume de treino realizado, será benéfico para
que ocorra adaptação positiva ao organismo, porém quando este tempo é demasiado as adaptações
não são conseguidas e acaba por acontecer o processo de destreinamento28.

Para que se obtenha as adaptações esperadas e programadas é necessário que os períodos de


treinamento tenham uma duração mínima. Este período é dependente do nível de aptidão do
sujeito, da qualidade física trabalhada, da natureza do desporto, dentre outros fatores.

 Princípio da especificidade: o objetivo de todo e qualquer treinamento é, em suma, a


melhora do desempenho do atleta, e para que este objetivo seja alcançado faz-se necessário
que o treino seja o mais próximo possível da realidade do desporto. Para que se obtenha
melhores resultados em competições os treinadores têm cada vez mais planejado e aplicado
os treinamentos com os gestos esportivos, solicitações metabólicas, coordenação motora e
segmentos corporais o mais próximo possível da realidade do desporto28. Este fato parece
garantir que haja uma transferência positiva do que foi treinado para o que será feito na
competição.

A periodização do treinamento foi primeiramente publicada por Matveev em 1965 na Rússia29, e


definida por Dantas28 como sendo "o planejamento geral e detalhado do tempo disponível para
treinamento, de acordo com os objetivos intermediários perfeitamente estabelecidos, respeitando-
se os princípios científicos do exercício desportivo".

Muitos treinadores utilizaram os ensinamentos de Matveev29 na organização do treinamento de


seus atletas, e muitos destes quebraram recordes mundiais e foram vencedores de mundiais e
olimpíadas de suas modalidades. Devido a estes resultados, a periodização do treinamento chamou
a atenção de muitos cientistas dos esportes e treinadores, e hoje em dia há outras propostas de
modelos de periodização do treinamento, além da originalmente proposta por Matveev em 1965, e
ainda este primeira proposta continua sendo usada hoje dia, mas com muitas críticas dos estudiosos
do treinamento desportivo. O fato é que a periodização ou planificação do treinamento desportivo,
como alguns pesquisadores modernos preferem, ainda carece de maiores estudos.

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O treinamento geralmente era organizado, e ainda hoje alguns usam esta estruturação, de
maneira a considerar um ciclo olímpico para a divisão do treinamento. Acontece que quatro anos é
um tempo um tanto quanto longo para atletas de alto desempenho, e este fato fez com que os
ciclos de treinamento passassem a ser anuais. Mas mesmo assim, é difícil para o atleta manter o
foco numa competição que acontecerá apenas dez a doze meses após o inicio do treinamento.
Frente ao exposto, e ás exigências modernas de patrocinadores e a participação cada vez mais
freqüentes de atletas de elite em competições internacionais de elevado nível, Verkoshanki30,
propôs um nova metodologia de planejamento do treinamento, que corresponderia a períodos de
três a seis meses apenas, em que o atleta alcançaria sua performance máxima mais vezes num
mesmo ano, o que melhoraria sua performance.

Uma estrutura básica é geralmente seguida para facilitar a organização dos períodos de
treinamento e no controle das cargas, o que pode ser chamado de blocos. Teremos, portanto três
blocos principais, o macrociclo, mesociclo e o microciclo, que veremos a seguir o que corresponde a
cada um deles, segundo Matveev29.

O Macrociclo é o todo da periodização, ou seja, se desde o primeiro dia de treinamento até o


ultimo dia tivermos seis meses contados, o macrociclo durará os mesmos seis meses, englobando
desde as avaliações iniciais até o ultimo dia de treino. Dentro deste período temos a distinção entre
o período preparatório, competitivo, e o de descanso ou transição. O período preparatório é
destinado à elevação das capacidades físicas condicionantes mínimas dos atletas, e os exercícios
pouco ou em nada lembram a solicitação metabólica e os movimentos do desporto do atleta27,29.
No período competitivo a ênfase do treinamento recai sobre a especificidade metabólica e de
movimento do desporto, em que se almeja alcançar o máximo desempenho do atleta27,29. Enquanto
que o ultimo período de treinamento, o de transição, o objetivo é a perda gradual da performance
alcançada ao final de todo o período de competição, sem que estes níveis cheguem a níveis iguais
ou inferiores aos do inicio da temporada de treinamento que se finda29.

Mesociclos são blocos menores que dividem o macrociclo em fases menores, o que permite
melhor controle do volume, intensidade e recuperação dos treinamentos. A duração de cada
mesociclo dura em média de quatro a seis semanas, com alternância de volume e intensidade ente
as semanas, sendo que na ultima semana o volume e a intensidade geralmente são reduzidos com
o intuito de prevenir o sobretreinamento e permitir uma adequada recuperação e elevação da
performance. Cada mesociclo tem objetivos específicos a serem alcançados ao final do período.

É recomendado que os atletas não iniciem um novo mesociclo antes que se tenha recuperado
totalmente da etapa anterior, e isto pode ser monitorado por exames fisiológicos e bioquímicos,
além de resultados de provas e testes29. Além do fator preventivo, o resultado destes testes e
exames permite ao treinador verificar se o objetivo proposto esta na diretriz correta, e caso a
resposta seja negativa, o treinamento pode sofrer modificações a fim de alcançar os objetivos
propostos sem que o atleta chegue ao estado de overtraining.

Os microciclos são os blocos construtores dos mesociclos. Nas periodizações mais comumente
utilizadas o microciclo corresponde a uma semana de treino29. Geralmente cada quatro microciclos
seguidos correspondem a um mesociclo, o que totaliza um mês de treinamento.

Estes microciclos são construídos de maneira a aumentar gradativamente a intensidade de treino


até o terceiro microciclo, que corresponde à mais alta intensidade de treino dentro de um
mesociclo, Já o quarto e ultimo microciclo é chamado de regenerativo, pois tem o objetivo de
proporcionar ao atleta a recuperação completa dos treinos anteriormente realizados, uma
supercompensação, e preparar o atleta para um novo mesociclo. Neste período tanto a intensidade
como o volume de treino deve ser reduzido.

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A periodização, quando aplicada corretamente tem a capacidade de maximizar o desempenho do


atleta e minimizar os riscos de overtraining.

Treinamento Aeróbico

Foi demonstrado através do estudo de Baldwin et al.17, que a melhor maneira de individualizar o
treinamento é através do limiar de anaerobiose. Neste estudo os autores verificaram a influencia do
estado de treino e a intensidade relativa de exercício na resposta fisiológica durante exercício de
endurance em 7 indivíduos treinados e 6 não treinados, que realizaram performance de ciclismo
durante 60 minutos na intensidade de 70% do VO2pico e na intensidade de 95% do limiar de
anaerobiose. A concentração de lactato e amônia, além da frequência cardíaca foram maiores no
esforço a 70% do VO2pico quando comparado à 95% do limiar de anaerobiose, tanto para
treinados quanto para sujeitos não treinados, porém, quando comparados os dois grupos no
exercício à 95% do limiar de anaerobiose não foi encontrada diferença na resposta fisiológica para
as concentrações de lactato e amônia, além da frequência cardíaca. Estes dados sugerem que a
determinação do limiar de anaerobiose é o melhor parâmetro para a prescrição individualizada do
treinamento aeróbico, além de ser mais sensível ao treinamento do que o VO2max.

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Paavolainen et al.31 realizaram um experimento com duração de nove semanas de treinamento


de resistência e potência em atletas de alta performance em corridas de endurance. O treinamento
consistiu de corridas abaixo do limiar anaeróbico (84%) até intensidades acima do limiar (16%). Os
autores concluíram que houve melhora do tempo de corrida em 5km após treinamento de potência,
sprints e endurance sem mudanças significativas na potência aeróbica máxima. Este fato demonstra
o exposto acima, que o limiar de anaerobiose, principalmente determinado pelo lactato sanguíneo é
mais sensível ao treinamento do que valores de VO2máx.

O treinamento submáximo para atletas (intensidade associada ao limiar de anaerobiose) de elite


parece não ter os mesmos resultados na melhora de performance quando comparados com atletas
iniciantes, assim como o aumento de volume também não está associado a uma melhora. Para
"quebrar" este platô de performance, vários autores têm sugerido que se faça treinamento mais
intenso, de forma intervalada e na IVO2máx.

Lindsay et al.32, sugerem que para a melhora do VO2máx e da IVO2máx seja apropriado incluir
pelo menos uma ou duas sessões de treinamento intervalado na semana para atletas de elevada
performance. Para a prescrição do treinamento intervalado de maneira individualizada, Billat33
sugere que o treinamento seja baseado na IVO2máx e no Tlim, e que a intensidade seja 100% da
IVO2máx, a duração correspondente a 60% do Tlim, com pausa ativa na intensidade de 60% da
IVO2máx e com relação esforço/pausa de 1/1 ou 1/2.

Demarie et al.34 também propuseram que o treinamento intervalado pode ser realizado na
chamada 50, que é a intensidade intermediaria entre o limiar de anaerobiose e o VO2máx, e que
permitiria atingir o VO2máx, assim como o treino na IVO2máx, porém, com a vantagem de
permanecer por maior tempo realizando o exercício. E ainda, o treino de corrida na 50, realizado
de maneira continua, também permite que seja alcançado o VO2máx.

Em estudo conduzido por Bickham e Le Rossignol35 sete atletas de endurance foram submetidos
a seis semanas de treinamento intervalado, realizando 4 séries. Iniciando com 14 repetições na
primeira semana, aumentando progressivamente o volume até que na última semana fossem
realizados 30 tiros. A duração foi de 5-15 segundos, na distância de 40 a 100 metros, 3 vezes por
semana, com pausa na razão de 1/5, 1/4 e 1/3 entre repetições e 5 minutos entre séries. A
intensidade foi correspondente a 90-100% do esforço máximo percebido. Foi encontrado que o
treinamento intervalado realizado nestes moldes aumentou o tempo de exaustão (15,3%) no teste
de corrida na intensidade de 110% do VO2máx, sem conseqüente aumento do VO2máx e no déficit
acumulado de oxigênio. Economia de corrida e cinética de VO2 também não apresentaram
mudanças significativas. Contudo, foi verificado que o treinamento aumentou em 5% o
requerimento de energia aeróbica durante o teste na intensidade de 110% do VO2máx.

Foi demonstrado através de estudo realizado por Tabata et al.36 que o treinamento intervalado
promove maiores ganhos de VO2máx do que em intensidade constante por longos períodos. Foram
utilizados 2 grupos. Um grupo realizou o treino 5 vezes na semana, durante 60 minutos por dia,
numa intensidade de 70% do VO2máx, obtendo aumento de 9% no VO2máx. Já o outro grupo
realizou treino intervalado 5 vezes na semana, 8 séries de trabalho máximo, com duração de 20
segundos e recuperação de 10 segundos, totalizando 20 minutos na semana. O grupo intervalado
obteve um aumento de 15% no VO2máx.

Laursen et al.37 compararam o efeito de 3 regimes de treinamento intervalado na performance


de atletas de ciclismo altamente treinados. O grupo I (n=8) realizou 8 x 60% do Tlim na intensidade
da Potência máxima (Pmáx), com relação esforço/pausa de 1/2. Grupo II (n=9), fez 8 x 60% do Tlim

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na intensidade da Pmáx, com recuperação até que se atingisse 65% da frequência cardíaca máxima.
Grupo III (n=10), realizou 12 x 30 segundos à 175% da potência pico e recuperação de 4 a 5
minutos. Grupo IV (n=11), foi o grupo controle, que foi orientado a manter a base do treinamento
previamente proposto, de baixa intensidade. Todos os grupos melhoraram significativamente o
tempo de corrida nos 40 km além da potência pico em teste crescente quando comparado ao
controle. O Grupo I (+ 5,4%) e o Grupo II (+ 8,1%) aumentaram significativamente o VO2máx
quando comparado ao controle (+ 1%). Concluiu-se que realizar o treino de maneira intervalada na
intensidade da Pmáx e no tempo de 60% da Tlim para ciclistas altamente treinados é benéfico na
melhora do tempo em corrida de 40 km e para aumento do VO2máx.

Treinamento de Força e Potência

Nos últimos anos o treinamento de força tem sido mais bem estudado por pesquisadores das
Ciências do Esporte, devido a sua influência no aumento de força máxima, potência e capacidade
de endurance.

Através de uma meta-análise Rhea et al.38, identificaram a relação dose/resposta, através do


procedimento estatístico do tamanho do efeito, para a correta prescrição do treinamento resistido e
melhores ganhos de força. Para sujeitos treinados, foi verificado que a intensidade de treino deve
por volta de 80% da 1-RM, 2 vezes por semana, e 4 séries por grupo muscular a cada sessão de
treino.

No estudo de Hennessy e Watson39 os autores dividiram 41 sujeitos, atletas de rugby, em 4


grupos: endurance (E), Força (F), endurance + força (E + F), e controle (C), com o objetivo de
avaliar possíveis melhoras na força, potência e capacidade de endurance, devido à falta de acordo
na literatura sobre um possível efeito negativo em se treinar simultaneamente endurance e força. O
grupo E (n=12) treinou corrida 4 vezes na semana, correndo na intensidade correspondente a 70%
da freqüência cardíaca máxima prevista pela fórmula 220-idade, começando com 20 minutos e
evoluindo até 60 minutos na ultima semana; o grupo F (n=9) treinou musculação 3 dias na semana,
com carga acima de 70% de 1-RM; o grupo E + F (n=10) treinou 5 dias na semana, realizando
corrida e musculação no mesmo dia; e o grupo C (n=10) não treinou. O total foi de 8 semanas para
todos os grupos. Foi avaliada a porcentagem de gordura corporal, tempo de corrida de 20 metros,
salto vertical e consumo máximo de oxigênio estimado. Os autores concluíram que o treinamento E
+ F produz melhoras na força de membros superiores, mas não de membros inferiores, não
obtendo ainda melhoras no salto vertical e velocidade. Já o grupo F obteve ganhos de força, altura
do salto vertical e velocidade, enquanto que o consumo de oxigênio se manteve nos níveis de pré-
treinamento. O grupo E não demonstrou aumento significativo do consumo de oxigênio quando
comparado ao grupo E + F. Os autores concluíram que é preciso cuidado no planejamento de
treinamento combinado quando se deseja melhoras nas capacidades de força, potência, velocidade
e endurance.

Linnamo et al.40 realizaram um estudo com o objetivo de verificar os efeitos agudos de exercício
concêntrico no leg press realizados com a potencia máxima (40 ± 6% da força máxima isométrica)
e força de alta intensidade (67 ± 7% da força máxima isométrica). Foram realizadas 5 séries de 10
movimentos em ambos os exercícios com acompanhando de dados eletromiográficos, e apenas de
forma concêntrica. Os autores concluíram que exercícios de potência aumentam a ativação das
unidades motoras rápidas ou uma diminuição das unidades motoras lentas. Ainda, A freqüência de
potência média e mediana foi maior nos exercícios de potência do que nos de alta intensidade, além
do exercício de potência parecer ter induzido a facilitação do sistema neuromuscular ao invés da
fadiga.

Estudo interessante foi conduzido por Takarada, Sato e Ishii41, em que atletas de elite da
modalidade Rugby foram submetidos a treinamento resistido de baixa intensidade. Os sujeitos

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foram separados em 3 grupos distintos: Grupo controle, que não realizou treino resistido; Grupo
baixa intensidade com oclusão vascular (LIO); Grupo baixa intensidade sem oclusão vascular (LI).
Os sujeitos do grupo LIO foram orientados a realizar o maior número de repetições possível com
carga equivalente a 50% da 1-RM, no exercício de extensão de pernas, com velocidade de 2
segundos para cada ciclo concêntrico-excêntrico, pausa de 30 segundos entre séries, com quatro
séries, duas vezes por semana no total de oito semanas. O grupo LI foi orientado a realizar o
mesmo número de repetições que o LIO. Os autores concluíram que o treinamento de baixa
intensidade combinado com oclusão vascular para atletas de elevada performance promove
hipertrofia muscular, aumento da força e da endurance muscular. Este estudo abre uma boa
perspectiva, já que o treinamento é realizado com baixa intensidade e com volume baixo de treino,
podendo ajudar na prevenção de overtraining.

A pesquisa de Liow e Hopkins42 objetivou estudar a resposta de caiaquistas de velocidade frente


ao treinamento resistido realizado de maneira lenta e de maneira rápida. Durante seis semanas os
atletas treinaram 2 dias na semana, cada sessão era feita 3-4 séries em 2 exercícios específicos aos
movimentos da modalidade em questão, com a intensidade de 80% da 1-RM. Os exercícios
diferiram apenas no tempo de execução da fase concêntrica de movimento, sendo o treino lento
(n=13) com o tempo de 1,7 segundos, e o treino explosivo (n=13) menor que 0,85 segundos.
Comparado ao grupo controle (n=12), tanto o grupo lento como o explosivo aumentaram a força e
a performance de sprint. Os autores concluíram que o treinamento a 80% da 1-RM realizado de
forma lenta é mais efetivo para aumentar a aceleração, e o treinamento de potência parece ser
mais efetivo para a manutenção da velocidade.

Um dos meios que tem merecido maior atenção é o treinamento de força especial, que é o
treinamento de força com movimentos e características especificas ou mais próximas possível do
esporte em questão, com o objetivo de aumentar a capacidade de força em movimentos
específicos43. A confirmação da eficácia do treinamento de força especial pode ser comprovada
através do trabalho de Rezende et al.44 na modalidade esportiva voleibol, em que os autores
relatam que o treinamento físico é feito de maneira a simular as ações motoras de uma partida.
Visto a grande expressão do Voleibol brasileiro em campeonatos mundiais e olímpicos nos últimos
anos, estes fatos nos permitem concluir que o treinamento especial, tanto de força como de
endurance são benéficos e importantes para o ótimo desempenho esportivo.

Ebben45, em seu artigo de revisão, relata os benefícios do que ele chama de treinamento
complexo, que é a combinação de exercícios de força e pliometria numa mesma sessão de
treinamento, em que o sujeito deve realizar um exercício de agachamento e logo em seguida
exercício pliométrico, com o objetivo de aumentar a potência muscular e conseqüentemente a
performance atlética. O autor relata que este tipo de treino deve ser realizado com pausa de três a
quatro minutos entre o exercício de força e o de pliometria, com cinco repetições máximas, sendo
mais efetivo em atletas de alta performance. Relatam ainda que o treinamento complexo resulta em
aumento de performance de salto, e apresenta também efeito ergogênico nos membros superiores
quando realizados exercícios para esta região do corpo.

Sintomas e Prevenção de Overtraining

A relação inadequada entre volume e intensidade de treinamento, que reflete outro princípio do
treinamento, o da interdependência volume x intensidade, junto com períodos inadequados de
recuperação entre estímulos de treino e competição pode provocar o fenômeno conhecido como
overtraining. Este fenômeno pode ser refletido por alguns sintomas como fadiga crônica, perda de
apetite, diminuição da performance, aumento da frequência cardíaca de repouso, infecções
freqüentes, distúrbios do sono, dentre outros46.

Uma das formas de controlar as cargas de treinamento e prevenir a síndrome do overtraining é


através da relação testosterona/cortisol. A testosterona é um hormônio esteróide anabólico

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relacionado aos processos de anabolismo, já o cortisol é um glicocorticóide que tem função


hiperglicemiante e está intimamente relacionado aos processos de catabolismo. Portanto, a razão
entre as concentrações sanguíneas de testosterona e cortisol pode servir como indicador da relação
anabólica/catabólica do praticante46.

Em estudo de Vervoorn et al.47, estes encontraram durante um período de treinamento em


remadores fundistas uma diminuição na relação testosterona/cortisol na condição de repouso maior
que 30%, o que demonstrou recuperação incompleta entre as sessões de treinamento destes
atletas. Quando a relação testosterona/cortisol chega nestes níveis, é necessário que o técnico e o
preparador físico reestruturem os períodos de treinamento e permitam um maior período de
recuperação entre treinos, e ainda que se atende para a relação volume x intensidade.

É necessário um cuidado especial no momento da coleta das amostras sanguíneas, dado que as
concentrações de cortisol circulante no sangue são maiores no início da manhã, visto que
respondem ao ciclo circadiano. Por este motivo é aconselhado que as coletas sanguíneas sejam
realizadas entre 9 e 10 horas da manhã48.

Segundo Gleeson46, alguns marcadores bioquímicos da síndrome do overtraining, além dos


hormônios, incluem a glutamina plasmática, que são encontradas em níveis abaixo do normal
quando atletas estão com sintomas de overtraining, a creatina quinase plasmática, uréia plasmática
(advindo da degradação da proteína muscular)49, lactato sanguíneo, dentre outros.

Conclusão

Conclui-se através desta revisão de literatura acerca das metodologias do treinamento esportivo
e da avaliação funcional de atletas de alta performance, que existe uma lacuna entre a ciência do
treinamento esportivo e a fisiologia do esporte, e que a união destas é necessária para o melhor
entendimento dos fatores intervenientes na performance desportiva, e na escolha adequada dos
meios e métodos de avaliação funcional do atleta e do planejamento das etapas do macrociclo. E
ainda, que há métodos específicos para aprimorar determinadas capacidades físicas, de acordo com
os objetivos traçados no inicio do planejamento e baseado nos resultados das avaliações funcionais.

Ressalta-se a importância de o treinamento e as avaliações serem sempre o mais próximas da


realidade do desporto, respeitando assim o princípio da especificidade, e que a prescrição do
treinamento seja feita baseada em resultados de testes fisiológicos individuais, respeitando desta
forma o princípio da individualidade biológica. Além disto, recomenda-se a rotineira avaliação de
parâmetros bioquímicos que podem inferir um possível estado de overtraining, e assim
corrigir/reestruturar os ciclos de treinamento dos atletas. Através destes conceitos, quando
respeitados e seguidos, acredita-se que os atletas de alto desempenho possam sempre melhorar
e/ou manter o desempenho esportivo em altos níveis.

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