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Matrizes do Pensamento em Psicologia – Behaviorismo (Encontro 3)

Descreva o que são os pensamentos e sentimentos para o behaviorismo.


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Encontro 4

Comportamento Verbal

Operantes Verbais de Skinner


Em Hübner e Moreira (2012): Temas clássicos da Psicologia sob a ótica da Análise do
Comportamento); cap. 7
 “Nenhuma consideração sobre comportamento humano estará completa se não
incluir a atividade verbal do homem. É a forma de comportamento mais elevada e valiosa;
mais que nenhuma outra o distingue dos animais inferiores; e nela estão entesouradas a
herança cultural da filosofia, da ciência, da arte e da tecnologia, e através dela se efetua a
transmissão desse conhecimento acumulado de geração à geração. Na realidade foi o
comportamento verbal que tornou esse conhecimento possível.” (Keller e Schoenfeld, 1950,
p. 393)
 “Verbal Behavior” (1957) de Skinner - marco; considerada pelo autor como seu
mais importante trabalho e por muitos autores também (Knapp, 2007)
 Vinte anos seguintes a 1957: hiato experimental
 Críticas internas e externas
 Área estagnada em entender Verbal Behavior- o central da produção dos 40
anos após a publicação foi ainda o livro de Skinner (Knapp, 1998)

Comportamento e Comportamento
não verbal Verbal

Não mediado Mediado pelo outro

efeito direto, mecânico


sobre o ambiente efeito sobre a comunidade verbal

 “O comportamento verbal é modelado e mantido por um ambiente verbal - por pessoas


que respondem ao comportamento de certo modo por causa das práticas do grupo do qual são
parte. Essas práticas e a interação resultante entre o falante e o ouvinte abarcam o fenômeno
que está sendo considerado aqui sob a rubrica de comportamento verbal”
(Skinner, 1957, p. 226)
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VERBAL BEHAVIOR (1957)


 IMPORTÂNCIA EDUCACIONAL: Ecóico; Cópia; Ditado; Textual (leitura e escrita).
 IMPORTÂNCIA PSICOTERÁPICA:
Intraverbal; Mando; Tato; Extensões do Tacto; Autoclíticos.
 IMPORTÂNCIA LITERÁRIA; Exemplos; Análise do Humor e Literatura

DEFINIÇÃO DE COMPORTAMENTO VERBAL


 estabelecido e mantido por reforçamento
 reforçamento é mediado por outra pessoa
 requer um falante e um ouvinte: episódio verbal
 reforçamento mediado requer que a pessoa tenha sido especificamente treinada para
reforçar o falante (“entendê-lo”; emitir respostas funcionalmente relacionadas.)
 - Operantes de primeira ordem
 Ecóico, Ditado, Cópia, Textual, Tato, Mando, Intraverbal,
 - Operantes de segunda ordem
Autoclíticos
CONTROLE FORMAL
 Ecóico
 Cópia (transcrição)
 Ditado (transcrição)
 Textual
 Michael (1982) renomeou as duas primeiras de Dúplices, pela completa e coincidente
identidade ponto-a-ponto entre estímulo e resposta, uma propriedade duplicativa que a
similaridade lhes atribui; e as duas de Códice pela ausência dessa propriedade e pela presença
de uma propriedade codificativa dada pela correspondência
CONTROLE TEMÁTICO
 Intraverbal
 Tato
 Extensões do tato
 Mando

CÓPIA- controle formal


1. A resposta é escrita ou impressa.
2. A variável controladora é um produto de comportamento prévio de escrever (de alguém).
3. Há correspondência ponto-a-ponto entre a variável controladora e a resposta.
4. Há similaridade formal entre S e R.

DITADO: controle formal


1. A forma da resposta é escrita.
2. A variável controladora é o produto do comportamento verbal vocal de alguém.
3. Há correspondência ponto-a-ponto entre o estímulo e a resposta.

COMPORTAMENTO TEXTUAL
1. A resposta é vocal.
2. É controlado por um estímulo que é produto de comportamento de escrever.
3. Há correspondência ponto-a-ponto.
4. # LEITURA – respostas funcionais ao texto; relações de equivalência
3

Controle Temático: INTRAVERBAL


1. A resposta é verbal.
2. A variável controladora é um estímulo verbal.
3. Não há correspondência ponto-a-ponto entre estímulo e resposta. Ex: 2+2=4
- “Como vai? - “Vou bem”
“encadeamento de idéias”;

DEFINIÇÃO DE TATO
“Um tato pode ser definido como um operante verbal no qual uma resposta de uma dada
forma é evocada (ou pelo menos fortalecida) por um objeto ou evento” (Skinner,1957. p. 81-
82)
O OPERANTE TATO
 Descrição do ambiente.
 A resposta do ouvinte ao tato: a história de contingências.
 Tato estendido: extensões genéricas; metafórica; metonímica…;
 Sob controle de estímulos privados.
TATO
“Há dois importantes tipos de estímulos controladores que são usualmente não-verbais. Um
deles... A audiência... O outro é nada menos do que todo o ambiente físico- o mundo das
coisas e eventos sobre os quais o falante “fala sobre”. O comportamento verbal sob o controle
de tais estímulos é tão importante que é frequentemente tratado com exclusividade no estudo
da linguagem e teorias do significado.” “... . O termo carrega uma sugestão mnemônica do
comportamento que “faz contacto com” o mundo físico.”
(Skinner, 1957.p.81)
TATO
“A frequência com a qual o ouvinte se engaja em uma ação efetiva em resposta
ao comportamento na forma de Tato vai depender da extensão e acurácia do controle de
estímulo no comportamento do falante... a “crença” do ouvinte na honestidade do falante
etc...” (p.88.)
Todas as diferenças entre os operantes verbais refletem diferentes conjuntos de
variáveis nos comportamentos do falante e ouvinte. (p.89)

Tatos e controle de estímulos


 “...quando falamos sobre tatear, estamos apenas falando sobre o controle do estímulo,
sobre como ele se insere no comportamento verbal....”
(Catania, 1999, p. 261)

TATOS AUTO -DESCRITIVOS


 O comportamento verbal auto- descritivo é de interesse especial por muitas razões.
Apenas através da aquisição de tal comportamento o falante torna-se “consciente” do que ele
está fazendo ou dizendo e porquê…” (p.139).

EXTENSÕES DO TATO
 “Controle de estímulos não é, de nenhuma forma, preciso. Se uma resposta é reforçada
numa dada ocasião ou classe de ocasiões, qualquer aspecto dessa ocasião ou que seja comum
àquela classe parece ganhar alguma medida de controle” (p.91)

EXTENSÃO METAFÓRICA
4

 “No exemplo Julieta é o sol não é possível que uma similaridade física tenha sido
estabelecida. Apenas para Romeu Julieta brilha... A extensão metafórica deve ter sido
mediada por, digamos, uma resposta emocional que tanto o sol como Julieta evocaram
nele.”
 “Metáfora, assim definida, está próxima do “símbolo” Freudiano.” (p.97).
 “O comportamento verbal seria muito menos efetivo se as extensões metafóricas não
fossem possíveis… podem fazer surgir respostas emocionais…” (p.97)

EXTENSÃO METAFÓRICA
 “Contudo, não podemos ter certeza de que uma resposta é ou não um exemplo de
extensão metafórica a menos que conheçamos a história do falante.” (p.94) “As expressões
metafóricas de um dado falante ou escritor refletem os tipos de estímulos que mais
frequentemente controlam seu comportamento.”
 “Quando uma situação simplesmente evoca tatos não estendidos, o comportamento
nos diz algo sobre a situação, mas muito pouco sobre o falante, mas as respostas metafóricas
foram adquiridas sob outras circunstâncias, sobre as quais inferências podem, portanto, serem
feitas.” (p.95)

Exemplo de extensão metafórica


 Condições de estímulos conspícuas:
 “Soda limonada é como pés formigando”:
pés formigando/soda: estimulação
“pinpoint” - de “pinicar”
 “Meu pai é uma tenda”
tenda/pai: sensação agradável da cessação de estimulação aversiva
 a utilidade dos tatos metafóricos é permitir distinguir a propriedade do contexto
convencional no contexto novo e aumentar a eficácia do comportamento verbal ao gerar
compreensão e/ou emoção no ouvinte, a exemplo da poesia e literatura.
 Quando Romeu diz à Julieta “Você é o sol”. Do ponto de vista da contingência
original, a metáfora é incorreta (“Você é o sol” é literalmente incorreto porque Julieta não é o
sol), mas é aceitável pela sua importância. Somente as práticas verbais das comunidades
podem apontar essa importância em metáforas idiossincráticas: apenas para Romeu Julieta é o
sol e é na história de vida de Romeu que serão encontrados os possíveis controles dessa
extensão metafórica. Skinner (1957) lança uma hipótese: uma resposta emocional pode ter
controlado a extensão metafórica de Romeu.
Relatos verbais são sempre tatos?
 se há história de reforçamento para a correspondência relato-contingência, ou
para o controle do relato por eventos, objetos ou propriedades de eventos e objetos
dizemos que o relato é um TATO.
 Tato é um operante verbal.
 Nem sempre relatos verbais sobre eventos privados, sobre sentimentos, por
exemplo, são tatos. Podem ser mandos.

MANDO: resposta verbal seguida por reforçamento característico- comando, desmando


 Controlado por condições relevantes de privação ou estímulo aversivo - por
operações estabelecedoras
(Jack Michael, 1982)
 Tato impuro » “O jantar está pronto” (“Venham jantar”) – por reforçamento
especial vindo do comportamento do ouvinte.
 Relações entre tato e mando
 » TATO nos diz mais sobre o ambiente - o ouvinte se beneficia mais
5

 » MANDO nos diz mais sobre o falante – o falante se beneficia mais por causa do
reforçamento característico.
OPERAÇÃO ESTABELECEDORA – um liame entre Tato e Mando

RELATO VERBAL  TATO


Tato é o mais importante dos operantes verbais (Skinner) devido à correspondência
(referência) com as coisas ou fatos do mundo.
Correspondência resulta do modo como a comunidade estabelece repertório de tatos:
enfraquecemos a relação com qualquer privação ou estímulo aversivo específico e
estabelecemos uma relação especial com um estímulo discriminativo.
Fazemos isso reforçando a resposta tão consistentemente quanto possível na presença de um
estímulo com um reforçador generalizado. O controle resultante é através do estímulo.

O tato tem importância especial quando o falante está (ou esteve) em contato com um
estado de coisas que não é conhecido pelo ouvinte.
Nesse caso, especialmente:
comportamento em forma de tato beneficia o ouvinte estendendo seu contato com o
ambiente, e tal comportamento é estabelecido pela comunidade verbal por esta razão.
(De Rose, 1998 )

Importância do reforço generalizado


Reforçamento generalizado é a chave para o sucesso do discurso prático ou científico. Evita a
influência dos estados momentâneos de privação do indivíduo....
Ele faz com que o comportamento do falante fique mais estreitamente sob controle do
ambiente corrente e permite que o ouvinte, na falta de contato direto com o ambiente, reaja
com maior sucesso a este comportamento....
Quando a correspondência com uma situação estimuladora é estreitamente mantida, quando
as inferências do ouvinte sobre a situação objetiva são as mais fidedignas, nós dizemos que a
resposta é “objetiva”, “válida”, “verdadeira” ou “correta”.
Importância do reforço generalizado
 Um reforçamento verdadeiramente generalizado é, contudo, raro e a pura objetividade
neste sentido provavelmente nunca é alcançada.
 O controle de estímulos pode ser distorcido por algumas consequências especiais que
são supridas por um ouvinte em particular ou por ouvintes em geral sob circunstâncias
particulares. Quando a relação controladora é assim prejudicada ou distorcida, nós dizemos
que a resposta é “subjetiva”, “preconceituosa “ou “tendenciosa”.

Consequências especiais distorcendo o tato

FUNÇÕES DO COMPORTAMENTO VERBAL

 CONTROLE INSTRUCIONAL
 RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
6

 PROCESSOS AUTOCLÍTICOS

Kohlemberg e Tsai (1991)


 1) O comportamento verbal do terapeuta funciona como estímulo (SD) que pode
mudar o comportamento do cliente (seguimento de regras).

2) O comportamento do terapeuta é dirigido para produzir mudanças no comportamento


verbal do cliente: reforçar a descrição de relações funcionais entre os eventos ambientais e
seus comportamentos. Aumentar o contacto com variáveis de controle. Bidirecionalidade?

FUNÇÕES DO COMPORTAMENTO VERBAL

 CONTROLE INSTRUCIONAL
 RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
 PROCESSOS AUTOCLÍTICOS

Relações de equivalência

FUNÇÕES DO COMPORTAMENTO VERBAL

 CONTROLE INSTRUCIONAL
 RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
 PROCESSOS AUTOCLÍTICOS

O papel do autoclítico
 Autoclítico: operante verbal de segunda ordem que descreve, qualifica ou quantifica
(dentre outras funções) respostas verbais primárias e, portanto, altera o efeito da primeira
resposta sobre o ouvinte, no sentido de tornar o discurso organizado e efetivo de acordo com
as circunstâncias vigentes.
 O comportamento verbal bruto, sem ou com poucos autoclíticos, dificilmente é
emitido.

Autoclíticos e sua relação com a persuasão


 Hübner, Amato Neto, Coelho e Shima (2008) apontam que determinados autoclíticos
são operantes verbais decisivos em instâncias de persuasão do ouvinte.
7

FUNÇÕES DO RELATO VERBAL

3) COMO MODIFICADOR DO COMPORTAMENTO NÃO VERBAL


 Sobretudo a distinção entre Modelagem e Instrução do próprio comportamento verbal,
identificação de características de regras que controlam mais eficazmente o comportamento
não verbal e efeitos transitórios e nulos do primeiro sobre o segundo (com base em pesquisas
da área).

Alertas ao emprego do verbal como fonte de dados: variáveis controladoras de um


relato verbal (Ribeiro, 1989)
 História de reforçamento do falante para a correspondência verbal-contingências
vividas (correspondência fazer-dizer);
 História de reforçamento do falante de determinados conteúdos verbais,
independentemente de sua correspondência com as contingências vividas.
 Reforçamento atual pelo ouvinte

Por que tais variáveis controlam o comportamento verbal e podem enviesar a fonte de
dados?

PORQUE É UM OPERANTE
E estamos, obviamente, sempre diante da necessidade de analisar as contingências de
reforçamento – verbais e não verbais

COMO MODIFICADOR DO COMPORTAMENTO NÃO VERBAL

 Diálogos/ sessão terapêutica/interação professor-aluno/pais-filhos

 EPISÓDIOS VERBAIS DE MEDIAÇÃO RECÍPROCA

Dizer e fazer: operando em duas direções.

 “As comunidades verbais estabelecem certas correspondências entre as palavras e os


eventos. As correspondências operam em ambas as direções, como nas classes de
equivalência; nomeamos as coisas que vemos e localizamos as coisas que nomeamos. ...
 ...Outra correspondência importante para a comunidade verbal é a existente entre o
que dizemos e o que fazemos. Nesse caso, também, a correspondência pode operar em ambas
as direções: se fizemos alguma coisa, podemos dizer que a fizemos e, se dissermos que
faremos algo, então poderemos fazê-lo.
 … Na medida que a comunidade verbal estabelece certas contingências para tais
correspondências, podemos modificar o comportamento não apenas por meio de instruções,
mas também modelando o que se diz acerca do mesmo.”
(Catania, 1999, p. 280).

Instrução X modelagem do verbal


 “A modelagem do comportamento verbal é uma técnica potente para modificar o
comportamento humano, especialmente sabendo-se que a distinção entre comportamento
governado verbalmente e governado por contingências é relevante tanto para o
comportamento verbal como para o não verbal...
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Modelagem do comportamento verbal


...
O comportamento verbal modelado ou governado por contingências é, como o
comportamento não-verbal modelado, sensível às suas consequências, mas é, também,
acompanhado pelo comportamento não-verbal correspondente; se o que dizemos é modelado,
fazemos o que dizemos.” Catania,1998/1999, p. 282.

CATANIA E O PODER DA MODELAGEM DO VERBAL- LIMITES AO


CONTROLE POR INSTRUÇÃO

“Por outro lado, o comportamento verbal instruído ou governado verbalmente é, como o


comportamento não verbal instruído, relativamente insensível a suas consequências, mas é
menos acompanhado pelo comportamento não verbal correspondente;
CATANIA E O PODER DA MODELAGEM DO VERBAL- LIMITES AO
CONTROLE POR INSTRUÇÃO”
 se nos disserem o que temos que dizer, o que fazemos não decorre necessariamente do
que dizemos, mesmo quando falamos exatamente o que nos disseram para dizer.” (Catania,
1999, p. 282)

Possível superioridade do verbal produzido por modelagem

... “E porque humanos frequentemente podem distinguir entre o que disseram a eles e o que
eles concluíram sem que alguém o dissesse, os antecedentes verbais mais efetivos são aqueles
gerados por eles mesmos”. ...

... Nestes casos, eles (os humanos) podem falhar em reconhecer as origens remotas do que
eles concluíram, no comportamento verbal de outros que evocaram a própria auto fala deles.”
(Catania, 2003, p.309)

O ESTABELECIMENTO DO CONTROLE VERBAL ANTECEDENTE COMO UM


PROCEDIMENTO PARA O AUMENTO DA FREQUÊNCIA DE COMPORTAMENTOS
RELACIONADOS.

AUTOCLÍTICOS
 São arranjos que o falante faz de sua própria fala. Skinner (1957) comenta que
qualquer falante não é um mero expectador de sua fala, mas um ser ativo que organiza e
arranja o modo de dizer, explicitando os controles sobre o seu próprio comportamento.
 Se alguém diz, por exemplo, “Eu leio e gosto muito”, o tato sobre o ler é modificado
pelo autoclítico “gosto muito”, que qualifica o tato de um modo positivo, dando ao ouvinte
pistas sobre o valor reforçador do evento descrito no tato.
 Neste sentido, os autoclíticos são partes do comportamento verbal, que modificam a
outra parte que os acompanha.

Autoclíticos: possíveis efeitos


 Um dos efeitos apontados por Skinner (1957) é o de aumentar a precisão do controle
sobre o comportamento do ouvinte.
 Se o falante é o próprio ouvinte, o tato com autoclítico poderia aumentar o controle
sobre o próprio comportamento.
 Se for qualificador e a qualificação for positiva, anunciando reforçadores, poder-se ia
supor um aumento na probabilidade do valor reforçador do evento qualificado?
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 E, com isso, um aumento na probabilidade de emissão do comportamento não verbal


descrito e qualificado pelo tato com autoclítico? Estabelecer-se-ia uma relação “motivacional”
entre o evento qualificado e o comportamento a ele referente?
Se o falante é o próprio ouvinte, o autoclítico qualificador pode aumentar a probabilidade de
emissão do comportamento não verbal descrito e valorizado pelo próprio falante,
configurando-se como um auto-mando.
Se o falante é outra pessoa, o autoclítico pode ter o mesmo efeito e pode-se descrever o
operante em questão como um mando

 Mandos com autoclíticos qualificadores positivos que têm o efeito aqui descrito
podem ser compreendidos como persuasivos, no sentido de que levam o outro a fazer algo,
mesmo que uma única vez ou para ações de baixa probabilidade de emissão, na história do
indivíduo.
 Condições em que mandos ou auto–mandos com estas características têm maior ou
menor poder de persuasão têm sido estudados.

(Hübner, Austin e Miguel, 2008, TAVB).


 Se reforçarmos tatos auto- descritivos com autoclíticos positivos sobre um
comportamento não verbal específico, nós poderemos esperar mudanças em tais
comportamentos, na direção de aumentar a sua frequência?
 Verificou se o tempo de leitura poderia ser aumentado, através do reforçamento de
tatos sobre leitura com autoclíticos qualificadores positivos sobre o ler.

PARTICIPANTES
Cinco crianças de nove a dez anos de idade, de uma escola particular da cidade de São Paulo
(quarta série do Ensino Fundamental), com baixo interesse em leitura. Eram leitores fluentes,
sem dificuldades de aprendizagem.
PROCEDIMENTO
a) sessões de avaliação de leitura;
b) sessões de escolha (vinte minutos), em que as crianças eram instruídas a escolher a
atividade a ser realizada por ela, dentre brinquedos, pintura, livros e revistas;
c) sessões de apresentação de elogios e paráfrases, diante da emissão, pela criança, de tatos
com autoclíticos qualificadores positivos sobre leitura (falas pró- leitura)

20 20 20 20
CE660ral
CE660ral CE660ral CE660ral CE660ral
CE660ral

Time
CE660ral
(minutes)

CE660ral
0 0 0 0
CE660ral
1st ch dif.Sr dif.Sr 2ndch dif.Sr 3rdch 4thch
Reading Other activities Differential reinforcement
10

20 20 20

CE660ral 17.5

CE660ral CE660ral CE660ral

CE660ral CE660ral

Time
CE660ral
(minutes)

CE660ral 2.5

0 0 0

CE660ral
1st.ch dif Sr dif.Sr 2nd.ch dif.Sr 3rd.ch. dif.Sr 4th.ch.

Reading other activities differential reinforcement

Figure 2: Total time of reading during choice sessions for Participant 2T.

CE660ral 22
20 20

CE660ral
15 CE660ral CE660ral CE660ral
CE660ral
CE660ral
Time
(minutes)
CE660ral
5
CE660ral
0 0 0
CE660ral
1st.ch dif.Sr dif.Sr 2nd.ch dif.Sr 3rd.ch dif.Sr 4th.ch
Reading Other Activities Differential reinforcement

Figure 3: Total time of reading in the choice sessions for participant S3 M.

CE660ral
15 CE660ral CE660ral CE660ral CE660ral 15

CE660ral 12 12

Time
CE660ral
(minutes)

CE660ral
0 0 0 0

CE660ral
1st.cho sha sha 2ndcho sha 3rdcho sha 4thcho
Reading Other activities Shaping sessions
11

Figure 5: Total time of reading in the choice sessions for participant S5 G.


DISCUSSÃO
Quatro de cinco crianças aumentaram o tempo de leitura durante as sessões de livre- escolha
depois das sessões de reforçamento de verbalizações sobre “vantagens do comportamento de
ler”. Pode-se concluir que o reforçamento do comportamento verbal relacionado aos aspectos
positivos da leitura (tatos com autoclíticos qualificadores positivos) revelou o efeito de
aumentar o tempo de leitura durante as sessões de livre escolha, indicando o possível efeito do
reforçamento do comportamento verbal sobre o comportamento não verbal relevante.

EFEITO DO REFORÇAMENTO DIFERENCIAL DE RESPOSTA VERBAL


REFERENTE À LEITURA SOBRE A EMISSÃO E DURAÇÃO DA RESPOSTA DE
LER.

Thais Cazati Faleiros


Maria Martha Costa Hübner

O estudo pretendeu utilizar o reforçamento diferencial de falas pró-leitura, semelhante


ao estudo de Hübner, Austin e Miguel (2008), separando temporalmente as sessões de
Escolha de Atividades das Sessões de Reforçamento Diferencial.

Objetivos do estudo
 Verificar se o reforçamento diferencial aplicado a frases pró-leitura pode influenciar a
emissão do comportamento de ler
 Verificar se o treino discriminativo de frases pró-leitura influencia a escolha de
fotografias referentes ao comportamento de ler
Participantes:
 Seis crianças.
 Segundo ano, escola pública, mesma classe e professor.
Material:
 Lap top, equipado com mouse e um software programado na linguagem Delph, por
Andrade, Barros e Carnevale (2007).
 Livros Infantis, jogos, massinha de modelar de vários tipos, lápis, canetinha, papel
sulfite, giz de cera
 Brinquedos utilizados como brindes.

 Procedimento:
12

Resultados
Em relação às sessões de Escolha de Atividades:
Todos os participantes apresentaram aumento na escolha da atividade de ler e no tempo de
permanência nesta atividade, após as Sessões de Treino, em relação aos dados da Linha de
Base.
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Participante LV Participante LV
20
20

15 15
ler
ler
pintar pintar
10 10
modelar modelar
jogar jogar
5
5

0
0 Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3

Participante IC

Participante IC
20
20
15
15
ler ler
10 pintar pintar
10
modelar modelar
jogar
5 jogar 5

0 0
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3

Participante LA
20 Participante LA

20
15 ler
15 ler
pintar
10 pintar
modelar 10
modelar
5 jogar jogar
5

0 0
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3

Maria Martha Costa Hübner


Augusto Amato Neto
Eduardo Cillo
Luciana Ono Shima
Renata Ferreira dos Santos Coelho
ni
Universidade de São Paulo

Efeitos de consequências sociais diferenciais de tatos e de instruções sobre o comportamento


de fazer exercício físico e origami.
 A pesquisa buscou investigar relações entre comportamento verbal e não verbal, com
enfoque no controle do operante verbal tato com autoclíticos qualificadores positivos sobre
respostas de fazer exercícios físicos e origami

Método
 Participantes: Cinco estudantes universitários do primeiro ano de Psicologia.
 Situação experimental: sala com computador e sala de observação
 Material:
 Fotos com pessoas realizando as atividades possíveis da sala de observação:
cama elástica, bambolê, corda, tv, leitura, origami, apresentadas no computador
 Disponibilização dos materiais para a realização de atividades pelos
participantes na sala de observação.
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Procedimento

Conseqüenciação diferencial
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Exercícios físicos - Resultados do Participante


T e m p o D is p e n d id o e m a t iv id a d e f ís ic a ( m in )

10
10

8 7,6

7 6,6

1
0 0 0 0 0 0 0
0
LB 1/1 LB 1/2 LB 1/3 CD 1 CD 2 PT 1/1 PT 1/2 CD 3 CD 4 PT 1/3 PT 1/4 I1 I2 IAC
Sessão

LB 1= Linha de Base na sala de espelho


Tempo em atividade física (min)
CD= Sessão de Consequenciação Diferencial
PT 1= Pós-Teste na sala de espelho Sessões de consequenciação
I= Instrução IAC= Instrução com anúncio de contingência diferencial

Exercícios físicos - Resultados do Participante 2


T e m p o d is p e n d id o e m a tiv id a d e fís ic a (m in )

10

3 2,7
2,5

2
0,9
1
0 0 0 0 0 0 0
0
LB 1/1 LB 1/2 LB 1/3 CD 1 CD 2 PT 1/1 PT 1/2 CD 3 CD 4 PT 1/3 PT 1/4 I1 I2 IAC
Sessão

LB 1= Linha de Base na sala de espelho Tempo em atividade física (min)


CD= Sessão de Consequenciação Diferencial
PT 1= Pós-Teste na sala de espelho Sessões de consequenciação
I= Instrução IAC= Instrução com anúncio de contingência diferencial
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Origami - Resultados do Participante 4

T e m p o d is p e n d id o c o m o rig a m i (m in )
10 10
10
10

4
3,16

1,7
2

1
0 0 0 0 0 0 0

0
LB 1/1 LB 1/2 LB 1/3 LB 1/4 LB 1/5 CD 1 CD 2 PT 1/1 PT 1/2 CD 3 CD 4 PT 1/3 PT 1/4 I1 I2 IAC

Sessões
LB 1= Linha de Base na sala de espelho
CD= Sessão de Consequenciação Diferencial Tempo em origami (min)
PT 1= Pós-Teste na sala de espelho Sessões de consequenciação
I= Instrução IAC= Instrução com anúncio de contingência diferencial

Discussão
 O procedimento de modelagem do comportamento verbal não gerou o efeito de fazer
emergir o comportamento não verbal a ele referente, quando a resposta requerida foi
exercícios físicos.
 O procedimento de instrução e de instrução com anúncio de reforçador generalizado
poderoso gerou o efeito de fazer emergir o comportamento não verbal referente
 Quando se trata da resposta de origami, o procedimento de modelagem do
comportamento verbal parece ter efeitos semelhantes aos encontrados nos estudos de Hübner,
Austin & Miguel (2008), em que a resposta era leitura.
 Uma possível interpretação dos resultados pode estar relacionada com o custo da
resposta e aspectos aversivos envolvidos: quando o custo é alto e há consequências aversivas
envolvidas (desgaste físico, por exemplo), apenas a modelagem do comportamento verbal
mostrou-se insuficiente para fazer o exercício físico ocorrer.
 Entretanto, mesmo para respostas de alto custo, o controle verbal ocorreu na forma de
instruções, sobretudo instruções com anúncio de reforçador generalizado poderoso (dinheiro).
 Já com a resposta de origami, que existia na história do participante, embora em
frequência menor do que outras respostas, a modelagem do comportamento verbal aumentou
a frequência do comportamento não verbal a ele referente.

 Tais resultados estão de acordo com Catania (1999) e Braam e Malott (1990), que
afirmam ser o controle verbal da instrução eficaz quando a resposta envolve componentes
aversivos.
 No tocante à modelagem do comportamento verbal, o presente estudo aponta novas
condições em que este procedimento pode não apresentar o “sucesso” previsto por Catania
(1999), ao afirmar que ela é uma técnica poderosa de modificação do comportamento não
verbal.

Efeitos da modelagem de respostas verbais sobre respostas não-verbais correspondentes.

Adriana Cunha Cruvinel

o A proposta do estudo foi investigar os efeitos do reforçamento do comportamento


verbal de uma criança de idade pré-escolar sobre o comportamento não verbal
correspondente.
o De uma maneira semelhante aos estudos descritos acima, o estudo era composto de
duas partes, uma na qual a criança relatava com qual brinquedo ela iria brincar e outra em que
era registrado qual atividade a criança escolhia.
MÉTODO
o Participantes - O sujeito desse estudo foi uma criança do sexo masculino de 2 anos e
10 meses de idade.
17

o Local - O estudo foi realizado na própria casa da criança.


o Material - Os brinquedos utilizados no estudo foram os próprios brinquedos da
criança. É importante ressaltar que os brinquedos disponíveis e selecionados pelo
experimentador para que a criança escolhesse eram os brinquedos que a criança habitualmente
brincava com maior frequência.

Procedimento
o Linha de base (5 sessões)
Durante a linha de base o experimentador perguntava para a criança: “De
que você vai brincar agora?” A pergunta era feita na sala, na ausência dos brinquedos.
Os brinquedos ficavam no quarto da criança. A resposta verbal da criança era apenas
registrada. Em seguida, a criança acompanhada do experimentador se dirigia para o
quarto, onde os brinquedos estavam esparramados no chão. O experimentador
registrava o brinquedo que a criança escolhia para brincar.

o Reforçamento de respostas verbais (5 sessões)


Durante essa condição a mesma pergunta da linha de base era feita a
criança seguindo as mesmas condições da linha de base. Se a criança respondesse
dizendo o nome do brinquedo selecionado pelo experimentador, a resposta era reforçada
verbalmente com frases como: “Que legal!” Caso a criança emitisse uma outra resposta
que não a selecionada pelo experimentador, este dizia: “E de que outra coisa você quer
brincar?” Até que a resposta selecionada fosse emitida.

 Em seguida, a criança acompanhada do experimentador se dirigia para o quarto,


onde os brinquedos estavam esparramados no chão. Da mesma maneira como era feito
na linha de base, o experimentador registrava o brinquedo que a criança escolhia para
brincar.

Resultados

Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5

Respos-ta “De bicho” “de fila” “de fila” “Dinossauro” “Fazendinha


verbal e escolinha”

Brinquedo Carrinho Colocou os Elefante. Avião Bonequinhos


escolhido bichos
formando
uma fila.
Tabela 1. Respostas verbais e brinquedos escolhidos pelo sujeito por sessão durante a
linha de base.

Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5

Resposta “Avião” “Avião amarelo” “Bola” “Desenhar” “Carrinho”


verbal
reforçada
Brinqued Avião de papel Avião de Bola Papel, lápis e Carrinho
o brinquedo canetinhas
escolhido
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Tabela 2. Respostas verbais reforçadas e brinquedos escolhidos pelo sujeito por sessão
durante a condição de reforçamento de respostas verbais.

Resultados
o Durante as cinco sessões de linha de base, em apenas uma houve correspondência
entre a resposta verbal da criança e o brinquedo que foi selecionado por ela. Observou-se que
ao chegar no quarto a criança selecionava o brinquedo que estivesse mais próximo dela ou
que ela visse primeiro. Ela não olhava para todos os brinquedos antes de selecionar um.
o Durante as cinco sessões da condição de reforçamento de respostas verbais todas as
respostas não verbais mantiveram correspondência com as respostas verbais. Na primeira
sessão em que a resposta verbal reforçada era “avião” ao chegar no quarto, o primeiro
brinquedo que a criança viu foi a bonequinha da Branca de Neve miniatura, e como aconteceu
durante as sessões da linha de base, ela se dirigiu para ela, mas assim que pegou a boneca
soltou-a procurando pelo avião de papel.
o Durante a terceira sessão é interessante notar que a bola não estava à vista da criança,
ela estava debaixo de um outro brinquedo e ainda assim a criança procurou por ela até
encontrá-la.

Discussão
 Os resultados indicam que o reforçamento de respostas verbais teve um efeito sobre as
respostas não verbais da criança.
Discussão Geral
 A modelagem do comportamento verbal, com a inclusão de autoclíticos mostrou-se
eficiente no controle do comportamento não verbal em crianças. O mesmo se obteve com
instruções envolvendo autoclíticos.
 Com adultos, entretanto e com respostas de alto custo, a modelagem mostrou-se
inferior à instrução, mesmo com a inclusão de autoclíticos.

Transitoriedade do efeito verbal: uma ilustração com dados de Almeida (2009)

Figura 3. Tipo de escolha por reforçador Imediato ou Atrasado e tempo despendido para escolha (em segundos)
dos Participantes PI-1 a PI-7 em cada tentativa dos blocos das Fases 1 e 2. As barras curtas representam escolha
por reforçador imediato e as longas por atrasado. As cores no fundo indicam o tipo de instrução apresentada
(sem qualificador = cinza escuro; acompanhas por qualificador positivo = cinza médio; qualificador negativo =
cinza claro) e a área na qual a resposta instruída estaria caso o participante seguisse a regra.

Transitoriedade do efeito verbal:


 Torgrud & Holburn (1990).
 Amorim & Andery (2002).
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 Crítica à precipitada conclusão: ser verbal – “insensibilidade às contingências” não


verbais.
 O controle do verbal sobre o não verbal: depende do controle discriminativo instalado
neste último.
 O controle verbal (instrução ou modelagem) não controla o não verbal- “desviá-lo”
das contingências não verbais de reforçamento - se o controle discriminativo não verbal é
“forte”.

Controle instrucional: discussão sobre o possível efeito indelével


Dizemos uns aos outros o que fazer e o que dizer.
As instruções podem modificar o comportamento do ouvinte em situações em que as
consequências naturais são, por si mesmas, ineficientes ou são eficazes somente a longo
prazo.
 A persuasão ocorre se o controle discriminitavivo não é claro- o reforçador positivo
não é discriminado e não estão claros os elementos aversivos
 A persuasão ocorre mais se o ouvinte está em grupo, se o controle verbal está no termo
consequente e se o antecedente verbal é claro e preciso na especificação das condições em que
a resposta será reforçada.

CONTROLE VERBAL E ESCOLHA DE ALIMENTOS VARIADOS EM CRIANÇAS


MAIRA CANTARELLI BAPTISTUSSI
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
TESE DE DOUTORADO
DEFENDIDA EM DEZEMBRO DE 2010

As instruções não podem substituir as sutilezas de um contato direto com as contingências. -


mas as sutilezas persuasivas podem distanciar o contato com as contingências e aumentar a
obediência ou evocar a emissão do comportamento uma única vez (e , por vezes, uma única
vez pode ser decisiva e irreversível- tomar um remédio, fazer uma cirurgia, matar, suicidar-se,
ter relações sexuais, engravidar, comprar etc…)

Hübner, Amato, Coelho e Shima (2009): efeitos indeléveis?


 é necessário discutir-se uma ética da persuasão, colocando-se limites até para o
comportamento verbal. Skinner (1957) aponta que palavras não removem montanhas. Mas as
questões persuasivas do comportamento verbal nos apontam que ele pode levar pessoas a
derrubarem montanhas por nós (Hübner, 1997).
 E pelas relações de equivalência estabelecidas entre as palavras, fenômenos e objetos
do mundo (Sidman,1994), palavras podem se configurar em graves ameaças e fazer com que
20

as pessoas se sintam ofendidas e moralmente afetadas, como se o fato, em si, a que as


palavras se referem, tivesse ocorrido com elas.
 As palavras “ganham força” pela história de reforçamento construída nos pareamentos
entre palavras, objetos e fenômenos do mundo.

 Pesquisas na área de equivalência mostram que quando formamos classes de


equivalência, procedimentos que afetam um membro da classe (uma palavra, por exemplo,
cuja emissão por alguém é reforçada socialmente) podem ter efeitos sobre outros membros da
classe (ações relacionadas à palavra em questão)
 Assim, se aprendemos, por reforçamento, em nossa história, a parear a bandeira de
nosso país com o próprio país (que envolve nossa terra, nossa gente), queimar a bandeira de
nosso país pode evocar reações emocionais de revolta e dor (Sidman, 1994) e evocar atos
legais de prisão.
 Analogamente, dizer ofensas ao outro ou dizer ao outro para que faça o que é ilegal,
pode levar alguém à prisão, pela estreita relação de equivalência que nossa sociedade
estabeleceu entre palavras e os fenômenos e objetos a que elas se referem.
 o poder persuasivo do comportamento verbal parece estar ligado diretamente à
liberação de reforçadores
 E estamos, assim, de volta ao bom e velho princípio comportamental.
 Se estes são poderosos, na história do indivíduo, e se o comportamento verbal os
anuncia, ao requerer a resposta, este ocorre na direção do que o falante propõe ou solicita,
direta ou indiretamente.
 Mas os dados de Baptistussi (2010) também revelam que a persuasão não ocorre se os
critérios de acerto da resposta não estiverem bem esclarecidos.

Valdivia, Luciano e Molina (2006)


 Crianças de 6 e 7 anos passaram por um procedimento no qual um contexto verbal
alterou o que os autores chamaram de medidas de estados motivacionais.
 Em um primeiro experimento, fora contada uma história sobre um deserto, e foram
medidas respostas relacionadas a sede antes e depois da criança ouvir a história.
 Crianças de 6 e 7 anos passaram por um procedimento no qual um contexto verbal
alterou o que os autores chamaram de medidas de estados motivacionais.
 Em um primeiro experimento, fora contada uma história sobre um deserto, e foram
medidas respostas relacionadas a sede antes e depois da criança ouvir a história.
21

 Em um segundo experimento do mesmo estudo, uma história similar foi contada da


mesma forma como no primeiro experimento (induction protocol), e, com outros
participantes, a mesma história do primeiro experimento foi contada, só que dessa vez, de
forma desarticulada

 Não houve controle da saciação, ou nível de ingestão de água dos participantes no


caso da história do deserto.
 Muitos parâmetros foram alterados entre o protocolo de indução e o protocolo de
descontextualização.
 Outros estudos também indicaram que a probabilidade de emissão de determinadas
respostas (verbais e não verbais) são alteradas na medida em que há uma exposição prévia a
determinados operantes verbais (Faleiros & Hübner, 2007 e Hübner, Austin & Miguel, 2008).

O papel do autoclítico
 Autoclítico: operante verbal de segunda ordem que descreve, qualifica ou quantifica
(dentre outras funções) respostas verbais primárias e, portanto, altera o efeito da primeira
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resposta sobre o ouvinte, no sentido de tornar o discurso organizado e efetivo de acordo com
as circunstâncias vigentes.
 O comportamento verbal bruto, sem ou com poucos autoclíticos, dificilmente é
emitido.
Autoclíticos e sua relação com a persuasão
 Hübner, Amato Neto, Coelho e Shima (2008) apontam que determinados autoclíticos
são operantes verbais decisivos em instâncias de persuasão do ouvinte.
 Uma diferença paramétrica entre o protocolo de indução e do protocolo de
descontextualização do estudo de Valdivia, Luciano e Molina (2006) é a ausência de
autoclíticos na descontextualização.
 A partir disto, o presente projeto tem por objetivo investigar quais operantes verbais
estão mais diretamente envolvidos no controle de respostas em um procedimento análogo ao
de Valdivia, Luciano e Molina (2006).

Autoclíticos e sua relação com a persuasão


 Hübner, Amato Neto, Coelho e Shima (2008) apontam que determinados autoclíticos
são operantes verbais decisivos em instâncias de persuasão do ouvinte.
 Uma diferença paramétrica entre o protocolo de indução e do protocolo de
descontextualização do estudo de Valdivia, Luciano e Molina (2006) é a ausência de
autoclíticos na descontextualização.
Fenômeno e Nome
 Fenômeno: fato; objeto de experimentação; na Física: qualquer processo cuja
ocorrência exige a interação simultânea de vários sistemas cujas atuações se adiciona para
levar ao efeito final.
 Nome: palavra com que se designa pessoa, animal ou coisa.
 (Aurelio Buarque de Holanda, 2009)

Origem da reflexão
Embora termos como esquemas cognitivos, cognição, em geral e os outros como
quadros relacionais e comportamento governado verbalmente pertençam a dois contextos
teóricos diferentes (cognitivismo e behaviorismo radical), com modelos de explicação
diferentes,
...o desenvolvimento de pesquisas e discussões em Análise do Comportamento sobre
Comportamento Governado por Regras ou Controlado Verbalmente e a apresentação da
proposta teórica de Quadros Relacionais nos instigam a discutir se estamos falando de
fenômenos diferentes ou apenas diferentes nomes.
 “O debate entre psicólogos que se denominam comportamentalistas e os que se
intitulam mentalistas ou cognitivistas tem sido consideravelmente duradouro. Trata-se, até
certo ponto, de um debate sobre os modos apropriados de se falar de eventos psicológicos”
(Catania, 1999, p.24).

Esquemas cognitivos e comportamento governado verbalmente


“A visão teórica da TCC está baseada na idéia de que os sentimentos e os comportamentos do
indivíduo são determinados pelo modo como ele estrutura o mundo por meio de suas
cognições. Desse modo, o objetivo do terapeuta cognitivo- comportamental é produzir
mudanças cognitivas, ou seja, mudanças no pensamento e nas crenças do paciente com o
intuito de promover mudança emocional e comportamental duradoura.”
(Saffi, Abreu e Lotufo Neto, 2009, em Lipp, M. (Org)
” Sentimentos que causam stress”
23

“As crenças centrais também são conhecidas como esquemas, definidos como
estruturas cognitivas que “orientam o indivíduo ao lidar com uma situação, ajudando-o
a selecionar detalhes sobre o ambiente e a lembrar dados relevantes” (Beck, Emery e
Greenberg, 1985, p. 54, em Rangé, 2001).

Cognição e comportamento governado verbalmente


 “As terapias que fazem referências à modificação do comportamento cognitivo, ou à
eficácia cognitiva, dizem modificar o comportamento do cliente pela mudança de suas
cognições, mas isso é feito, de um modo geral, pela mudança do comportamento verbal do
cliente” (Catania, 1999, p. 283).

Mudança cognitiva = mudança do comportamento verbal?

Mudança via modelagem:


“A modelagem do comportamento verbal é uma técnica potente para modificar o
comportamento humano, especialmente sabendo-se que a distinção entre comportamento
governado verbalmente e governado por contingências é relevante tanto para o
comportamento verbal como para o não verbal...
... O comportamento verbal modelado ou governado por contingências é, como o
comportamento não-verbal modelado, sensível às suas consequências, mas é, também,
acompanhado pelo comportamento não-verbal correspondente; se o que dizemos é modelado,
fazemos o que dizemos.” Catania,1998/1999, p. 282.

… “se dissermos que faremos algo, então poderemos fazê-lo. Na medida que a comunidade
verbal estabelece certas contingências para tais correspondências, podemos modificar o
comportamento não apenas por meio de instruções, mas também modelando o que se diz
acerca do mesmo.”
(Catania, 1999, p. 280).
 Exemplo da aplicação de uma técnica cognitiva:
 Terapeuta anota falas do cliente.
“Eu trabalhei quando vim para São Paulo, mas engravidei logo.”
 Em seguida inverte a coordenação das orações e pede para o cliente ler em voz alta:
“Eu engravidei logo, mas trabalhei quando vim para São Paulo.”
 “Eu estudei no colegial, mas vim de uma família analfabeta.”
 Terapeuta transforma a frase novamente (invertendo) e pede para cliente ler em voz
alta:
 “Eu vim de uma família analfabeta, mas estudei no colegial.”
 Terapeuta pergunta o que o cliente percebe.
 Cliente diz: “Você está me elogiando”!
Modelagem do comportamento verbal?? (técnica da Inversão de Irismar Reis, prof. Titular
da Univ. Federal da Bahia);
Agradecimentos ao prof. Dr Francisco Lotufo Neto, 2009)

Modelação cognitiva e e instrução do comportamento verbal


 “ Por outro lado, o comportamento verbal instruído ou governado verbalmente é,
como o comportamento não verbal instruído, relativamente insensível as suas consequências,
mas é menos acompanhado pelo comportamento não verbal correspondente; se nos disserem
o que temos que dizer, o que fazemos não decorre necessariamente do que dizemos, mesmo
quando falamos exatamente o que nos disseram para dizer.”
(Catania, 1999, p. 282.)
24

 Modelação cognitiva (Guimarães, 2001 em Rangé (Org) menos eficaz do que a


“modelagem cognitiva” /verbal?

Analistas do comportamento analisando cognição De Rose, 1993 em “ Análise


comportamental da cognição”

 - Relaciona cognição a variáveis relacionadas aos estímulos antecedentes da


contingência;
 - Relaciona cognição à formação de classes de equivalência e derivação de relações;
 Cognição não envolve, necessariamente, comportamentos governados por regras....

Analistas do comportamento em publicações recentes fazendo relações entre cognição,


comportamento verbal e mais processos comportamentais
 “A Behavior-Analytic Account of Cognitive Bias in Clinical Populations”
Alisha M.Wray, Rachel A. Freund, and Michael J. Dougher
University of New Mexico
The Behavior Analyst, 2009, 32, 29-49.

Definição de viés cognitivo


“Está bem estabelecido que algumas populações clínicas atentam, lembram-se e
interpretam seletivamente eventos de modo congruente com seus transtornos. Este fenômeno
é geralmente referido como viés cognitivo.” (McNally, 1995 em Wray, Freund e Dougher,
2009, p. 32)

O reconhecimento da cognição como um fenômeno, por analistas de comportamento


“Porque o viés cognitivo é um fenômeno ubíquo e é relevante para uma série de transtornos
clínicos, é importante oferecer tal abordagem” (a de especificar os determinantes ambientais
ou as relações funcionais críticas que são imperativas para a predição e controle do
fenômeno).”
(Wray, Freund e Dougher, 2009, p. 32)

Cognição e comportamento verbal


 “Uma vez que humanos adquirem linguagem, processos verbais tornam-se dominantes
e penetrantes e influenciam enormemente o modo como percebemos estímulos internos e
externos (....)
 (...) “Talvez o comportamento verbal mais relevante para uma análise do viés
cognitivo seja a auto fala, quando falante e ouvinte são o mesmo indivíduo.”
(Wray, Freund e Dougher, 2009)

(Wray, Freund e Dougher, 2009)

“ .. Muitos dos problemas comportamentais


(bem como aqueles relevantes para o viés cognitivo) são acompanhados por uma corrente
de comportamento verbal (nomear, categorizar, comparar, interpretar, avaliar, etc..) que
podem mediar a função daqueles eventos... – comportamentos clinicamente relevantes
... “Embora assumamos a posição de que o comportamento verbal tem importantes efeitos
de alteração de função ... reconhecemos que o comportamento mediacional verbal é, em si
mesmo, resultado último das contingências de reforçamento.” (p.38)
Cognição e comportamento verbal
25

“A auto-fala pode funcionar similarmente a uma operação motivacional externa e pode ser
concebida como evento motivacional verbal. (...) Wray, Freund e Dougher, 2009.
 OE verbais -alterando a função de estímulos - efeitos em contingências de
reforçamento e podem restringir o controle de estímulos.

Cognição como um processo comportamental

“O objetivo... é oferecer uma conceituação que se fia primariamente em dois processos


comportamentais interdependentes: operações motivacionais (Michael, 1982, 1992, 2000) e
processos ...envolvidos nas relações de equivalência e responder relacional derivado.
(Wray, Freund e Dougher, 2009, p. 32)
Cognição vai além de comportamento verbal? (verbal + relações entre estímulos?)

(Wray, Freund e Dougher, 2009)


 Eventos comportamentais – OE – privação, por ex. (se privado de comida, por
exemplo, estímulos relacionados a comida tornam-se mais salientes e controladores no
ambiente do que outros estímulos), mas OE podem ser verbais.
 Processos comportamentais como relações de equivalência e responder

relacional derivado ↓
viés cognitivo

Relações de equivalência e responder relacional derivado

 “Auto-fala pode ter uma função motivacional e, consequentemente, perpetuar o viés


cognitivo, mas os processos pelos quais os estímulos verbais adquirem esta ou qualquer
função precisa ser explicado.
 “Uma vez que o responder relacional é estabelecido, estímulos verbais adquirem
funções por meio de sua participação em relações de equivalência com outros eventos
verbais e não verbais “ p.39

Comportamento verbal, relações de equivalência e responder relacional

 Comportamento Verbal: Skinner (1957) contingência de três termos;


 Relações de equivalência: Sidman & Tailby (1982) relações de quatro a cinco termos;
 Quadros relacionais: Hayes e Holmes (2001) relações de n termos
Três diferentes fenômenos?
Ou três diferentes níveis de complexidade do mesmo fenômeno?

Habilidade verbal e relações de estímulos derivadas

 esquemas cognitivos e comportamento verbalmente controlado = mesmo fenômeno? S


– R - Sr
26

 Quadros relacionais – responder relacional derivado e relações de equivalência- outros


fenômenos?
 ...S-S-R- Sr
 Três nomes e dois fenômenos?

O COMPORTAMENTO VERBAL DO CIENTISTA


- Um operante, controlado ora por Tatos (descobertas) ora por mandos (novo prestígio no
estado da arte) ...

TUDO MUDOU
Luiz Fernando Veríssimo
E tudo mudou...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib, Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento


A escova virou chapinha
'Problemas de moça' viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse


A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou musse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...


Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
 
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping


A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
 A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
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É um filho onde éramos seis


O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual


A cantada virou torpedo
E do 'não' não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico


Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
 
Polícia e ladrão virou Counter Strike
 
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
 

Chico sumiu da FM e TV 


Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
 

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