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1) Atos de fala
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2) Vocabulário: latinismos, estrangeirismo e neologismo 13
3) Tipos de dicionários 21
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NOÇÕES INICIAIS
Fala aí, pessoal!
Hoje vamos conversar sobre alguns temas que são trabalhados especificamente na linguística e na análise
do discurso, mas que são inerentes à interpretação de textos e de diversas espécies de interação entre os
usuários da língua, sendo também um tema afeto à pragmática.
A teoria dos atos de fala é de autoria do filósofo da linguagem John Langshaw Austin, que considerava que
"linguagem é ação"; não é mera descrição do mundo, mas sim uma "forma de agir no mundo", uma "ação
verbal", um meio de produzir efeitos práticos, como perdoar, nomear, prometer, ameaçar, sugerir, ordenar.
Essa visão ia além da mera análise de "verdadeiro" ou "falso" das proposições. Reconheceu que era
problemático avaliar a "vericondicionalidade", isto é, a veracidade ou falsidade de frases como "Bom dia!",
"Você gosta de chocolate?", "O Saci não apareceu".
Quando um padre diz “Enzo, eu batizo você em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, essa frase não
serve para descrever o mundo nem para ser analisada como logicamente verdadeira/falsa (como seria foco
da Filosofia e Semântica Referencial). Na verdade, ela produz um efeito na realidade, performa uma ação no
mundo. A essência da teoria é a performatividade ou função performativa dos atos: "todo dizer é um fazer".
Veremos a evolução e os detalhamentos dessa teoria.
ATOS DE FALA
...
VOCABULÁRIO: NEOLOGISMOS, ARCAÍSMOS,
ESTRANGEIRISMOS; LATINISMOS.
Ainda nas questões inerentes a semântica e vocabulário, vejamos alguns conceitos importantes.
Estrangeirismo
São palavras emprestadas de outras línguas, incorporadas ao português em sua forma original ou
adaptada.
Chat
Webnário
Pizza
Face
Shopping
Teen
Blog
Deletar
Restaurante
Abajur
Bife
Futebol
Estresse
Latinismo
O latinismo também envolve o uso de palavras estrangeiras: consiste no emprego frase, locução
ou construção gramatical própria do latim; também é chamado de romanismo.
A posteriori - Pelo que segue, depois de um fato. Diz-se do raciocínio que se remonta do efeito à
causa.
A priori - Segundo um princípio anterior, admitido como evidente; antes de argumentar, sem
prévio conhecimento.
Apud - Em, junto a, junto em. Emprega-se em citações indiretas, isto é, citações colhidas numa
obra.
Carpe Diem - "Aproveita o dia". (Aviso para que não desperdicemos o tempo). Horácio dirigia
este conselho aos epicuristas e gozadores.
Data venia - Concedida a licença, com a devida vênia. É uma expressão respeitosa com que se
inicia uma argumentação discordante da de outrem.
Et cetera (ou Et caetera) (abrev.: etc.) - E as outras coisas, e os outros, e assim por diante. Apesar
de seu sentido etimológico (= e outras coisas), emprega-se, atualmente, não somente após nomes
de coisas, mas também de pessoas, como expressão continuativa.
Exempli gratia (abrev. e.g.) - Por Exemplo. É expressão sinônima de verbi gratia (abrev.: v.g.).
Habeas Corpus - "Que tenhas o corpo". Meio extraordinário de garantir e proteger todo aquele
que sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por
parte de qualquer autoridade legítima.
Habeas Data - "Que tenha os dados", "Que conheça os dados". Trata-se de garantia ativa dos
direitos fundamentais, que se destina a assegurar: a) o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais
ou de caráter público; b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo.
Habitat - conjunto de circunstâncias físicas e geográficas que oferece condições favoráveis à vida
e ao desenvolvimento de determinada espécie animal ou vegetal; ambiente de habitação.
In posterum - No futuro.
In verbis - Nestes termos, nestas palavras. Emprega-se para exprimir as citações ou as referências
feitas com as palavras da pessoa que se citou ou do texto a que se alude.
Ipsis Verbis - Pelas próprias palavras, exatamente, sem tirar nem pôr.
Quorum - Número mínimo de membros presentes necessário para que uma assembleia possa
funcionar ou deliberar regularmente.
Sine die – sem dia, sem data certa para acontecer. Utiliza-se muito em situações nas quais não há
prazo programado, devendo-se simplesmente aguardar.
Sic - Assim, assim mesmo, exatamente. Pospõe-se a uma citação, ou nela se intercala, entre
parênteses ou entre colchetes, para indicar que o texto original é da forma que aparece.
Statu quo - "No estado em que". Emprega-se, na linguagem jurídica, para indicar a forma, a
situação ou a posição em que se encontra certa questão ou coisa em determinado momento.
Vide - Vê, veja, veja-se, veja em. Usa-se quando se quer que o leitor consulte outra palavra,
expressão ou trecho.
https://www.soportugues.com.br/secoes/curiosidades/expressoes_latinas.php (com acréscimos)
Há diversas outras, que devemos ir anotando conforme resolvemos questões. Para pesquisar um
dicionário de expressões mais completo, com uma lista praticamente infinita, vale consultar o site
especializado abaixo:
https://www.soleis.adv.br/expressoeslatinas.htm
Neologismo
O neologismo é a invenção de uma palavra nova, para atender às novas necessidades expressivas
dos falantes. Dentro do conceito amplo do fenômeno linguístico chamado de “neologismo”,
podem ser abrigados estrangeirismos, gírias, combinações, derivações, composições e outros
diversos processos de formação de palavras.
Um neologismo que ficou muito popular ultimamente foi o verbo “despiorar”, formado por
prefixação.
BFF (best friend forever— melhor amigo; formado por uma sigla em inglês)
O neologismo pode se manifestar não só na forma das palavras, mas também no sentido. Seguem
alguns exemplos desse “neologismo semântico”.
Já era (acabar)
Amarelar (acovardar-se)
Primeiramente...
— O que é um dicionário?
Léxico é conjunto de palavras de uma determinada língua. Dicionários fornecem uma imagem,
uma "foto" do léxico. O léxico comum seria o conjunto de palavras compartilhadas por todos os
usuários. Esses itens lexicais são enumerados nos dicionários lexicais. Observe:
GERAIS: apresentam palavras sem distinção do campo semântico. Podem ser monolíngues,
bilíngues, trilíngues, multilíngues.
ESPECÍFICOS: tratam de assuntos em particular, como dicionários de sinônimos, termos jurídicos,
publicidade, filosofia, verbos, gírias, expressões idiomáticas etc.
Quanto à apresentação dos itens, os dicionários majoritariamente adotam a estrutura "palavra por
palavra". São chamados, então, de ALFABÉTICOS ou SEMASIOLÓGICOS. A pesquisa é feita a
partir do significante (na prática, da palavra em si).
Alguns dicionários apresentam seus itens "ideia por ideia", por isso são chamados de
ANALÓGICOS ou ONOMASIOLÓGICOS. Assim, é possível procurar uma palavra que o usuário
ainda não sabe exatamente qual é, por meio de associações.
OBS: Muito cuidado! A banca pode separar esses conceitos de forma estanque nas questões;
contudo, na prática, o dicionário etimológico geralmente é histórico, já que trata da origem e da
evolução da palavra. Os Onomásticos também podem trazer a história dos nomes próprios. É
possível haver um dicionário Etimológico Onomástico, por exemplo. O importante é saber o
essencial de cada tipo.
Podemos afirmar que a etimologia pode explicar algumas supostas arbitrariedades da língua
portuguesa, como a caótica ortografia das palavras.
S.O.S. Português
O sistema ortográfico em português é misto, ou seja, algumas palavras são grafadas de acordo
com o critério fonético – a pronúncia –, enquanto outras são escritas com base na etimologia.
Obsessão, obcecar e obcecado são exemplos de palavras que seguem o critério etimológico, pois
obedecem à grafia latina, de onde provieram. Ocorre que obcecado e obsessão não têm a mesma
origem, ou seja, não provêm da mesma raiz latina, diferentemente de obcecar e obcecado. [...]
Em síntese, obcecado e obsessão têm origens diversas, daí as grafias diferentes.
Outras palavras da língua portuguesa costumam despertar esse mesmo tipo de dúvida, como
acender (atear fogo) e ascender (subir). A primeira provém do latim accendere, e a segunda do
latim ascendere. As duas têm exatamente a mesma pronúncia, mas são escritas de modo diferente
porque a raiz delas não é a mesma. A melhor maneira de ter certeza sobre a grafia de uma palavra,
então, é a consulta a um bom dicionário, em que se encontra também a origem dela.
TERRA, Ernani. Nova Escola. São Paulo: Abril, p. 22, mar. 2010.
Embora seja algo bem específico de lexicografia, já caiu em prova o conceito de “Tesauro”:
vocabulário de um ramo do saber que descreve sem ambiguidade os conceitos a ele atinentes;
thesaurus (Houaiss).
Numa definição mais ampla, que associa “Tesauro” ao dicionário de ideias (analógico), temos:
“Tesauro, também conhecido como thesaurus ou dicionário de ideias afins,é uma lista de palavras
com significados semelhantes, dentro de um domínio específico de conhecimento. Por definição,
um tesauro é restrito. Não deve ser encarado simplesmente como uma lista de sinónimos, pois o
objetivo do tesauro é justamente mostrar as diferenças mínimas entre as palavras e ajudar o
escritor a escolher a palavra exata. Tesauros não incluem definições, pelo menos muito detalhadas,
acerca de vocábulos, uma vez que essa tarefa é da competência de dicionários.”
Outro conceito importante nesse tema é a TERMINOLOGIA: "conjunto vocabular próprio de uma
ciência, técnica, arte ou atividade profissional, como, por exemplo, a terminologia da Informática,
da Biotecnologia, do Direito, da Música, etc. Daí haver dicionários e glossários de termos médicos
ou jurídicos, por exemplo.
ORGANIZAÇÃO DE VERBETES
Como vimos, a organização tradicional dos dicionários é alfabética. Vejam mais um exemplo:
Observemos alguns detalhes sobre a organização dos verbetes. Esta "imagem" de um verbete
pode ser chamada de "ficha lexicográfica".
A palavra "talvez", em negrito, é a "entrada" do verbete, com sua data e pronúncia correta
(ortoépia).
Depois há uma lista numerada de acepções (sentidos) com exemplos de uso para contextualização.
As das últimas acepções indicam um uso formal.
Nos dicionários analógicos, procura-se um termo para encontrar ideias afins. Por isso dissemos
que mostram um campo semântico, palavras associadas. Permitem então a busca de palavras
interligadas; alguns, inclusive, chamam-se "Dicionário de Palavras Interligadas". Alguns são
ilustrados, mas a maioria traz esquemas. Vejamos o exemplo do Dicionário Analógico Aulete
Digital.
Vejamos o exemplo do famoso Dicionário Analógico da Língua Portuguesa, de Francisco Ferreira
Azevedo. Notem que o verbete está numerado e há uma lista de outras palavras associadas:
Anedota>>Piada.
Os dicionários acima são digitais ou eletrônicos, trazem os verbetes em “formato informático”,
isto é, reproduzem a estrutura dos dicionários físicos, adaptando-a em janelas ou abas digitais,
com uma caixa de pesquisa.
Agora segue um mapa mental com as informações mais importantes vistas até aqui.
Dicionários