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O COMPORTAMENTO VERBAL

Profa. Karina Faraco Corrêa

RESUMO

O comportamento verbal foi desenvolvido e estudado por Skinner,


psicólogo behaviorista, que estudava sobre o conjunto de reações dos
organismos, sendo um dos principais deles a fala. O pesquisador afirmava que
quando o comportamento era científico, apenas dessa maneira era possível
teorizar sobre o mesmo.
Maria de Lourdes da Fonseca Passos (2003) diz que o exame do
comportamento verbal é indispensável para o poder teórico-explicativo da
análise funcional do comportamento. Ou seja, é por meio desse procedimento,
que podemos compreender a subjetividade e a cultura. De acordo com a
autora, o mérito de B. F. Skinner estaria justamente em sua estratégia de
orientação reducionista que não resulta em simplificação indevida do objeto de
estudo. Em outras palavras

Suas teorias e conceitos têm-se revelado, na prática teórico-interpretativa


primeiramente e, mais recentemente, na própria prática da pesquisa
experimental, capazes de analisar questões com um grau de notável
relevância e complexidade (PASSOS, 2003, p. 196).

Nesse contexto, concebemos a linguagem como o comportamento mais


complexo de todos e um dos mais importantes para os seres humanos. O
Comportamento Verbal é um comportamento operante, pois altera o ambiente
e é modificado por essas alterações. Quando a musculatura vocal ficou sob
controle operante na produção dos sons da fala (SKINNER, 1957).
Em outras espécies a mesma comunicação verbal ocorre, sendo por
exemplo, por latidos. Mas, neste caso, a essência das contingências tem
permanecido filogenéticas, físicas, ou sociais, ou seja, são formas de
comunicação sem um conteúdo aplicado. De acordo com Skinner as estruturas
precisam estar íntegras, como o diafragma, a língua, a mandíbula, dentes,
lábios, cordas vocais, a faringe, todo o sistema fono respiratório e os músculos

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faciais, a fim de realizar a fala ou o comportamento verbal. E, a fala é o
comportamento operante pelo reforçamento do ouvinte, para que haja esse
comportamento é necessário que seja reforçado socialmente e que tenha outro
mediador para construir uma comunicação verbal.
Considerado como um problema empírico, uma vez que, os sons
emitidos são reforçados como qualquer outro comportamento. Geralmente, ele
é reforçado pelo próprio ouvinte. Temos, portanto, o comportamento verbal.
“Segundo Skinner (1957/1992), o comportamento verbal é o
comportamento operante, agindo sobre o ambiente e sofrendo as
consequências da alteração que provoca nele” (PASSOS, 2003, p. 196).
Conforme Passos (2003), as consequências do comportamento verbal,
como o reforço e a punição, determinam a probabilidade de emissão futura da
classe de respostas que integram o operante. Sendo assim, o que individualiza
o comportamento verbal frente aos operantes é o conjunto de relações entre
consequências promovidas pelo ambiente e as respostas que são reguladas
pelas práticas culturais.

A consequência é apresentada pelo ouvinte cujo comportamento


consequente já foi, no passado, instalado por sua comunidade verbal .
Posso obter o reforço “água”, por meu comportamento não-verbal,
andando até a cozinha, abrindo a geladeira, pegando uma garrafa de
água, despejando água em um copo, etc. Enfim, as relações entre
meus comportamentos e a parcela do ambiente que preciso manipular
para obter a água são descritas completamente por leis relativas às
contingências de reforçamento mantidas pelo ambiente físico, como por
exemplo, as leis da física. Por outro lado, posso obter água através de meu
comportamento verbal. Neste caso, as relações existentes entre meu
comportamento e o reforço não decorrem apenas das
contingências de reforçamento mantidas pelo ambiente físico, mas
também daquelas mantidas pela comunidade verbal a que
pertencemos ambos, eu e o ouvinte. Este, por sua vez, foi preparado por
nossa cultura para apresentar-me o reforço especificado em meu
comportamento verbal e a relação entre o comportamento dele e o
reforço que me vai apresentar, esta sim, será descrita adequadamente
pelas leis relativas às contingências de reforçamento mantidas pelo
ambiente físico (PASSOS, 2003, p. 196-197).
Diante disso, define-se o comportamento verbal como um
comportamento operante, que ocorre quando um indivíduo se comporta e
existe a mediação do outro. Skinner (1957) denominou “operantes verbais”
para descrever as diferentes unidades funcionais da linguagem, sendo: Mando,
Tato, Intraverbal, Textual, Transcrição, Ecoico e Autoclítico. Elas foram criadas
para diferenciar as unidades funcionais da linguagem (SKINNER, 1957).

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Todos esses operantes foram elucidados, a fim de definir qual a atuação
no comportamento de cada indivíduo em um ambiente ou durante uma ação.
Além de, possuírem a habilidade de seguir instruções/ordens/comandos, ouvir
e responder não são definidos como tal, pois não envolvem uma resposta
necessariamente verbal do comportamento, mas sim do interlocutor
(SKINNER, 1957).
● Mando: é o operante verbal pelo qual a comunidade verbal é capaz de
dar ordens, fazer pedidos, identificar reforços necessitados pelas
pessoas, fazer perguntas, dar conselhos e avisos, pedir atenção de
alguém, etc.
● Tato: determina o contato com aspectos do ambiente físico e cultural,
sendo controlado por estímulo discriminativo não-verbal, tendo como
consequência o reforço generalizado (tato puro).
● Ecoico: este tipo de operante verbal, diz respeito ao controle do
estímulo discriminativo verbal, que é apresentado por outro falante e por
reforço generalizado. Aqui, tanto o estímulo discriminativo quanto a
resposta verbal correspondem ponto-a-ponto, sendo que o indivíduo
atua como ouvinte e como falante.
● Intraverbal: a principal diferença entre o intraverbal e o tato torna-se por
conta dos estímulos discriminativos que controlam cada um. Neste caso,
temos um estímulo verbal, enquanto o tato é não-verbal.
“Cada pessoa está em contato especial com uma pequena parte do
universo contido dentro de sua própria pele.” (B. F. Skinner) Dessa forma, o
estudioso afirma que, a fala era não somente uma necessidade fisiológica do
ser humano, como o ato de se comunicar. Ainda comprovou que o
comportamento verbal não é exclusivo de áreas como a Fonoaudiologia. E,
ainda retirava um pouco a questão fisiológica para focar no comportamento.

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