Você está na página 1de 9

A Genética na Psicologia

Índice
Introdução...................................................................................................................................2
Os agentes responsáveis pela transmissão das características genéticas..................................2
As influências genéticas e ambientais no comportamento........................................................3
Estudos de gémeos..................................................................................................................4
Estudo de famílias...................................................................................................................4
Estudos de adoção...................................................................................................................4
Estudos de anomalias genéticas..............................................................................................5
A hereditariedade e as suas crenças erradas..........................................................................5
A complexidade e o inacabamento biológico do ser humano....................................................6
Conclusão.....................................................................................................................................8
Fontes..........................................................................................................................................8
Introdução

A Genética é a parte da Biologia que se dedica ao estudo da hereditariedade,


investigando os genes, como é transmitida a informação neles contida nos
descendentes. É o genoma que indica as suas características duma espécie e dos seus
indivíduos. Dentro dos vários ramos da Genética, a Genética Comportamental é um
ramo da psicologia que investiga as influências hereditárias no modo de ser a agir dos
indivíduos.

Os agentes responsáveis pela transmissão das características


genéticas

Sempre nos foi ensinado que somos todos diferentes, e é verdade, mas o quê
que nos torna diferentes? Para responder a esta pergunta é necessário primeiro saber
do que somos formados e como somos formados.
Todos nós começamos por ser um ovo ou zigoto, uma célula base que dá
origem a todas as outras células que nos constituem, essa célula contêm toda a
informação biológica do ser que vai originar, e denomina-se informação genética e vai
ser passada a todas as células do corpo à medida que estas se multiplicam por
mitoses. A informação genética localiza-se no núcleo das nossas células e encontra-se
sob a forma de cromossomas, no ser humano existem 46 que formam o nosso
cariótipo, definindo-nos enquanto espécie. Estes, por sua vez, são formados por
moléculas de ADN (ácido desoxirribonucleico) que são inúmeros ácidos nucleicos
(moléculas mais pequenas) ligados entre si. Existem quatro ácidos nucleicos
diferentes: os que contém a base azotada guanina, os que contém adenina, os que têm
citosina e os que têm timina. A sequência que estes fazem ao estarem ligados entre si
correspondem ao nosso código genético, que nos é único e que nos define. Porém,
como é que um código tão complexo pode decidir as nossas características? Ele utiliza
mensageiros, os genes, porções deste que possuem significados, como palavras numa
sopa de letras.
Antes de explicarmos como é feita a interpretação dos milhares de genes é
primeiro necessário voltar ao início e perceber como é que o nosso código genético se
forma. Ele provém na verdade dos nossos pais, pela reprodução, o que explica dizerem
que temos a cara “chapada do pai”. Mas não somos totalmente iguais a um dos pais,
somos uma mistura entre os dois, pois no momento da fecundação, ocorre uma fusão
entre o núcleo do óvulo e do espermatozoide. Estes dois são, respetivamente, os
gâmetas feminino e masculino e foram os dois formados por meiose, processo celular
onde a célula sexual recupera apenas metade da informação genética do progenitor
(23 cromossomas). Ao fundirem, o novo ser terá de novo um cariótipo completo, com
46 cromossomas que se encontram aos pares (um do progenitor feminino e outro do
masculino), um desses pares vai, por exemplo determinar o sexo (se forem dois
cromossomas X ou um X e um Y). E estes não são os únicos que se dispõe aos pares, os
genes também, formando os alelos, e agora organizados é que se pode proceder à
escolha de quais são os genes que se manifestarão.
Um alelo possui dois genes associados a uma mesma característica (como a cor
dos olhos), porem estes podem ser homozigóticos, ao ter dois genes iguais (por
exemplo dois genes que correspondem aos olhos azuis), ou heterozigóticos, ao ter
dois genes diferentes (por exemplo um que corresponda aos olhos castanhos e outro
aos azuis). No caso de serem heterozigóticos, o gene que se irá manifestar é o
dominante (gene que se manifesta sempre que presente), no exemplo da cor dos
olhos, será o castanho a cor dos olhos da pessoa se tiver os genes de ambas as cores
presentes, e o azul, sendo um gene recessivo, só se manifestar-se-á se estiver presente
num alelo homozigótico. Porém os genes recessivos, mesmo não se manifestando,
podem sempre ser passados a gerações futuras e potencialmente se manifestarem. Foi
utilizado este exemplo para se explicar como é feita a transmissão das características
genéticas de forma clara, porém a maior parte delas não são determinadas por um só
par de genes, mas sim pela combinação de vários, são designadas poligénicas.
Enquanto as poucas que são determinadas por um só par são designadas mendelianas.

As influências genéticas e ambientais no comportamento

Os grandes fatores que influenciam o nosso comportamento são: a genética e o


meio em que vivemos.
Cada ser humano possui um genótipo, este é a composição genética de um
organismo em relação a uma ou várias características que definem a transmissão
destas por via hereditária. Esta informação manifesta-se no fenótipo, que é a parte
visível do genótipo, ou seja, corresponde à aparência do individuo, tais como, os
aspetos morfológicos ou bioquímicos e também à presença ou ausência de doenças
hereditárias resultantes de fatores hereditários ou do meio.
O meio ambiente é fundamental para o desenvolvimento das características
que nos irão tornar únicos.
Para perceber o papel da hereditariedade e do ambiente, os cientistas que se
dedicam ao estudo da genética comportamental investigam quais as influências que
cada uma destas tem no individuo, utilizando quatro métodos de investigação:
o Estudos de gémeos;
o Estudos de famílias;
o Estudos de adoção;
o Estudos de anomalias genéticas.
Estudos de gémeos
Os gémeos apresentam uma grande proporção de genes partilhados entre si,
mas apesar disso e de partilharem os mesmos progenitores e a maioria crescer em
ambientes semelhantes, estes podem apresentar personalidades completamente
diferentes.
Os gémeos podem ser:
o Monozigóticos (gémeos idênticos) São sempre do mesmo sexo e muito
parecidos. Partilham 100% dos seus genes, pois estes desenvolvem-se a
partir de um único óvulo e por um único espermatozoide partilhando assim
a mesma placenta.
o Dizigóticos (termo mais conhecido por “gémeos falsos”)  Podem ser do
mesmo sexo ou diferente, normalmente não são semelhantes. Partilham
em média 50% dos seus genes, sendo que estes formam-se a partir de
fecundação de dois óvulos por dois espermatozoides.
Se for a hereditariedade a influenciar determinada característica, logo ela terá
maior impacto nos gémeos monozigóticos do que nos gémeos dizigóticos, pois estes
serão mais fáceis de analisar devido ao seu material genético ser igual em ambos os
indivíduos, mas os seus comportamentos poderão vir a ser diferentes se estes forem
separados precocemente e criarem ambos a sua personalidade e assim tirar
conclusões.

Estudo de famílias
Todos nós somos parecidos com os nossos parentes, mas de facto seremos
ainda mais com aqueles que apresentarem um grau de parentesco mais próximo do
nosso como por exemplo, o grau será maior no caso dos irmãos do que no caso dos
primos. Assim, a probabilidade de partilharmos características com os nossos
familiares varia do grau de parentesco. Tendo como exemplo, o total de genes
partilhados com um gémeo idêntico será de 100% e o total de genes partilhados com o
um primo de 1º grau será de 12.5%.
Os estudos mostram que existem famílias com muitos traços de personalidade,
podendo chegar a ser até perturbações mentais que se têm mantido ao longo das
gerações. No entanto, os cientistas dizem que as investigações não permitem gerar
provas sobre a influência da hereditariedade deste tema, visto que muitos destes
indivíduos se relacionam no mesmo meio ambiente.

Estudos de adoção
A adoção é um excelente método de investigação, pois fornece pistas
importantes sobre o papel da genética e do meio, se existem maiores semelhanças
entre a criança e os pais biológicos (hereditariedade)ou os pais adotivos
(ambiente/meio). Ou seja, se as características da criança forem mais próximas da dos
pais biológicos, então há uma maior influência dos fatores genéticos. Se houver mais
semelhança com os pais adotivos, então os fatores ambientais têm maior influência.
Estudos têm procurado explicar a influência da hereditariedade e do ambiente
na inteligência, acabando por revelar que ambos exercem poder.

Estudos de anomalias genéticas


As anomalias genéticas acontecem devido a um funcionamento dos genes fora
do normal, originando doenças e perturbações nos indivíduos e famílias. Sendo isto
que a pesquisa da genética comportamental tende a querer também compreender. Os
efeitos da anomalia genética são muito diversos e dependem de fatores como, a
extensão cópia extra que causa a doença, da informação genética de cada indivíduo
único e de fatores ambientais.

A hereditariedade e as suas crenças erradas


Existem certos ditados e estudos divulgados pelos media, que nos dão uma
ideia errada da genética e da hereditariedade como por exemplo, “tal pai tal filho”.
Por isso, quando se fala de estimativas sobre a hereditariedade é importante
falar de três tópicos:

 Os traços genéticos não são fixos ou inflexíveis, isto é, se na tua família


acabaste por herdar um traço indesejado de algum problema, não quer dizer
que o vais ter de certeza, podes melhorar vários aspetos da tua vida, baixando
assim a probabilidade de o ter;

 Estas estimativas não se aplicam ao indivíduo, mas sim a um determinado


grupo;

 Os genes e o ambiente são inseparáveis, ou seja, eles acabam por se


influenciar mutuamente e dependendo de cada um obtém-se resultados
diferentes.

Genética comportamental e Psicologia Evolutiva


Como complemento da genética comportamental, a psicologia evolutiva
centra-se nas tendências genéticas transmitidas desde os nossos ancestrais. Esta
explora a influência que a evolução da espécie humana, ao longo dos tempos, tem no
nosso comportamento e processos mentais. Defende que muitas das ações que
permanecem hoje em dia, são porque favorecem a nossa sobrevivência e adaptação,
por exemplo, aquisição de linguagem, preferências de acasalamento específicas de
sexo, entre outros.

 Hereditariedade individual
Os geneticistas comportamentais procuram estabelecer relações com o nosso
património genético, que determina as particularidades de cada indivíduo (os 0,1% que
determinam as características únicas de cada um) e as predisposições para
determinadas tendências que acabamos por manifestar.

 Hereditariedade específica
A psicologia evolutiva concentra-se em questões relacionadas com a
hereditariedade específica, isto é, os 99,9% de material genético que a espécie
humana partilha.

A complexidade e o inacabamento biológico do ser humano

O ser humano é um ser vivo resultante dum longo e contínuo processo


evolutivo; é também muito versátil e flexível, mas também frágil e incompleto.
Segundo as teorias da evolução, a selecção natural, estipulada por Charles Darwin,
exerce pressões sobre espécies – não apenas sobre indivíduos – e força mudanças
adaptativas, gradualmente alterando o património genético, com o objectivo de
garantir a sobrevivência e reprodução da espécie.
Para compreender melhor o processo de evolução neste contexto, é
importante perceber os seguintes conceitos:

 Filogénese (ou filogenia): remete para o conjunto de processos de


modificação das espécies ou grupo particular de organismos, que
remonta desde a sua origem, mais simples, até ao seu estado actual,
mais complexo. Tem como fundamento inerente a existência de
antecessores comuns às diversas espécies de seres vivos;
 Ontogénese (ou ontogenia): refere-se ao desenvolvimento dum
indivíduo particular, desde a embriogénese até à sua morte.
Compreende todas as aquisições próprias de cada indivíduo dentro dos
limites da espécie.
 Teoria da Recapitulação: ideia de que durante o desenvolvimento
embrionário de espécies mais complexas há uma “recapitulação” das
etapas evolutivas a que foi sujeita (ou seja, da sua história fitogenética),
recuperando momentaneamente alguns estádios de desenvolvimento
de organismos mais simples. Exemplo: durante o desenvolvimento
embrionário humano, possuímos fendas branquiais – que acabam por
desaparecer – e, mais tarde, um coração com três compartimentos,
semelhante ao dos répteis, que se desenvolveria num coração com
quatro compartimentos, como o dos mamíferos.
Ernest Haeckel tentou provar a teoria da recapitulação com a análise
comparativa do desenvolvimento intrauterino de várias espécies. Os estudos por ele
realizados, no entanto, foram forjados de modo a que os resultados encaixassem na
teoria. Hoje, é desconceituada.
De modo a estudar e compreender o desenvolvimento ontológico, duas
grandes teorias surgiram:

 Preformismo: teoria determinista, hoje desacreditada, que alegava que


uma das células reprodutoras (a maioria defendia o espermatozóide)
continha dentro de si um minúsculo organismo já formado – o
Homúnculo – e que o desenvolvimento embrionário correspondia ao
mero crescimento desse organismo, originando um indivíduo adulto.
 Epigénese: teoria construtivista que defende que as características dum
indivíduo, físicas e comportamentais, resultam da interacção
permanente entre influências genéticas (inatas) e ambientais
(adquiridas). Graças a esta interacção, o indivíduo adapta-se de forma
eficiente ao seu meio.
Actualmente, é consensual a epigénese: tanto genética como o meio ambiente
(pré-fetal, fetal e pós-fetal) influenciam o indivíduo. Cada espécie tem um programa
genético que dicta como é que ocorre esta interacção (comportamento) e as suas
características:

 Programa Genético Fechado: programa que define de modo mais ou


menos rígido e com pouco espaço para flexibilidade para a interferência
de factores externos o desenvolvimento e comportamento duma
espécie. Esse comportamento será mais padronizado, inato, instintivo e
especializado para o meio onde se encontra, embora limitado a esse
meio apenas. Exemplo: o status quo que uma rã possui num ambiente
húmido, como um pântano, ou o instinto de projectar a língua a
insectos que se movem. Se estas condições não forem cumpridas, a sua
sobrevivência estará comprometida.
 Programa Genético Aberto: programa mais tolerante à influência de
factores externos no desenvolvimento e comportamento duma espécie.
Esse comportamento será, então, adquirido e menos padronizado e
especializado, permitindo uma maior flexibilidade e diversidade de
respostas ao meio. Implica a necessidade, portanto, de aprender.
O ser humano possui um programa genético aberto. Isto é devido ao seu
inacabamento biológico que se manifesta logo ao nascer. O bebé é demasiado frágil,
subdesenvolvido e despreparado para confrontar o mundo: carece de capacidades e
competências que outros animais possuem de imediato, como conseguirem aguentar-
se de pé logo após o parto ou cérebro mais desenvolvido. Devido ao tamanho do
nosso cérebro, o período de gestação intrauterina foi obrigado a encurtar-se, o que
resultou num retardamento do processo de crescimento e maturação – tornámo-nos
inacabados. Só que isso deu lugar a uma grande vantagem: comparado muitas vezes a
uma esponja gigante, o cérebro, órgão central do desenvolvimento humano, será
perpetuamente moldado por todas e quaisquer aprendizagens e relações que
estabelecerá com outros humanos, esculpindo um desenvolvimento ontogenético
único: as interacções com o meio passaram a assumir o papel decisivo que a
hereditariedade toma noutros animais.
Esta incompletude levou à neotenia – ou juvenilização –, ou seja, o
prolongamento do período biopsicológico da infância e adolescência e a conservação
de traços característicos dessas fases na idade adulta, que nunca será totalmente
superada: tal como os bebés, o Homem adulto continua inacabado. Apesar de mesmo
assim ultrapassar essas duas etapas da sua vida, o ser humano será presenteado por
novas possibilidades e manter-se-á curioso, apto a continuar a aprender e a adaptar-
se, capaz de adquirir estratégias e competências até ao final da sua vida.
A precocidade humana explica a perda duma programação biológica definitiva
em virtude de flexibilidade, a substituição do instinto pela capacidade de aprender, a
auto-suficiência pela aptidão para interagir, o determinismo pela indeterminação, a
especialização pela versatilidade, – o que perdemos em acabamento biológico,
ganhámos em adaptabilidade. Este longo e demorado processo permitiu a perpétua
complexidade e habilitação humana, abriu um leque de oportunidades que
asseguraram a nossa sobrevivência e proliferação por todo o globo. A cultura nasceu
pela necessidade de compilar e preservar certas aprendizagens e maneiras de interagir
com o meio, instalando-as no desenvolvimento ontogénico dos indivíduos de modo a
guiá-los na sua maneira de viver, o que revelou ser muito importante e crucial para a
manutenção da espécie e das sociedades humanas.

Conclusão

Com a realização deste trabalho conseguimos adquirir um maior conhecimento


sobre a genética em diversos aspetos. Concluiu-se que os agentes responsáveis pela
transmissão genética são: o núcleo, o cromossoma e o DNA. O comportamento
humano é influenciado não só pela genética e pelo ambiente, mas antes por ambos,
que são muito importantes, mas não determinantes. Por fim, a complexidade e
inacabamento do ser humano, sendo o que nos distingue dos animais, pois possuímos
uma grande variedade de comportamentos, muitos deles imprevisíveis, e somos os
mais evoluídos psicologicamente, apesar da precocidade biológica. É ainda importante
realçar que ainda retemos em nós muitos comportamentos inatos, como o reflexo de
sucção ou de agarrar tudo o que encontra nos bebés.

Fontes
Bibliografia: Manual Nós – Psicologia B – 12, Areal
Webgrafia: https://joananunesportefoliodepsicologia.blogs.sapo.pt/influencias-geneticas-e-
ambientais-no-2254,
http://filosofiaepsicologianaesars.weebly.com/uploads/8/7/9/5/8795646/
a_complexidade_e_o_inacabamento_humanos.pdf,
http://pousadamente.blogspot.com/2012/01/complexidade-do-ser-humano-e-o-seu.html,
https://pt.slideshare.net/amazer95/prematuridade-e-neotenia

Escola Secundária Santa Maria de Sintra, 12ºB

Ano Letivo 2022/2023

Trabalho realizado por:

Bruno Neves, nº 9

Filipa Brás, nº 12

Guilherme Martins, nº 14

Ivan Castelo-Lopes, nº 16

Jaouen Ramalho, nº 17

Você também pode gostar