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MM-DE-CN

DISCIPLINA: GEOGRAFIA
PROF: BRAGA
Estudo Dirigido: PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE POTÊNCIAS HEGEMÔNICAS

1- Por que determinadas unidades de poder ocuparam o centro do sistema


internacional? Nos séculos XIII e XIV, ocorreu o chamado Milagre Europeu,
com a passagem do sistema feudal para um modelo mais comercial, com
ascenção de burgos que originaram cidades, com destaque para as cidades-
Estado italianas (como Gênova, Veneza, Milão, Roma), que, devido ao fato de,
nesta porção do Mediterrâneo, encontrarem-se inúmeras rotas comerciais, muitas
das quais favorecidas pelas Cruzadas, ligando a Europa à Ásia e a África, essas
unidades de poder tornaram-se o centro da Economia-Mundo ( que Segundo
Wallerstein, é baseada na expansão do comércio e capitalismo entre inúmeras
unidades políticas, as quais, devido ao equilíbrio de poder, não se unificaram
como acontecia nos impérios e dominações até então). Esse centramento do
Sistema Internacional nas cidades-Estado italianas se deve acúmulo de poder por
meio do comércio crescente principalmente na região do Mediterrâneo.
Consoante Arrighi e Silver, no curso das expansões competitivas entre as
unidades políticas, a potência obtém sua margem de superioridade, que a tornará
centro do Sistema Mundial, primeiro pela produção, depois pelo comércio e, por
fim, nas finanças.
2- Como podemos caracterizar o Sistema Internacional ?

R:Consoante à teoria realista das relações internacionais, o sistema internacional


é anárquico e hierárquico, não havendo poder acima dos estados. Em paralelo à
teoria hobbesiana, não há um Leviatã nas relações internacionais, mas sim um
estado de natureza de todos contra todos, em que aquele que acumular mais
poder ganha mais posição no sistema internacional, posição essa que define o
fato de ele ser hierárquico e favorece seus interesses nas decisões mundiais, isto
é, na ordem mundial. A teoria realista diz ainda ser o Sistema Internacional um
mundo Hobbesiano, instável e em que há guerra de todos contra todos, havendo
a necessidade de acumular mais poder para não depender de outro estado (ideia
do Self-Help), não delegando sua defesa e soberania a outros

3- Segundo Arrighi como os Estados constituíram o seu poder?


A constituição do poder dos estados está intimamente relacionada à expansão
material, primeiramente pela produção, depois pelo comércio, por serem
atividades mais lucrativas, coincidindo, inclusive, com o momento de pujança
econômica, como nos 30 anos gloriosos do capitalismo (1945-1975), a
superioridade financeira de um país lhe dá legitimidade diante dos outros
estados como líder, principalmente pela cópia de seu modo de produção e
superação de uma crise, proporcionando o que significa hegemonia, do grego
“eghestai”, liderar, conduzir em direção a um caminho. Com o desenvolvimento
econômico e industrial, desenrola-se para o campo bélico-político. Os Estados
Unidos, por exemplo, após a gestação da sua economia ao fim da guerra civil,
com a vitória do grupo favorável ao industrialismo, e início da 2ª Revolução
Industrial, desenvolveram grandemente a indústria naval, aos moldes ingleses,
criando a legitimidade diante dos outros estados também pela criação da ideia de
invencibilidade militar. Já no campo político, os EUA na conferência de Bretton
Woods, promoveu inúmeras instituições que regulassem o sistema internacional,
além de promover uma imagem de hegemonia benevolente, que ajuda e financia
os outros países, ou ao menos assim o faz parecer, por meio do FMI, do Banco
Mundial, etc.

4- O que se entende por ciclos sistêmicos de acumulação? De que forma estão


relacionados com a ascensão e queda de potências?

5- Como podemos identificar o conceito de hegemonia dentro dos ciclos sistêmicos


de acumulação?

6- Explique os argumentos de Arrighi sobre o papel da potência hegemônica no


ordenamento do Sistema Internacional? Que críticas podem ser feitas a essa
concepção? No início do Século XX, a potência Hegemônica do período, a
Inglaterra, encontrava-se no seu período de crise, processo sinalizado no século
anterior, com a perda de mercado para o Japão, EUA e principalmente a
Alemanha e terminado com a crise de 1929, que detonou seu sistema financeiro,
passando a existir uma ausência de ordem, o que Arrighi trata de “caos
sistêmico”, a potência hegemônica em ascenção, os Estados Unidos, surge como
um país que conseguiu se reinventar em meio à crise (o presidente Franklin
Rosevelt promove o New Deal, para recompor a economia estadunidense a partir
de um intervencionismo, keynesianismo, com maior investimento em obras
públicas, investimento em hidrelétricas, etc), passando a ser o exemplo a ser
seguido. Nesse cenário de legitimação dos outros Estados à liderança
estadunidense, os EUA assumem a responsabilidade de ordenar o Sistema
Mundial, com a criação de instituições e organismo internacionais que visassem
a evitar crises, ou ao menos assim aparentar à sociedade, para que houvesse
confiança por parte da sociedade no novo sistema e, assim, acabasse o caos e a
instabilidade. Tais organismos internacionais foram amplamente criados a partir
do fim das duas guerras mundiais, quando o mundo se viu em real necessidade
de um ordenamento, que seria promovido pelo grande vitorioso da Guerra, o
“Gigante Americano”, fato observado na Conferência de Bretton Woods, em que
se instituiu o FMI, Banco Mundial, posteriormente o GATT, que viria a ser a
OMC, e a paridade dólar-ouro, que tornou o dólar, moeda nacional americana, o
maior padrão cambial monetário e financeiro que o sistema capitalista já
observou até então. Além disso, a potência hegemônica, segundo Arrighi, deve
se demonstrar “benevolente”, no sentido de se mostrar uma ajudadora do sistema
internacional, levando todos a um interesse próprio, mas aparentemente geral.
Um claro exemplo disso é o FMI, que se revela um recompositor da economia
de países em crise, mas ao mesmo tempo estabelece normas que extorquem os
países, como o corte de gastos públicos para que haja o pagamento da dívida. |
Outro exemplo é a intervenção no Afeganistão, em que o EUA se revelam o
protetor mundial, buscando acabar com o terrorismo nos países, sendo que na
verdade, há outros interesses envolvidos, haja vista de que o Oriente Médio é
uma região geoestratégica, devido à abundância de petróleo.
Dentre as críticas à concepção de Arrighi, sobressai a ideia de que não há
paz permanente que a potência possa promover no Sistema Mundial, e de tal
potência não pode ser benevolente, haja vista que o ator hegemônico, segundo
Fiori, precisa estar continuamente se expandindo e acumulando poder, processo
que ocorre pela pressão competitiva entre os Estados, seja por meio de
rivalidades, seja por meio de conflitos e guerras. O que haveria na verdade são
períodos de paz intercalados com períodos de guerra, devido à dialética conflito-
complementariedade, ora predominando um, ora outro.

7- Como o catch-up tecnológico marca o início do declínio das potências


hegemônicas?

8- Para Arrighi, como se daria o enfraquecimento da influência da potência


hegemônica?

9- Por que a expansão financeira prolonga a hegemonia de uma potência em crise?

10- Explique o contexto do “caos sistêmico” no Sistema Mundial.

O caos sistêmico marca uma ausência parcial de uma ordem, havendo a


necessidade de uma nova ordem ou ainda que seja um conjunto de regras
antigas, mas validas para o momento. Essa desordem é gerada principalmente
pela descrença nas capacidades da potência hegemônica de conduzir o sistema
mundial, o que é visto pelas crises do sistema econômico mundial, da perda de
poder bélico da potência, ou ao menos a quebra da ideia de invencibilidade
militar, a exemplo dos Estados Unidos na década de 1980. Nesse período, os
EUA perderam a Guerra do Vietnã, o que marcou o início do caos sistêmico
segundo Arrighi, com a crise sinalizadora, além das duas crises do petróleo na
década de 1980, que geraram uma total instabilidade no sistema mundial, com
pessoas vendendo seus dólares para comprar ouro devido à desconfiança
causada pelas crises. Esse início do caos sistêmico, que é a crise sinalizadora,
também é marcado pelo aumento da competição interestatal e interempresarial,
havendo perda de mercado por parte da potência hegemônica, e,
consequentemente, de poder político e cultural. A Inglaterra tem sua fase de
Expansão Material, ou governabilidade, diminuída com a crise sinalizadora:
surgimento de potências regionais e mudança do centro político de império
Augsburgo, Otomano, Romano para Alemanha, EUA e Japão, principalmente a
Alemanha, como grande concorrente dela na Europa. Os Estados Unidos, em sua
hegemonia, têm sua expansão material ameaçada também por um, ou conjunto
de vários, estados concentrados no leste asiático, além de na Europa. O Japão,
por exemplo, ameaçou o modelo fordista americano com o modelo toyotista, do
just-in-time. Quando se acaba a expansão material, a partir do aumento da
competição e início do caos sistêmico, a potência hegemônica prolonga seu
poder pela expansão financeira, com a atividade bancária, especulativa, de
compra de dívidas públicas, empréstimos, mercado de ações, etc. A crise
terminal, fim do caos sistêmico, se dá com a quebra do sistema financeiro da
potência, a exemplo da crise de 1929, que detonou o sistema financeiro liderado
pela Inglaterra, e abriu espaço para a ascensão de um novo ciclo sistêmico de
acumulação, o ciclo americano. A ascensão e queda de potências se dá de
maneira superposta, enquanto um ascende, o outro decai.

11- Elabore uma breve análise sobre as principais características das hegemonias
Holandesa e Britânica.
A hegemonia Holandesa se pautou no acúmulo de poder por meio da
exportação, refinamento e venda do açúcar produzidos em colônias no Atlântico
para a Europa, além de serem centros de bancos e financiamentos, vista a
Companhia das Índias Orientais e posteriormente Ocidentais. A Britânica
acumulou-o por meio da revolução industrial, que também proporcionou uma
forte indústria naval, principalmente a partir dos Atos de Navegação, que gerou
uma ideia de invencibilidade marítima da Inglaterra no mundo todo,
principalmente com o vencimento da Invencível Armada de Felipe II.

12- Analise os elementos constitutivos da Hegemonia Estadunidense.

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