Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Edivan de O. Fulgencio
Mestrando em Geografia, PPGEO-UERJ
edifull@yahoo.com
Qual o novo ator hegemônico surgiria, caso se configure esta ruptura no modelo
estadunidense?
1
O esquema braudeliano (BRAUDEL, 1996) mostra que os ciclos de expansão financeira do sistema
capitalista moderno são repetitivos e remontam desde as cidades-Estados da Itália renascentistas [...]
Para Braudel essa expansão é um sinal de fim de um ciclo hegemônico (MORAIS,2011).
Na tentativa de responder a estas questões Arrighi e Silver propõem que existem
atualmente quatro controvérsias sobre o futuro da Economia Política Mundial:
Além disso, Silver vai reportar a mudança na localização geográfica das crises e
conflitos sociais, entre as derrocadas hegemônicas. Estas se deslocam do contexto do
Atlântico (primeiras crises hegemônicas) para o cenário mundial. Aponta ainda, as crises
sociais como sendo consequências diretas das rivalidades interempresariais e
interestatais: desde os confrontos imperialistas anteriores às guerras mundiais (guerra
hispano-americana, confronto russo-nipônico) até os embates da Guerra fria, movimentos
separatistas e conflitos do mundo globalizado.
Este pacto social, deverá assim, ser o molde das novas relações sociais que gerarão
o ciclo virtuoso de crescimento econômico e acumulação capitalista no novo ciclo
hegemônico. Vide figuras 1 e 22, comparando os ciclos hegemônicos de Wallerstein e a
dinâmica das transições hegemônicas, conforme proposto neste estudo de Arrighi e
Silver.
2
Figuras extraídas da obra em resenha.
São exemplos destes rodízios sistêmicos dos ciclos virtuosos e viciosos analisados
por Beverly J. Silver: Na Holanda a Oligarquia suplantando e eliminando burocratas da
monarquia, inaugura uma forma de governo que se imita em toda a Europa. Porém os
nobres abastados se beneficiam da expansão financeira, enquanto os operários navais das
Companhias das Índias Ocidentais se viam cada vez mais empobrecidos (p.165). As
revoltas inauguram o ciclo vicioso e a hegemonia capitalista se transfere para a Inglaterra.
O ciclo virtuoso inglês se dá na constituição de uma classe média dos dois lados do
Atlântico (p.167), cooptadas pelas benesses de produtos baratos gerados pelos tratados
comerciais e a exploração da mão de obra escrava, estimulada e liderada pela metrópole.
O ciclo vicioso que rompe a hegemonia inglesa vai se dar com os ideais revolucionários
que surgem nas Américas a partir dos negros libertos querendo fazer parte das classes
médias no Caribe e na América do Norte, contrapondo-se à negativa dos colonos brancos
de classe média. A oportunidade de fazer uma nova nação de homens libertos impulsiona
ideais revolucionários americanos. A cisão nas classes médias (p.168) deixam o Reino
Britânico dividido na tarefa de lutar contra a independência por um lado, contra a
escravidão por outro e em meio ao caos (p.169), ainda tendo de se proteger contra o
crescimento econômico dos vizinhos europeus (p.181), aos quais apela para a união em
nome dos ideais comuns e temendo a queda total dos antigos regimes (p.182). A união
contra as revoltas dos negros e contra a insurgência dos operários no continente europeu
era o único fator que poderia unificar as elites. Era necessário resolver os conflitos
interestatais, pois estes estavam influenciando e inflando os conflitos intraestatais (p.188).
Porém a esta altura, os conflitos do ponto de vista geográfico já se expandiam do Atlântico
para o espaço mundial. Esta crise gera a ruptura do modelo Inglês e surge os Estados
Unidos com o potencial hegemônico desenvolvidos a partir do nacionalismo e patriotismo
exercitados durante a revolução (p.199).
Encerrando sua colaboração com Arrighi, Beverly J. Silver propõe como reflexão
sobre uma possível nova hegemonia mundial surgida a partir do Leste Asiático não seria
a resposta histórica ao confronto de influencias Ocidente x Oriente, assim como o
confronto econômico Norte x Sul se traduz em revoltas e conflitos sociais, como as
revoluções que derrocaram os últimos ciclos capitalistas, como por exemplo: as revoltas
dos negros, camponeses, mulheres e imigrantes ao longo da história. Diz a autora:
“Podemos esperar que o futuro conflito de classes se misture com a mudança do equilíbrio
de poder entre mundo ocidental e não ocidental” (SILVER, 2001, p.225).
Referências