Você está na página 1de 10

A EXPLORAÇÂO CAPITALISTA DA BAÍA DE SEPETIBA

COMO AMEAÇA SOCIOAMBIENTAL EM CURSO NO RIO DE


JANEIRO DO SÉC XXI

THE CAPITALIST EXPLOITATION OF THE SEPETIBA BAY


AS A CURRENT SOCIO-ENVIRONMENTAL THREAT IN RIO
DE JANEIRO AT SÉC XXI

LA EXPLOTACIÓN CAPITALISTA DE LA BAHÍA DE


SEPETIBA COMO UNA AMENAZA SOCIOAMBIENTAL
CORRIENTE EN RIO DE JANEIRO DEL SÉC XXI

Edivan de O. Fulgencio
Mestrando em Geografia
PPGEO-UERJ
edifull@gmail.com
A EXPLORAÇÂO CAPITALISTA DA BAÍA DE SEPETIBA COMO AMEAÇA
SOCIOAMBIENTAL EM CURSO NO RIO DE JANEIRO DO SÉC XXI

THE CAPITALIST EXPLOITATION OF THE SEPETIBA BAY AS A CURRENT


SOCIO-ENVIRONMENTAL THREAT IN RIO DE JANEIRO AT SÉC XXI

LA EXPLOTACIÓN CAPITALISTA DE LA BAHÍA DE SEPETIBA COMO UNA


AMENAZA SOCIOAMBIENTAL CORRIENTE EN RIO DE JANEIRO DEL SÉC XXI

RESUMO

A apropriação fara fins de exploração econômica da Baía de Sepetiba, numa


estratégia macroeconômica de inserção do Rio de Janeiro e Região Sudeste no
cenário da Logística globalizada do mercantilismo mundial é uma das maiores
ameaças ao meio ambiente, envolvendo biota e comunidades em curso atualmente
no Rio de Janeiro. Este artigo, resultado da interação do autor com a comunidade
local, pesquisadores, órgãos governamentais e movimentos sociais ligados à
preservação do patrimônio socioambiental desta região do Rio de Janeiro, discute a
ameaça e conclui propondo possíveis formas de mitigação.

Palavras chave: Baía de Sepetiba, exploração econômica, desenvolvimento


sustentável, meio ambiente, comunidades.

ABSTRACT

The appropriation for economic exploitation of the Sepetiba Bay, like a


macroeconomic strategy of insertion of Rio de Janeiro and Brazilian Southeast in the
scenario of global logistics of global mercantilism is one of the greatest threats to the
environment, involving biota and communities currently underway in Rio de Janeiro,
BR. This article, a result of the author's interaction with the local community,
researchers, government agencies and social movements linked to the preservation
of the socio-environmental patrimony of this region of Rio de Janeiro, discusses the
threat and concludes proposing possible forms of mitigation.

Key words: Sepetiba Bay, economic exploitation, sustainable development,


environment, communities.
RESUMEN

La apropiación para la explotación económica de la Bahía de Sepetiba, en una


estrategia macroeconómica de inserción de Río de Janeiro y Sudeste en el escenario
de la logística global del mercantilismo global, es una de las mayores amenazas para
el medio ambiente, que involucra a la biota y las comunidades actualmente en curso
en Río de Janeiro, BR. Este artículo, resultado de la interacción del autor con la
comunidad local, investigadores, agencias gubernamentales y movimientos sociales
vinculados a la preservación del patrimonio socioambiental de esta región de Río de
Janeiro, analiza la amenaza y concluye proponiendo posibles formas de mitigación.

Palabras clave: Bahía Sepetiba, explotación económica, desarrollo sostenible,


medio ambiente, comunidades.

INTRODUÇÃO

A apropriação fara fins de exploração econômica da Baía de Sepetiba, numa


estratégia macroeconômica de inserção do Rio de Janeiro e Região Sudeste no
cenário da Logística globalizada do mercantilismo mundial, conforme Bastos e
Bassani (2012), é uma das maiores ameaças ao meio ambiente, envolvendo biota e
comunidades em curso atualmente no Rio de Janeiro.

A Baía de Sepetiba localiza-se no Estado do Rio de Janeiro, entre as latitudes


22º54’ e 23º04’S e as longitudes 43º34’ e 44º10’W. Possui área de aproximadamente
450 km2, entre a Restinga de Marambaia, Subúrbios da Zona Oeste do Rio de Janeiro
e os municípios de Itaguaí e Mangaratiba, do Litoral conhecido como Costa Verde,
esta Baía é alimentada pelo oceano atlântico, a partir de Mangaratiba, onde se
encontra com a Baía da Ilha Grande; cursos de água oriundos da Serra do Mar, Rios
e aquedutos da Zona Oeste do Rio e da Baixada Fluminense, da Bacia hidrográfica
do Guandu, além de um canal direto com o mar na altura do Bairro de Guaratiba,
município do Rio de Janeiro. Seu comprimento é de 43 Km e sua largura é de 17 Km
no sentido norte-sul, com perímetro de aproximadamente 123 Km e uma profundidade
média de seis metros.
Fig.1: Baía de Sepetiba (Coordenadas Lat -22,87; Lon -43,67). Imagens de Satélite captadas e editadas no
Software Google Earth.

Conforme relato do ativista ambiental do Movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo


(2018)1, esta Baía é o reduto e local de procriação de espécies marinhas ameaçadas
de extinção como o boto cinza, inúmeras espécies de caranguejos e crustáceos
encontrados apenas nesta biota, além de em seu entorno encontrarem-se importantes
manguezais como os da Região de Guaratiba e o próprio Manguezal de Sepetiba.

Do ponto de vista humano, a Baía é fonte de renda, subsistência e patrimônio


sociocultural das comunidades de pescadores, quilombolas, índios e caiçaras2, que
se estabeleceram na região desde a época colonial e com a manutenção de suas
tradições culturais e de seus modos de vida conferem à região um imenso e
diversificado patrimônio social e cultural.

Como nos reportam os voluntários do Ecomuseu Sepetiba3, ocorreram nesta


região importantes fatos da história brasileira, tendo funcionado como ponto de
entrada dos Jesuítas para catequização de indígenas, batalhas contra invasores

1Porque os Botos estão morrendo na Baía de Sepetiba e em extinção na Baía de Guanabara? Artigo de Sérgio
Ricardo, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/01/2018.
Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/10/porque-os-botos-estao-morrendo-na-baia-desepetiba-
e-em-extincao-na-baia-de-guanabara-artigo-de-sergio-ricardo/, acesso em 10/07/2019
2Conforme artigo disponível em http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=131, acesso em
08/07/2019
3 “ECOMUSEU é uma ação museológica consciente da COMUNIDADE com o objetivo de desenvolver o
TERRITÓRIO que habita, a partir da valorização da História Local e do PATRIMÔNIO (natural e cultural) nele
existente. ” (Ângelo, Carvalho e Louvise; 2005 - Ecomuseu de Santa Cruz-Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro).
Ecomuseu de Sepetiba, teve seu início no ano de 2009, sua fundadora, Bianca Wild, foi precursora no processo
de reconhecimento e mobilização, divulgando a história do bairro e suas pesquisas desde o ano de 2006.
holandeses e franceses, bem como foi palco da revolta dos marinheiros brasileiros
contra as chibatas do início da República, no início do século XX.

Por sua beleza natural é um ponto turístico e de lazer altamente atrativo


principalmente para a população da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Baixada
Fluminense e municípios vizinhos.

A AMEAÇA AMBIENTAL

Desde a década de 1950, inserida na estratégia de crescimento econômico e


inserção no mercado mundial dos governos brasileiros, com a recorrente
industrialização de espaços anteriormente rurais, a região vem sendo invadida por
megaempreendimentos e projetos empresariais, com cerca de 400 indústrias
principalmente metalúrgicas que lançam seus efluentes e resíduos sólidos compostos
de produtos químicos e metais pesados diretamente na Baía, ou em corpos d’água
que a alimentam. Provocando impactos socioambientais diversos nos municípios do
entorno da Baía4.

Fig.2: Industrialização da Baía de Sepetiba X impactos ambientais. Disponível em


https://apacsa.files.wordpress.com/2011/10/doc-impczo.pdf

O caso que tomou maior notoriedade foi o do espólio ambiental da falida


Companhia Mercantil Industrial Ingá. Este complexo industrial beneficiava metais
pesados às margens da Baía para transporte pelo porto para a Europa. O Estoque de
toneladas de Zinco ficou exposto a uma tempestade que se abateu sobre a região e

4Conforme artigo disponível em http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=131, acesso em


08/07/2019
através de vazamento poluiu a Baía gerando a mortandade de peixes e de outras
espécies da fauna e flora marinha.

Fig.3: As instalações da empresa são consideradas a maior área de contaminação por lixo tóxico do Brasil
(MAGALHÃES, et al., 2000 apud PINTO, 2005) e representam um dos maiores passivos ambientais do Estado
do Rio de Janeiro (MAGALHÃES, et al., 2000 apud PINTO, 2005; BRASIL MINERAL, 2008) 5.

Outro caso emblemático das ameaças e riscos sócio ambientais na Região é o


caso da “chuva de prata”: nome popular dado a uma precipitação na atmosfera de
elementos químicos oriundos de atividade fabril da multinacional alemã TKCSA,
estabelecida no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro, às margens da Baía de
Sepetiba. Este complexo industrial foi estabelecido na região devido a diversas
formas de cooptação da população pela empresa, como: concessões de serviços
públicos de responsabilidade dos governos, compra de votos para aprovação dos
projetos junto aos meios políticos e reguladores (há denúncias de doações diretas de
recursos ao INEA e à FEEMA), entre outros. A aprovação de funcionamento foi dada,
sem mesmo serem aprovados em todas as instâncias o EIA (Estudo de Impacto
Ambiental) e RIMA (Relatório de Impactos no Meio Ambiente), apesar de a Região de
Sepetiba ser APA (Área de Proteção Ambiental) decretada desde 1986.
O parecer da FIOCRUZ que analisou sob a perspectiva da saúde
pública e da saúde ambiental o RIMA da TKCSA destaca que a
fragmentação da avaliação do empreendimento, ignorando a
possibilidade de exposição cumulativa e simultânea da população a
diferentes poluentes, determina que se subestimou os riscos aos quais
as pessoas ficarão expostas por conta da indústria (PACS,2009).

5Conforme artigo disponível em http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=131, acesso em


08/07/2019
Encontra-se também em pleno funcionamento, apesar de todos os riscos
decorrentes de modificações nas características ambientais e socioculturais e seus
riscos, a implantação do complexo portuário de Sepetiba. Vide nas figuras abaixo, o
impacto causado na vida das comunidades e na biota local.

Fig.4: Manguezal de Sepetiba com mancha de óleo das embarcações - Acervo Ecomuseu Sepetiba

Fig.3 - Impacto do Porto na pesca e turismo locais.

PROPOSTAS DE MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS

Segundo a Resolução CONAMA 001/86, O EIA (Estudo de Impactos Ambientais)


deve cobrir no mínimo os aspectos de:
Nos casos analisados neste trabalno, percebe-se claramente a falta de uma
perspectva de Avaliação Ambiental Estratégica. Se houve uma estratégia levada em
conta, foi apenas a estratégia macroeconômica de inserção da região, cuja localização
estratégica entre os Portos do Rio de Janeiro e Santos e seu aproveitamento para
uma geopolítica que insira o Brasil e a Região Sudeste na Logística Globalizada.

O que se espera do poder público é que a partir de agora, ao menos se leve a


cabo o planejamento e a execução de atividades mitigaoras dos riscos sociais,
culturais e ambientais advindfos da apropriação capitalista da Baía de Sepetiba. Quais
sejam:

1 – Execução do PDS – Plano de Desenvolvimento Sustentável da Baía de


Sempetiba, estabelecido pelo Decreto 42503 – 09/06/2010, que consiste de diversas
ações de diferentes tamanhos de envovlimento da população, po poder público e de
investimentos em respota às ações contrárias ao meio ambiente e à sociedade locais
nas últimas décadas;

2 – Apoiar iniciativas de cunho popular de resgate da autoestima local e das


manifestações socioculturais, e de voluntariado como O Ecomuseu Sepetiba, a
Associação de Pescadores de Ilha da Madeira, entre outras;

3 – Dialogar com a população local de Sepetiba. Santa Cruz e lha da Madeira


sobre os impactos das obras e projetos de compensação que estão em andamento
(UPA’s, conjuntos habitacionais, escolas de pesca, compras de ambulâncias, etc.).
Para que estas medidas, tomadas sem conhecimento sem conscientização da
população não sejam apenas medidas superficiais e sem efeitos práticos na qualidade
de vida e na sustentabilidade do biota e dos valores soicia se culturais da comunidade
local.

4 – Em Sepetiba: Respeitar a APA já decretada e fazer valer as leis vigentes.


CONCLUSÃO

É fato notório a necessidade e oportunidade de desenvolvimento da Região onde


se localiza a Baía de Septiba, haja vista as implicações no capitalismo financeiro
praticado atualmente no contexto globalizado. Porém, mais imperativo que os lucros
e eventuais ganhos financeiros pela exploração da posição geográfica da Baía de
Septiba, faz-se mister levar em conta a vocação natural e importância deste estuário
para a vida natural e social da Região.

Figura 6 - Porto de Sepetiba e impacto no Biota. Visão Sepetiba – Acervo Ecomuseu Sepetiba

Na pesquisa geográfica empreendida da qual resultou este artigo intercientífico,


obteve-se a visão das comunidades locais, dos movimentos sociais e mesmo das
entidades governamentais responsáveis, o entendimento da necessidade de
desenvolvimento efetivamente sustentável e que seja um caso de sucesso inclusive
para outras regiões com carcaterísticas similares no Brasil e no mundo. Conclui-se a
necessidade de retomar o diálogo com pesquisadores, entidades defensoras dos
caiçaras, quilombolas, pescadores e comunidades locais. Além de Movimentos
Sociais de proteção ao meio ambiente e qualidade de vida, como o Movimento Baía
Viva, o qual defende e demonstra através de suas ações junto à comunidade que:
O Estado do Rio de Janeiro, ao ainda hoje não ter elaborado seu
Zoneamento Ecológico–Econômico (ZEE) e dos seus territórios
pesqueiros e agrícolas; assim como ao não dispor de um efetivo
Gerenciamento Costeiro, tem se colocado na vanguarda do atraso ao
produzir um modelo de desenvolvimento que se caracteriza por uma
economia suja que contribui diretamente para aprofundar as
desigualdades socioespaciais (Ricardo, 2018)6.

6
Porque os Botos estão morrendo na Baía de Sepetiba e em extinção na Baía de Guanabara? Artigo de Sérgio
Ricardo, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/01/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/01/10/porque-os-
REFERÊNCIAS

BASTOS, Bernardo do Carmo; BASSANI, Christina. A QUESTÃO DA EXPANSÃO


PORTUÁRIA COMO SOLUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: o
caso das dragagens e os impactos ambientais na baía de Sepetiba. IX Simpósio
de Excelência em Gestão e Tecnologia SEGeT. Resende, RJ. 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do


Trabalhador: Oficio 069/2012. Esclarecimentos acerca da atuação da FICORUZ no
caso TKCSA. Brasília, 2012. Disponível no sítio de Internet:
http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/174D441A/Relatorio_MS_107RO_Of
146.pdf, acesso em 12/07/2019
ECOMUSEU DE SEPETIBA. Acervo de fotos e publicações. Disponível no Sítio de
internet https://www.facebook.com/ecomuseudesepetiba, acesso em 11/07/2019
Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS; Fundação Rosa Luxembourg
(Apoio). COMPANHIA SIDERÚRGICA DO ATLÂNTICO (TKCSA) impactos e
irregularidades na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009, disponível
no Sítio de Internet: https://apacsa.files.wordpress.com/2011/10/doc-impczo.pdf,
acesso em 10/07/2019
Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS; Responsabilidade social
pra quê e pra quem? Análise crítica dos projetos de responsabilidade social
corporativa da ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico – TKCSA, em
Santa Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro, 2015. Disponível no Sítio de
Internet: http://www.pacs.org.br/files/2015/09/Cartilha-Responsabilidade-Social1.pdf,
acesso em 12/07/2019

Governo do Estado do Rio de Janeiro. Instituto Estadual do Ambiente-INEA. Plano de


Desenvolvimento Sustentável da Baía de Sepetiba, P01 – Plano de Trabalho
Revisado, Revisão 2, 19 abr. 2011. Disponível no sítio de internet:
http://ceivap.org.br/downloads2011/PDS da Baia de Sepetiba.pdf, acesso em
12/07/2019

LEMOS, Clara Carvalho de. Aula 9: Licenciamento ambiental a avaliação de


impactos ambientais; Aula 10: Avaliação ambiental estratégica: aplicação da
avaliação de impacto ambiental em políticas, planos e programas. Caderno
Didático de Planejamento Ambiental. CECIERJ/CEDERJ 2014.1

Sítios de Internet:
http://www2.mma.gov.br/port/conama/, acesso em 10/07/2019
http://vivafavela.vivario.org.br/547-praia-de-sepetiba-volta-a-ser-invadida-por-
manguezal/, acesso em 12/07/2019

botos-estao-morrendo-na-baia-de-sepetiba-e-em-extincao-na-baia-de-guanabara-artigo-de-sergio-ricardo/.
Acesso em 11/07/2019.

Você também pode gostar