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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO I -

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA

Profa. Ana Carolina Macalli

RESUMO

Quando falamos de Análise do Comportamento Aplicada (ABA), você deve


estar relacionando a ideia com intervenções para as pessoas do espectro
autista. O objetivo central da intervenção analítica comportamental é melhorar
a qualidade de vida humana. Então, ao utilizar uma perspectiva
comportamental, identifica-se qual é o comportamento a ser mudado, o que
pode estar em excesso ou em déficit. Mudar comportamento que possa trazer
prejuízo e ensinar comportamentos que trarão benefícios às pessoas.
A ABA não é utilizada apenas para pessoas no espectro autista, mas
sim para todas as pessoas. Não importa a condição diagnóstica do indivíduo,
mas sim conhecê-lo, entender quais suas características individuais e o que ele
precisa. Todos os seres humanos possuem um conjunto de comportamentos
que podem estar em excesso ou déficit. A depender do comportamento em
excesso é preciso diminuir ou zerá-lo. E, os comportamentos em déficit
precisam emergir, passar a existir no repertório do indivíduo ,e para tal é
necessário realizar uma avaliação de cada comportamento específico. A
Análise do Comportamento é composta por três fundamentos científicos
metodológicos: o Behaviorismo Radical, a Análise Experimental do
Comportamento e a Análise do Comportamento Aplicada. Ou seja, são três
dimensões que compõem a mesma ciência.
Ao contrário do que erroneamente é difundido, a ABA não é um método
de trabalho, e sim uma ciência e em sua dimensão aplicada, é capaz de
mudar comportamentos. A Análise do Comportamento Aplicada é
comportamental, ou seja, tendo como base metodológica o Behaviorismo
Radical, centra-se em trabalhar com as dimensões observáveis do
comportamento, inclusive com comportamentos que são indiretamente
observáveis, descartando os processos e hipóteses abstratas.

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Outro aspecto importante sobre a ABA refere-se à ciência ser
conceitualmente sistemática. Isso significa que existe uma unidade conceitual.
Ou seja, ao trabalhar com o processo de extinção de um comportamento, o
conceito de extinção deve ser o mesmo independente da regionalidade,
nacionalidade, aspectos culturais, etc. Sendo assim, não podem existir
diferentes entendimentos sobre o conceito de extinção. O profissional que
trabalha com coerência conceitual a partir da teoria, ao fazer avaliação
consegue realizar previsão e controle dos casos concretos, pois o aporte
teórico metodológico instrumentaliza o profissional.
O analista do comportamento ao propor intervenções em ABA, deve
realizar um trabalho científico e com controle. Por isso, considera-se que a ABA
é também analítica. Diante de certa demanda comportamental, o analista do
comportamento faz sua avaliação e propõe uma intervenção. Mas para ter
evidência de que a alteração do comportamento ocorreu devido a intervenção
implementada, retira-se a intervenção e observa-se apenas resposta do
comportamento. Caso o método não funcione, a intervenção é reaplicada. E,
dessa forma, nota-se que se o comportamento desapareceu foi devido a este
procedimento. Vale ressaltar que, essa dimensão analítica da ABA é difícil
garantir em alguns ambientes como por exemplo em escolas e clínicas, devido
aos vários estímulos concorrentes que podem interferir na intervenção. No
entanto, uma forma de garantir essa dimensão científica e de controle
adequado é não propor inúmeras intervenções ao mesmo tempo.

Todo protocolo de ensino em ABA deve buscar a generalização dos


comportamentos ensinados. Se a mudança do comportamento ocorrer apenas
em um determinado ambiente e em outros não, ela não é efetiva e não melhora
a qualidade de vida da pessoa. É necessário que os comportamentos
ensinados sejam adaptativos para a vida daquele indivíduo. E para que ocorra
a generalização é preciso planejá-la junto ao ensino.
A ABA também precisa ter um caráter tecnológico. Essa dimensão
assegura que o procedimento pode ser reaplicado, e em caso de divergência
nos resultados existe a possibilidade de inconsistência ou da reaplicação da
pesquisa. Na ciência, isso é um elemento fundamental.
O aspecto mais importante da Análise do Comportamento refere-se a

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sua eficácia. O princípio de que toda pessoa é capaz de aprender. Se o ensino
em ABA não está resultando em aprendizagem, o profissional deve rever seus
planos e procedimentos de ensino, pois algo deve estar errado. É preciso ser
conceitualmente sistemático, elaborar uma hipótese e implementar uma
intervenção eficaz. Compreende-se que, em muitos casos, o profissional é
sistemático, elabora uma hipótese, mas ela está errada e, por isso, o indivíduo
não aprende. Nesse momento, é preciso rever rapidamente essa hipótese para
mudar a intervenção, e ser realmente eficaz.

Em síntese, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), deriva do


campo científico do Behaviorismo (os comportamentos são possíveis a serem
observados e mensuráveis em oposição, por exemplo, à abordagem
psicanalítica, na qual os comportamentos devem-se a processos
inconscientes). Ao analisar um comportamento levanta-se uma hipótese e
elabora-se um plano de ação a ser implementado, a fim de modificar aquele
comportamento. Para esse campo da ciência o processo de aprendizagem
ocorre por meio de associações e o comportamento vai se modificando através
das consequências. Ou seja, ao tentar alguns procedimentos e obter êxito,
a probabilidade de repetir o mesmo resultado aumenta. Mas, quando não
funcionam, a probabilidade de repetir diminui. Dessa forma, o
comportamento foi modificado pelo resultado ou pela consequência.
Na Análise do Comportamento, Skinner pesquisou e descreveu alguns
conceitos que são muito utilizados na psicologia e devem fazer parte do
repertório de um analista do comportamento, sendo eles: Estímulo
Discriminativo (SD); Reforçador, Controle de Estímulo; Extinção; Esquemas de
Reforçamento e Modelagem. Todos eles são aplicados para trabalhar com uma
grande quantidade de comportamentos humanos.
Para ensinar pessoas com Transtorno do Espectro Autista, as
intervenções e protocolos de ensino podem e devem ser pensados e aplicados
em casa e na escola, realizando o programa de ensino em período integral.
São intensivas e estruturadas em uma situação de um-para-um, e individual.
Também precisam ser planejadas para não serem aversivas e rejeitar
punições, centrando-se nos reforços positivos do comportamento adequado
desejado. Todo o currículo em ABA depende de cada criança e deve ser

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estruturado de forma singular, contemplando todas as áreas de
desenvolvimento que o indivíduo necessita: habilidades acadêmicas, de
linguagem, sociais, de cuidados pessoais e motoras.

Os profissionais capacitados para atuar em Análise do Comportamento


podem variar a forma de aplicar os programas de ensino, porém todos devem
apoiar-se nos mesmos conceitos. A ciência que estrutura a intervenção deve
ser sempre a mesma em qualquer contexto, ambiente ou sujeito. Apenas a
maneira de aplicá-la pode variar de acordo com a especificidade e necessidade
individual e do objetivo intervencional.

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