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FRANCISCO TUSSOLINI
Neurologista Pediátrico
Tussolini.neuro@hotmail.com

TERAPIA ABA NO AUTISMO: ENTENDA TUDO SOBRE ESSA CIÊNCIA

A terapia com embasamento em Análise do Comportamento Aplicada, ou ABA,


é uma das mais indicadas por especialistas e ...
Lívia Bomfim – 20 ago 2021

A terapia com embasamento em Análise do Comportamento Aplicada, ou ABA,


é uma das mais indicadas por especialistas e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico,
especialmente o autismo.

Derivada do inglês Applied Behavior Analysis, a Análise do Comportamento


Aplicada é uma ciência da aprendizagem. Neste artigo, vamos explicar as
informações mais importantes sobre esse tema para você que está iniciando sua
jornada no autismo e buscando as intervenções que vão ajudar no
desenvolvimento do seu filho.

Método ABA ou Ciência ABA? Qual é o correto?

Muitas pessoas se referem à Análise do Comportamento Aplicada como um


método de tratamento ou até um tipo de terapia. No entanto, a forma mais correta
de definir essa área, composta de pressupostos filosóficos, conceitos e técnicas,
é ciência da Análise do Comportamento ou, se preferir, ciência ABA.

As estratégias e técnicas usadas nas intervenções baseadas em ABA para o


TEA têm como objetivo reduzir comportamentos prejudiciais para a pessoa e
ensinar habilidades essenciais para seu desenvolvimento.

O que é terapia ABA?

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência da aprendizagem


que quando utilizada como embasamento para o atendimento de pessoas com
transtornos do desenvolvimento como, por exemplo, o Transtorno do Espectro
do Autismo (TEA), foca em promover o ensino de novas habilidades e
redução de comportamentos prejudiciais para a pessoa, sendo que devem-se
considerar prejudiciais aqueles comportamentos que colocam sua integridade
física em risco.

Por meio desta ciência, propõe-se uma análise dos comportamentos do


indivíduo de forma a entender como e por que os comportamentos ocorrem,
quais as influências ambientais a eles relacionadas e assim, é possível traçar
estratégias que permitam ensinar novas habilidades para este indivíduo. Vale
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pontuar que nesse processo, a individualidade de cada pessoa deve sempre ser
respeitada.

Quem pode fazer terapia baseada em ABA?

Apesar da indicação da ciência ABA (erroneamente mais conhecida como


terapia ABA), ser costumeiramente mais indicada para pessoas com
desenvolvimento atípico, como no caso do autismo, seu referencial teórico e
suas estratégias podem ser usadas para embasar o atendimento a inúmeras
demandas profissionais.

De modo geral, podemos dizer que a aplicação dos fundamentos da ABA na


psicologia é indicada para quaisquer demandas referentes a:

• Saúde mental
• Psicologia educacional
• Psicologia hospitalar
• Psicologia das organizações
• Psicologia clínica para o público típico e atípico
• Entre outros.

No caso das terapias para pessoas com atraso no desenvolvimento, as


estratégias da ABA têm resultados comprovados no que se refere ao
aprendizado de habilidades e desenvolvimento de autonomia.

ABA: terapia no autismo

Os primeiros estudos envolvendo a terapia ABA (que na verdade é uma ciência)


no tratamento de crianças com distúrbios do desenvolvimento foram realizados
nos anos 1960. Tendo como objetivo a redução de comportamentos
desafiadores e na aprendizagem, os resultados da pesquisa demonstraram que
havia aumento no repertório comportamental.

Em 1987, o psicólogo clínico Ivar Lovaas publicou um novo estudo que


apontava importantes ganhos com o uso dos princípios da ABA no ensino
de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Dentre as 19 crianças que participaram do estudo, 47% haviam tido sucesso em


se reintegrar em escolas regulares. Em contrapartida, apenas 2% tiveram o
mesmo resultado com outras intervenções.

Desde então, milhares de estudos têm sido publicados ano após ano em
centenas de revistas científicas renomadas, como por exemplo as
americanas JABA (Journal os Applied Behavior Analysis) e o JEAB (Journal of
the Experimental Analysis of Behavior) ou as brasileiras REBAC (Revista
Brasileira de Análise do Comportamento) e Perspectivas (Perspectivas em
Análise do Comportamento). Todos esses estudos, nestes e em outros
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periódicos, vêm destrinchando os mais diversos aspectos que compõem as


variadas intervenções baseadas em ABA para demostrar suas efetividades.

Como funcionam as intervenções baseadas em ABA?

Para iniciar as intervenções precoces baseadas em ABA, é preciso fazer uma


avaliação individual daquela pessoa que vai recebê-la e, a partir daí, definir
quais serão os objetivos da intervenção e definir as técnicas e estratégias
necessárias para o alcance desses objetivos.

Algumas das características essenciais que compõem as intervenções com ABA


são:

1. deve focar no ensino de habilidades socialmente relevantes


2. deve focar também na promoção de generalização dessas habilidades, ou
seja, que elas sejam postas em prática no mundo real do paciente para além
do contexto clínico,
3. deve ter objetivos comportamentais pré-estabelecidos que sejam bem
descritos e observáveis.
4. deve ser passível de registro da evolução do paciente de forma mensurável.

Quem pode aplicar a terapia ABA?

O tratamento do autismo por meio da ABA é multidisciplinar e os profissionais


que normalmente compõem a equipe são:

• Psicólogos
• Fonoaudiólogos
• Terapeuta ocupacional
• Pedagogos
• Fisioterapeuta
• Educador físico

A configuração desta equipe pode mudar conforme as necessidades de


aprendizagem de cada pessoa.

No Brasil é comum que psicólogos se especializem e passem a atuar com a


ABA. Além disso, os outros profissionais que atuam na equipe multidisciplinar
também devem ter especialização reconhecida pelo MEC na Análise do
Comportamento Aplicada.

Ao iniciar o trabalho com ABA, é fundamental que o profissional seja


supervisionado por alguém já experiente na área, para que seja feita a aplicação
correta de cada etapa do tratamento.

Já nos Estados Unidos existe um exame de certificação internacional que


atesta se o profissional pode trabalhar como analista de comportamento: o BCBA
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(Board Certified Assistant Behavior Analyst), ainda não presente no Brasil. Aqui,
instituições como a Associação Brasileira de Medicina e Psicologia
Comportamental (ABPMC) discutem formas de manter o controle de qualidade
dos profissionais que atuam com a ciência.

Durante quantas horas por semana a ABA deve ser aplicada?

Muitos pais se preocupam ao lerem na internet que uma intervenção baseada


em ABA de sucesso exige, no mínimo, 20, 30 e até 40 horas semanais. Vale
então pontuar que, apesar haver centenas estudos que mostram que um volume
intensivo de horas produz sim ganhos importantes, não se pode deixar de lado
que o volume de horas de intervenção não pode, jamais, produzir exaustão ou
até mesmo burnout na criança. Deve-se sempre buscar o equilíbrio saudável
entre terapia e outras atividades da rotina.

Dessa forma, tem-se visto um movimento entre profissionais da área de apoiar


a noção de que pessoas no espectro do autismo recebam o máximo de horas
possível dentro de uma rotina saudável e adaptada para o quanto a criança
sustenta, sem forçá-la a situações e sem comprometer outras atividades da sua
rotina.

Além disso, é importante ter em mente que todo o aprendizado ganho em


contexto de terapia deve ser estendido a diferentes ambientes além das salas
de terapia, como a escola e em casa, para que ele seja efetivo.

O que devo avaliar para que meu filho comece intervenções baseadas em ABA?

Antes de iniciar as intervenções baseadas em ABA para uma criança com


autismo, é necessário avaliar alguns pontos.

Quantas horas vão ser disponibilizadas e qual será o cronograma da terapia?

Ao receber o diagnóstico ou mesmo a suspeita de autismo, os pais serão


direcionados a buscar uma quantidade necessária de horas para a intervenção.

Então, lembre-se de verificar se essas horas estão cobertas e também qual o


cronograma da terapia, ou seja, quais são os alvos a serem trabalhados e como
isso será feito.

Os profissionais são capacitados para desenvolver a análise comportamental?

Peça a comprovação de experiência profissional. Também é necessário


avaliar se os pais ou responsáveis poderão participar das terapias e serão
treinados para conhecer as estratégias e aplicá-las em outros ambientes.

Como será avaliado o progresso na criança autista?

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Entender o que é feito para avaliar o progresso da Terapia ABA, desde


avaliações a análises comportamentais é essencial.

Além do profissional te mostrar o que está sendo feito e por quê, ele deve
trazer previsibilidade sobre como você pode avaliar o progresso da criança e
entender quando quais avanços ela teve.

Terapia ABA: Dúvidas frequentes

O que é o método ABA?

A Análise do Comportamento Aplicada, ABA da sigla em inglês para Applied


Behavior Analysis, é uma ciência, que pode ser aplicada na atuação e prestação
de serviços em qualquer área das ciências humanas.

Como é feita a terapia ABA?

Para iniciar as intervenções precoces baseadas em ABA, é preciso fazer uma


avaliação individual daquela pessoa que vai recebê-la e, a partir daí, definir
quais serão os objetivos da intervenção e definir as técnicas e estratégias
necessárias para o alcance desses objetivos.

Quem pode aplicar a terapia ABA?

A terapia ABA tende a ser aplicada por profissionais multidisciplinares, os quais


também são especialistas em TEA. Alguns deles são: psicólogos,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos. Eles compõem a equipe
multidisciplinar e devem ter experiência na aplicação da ABA ou serem
supervisionados.

Quando devo procurar terapias baseadas no método ABA?

Se seu filho tem suspeita ou diagnóstico de autismo, a terapia ABA é indicada


para o início das intervenções. A ciência da Análise do Comportamento Aplicada
é indicada pela Organização Mundial da Saúde para intervenções em pessoas
com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.

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