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MATERIAL DE APOIO – PARA PROCESSO JUDICIAL – AUTISMO ABA

Segue alguns links, abaixo você pode ler um trecho da decisão ou notícia que encontrei relacionada
e o link do processo:

1) TRECHO DA DECISÃO: Processo  1022524-59.2019.8.26.0405 - Procedimento Comum Cível


- Planos de Saúde - Emilia Lacerda Viana de Sousa -A.A.M.I. - Ante o exposto, JULGO
PROCEDENTE o pedido, extinguindo a ação, com fulcro no art. 487, I, do CPC, para o fim de
condenar a ré à obrigação de fazer consistente na cobertura do tratamento prescrito à autora, nos
termos do laudo médico de folhas 638/662 ou seja, tratamento na Clínica ISTO com equipe
multidisciplinar (atendimento médico, psicológico, fonoaudiológico e na área de terapia
ocupacional),  consistente de Terapia ABA com 30 horas semanais (incluindo o tempo do
acompanhante terapêutico no ambiente escolar), além de duas horas semanais de sessões de
fonoaudiologia e terapia ocupacional. 

Link: https://www.jusbrasil.com.br/processos/239216821/processo-n-1022524-5920198260405-
do-tjsp

2) Notícia sobre outro processo: https://correiodoestado.com.br/cidades/plano-de-saude-tera-


de-pagar-tratamento-de-crianca/359312

IMPORTANTE:

Algumas notícias que trazem considerações muito interessantes acerca de decisões judiciais neste
respeito, inclui comentários de especialistas jurídicos:

https://revistareacao.com.br/justica-decide-que-acompanhante-terapeutico-para-crianca-com-
autismo-deve-ser-pago-pelo-plano-de-saude/#:~:text=de%20sa%C3%BAde%20Sa
%C3%BAde-,Justi%C3%A7a%20decide%20que%20acompanhante%20terap%C3%AAutico
%20para%20crian%C3%A7a%20com%20autismo,pago%20pelo%20plano%20de%20sa
%C3%BAde

https://www.atribunanews.com.br/variedades/conscientizacao-do-autismo-a-constante-luta-por-
tratamento-de-criancas

SOBRE A TERAPIA EM SI:

Algumas considerações que julgo importantes trazer a atenção no recurso (cito fontes
também):

O laudo da Neuropediatra está em conformidade com as práticas terapêuticas com maior evidência
científica atualmente para tratamento do autistmo, a saber, métodos baseados em ABA (Análise do
Comportamento Aplicada). Logo mais abaixo cito artigos que comprovam.

Para que os métodos de intervenção baseados em ABA sejam de fato eficazes são necessários
intervenção precoce (imediata) e intensiva.

O trecho abaixo eu retirei do , encontrado no link: https://casproviders.org/wp-


content/uploads/2020/03/ABA-ASD-Practice-Guidelines.pdf. Este material é comumente utilizado
como base para os critérios de intervenções baseados em ABA. A BACB é referência em critérios
de licenciamento para profissionais Analistas do Comportamento. No documento são referenciados
uma série de estudos científicos que embasam as conclusões constantes ali. O texto original está em
inglês.

"A dosagem do tratamento, que muitas vezes é referenciada na literatura do tratamento como
"intensidade", irá variar com cada paciente e deve refletir os objetivos do tratamento, as
necessidades específicas do cliente e a resposta ao tratamento. Tratamento
a dosagem deve ser considerada em duas categorias distintas: intensidade e duração.
Intensidade A intensidade é normalmente medida em termos de número de horas por semana de
tratamento direto. Intensidade frequentemente determina se o tratamento se enquadra na categoria
de Focalizado ou Abrangente.
Tratamento Focado ABA
ABA focalizado geralmente varia de 10-25 horas por semana de tratamento direto (mais direto e
supervisão indireta e treinamento do cuidador). No entanto, certos programas para comportamento
destrutivo severo pode exigir mais de 25 horas por semana de terapia direta (por exemplo,
tratamento diurno ou programa de internamento para comportamento autolesivo grave).
Tratamento ABA abrangente
O tratamento geralmente envolve um nível de intensidade de 30-40 horas de tratamento
direto 1: 1 para o cliente por semana, não incluindo treinamento de cuidadores, supervisão e
outros serviços necessários. "

Segue mais um trecho do documento citado:

"O padrão de atendimento prevê que o tratamento seja realizado de forma consistente em vários
ambientes para promover generalização e manutenção dos benefícios terapêuticos. Nenhum modelo
ABA é específico para um determinado local e todos podem ser entregues em uma variedade de
ambientes, incluindo instalações de tratamento residencial, internação e programas ambulatoriais,
casas, escolas, transporte e locais na comunidade. Tratamento em ambientes com vários adultos,
irmãos e / ou colegas com desenvolvimento típico, sob a supervisão de um Analista do
Comportamento, apóia generalização e manutenção dos ganhos do tratamento."

Como se trata de um tratamento intensivo, que demanda várias horas, e por se tratar de uma criança
pequena, aplicar o tratamento em casa através da Acompanhante Terapêutica se mostra necessário e
eficaz.

O trecho abaixo, que trata da estrutura da equipe que pode aplicada métodos baseados em ABA, fala
do aplicador, no nosso caso o Acompanhante Terapêutico é um aplicado. Trecho retirado de um
documento ofical da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental., disponível
no link: http://abpmc.org.br/arquivos/publi
cacoes/1573747918c4a1d8066715.pdf

As intervenções são, por tanto, absolutamente individualizadas. O alcance destas metas é aferido a
partir dos dados coletados pelos terapeutas durante a execução da intervenção. Estes dados são
fundamentais na tomada de decisão em relação a intervenção propriamente dita e à avaliação da
efetividade do processo como um todo. 3 Assim, o registro e análise de dados é uma característica
fundamental de uma Intervenção Comportamental baseada em ABA. Para dar conta de uma
intervenção desta magnitude, o serviço prestado precisa ser organizado de maneira que haja
uma equipe de profissionais com diferentes formações.
Desta forma, um serviço adequado tipicamente conta com: a) um Analista do Comportamento
Supervisor, que é responsável por desenvolver e gerenciar a intervenção; b) um Analista do
Comportamento Assistente, responsável por auxiliar o Supervisor a operacionalizar a
implementação da intervenção e c) Aplicadores ou Técnicos, que são as pessoas responsáveis pela
aplicação direta de procedimentos elaborados pelo Supervisor viabilizando o número de horas
necessários para a intervenção acontecer. Tanto o Analista do Comportamento Assistente, quanto o
Aplicador/Técnico não tem autonomia na tomada de decisão e direcionamento da intervenção,
necessitando imprescindivelmente do direcionamento de um Analista do Comportamento
Supervisor. Desta forma, um serviço deve contar com no mínimo o Supervisor e um outro
profissional ou aplicador.
A Intervenção Comportamental baseada em ABA oferece à pessoa diagnosticada com Transtorno do
Espectro Autista uma melhora na comunicação, refinamento das relações sociais, ampliação de
repertório global e desenvolvimento de autonomia. Favorece também a redução de comportamentos
não adaptativos, tais como estereotipias, agressividade, ecolalias, entre outros, ou mesmo
substituição por outros comportamentos socialmente aceitáveis que desempenhem a mesma função,
mas com mais eficiência. Possibilita ao paciente equiparar-se aos seus pares, dando-lhe qualidade
de vida, direito de igualdade, respeitando princípios constitucionais, tais como: dignidade da pessoa
humana, direito à saúde, direito à vida, tão caro à sociedade.

Através do laudo da Neuropediatra nota-se que tanto a Psicologa quanto a Acompanhante


Terepêutica devem ter formação em ABA isso por que o trabalho da Acompanhante Terapêutica visa
dar continuidade em ambiente domiciliar das técnicas orientadas pela psicologa em um Plano
Individualizado feito para aquele individuo autista especificamente, dessa forma a atuação da
Assitente Terapêutica trata-se de mais um elemento componente do tratamento multidisciplicar que
envolve TO, Fono e também a Psicologa. 

Ou seja, a Acompanhante Terapêutica é parte necessária da intervenção visando alcançar a carga


horária necessária para estimulação eficaz da criança na primeira idade, ela é portanto parte do
tratamento terapêutico, médico e não simplesmente de carater de suporte ou educacional.

Dessa forma se ha por parte da medica indicação terapia baseada ABA, o plano não pode inteferir. E
só se caracteriza terapia baseada em ABA se houver um interenção intensiva. Qualquer coisa que
seja diferente disso descaracteriza o tratamento e impacta negativar no desenvolvimento das
potencialidades que visam autonomia e qualidade de vida da criança.

SOBRE OS ARTIGOS APRESENTADOS PELO PLANO DE SAUDE NA CONTESTAÇÃO: 

Trata-se de artigo publicado em 2013 como se pode ver


aqui: https://www.scielo.br/j/codas/a/vgGhzWvhgWXJXp5PrvBK9Nr/?lang=pt

Note que a ciência avança em passo veloz e que já se passaram 08 anos desde então, além de se
tratar de uma análise sistemática de 52 artigos sobre o tema entre os anos de 2009 e 2013.

Como contraposição, veja o trecho abaixo, retirado do artigo disponível no link a


seguir( https://www.researchgate.net/profile/Carlos-Silva-Jr-2/publication/348976352_Cap_13-
_Ensino_de_Fisica_no_ensino_superior_a_utilizacao_dos_jogos_adaptados_como_instrumentos_m
ediadores_na_inclusao_de_alunos_autistas_p_187-
203_2020/links/6019b85f45851589397a3de0/Cap-13-Ensino-de-Fisica-no-ensino-superior-a-
utilizacao-dos-jogos-adaptados-como-instrumentos-mediadores-na-inclusao-de-alunos-autistas-p-
187-203-2020.pdf#page=123) , neste artigo pesquisadores brasileiros fazem referencia a uma
revisão sistemática que inclui mais de 2.700 artigos:

"As pesquisas globais são mais relevantes porque compilam enorme quantidade de pesquisa e
entregam um resultado que permite uma orientação das políticas públicas sem a necessária análise
da infinidade de pesquisas sobre cada intervenção já inventada. As mais relevantes pesquisas sobre
o tema são de livre acesso e participam de iniciativas de disseminação de Práticas Baseadas em
Evidências nos EUA e fora dele, como o AFIRM (SAM, et al. 2020).
O National Standard Project, do National Autism Center, é um projeto de análise das PBEs globais
e focais em autismo e está hoje em sua terceira fase, ainda incompleta. Mas os achados da segunda
fase apresentam como intervenção global com evidência para autismo a “Intervenção
Comportamental” ou ainda sua específica forma de Intervenção Comportamental Intensiva Precoce,
ambas referenciadas na Análise do Comportamento Aplicada (NAC, 2015). 
A Revisão Sistemática do National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice (NCAEP),
publicada em abril de 2020, analisou as pesquisas de intervenções focais em autismo e chegou
a 28 Práticas Baseadas em Evidências (STEINBRENNER, 2020), sendo 23 baseadas em
Análise do Comportamento Aplicada – ABA e outras 5, que são: 1) exercício e movimento
(estas pesquisas possuem referenciais teóricos em ABA e também outras fontes); 2.
Intervenção Mediada por Música (estas pesquisas possuem referenciais teóricos em ABA e
também outras fontes); 3. Intervenção e Instrução Assistida por Tecnologia (estas pesquisas
possuem referenciais teóricos em Análise do Comportamento Aplicada e também outras
fontes); Intervenção Cognitivo-Comportamental (o referencial teórico é a Ciência Cognitiva);
Integração Sensorial de Ayres (o referencial teórico é próprio)."

Segue o link para a pesquisa que eles mencionam


acima: https://www.nationalautismcenter.org/national-standards-project/, disponível em
ingês.

Os trechos a seguir eu retirei do relatório oficial da Academia Americana de Pediatria (eu fiz uma
livre tradução, está disponível em inglês no
site: https://pediatrics.aappublications.org/content/145/1/e20193447#ref-41):

"Abordagens para intervenção


ABA
A maioria dos modelos de tratamento baseados em evidências são baseados nos princípios da
ABA. ABA foi definido como "o processo de aplicação sistemática de intervenções com base nos
princípios da teoria de aprendizagem para melhorar comportamentos socialmente significativos em
um grau significativo e para demonstrar que as intervenções empregadas são responsáveis pela
melhoria no comportamento." O uso de métodos ABA para tratar os sintomas de TEA sugerem que
os comportamentos exibidos podem ser alterados reforçando programaticamente as habilidades
relacionadas à comunicação e aquisição de outras habilidades. Assim, os tratamentos ABA podem
ter como alvo o desenvolvimento de novas habilidades (por exemplo, envolvimento social) e / ou
minimizar comportamentos (por exemplo, agressão) que pode interferir no progresso da criança."

Na página 02 deste parecer anexo, o conselho de medicina do paraná relata a eficácia


cientificamente comprovada do ABA:

https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/pareceres/PR/2019/2770_2019.pdf

No manual da sociedade brasileira de pediatria é mencionada o ABA como primeira opção de


tratamento para o autismo, citando o modelo DENVER de intervenção precoce, veja a página 16:

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Ped._Desenvolvimento_-_21775b-MO_-
_Transtorno_do_Espectro_do_Autismo.pdf

Apesar de que, a meu ver esta discussão me parece vazia por que ainda que haja alguma corrente
científica que questione métodos baseados em ABA como os mais eficientes, independentemente
disso, a terapia indicada pela profissional Neuro no caso de XXXXXXXXXX é este, e para que seja
feito o tratamento corretamente é necessário a intervenção intensiva através da participação do
Acompanhante Terapêutico.

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