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CURSO DE PSICOLOGIA

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDESC

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

Psicologia Clínica – A Adolescência e o processo de


adolescer para jovens autistas

LUZIÂNIA GO
2021
LUCIANE CORDEIRO DOS SANTOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

Psicologia Clínica – A Adolescência e o processo de


adolescer para jovens autistas

Relatório de estágio apresentado


a disciplinas de Estágio III, ministrada
pela Professora Natália Inês,
relativo à conclusão da matéria.

LUZIANIA GO
2021
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO A ADOLESCÊNCIA E O PROCESSO DE ADOLESCER PARA

AUTISTAS 4

2 – PROPOSTA COM BASE EM REFERENCIAL TEÓRICO 7

3 – OBSERVAÇÕES E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO ESTAGIÁRIO

DURANTE O ESTÁGIO 8

4 - ANÁLISE: SÍNTESE ANALÍTICA DAS PRINCIPAIS PERCEPÇÕES DESTE

TRABALHO 10

5 – CONCLUSÃO: 13

6 - BIBLIOGRAFIA 14

7. ANEXO 1: 15

8. ANEXO 2 18
1 – INTRODUÇÃO A ADOLESCÊNCIA E O PROCESSO DE ADOLESCER
PARA JOVENS AUTISTAS

O presente relatório de estágio traz o resultado de pesquisas com


adolescentes e entrevistas com psicólogos acerca do processo de adolescer nos
indivíduos com autismo, tanto profissionais da área da saúde mental quanto os
próprios sujeitos mencionados apontam para algumas questões acerca desse
processo, bem como se fundamenta em pesquisa bibliográficas acerca da
temática, apresenta também as atividades realizadas neste período.

Quando se fala ou se pensa em autismo, o comum é atribuir isso a


crianças, mas as crianças crescem, não é diferente com o indivíduo dentro do
espectro do autismo, porém é muito difícil ler ou se falar sobre autismo na
adolescência.

O Transtorno do espectro autista - TEA, é um distúrbio do


neurodesenvolvimento, consiste em uma alteração onde diversas capacidades
como a comunicação, a socialização, e o comportamento do indivíduo são
afetadas, segundo o DSM-V, nesta denominação, engloba também a síndrome
de Asperger.

Devemos realçar que, ainda hoje, ninguém sabe dizer ao certo e de


forma indiscutível, o que é o Autismo. Assim, não podemos nos afastar
da recomendação de Leo Kanner 1 em relação à adoção de uma
postura de humildade, cautela diante do tema, já que compreender o
Autismo exige uma constante aprendizagem, uma revisão contínua
das nossas crenças, valores e dos nossos conhecimentos sobre o
mundo e, sobretudo sobre nós mesmos (CAVACO, 2014, p. 45).
A adolescência é uma etapa de vida repleta de desafios para todas as
pessoas creio que para as crianças com autismo ela seja mais acentuada, pois
esses desafios se tornam mais frequentes. Nesta fase existe uma urgência e
uma alta exigência de habilidades sociais, como a parte da sexualidade,
autoestima, responsabilidades, que podem ocasionar depressão, ansiedade e
comportamentos muito rígidos não só em adolescentes típicos, mas sobretudo
em indivíduos atípicos. Inúmeras são as decisões a serem tomadas e, no caso
do adolescente com autismo leve ou moderado, existe uma dificuldade de

1
Psiquiatra que denominou o termo Autismo, baseado em seu colega de profissão Eugen Bleuler, que em
1908 criou o nome para descrever a fuga da realidade para um mundo interior observado em pacientes
esquizofrênicos.
entendimento quanto ao que está acontecendo, ele começa a perceber que há
algo diferente com ele e se atentar mais para os olhares de seus pares.

Se para um adolescente típico o período da adolescência é


extremamente complicado e difícil imagina para um adolescente
atípico. Segundo Bastos et all, uma das grandes dificuldades é a
escassez de pares, bem como a dificuldade dos pais em deixar que os
filhos experimentem situações independente da presença deles, essa
falta de autonomia impede o desenvolvimento do indivíduo, e também
pode ser fator gerador de agressividade.
A discriminação de jovens com autismo pode ser observada em diversos
contextos; no meio acadêmico o estigma da não capacidade chega primeiro que
o próprio aluno, ao ler a ficha do aluno ele já passa automaticamente por uma
classificação e segregação por parte de muitos educadores, que na maioria das
vezes prefere ignorá-los dentro de sala de aula. Muitos sequer se dão ao trabalho
de realizarem adequações curriculares e procurar meios de inserir o aluno no
ambiente, procurando ser mediador nas relações sociais no meio acadêmico
fornecendo uma ponte entre ele e seus pares.

Sem uma mediação no sentido de diminuir o preconceito dentro dos


ambientes sociais, principalmente o escolar, local onde o adolescente passa a
maior parte de seu dia, esses adolescentes continuarão sofrendo e sendo
estigmatizados, um comportamento social perpetuado por uma cultura de
padronização do que é ou não normal; segundo Salvador:

O gênero humano, historicamente discrimina pessoas com deficiência,


como desiguais, insistindo em expulsá-los do convívio, pois não os
considera semelhantes, em nome da normalidade padronizada que
referência a conduta da espécie. Na verdade, por detrás desse
preconceito clássico estão estipulados os requisitos estatísticos para
qualificação do normal- ou do anormal por exclusão – escondendo uma
das mais antigas mazelas da humanidade: o temor da limitação
humana (SALVADOR, 2015, p. 20).
Trabalhar a extinção dos preconceitos, e a erradicação dos estigmas tem
que ser um dos pilares da educação, principalmente quando se trata de crianças
e jovens com deficiências, transtornos ou algum tipo de dificuldade, a questão
que se quer tentar levantar é o que fazer para resolver a condição desses
adolescentes que ao mesmo tempo em que convivem com todas as mudanças
típicas da idade, ainda passam por esse tipo de exclusão.

A pesquisa aqui feita sobre os adolescentes com autismo, embora


singela, lança luz a uma nuance do desenvolvimento, e aos pontos e
contrapontos relativos à fase da adolescência. Esses adolescentes, e, mais
especificamente os que sofrem com autismo leve, são subestimados, deixados
à margem do convívio social relativo a esta etapa do desenvolvimento, no
processo acadêmico, entre outros.

Discriminados e exilados do convívio mais íntimo com os pares de sua


idade por terem dificuldades com o que não é literal. Geralmente as garotas
vivenciam relações abusivas pela mesma falta de habilidade, ou até por falta de
um treinamento para reconhecer situações de risco, que as vezes são notadas
no cinismo, nas expressões faciais, e no forma como o outro se comporta, toda
essa dificuldade aliado ao abandono profissional, daqueles que desistem deles
sem nem mesmo tentar, que de posse do diagnóstico da criança já decreta "esse
não é capaz", realidade dura mas verdadeira, acarreta grande sofrimento a eles.

Outra coisa que pode pesar nesta fase, é o diagnóstico tardio, crianças
que recebem diagnósticos tardio podem ter dificuldades em aceitar, e ainda
passar por desvantagens em relação às que foram diagnosticadas
precocemente e que recebem acompanhamento multidisciplinar desde mais
jovens. A fase de transição da infância para a adolescência no indivíduo com
grau leve ou moderado, pode ser mais tranquila se existir já um tratamento desde
a infância, segundo observação da neuropsicóloga Gislene Ferretti, uma de
nossas entrevistadas.

O interesse pelos relacionamentos costuma surgir na adolescência, e é


perfeitamente normal que esse assunto gere alguma ansiedade na maioria dos
jovens. Não é diferente para os jovens com TEA. Na verdade, até mesmo para
os adultos do espectro, os relacionamentos amorosos podem ser um desafio.
Isso porque autistas, mesmo aqueles de grau leve, costumam ter dificuldades na
interação social.

Neste sentido o trabalho com esses indivíduos seria mais eficiente nesta
etapa se todo o seu contexto fosse levado em consideração, numa abordagem
sistêmica, segundo consenso dos profissionais entrevistados, onde família e
paciente integrassem a terapêutica, sem contudo excluir outras linhas teóricas,
a Psicoeducação também pode ser considerada como uma aliada na orientação,
sendo uma forma de aprendizagem capaz de proporcionar tanto a família quanto
ao adolescente o desenvolvimento de pensamentos, concepções e reflexões
sobre si e sobre o mundo, levando a mudanças de comportamento e
pensamentos propiciando ao indivíduo que se tornem autor de sua própria
história.

2 – PROPOSTA COM BASE EM REFERENCIAL TEÓRICO

A proposta de trabalho trazida pela professora Natália Inês para os alunos


que não poderiam sair a campo neste semestre, consistiu em pesquisa e análise
de material teórico, alunos com interesses em comum se juntaram em grupo
para pesquisar e estudar sobre este, no nosso caso optamos pela Psicologia
Clínica, tendo cada um seu foco em particular, neste caso o foco escolhido foi
os adolescentes, mais precisamente os indivíduos inscritos no espectro do
autista. De acordo com Teixeira,

A concepção clássica de psicologia clínica afirma ser esta uma


disciplina que tem como preocupação o ajustamento psicológico do
indivíduo e como princípios o psicodiagnóstico, a terapia individual ou
grupai exercida de forma autônoma em consultório particular sob o
enfoque intra-individual com ênfase nos processos psicológicos e
centrado numa relação dual na qual o indivíduo é percebido como
alguém a-histórico e abstrato.
Neste sentido, foi possível a prática de observação e coleta de dados,
entrevistas e levantamento de questões relevantes ao estudo da psicologia
clínica, além de reafirmar a relação teoria-prática e de pensar o estudo das
diversas vertentes da psicologia, propostas metodológicas e linhas teóricas
vigentes na prática clínica, por meio da observação e participação, bem como da
produção escrita.

Um dos principais objetivos é a junção da teoria e prática, aliar teoria e


prática passa pelo estudo da problemática do indivíduo, neste sentido as opções
de escolha são vastas, segundo Tatiana Pimenta,

Estima-se que exista mais de duzentos tipos de abordagem. Somente


a psicanálise possui sete escolas diferentes, sendo Freud, Lacan e
Winnicott nomes mais conhecidos. Todas as linhas são capazes de
ajudar um indivíduo a trabalhar com seus problemas. Importante
ressaltar que a abordagem terapêutica é importante como orientação
teórica e base de estudos para o profissional.
Através da pesquisa bibliográfica de artigos foi possível direcionar as
ideias rumo a prática clínica, que levou ao planejamento, organização e
realização da pesquisa originária das questões tratadas neste relatório.

Desta forma, nos possibilitou identificar nas pesquisas e entrevistas


realizadas dados que apontam as particularidades trabalhadas na clínica com
adolescentes autistas, como dificuldades relacionadas a socialização,
dificuldades no quesito afetividade no que tange a amizade com seus pares, a
dificuldade de delimitação da personalidade dos pais e filhos por parte dos
responsáveis parentais, entendendo o filho como uma extensão frágil de si
mesmos e dificultando o desenvolvimento da independência daqueles.

E, além da perspectiva dos adolescentes, os profissionais entrevistados


puderam deixar sua contribuição acerca das questões relacionadas ao trabalho
clínico realizado com indivíduos dentro do espectro do autismo. A opinião quanto
as ações de tratamento desses indivíduos não são homogêneas e nem
unanimes, apontam para caminhos diversos dentro da psicologia clínica, mas
que demonstram potencial no que tange a amenização de processos de
sofrimento ocasionadas nesta fase do desenvolvimento do sujeito.

Uma constatação foi unânime dentro do espaço amostral dos


entrevistados, a falta de profissionais capacitados para trabalharem com os
adolescentes com autismo. Sendo esta, uma dificuldade na hora de buscar
referenciais práticos que trouxessem maiores contribuições para esse trabalho.

3 – OBSERVAÇÕES E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO ESTAGIÁRIO


DURANTE O ESTÁGIO

Durante o período do estágio nos reunimos com a supervisora


quinzenalmente tendo início no dia 02/03/2021, onde fomos instruídos a buscar
artigos sobre as áreas da psicologia, e nessa pesquisa encontramos aquilo que
nos chamou mais atenção, dessa maneira traçamos nossas estratégias de
construção do conhecimento na prática.

Ao formarmos o grupo da Clínica com ênfase na adolescência, cada


membro do grupo - éramos no total de onze - com interesse em assuntos
diversos dentro da perspectiva clínica lançou questionamento acerca de sua
área de interesse, começamos a criar um questionário que englobasse a
totalidade dos assuntos para partirmos em busca dos profissionais que
respondessem nossas questões.

A princípio a expectativa era de conseguirmos uma clínica multidisciplinar,


todo o processo de contato ocorreu por umas três semanas, inclusive foi possível
visitar as instalações da clínica, porém não foi possível chegar a um consenso
quanto a dias e horários para realizarmos a atividade de entrevista ao vivo,
devido a agenda dos profissionais. No momento da percepção deste entrave,
entrei em contato com a Psicóloga Raísa Nava, desde que fiquei responsável
pela busca da profissional.

Antes que ocorresse a entrevista ao vivo onde muitas das nossas


questões foram prontamente sanadas, foi realizado um formulário do google e
disponibilizado para as mídias sociais com intuito de colher opinião de mais de
um profissional, e, foi possível perceber a dificuldade de encontrarmos
profissionais disposto a compartilhar seus conhecimentos, o que reconheço ser
um pouco frustrante.

Para além do questionário sobre os assuntos da Clínica com ênfase em


adolescentes, também elaborei um formulário2 em busca de um referencial que
viesse diretamente de indivíduos nesta fase de desenvolvimento inscritos no
espectro do autismo, com perguntas relevantes ao trabalho em questão, foi
possível notar do resultado obtido os fatores que geram incomodo a essa
população, e ainda constitui material que deu origem a perguntas feitas a Drª
Raisa.

Tivemos o momento da nossa entrevista ao vivo pelo Zoom meeting no


dia 23 de abril, com a duração de uma hora, foi um encontro proveitoso, no qual
nos surpreendemos com tamanha experiência frente a uma caminhada de 4
anos, a Drª Raisa também falou um pouco sobre o começo da caminhada, e tirou
a dúvida de muitos quanto a como dá um start na carreira após a formatura.

A culminância do nosso trabalho se deu nesta entrevista, muito embora


tenhamos seguido com os estudos, e persistido ainda com nossas pesquisas

2
Perguntas e respostas em anexo 2
bibliográfica, estudando artigos relevantes ao nosso assunto relacionado a
clínica, que geraram resenhas entregues ocasionalmente a nossa supervisora
Professora Natália.

4 - ANÁLISE: SÍNTESE ANALÍTICA DAS PRINCIPAIS PERCEPÇÕES DESTE


TRABALHO

Durante a realização do estágio compreendemos várias nuances dentro


da prática clínica psicológica, realizamos trocas significativas quanto a
preferência de abordagem de cada um dentro do grupo de estudo, as
perspectivas de trabalho da psicologia clínica com adolescentes podem tomar
direções diversas a depender da abordagem que o profissional escolha.

Além de adquirir mais um pouco de conhecimento do trabalho clínico em


abordagens diversas, foi possível ter uma visão significativa da abordagem
dinâmica que é a vertente de trabalho em que a Drª Raísa, entrevistada pelo
grupo, concebe sua prática clínica.

Esta abordagem à psicologia incide sobre as unidades e centra-se nas


pulsões de uma pessoa individual, especialmente as do inconsciente.
Ela também se concentra nas diferentes estruturas da personalidade
de alguém. Embora as teorias de Freud tenham se tornado a base para
a teoria psicodinâmica, a teoria cresceu para incluir as ideias de outros
cientistas, como Carl Gustav Jung e Erik Erikson.
Observou-se, porém, que embora o psicoterapeuta tenha uma linha que
direciona sua prática clínica, ele lança mão de diversas outras abordagens para
lidar com seu paciente conforme o caso, isso se denota na fala da psicóloga
quanto ao seu trabalho com adolescentes autistas, onde mescla práticas
advindas da análise comportamental, da Terapia cognitivo comportamental e da
psicologia sistêmica. Pega emprestado da TCC a psicoeducação, da sistêmica
o trabalho conjunto com a família, e da análise comportamental os fundamentos
de identificação de comportamentos disfuncionais. Daí a importância de
conhecer e dominar todas as técnicas.

Durante o momento da entrevista foi frisado pela Drª Raísa a importância


de uma família ativa e consciente no processo de adolescer, seja para indivíduos
típicos ou atípicos, a clínica deve focar em um trabalho sistêmico que envolva
todo o contexto em que o indivíduo está inserido.
Os dados levantados no questionário3 direcionado a profissionais mostrou
a divergência quanto ao manejo clínico com adolescentes inscrito no espectro
do autismo, e deixou claro a necessidade de se levar em conta a percepção do
próprio indivíduo que vivencia este período, afastando-se do embasamento em
comportamentos genéricos de adolescentes típicos, foram entrevistados no total
seis profissionais.

Já na fala dos indivíduos inscrito no espectro do autismo demonstrou a


urgência que este tem no que tange ao convívio com seus pares, divergindo da
opinião de profissionais que acreditam que eles atravessam a fase de transição
para a adolescência da mesma forma que um indivíduo típico

Alguns conflitos desta etapa de vida quando associados a um


transtorno mostram-se mais complexos, como no caso do Transtorno
do Espectro Autista (TEA), principalmente por ser caracterizado por
prejuízos sociocomunicativos, comportamentos estereotipados e
repertório restrito de atividades e interesses. (Associação Americana
de Psiquiatria)
Oito jovens inscrito no espectro do autismo responderam a entrevista
proposta para esse trabalho, sendo 37% diagnosticados com a síndrome de
Asperger, e 62,5% com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Dentre os maiores desafios para estes adolescentes está a questão da


socialização, da manutenção de amizades com seus pares, do convívio social
na vida acadêmica e da dificuldade de relacionamentos. Os sentimentos que
permeavam na cabeça desses indivíduos eram conflitantes e o sofrimento com
a incompreensão também foi citado por alguns.

A ajuda da família nem sempre era da ordem que estes adolescentes


precisavam, alguns escondiam seus problemas, já acostumados a
incompreensão, neste ponto penso que faltou conhecimento dos pais quanto a
condição de seus filhos, bem como a tradicional falta de entendimento da própria
fase do desenvolvimento que estes estavam enfrentando, acredito que a
psicoeducação como ferramenta de autoconhecimento sobre o próprio processo,
permitiria a estes pais e adolescentes uma real percepção dos prejuízos
causados pelo TEA, e pela postura de ambos os lados ante o problema.

3
Perguntas e respostas em anexo 1
Neste sentido lidar com o turbilhão de emoções que são característicos
da adolescência se torna um desafio para o indivíduo com autismo, para a sua
família e também para o profissional da psicologia, que tem que procurar
compreender e buscar referenciais nos próprios indivíduos, entender o que este
quer falar, quais são suas maiores angústias, o que esperam para o futuro, e
principalmente quais são suas maiores dificuldades no momento, deixar que
tomem o lugar de protagonismo na clínica.

Constata-se pelas respostas dos profissionais que nem sempre os


embasamentos são aliados a percepção do indivíduo autista, mas carregado das
crenças do próprio profissional. Contudo, é importante salientar que nem todos
os casos de autismo na adolescência vão ser muito difíceis. É preciso lembrar
que o espectro é amplo, e que cada experiência individual é única.

Ainda sobre as respostas dos adolescentes, a área de relacionamento


amoroso, no que diz respeito ao namoro também se mostrou bem dificultosa
para estes adolescentes. O vai vem dos sentimentos da fase da puberdade,
aliado às dificuldades sociais do indivíduo no espectro têm acarretado conflitos
internos e pressões externas, visto que se tornam muito mais conscientes do
quão difícil é se envolver efetivamente numa comunidade e interagir com
pessoas da mesma faixa etária, agrega-se a isso o fato de estarem atentos aos
sinais de rejeição e estranhamento de seus pares.

Conclui-se ainda nos dados encontrados que todos esses adolescentes


conseguem se ver e até projetar suas expectativas para o futuro, não tendo como
preferência a dependência parental, e se atentam quanto a um
acompanhamento psicoterápico de forma a amenizar suas angústias, esperam
que esta esteja aliada a suas particularidades e percepções.
5 – CONCLUSÃO:

A conclusão que se chega diante das pesquisas realizadas deixa claro a


urgência do equilíbrio de tratamentos clínicos psicológicos alinhados a
percepções dos próprios adolescentes envolvidos, é preciso deixar de lado a
crença de que adolescentes inscritos no espectro autista atravessem essa fase
da mesma forma que adolescentes típicos, existem particularidades que tornam
ainda mais difícil essa fase do desenvolvimento para os indivíduos com TEA.

Conclui-se ainda que não existe uma única abordagem que se possa
dizer, esta é a melhor, todas as técnicas e todas as abordagens são igualmente
eficazes na Psicologia Clínica que trata o adolescente com autismo, o que vai se
distinguir é o caso, o que esse paciente traz consigo é que vai determinar qual a
linha a ser seguida pelo profissional.

Não obstante é preciso salientar a importância da família em todo o


processo de terapia realizado com estes adolescentes, essa atitude é consenso
entre os profissionais que foram entrevistados, deixando claro uma postura de
cooperação entre ambiente familiar e clínico no tratamento das angústias
daqueles que venham a necessitar de apoio na transição da infância para a
adolescência.

E, ainda não se pode deixar de frisar o quanto esses adolescentes


precisam que a comunidade de psicologia se fundamente em suas percepções
considerando suas particularidades e sua subjetividade, e que não só neste
momento, mas em outras fases de vida é preciso de mais pesquisas no que
tange ao mundo do espectro do autismo, visto que se tem uma vasta área de
pesquisa no que diz respeito a infância, deixando as outras fases de
desenvolvimento sem muitos estudos científicos significativos.

Por fim, esse é apenas um recorte da realidade, visto que a população


utilizada como fonte de coleta de dados é um número pequeno em relação ao
grande contingente de indivíduos com autismo na atualidade, carecendo de mais
estudos. Sobretudo salienta a importância das pesquisas e das entrevistas
realizadas para o nosso aprendizado, enquanto psicólogos em formação, no
sentido de enriquecimento e conscientização.
6 - BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Aline Abreu de. Treinamento de Pais e Autismo: Uma


Revisão de Literatura. Ciências & Cognição 2016; Vol. 21(1) 007-022
Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 2014. Apud Revista


Educação Especial | v. 33 | 2020 – Santa Maria (Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial)
BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira; Saad, Amanda Pereira
Risso; Souza, Geisa Alessandra Cavalcante de. Adolescentes com
Transtorno do Espectro Autista: singularidades do desenvolvimento
psicossocial. Revista Educação Especial | v. 33 | 2020 – Santa Maria Disponível
em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial

CAVACO, N. Minha criança é diferente? Diagnóstico, prevenção e


estratégia de intervenção e inclusão das crianças autistas e com necessidades
educacionais especiais. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.

SALVADOR, N. Autistas...Os pequenos nadas. Rio de Janeiro: Wak


Editora, 2015.

TEIXEIRA, Rita Petrarca. Repensando a psicologia clínica. Paidéia


(Ribeirão Preto) [online]. 1997, n. 12-13 [Acessado 30 Maio 2021], pp. 51-62.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-863X1997000100005>.

PIMENTA, Tatiana. Psicoterapia – O que é, quais são os tipos e onde


encontrar um psicólogo. Disponível em https://www.vittude.com/blog/o-que-e-
psicoterapia, acessado em 30/05/2021.
7. ANEXO 1:
Questionário Aplicada a profissionais área de Psicologia e afins

Quem respondeu?
Seu nome e sua profissão, por favor.5 respostas
1. Gislene Ferretti - Neuropsicóloga
2. F. Psicopedagoga.
3. R. Psicanalista
4. W. Psicóloga
Sua idade1 resposta
35
Na sua opinião, e baseado na sua experiência e observações, quais os principais
desafios da fase de desenvolvimento da adolescência na ótica de indivíduos inscrito
dentro do Espectro do Autismo?5 respostas
1. É saber lidar com alterações hormonais; Diagnóstico tardio; não aceitação;
2. Acredito que incluir esse adolescente com os outros.
3. A transformação de criança para adolescente já é bem difícil e problemática
e no indivíduo autista ainda mais, a aceitação, o reconhecimento, a transição
devem ser rodeados de muito amor e carinho, atenção e paciência. Observar
e acompanhar sem deixar de cuidar dos meios externos e fato quase diário
de não deixar nada afetar o desenvolvimento sem ser super protetor.
Adaptação diária, todo dia uma conquista e cada um é cada um.
4. O trabalho de conscientização para com os pais.
Como eles enfrentam essa fase?5 respostas
1. Depende ao meu ver em que grau está em primeiro lugar. Em grau leve a
moderado, se existir já um tratamento desde a infância, está transição será
mais tranquila. Mas tive um caso que o adolescente não aceitou o
diagnóstico devido ter sido tardio.
2. Pelo que observo é normal.
3. Não desistem
4. A maioria assim como outros adolescentes!
Como proceder com o adolescente com autismo de grau severo?5 respostas
1. Primeiro a avaliação neuropsicóloga é de suma importância para sabermos
a parte neurológica, cognitiva e comportamental do paciente, pois assim
temos como criar um plano de intervenção de acordo com seu
desenvolvimento.
2. Não sei pq as que eu conheço o grau é de leve moderado.
3. Mais cuidado
4. Primeiro ter muita empatia e conhecimento e habilidades.
Como ajudar o autista de grau leve e moderado a não cair em armadilhas enganosas
devido à dificuldade de compreender as intenções alheias?5 respostas
1. Acredito que sempre deve ter alguém para auxiliar na tomada de decisão .
Mas também, trabalhar sempre reforçando comportamentos que envolvam a
função executiva.
2. Sempre através do diálogo. A familia precisa ser presente.
3. Ser atento e proteger
4. Orientando e treinando!
Quando as crianças com TEA chegam a adolescência os profissionais que os
atendem continuam os mesmos? Como é feito esse acompanhamento? Continua em
um contexto multidisciplinar?5 respostas
1. Continuam sim. Principalmente quando é visível a evolução do paciente, pois
os resultados são a longo prazo e é de suma importância a intervenções
junto à família.
2. Sim. Acredito que siga o mesmo tratamento.
3. Ajuda externa e sempre essencial
4. Continua em um contexto multidisciplinar, mas é provável que mude alguns
profissionais!
Como um profissional de psicologia deve se preparar para essa demanda?
Atualmente existem muitos profissionais capacitados para atuarem junto a esses
adolescentes?5 respostas
1. Na minha opinião os profissionais não estão altamente capacitados para
lidarem com está demanda. É preciso se especializar.
2. Estudando. Acho que sim.
3. Não sei
4. Especialização!
Na sua opinião o trabalho com o adolescente com TEA é tão importante quanto a
intervenção precoce? Por que?5 respostas
1. Não. Tudo que é estimulado logo no início, as chances de reduzir
comportamentos inadequados são maiores.
2. Sim. Pois acredito que esse adolescente irá se desenvolver mais.
3. E um acompanhamento para a vida toda
4. Sim, assim como em outros casos faz com que o paciente tenha uma
evolução e compreensão de mundo melhor!
Quais riscos podem ocorrer a um adolescente atípico caso não tenham
acompanhamento adequado?5 respostas
1. Uma maior agressividade podendo ser física ou verbal e atraso no seu
desenvolvimento.
2. Se fechar mais. Vir a desenvolver outros transtono.
3. Ser uma pessoa não inserida na sociedade
4. Pode ser que agrave
Na sua opinião qual o melhor caminho para o preparo desse adolescente para a vida
adulta?5 respostas
1. Trabalhar com reabilitação e terapia, junto com outros profissionais
dependendo das necessidades de cada paciente.
2. A base de infância adolescência precisa ser firme. Para que a etapa adulta
seja com mais autonomia.
3. Psicopedagogia
4. Acompanhamento com os profissionais adequados
Quais tratamentos/abordagens considera mais eficiente e eficaz no
acompanhamento de um adolescente com TEA? Qual sua opinião quanto ao ABA?5
respostas
1. Não existe receita de bolo pronta. Cada paciente necessita de uma
intervenção diferente.
2. Terapia
3. Não sei
4. Não existe uma adequada, mas sim aquela que o sujeito vai reagir mais
Quais são os sinais de alerta de comportamento suicida? Como proceder diante de
um adolescente com pensamento suicida?2 respostas
1. R. Conversar
2. W. Isso é muito de sujeito para sujeito
Ainda que o uso das tecnologias represente benefícios, como alertar os pais de
jovens sobre os perigos associados ao uso excessivo das redes sociais?2 respostas
1. R. Vigiar
2. W. Palestras
Que aparato é fornecido para promover ao adolescente o desenvolvimento de uma
imagem corporal positiva diferente das imagens idealizadas nas mídias sociais?2
respostas
1. R. Comparar e não se aceitar
2. W. Orientação
É verdade que os pais tratam de seus filhos adolescentes com base em sua memória
consciente ou inconsciente de sua própria vivencia na adolescência?2 respostas
1. R. Sim
2. W. A maioria
É relevante orientar o adolescente sobre a importância do diálogo com os pais nessa
fase de crise, mesmo que esse adolescente não tenha uma boa relação parental?2
respostas
3. Conversar sempre
4. Com certeza
Na sua opinião, é um desafio lidar com a saúde mental dos adolescentes, uma vez
que as redes sociais exercem uma grande influência sobre eles?2 respostas
3. Opinar através do exemplo
4. Sim
Como proceder diante de um adolescente que se encontra em conflito existencial e
não dispõe de apoio familiar?2 respostas
3. Enviar para apoio psicológico
4. Apoio nas redes que tem fora dos seus contextos de vivência
Qual a sua opinião quanto uma clínica conjunta com a família desses sujeitos, a nível
terapêutico?5 respostas
1. Importante, já que as vezes a família não entende, não aceita e não sabe
lidar com eles.
2. Acho que deve ser assim juntos.
3. Tratar de forma completa e toda a família e a melhor forma de terapia
4. Tem que ser a mais próxima possível
8. ANEXO 2
Questionário Aplicado a jovens e adolescentes com autismo

Qual o seu nome?


E. V.
P. A. N.
G. A. A.
L.R.
C. A
C. A. M.
E.
B.

Quais os maiores desafios na adolescência para o adolescente com autismo? 8


respostas

1. Integração social
2. Se enturmar, se relacionar, ser compreendido e se sentir apoiado sem as pessoas
acharem que é "frescura".
3. Me socializar
4. Dificuldade em matemática
5. Interpretação
6. O desafio de fazer e principalmente manter relacionamentos sociais com
indivíduos da mesma faixa etária
7. Inclusão social e relacionamentos
8. Lidar com o ambiente social extremamente hostil. Uma hora estamos felizes com
nossos interesses "infantis" (jogos, brinquedos, séries e desenhos), e de repente
todos a nossa volta começam a falar de festas, namoro, sexo, álcool... Vc se sente
obrigado a crescer mais rápido do que se sente preparado. Se na adolescência o
grupo é tudo, adolescentes conseguem ser particularmente cruéis com aqueles
que não se encaixam.

O que mais te incomodou quando estava entrando na adolescência? 8 respostas


1. Solidão e sentimento de não pertencer a um grupo
2. O turbilhão de informaçoes novas e não conseguir ficar com ninguém e o bullying
3. Não conseguir falar com as pessoas
4. Quando terminei com o meu namorado
5. Ausência de Deus,eu era ateu
6. As mudanças de gostos pessoais de infantis para pré adolescentes
7. Exclusão social por parte dos outros adolescentes
8. A escola e as pessoas de lá. A escola deixou de ser um lugar que eu amava ir para
aprender, e se tornou uma câmara de tortura onde eu ficava trancada no banheiro
boa parte do tempo. Meus colegas iam pra escola pra socializar e eu nunca entendi
isso.

Como foi a sua adolescência no período escolar? 8 respostas


1 - Quase sem amigos e passando por muitas crises de ansiedade e depressão
Mais ou menos. Eu tinha 2 ou 3 amigos que sempre me ajudavam, então não foi pior por
causa deles.
2 - Muito difícil
3 - Muito bom
4 - Eu gostava de fazer maldades com as pessoas e bulllyng
5 - A fase mais difícil da minha vida, principalmente nos primeiros 2 anos
6 - Poucos amigos, os que melhor me compreendiam eram alguns professores, no geral
7 - foi normal, mas houveram muitas frustrações como bullyng pela forma de andar e pela
falta de habilidade social de conversar sobre assuntos de interesses comuns.
8 - Foi a pior fase da minha vida. Comecei a ter crises de pânico constantes aos 11 anos,
faltava aula o tempo todo porque estava dissociando e tendo crises. Nessa época fui
diagnosticada com depressão, passava o dia inteiro deitada no chão da sala, sem fazer
nada nem falar com ninguém, sem tomar banho há dias. Tinha que aguentar ainda fazer
todas as tarefas e provas atrasadas desses períodos que eu não ia pra escola, ouvindo
professores e coordenadores me chamando a atenção por faltar. Aos 14 anos comecei a
frequentar espaços virtuais pro-ana/mia e me mutilar. Me mutilei até os 15, tendo algumas
recaídas aqui e ali. Depois aprendi a descontar meus impulsos de auto mutilação no
caderno, escrevia meus sentimentos freneticamente (seja em textos caóticos ou poemas
e músicas) e os professores achando que eu tava investida na atividade. As vezes algum
colega notava algo estranho e iam fuçar meu caderno, resultando numa visita à pedagoga
e o sentimento de exposição e humilhação. Passei minha vida escolar lendo um livro e
observando atenciosamente meus colegas no recreio, quase como se fossem animais
num zoológico (isso quando não tava trancada no banheiro). Também sempre fui uma
pessoa 100% humanas e 0% exatas. Tinha crises de choros e gritos de até 4h toda vez
que ia estudar química e matemática, eu sofria muito e ninguém levava a sério quando
eu dizia que aquilo não fazia sentido pra mim. Se eu tivesse passado meus recreios lendo
a apostila de matemática e não de história, quem sabe alguém teria desconfiado que eu
era autista. Mas ciências humanas e as artes são vistas como brincadeira de criança num
colégio voltado pra vestibular, onde todos os colegas são criativíssimos e só querem ser
dentistas, médicos ou advogados.
Como sua família auxiliou no processo de transição da infância para a
adolescência?8 respostas
1 - Sempre se fizeram presentes mas nunca lidei com meus problemas sociais com ajuda
deles Até pq eu escondia
2 - Dando conselhos, mas não compreendendo o que realmente se passava comigo.
3 - Minha mãe me salvou de várias situações da escola
4 - Fui na piscologa,terapeuta
5 - Com terapia
6 - Através de livros q explicavam o pq da minha mudança corporal e mental e várias
conversas longas e interessantes
7 - Não auxiliou, eu aprendi a conviver com meus proprios demonios sozinho.
8 - Meu pai trabalhava o tempo todo, e as crises borderline da minha mãe pioraram em
100% conforme meu eu adolescente tentava criar algum senso de identidade e
independência. Foi traumatizante ter meltdowns enquanto minha mãe gritava pro meu pai
me bater por tê-lo desrespeitado com meus gritos. Detalhe: na época nem eu desconfiava
de ser autista, o que tornou o processo ainda mais desesperador. Ao mesmo tempo meus
pais se preocupavam com minha falta de interesse em contato social (não era tanto falta
de interesse, era que 90% dos meus colegas eram idiotas), tentavam desesperadamente
arranjar festas do pijama e saídas com amigas, até se ofereciam pra pagar essas saídas
na esperança que eu encontrasse amigos, mas nada me fazia sentir aceita ou incluída
porque simplesmente não conseguia me conectar com ninguém.

Quais objetivos e interesses você tinha quanto ao futuro? 8 respostas


1 - Um bom trabalho e um relacionamento estável
2 - Eu queira trabalhar e morar sozinha, para poder ter meus hiperfocos sem julgamentos,
viver com um pouco de felicidade.
3 - Me formar e trabalhar
4 - Casar,ter filhos
5 - Ficar rico e achar uma namorada
6 - Um emprego simples e comum, uma pequena casa no centro da cidade e um filho
7 - Um grande Cientista Físico, mas quando criança queria ser biologo de serpentes,
estou seriamente considerando meu primeiro interesse de infancia, já que continua um
hiperfoco para mim (herpetologia).
8 - Desde o 9o ano tive uma visão muito clara de que devia fazer história. Minha
verdadeira paixão é a música, objetivo que agora eu sigo, mas não me arrependo de ter
cursado história, meu segundo amor. Eu era tão focada nisso que entrei no 1o ano do
ensino médio já querendo fazer "networking" com meus professores de humanas,
pedindo referências de obras que eu pudesse ler etc. Tava todo mundo super empolgado
com o ensino médio enquanto eu, no primeiríssimo ano, chorava pra minha mãe que não
tava pronta pra - pasme - as responsabilidades dessa nova fase. Ninguém achou estranho
que eu sempre me conectei mais com os professores que os colegas, pois tinha o
costume de lanchar com os professores desde os 9 anos de idade. Olhando pra trás é
muito óbvio que esses eram comportamentos autistas.
Com o quê gostaria de trabalhar na vida adulta? 8 respostas
1 - Já trabalho. Sou programador
2 - Eu não sabia ao certo. Mas sempre gostei de estudar e explicar o que sabia para
pessoas.
3 - Com massagem
4 - Cuidar de crianças
5 - Advogado
6 - Sozinha e em meio ao silêncio na maior parte do tempo.
7 - Biólogo ou físico
8 - Quero ser produtora musical, cantora e compositora. Resumindo: uma artista.

Fazer amigos da sua idade era difícil? 8 respostas


1 - Quase impossível
2 - Não muito
3 - Sim
4 - Um pouco
5 - Sim
6 - Era e é a coisa mais difícil do mundo
7 - Não, mas manter a amizade sim, pois eu não conseguia expressar bem meus
sentimentos e não era bem interpretado.
8 - Não era difícil, era impossível.
Deixe uma pergunta pro psicólogo. 8 respostas
1 - É possível que eu não tenha capacidade de lidar com relacionamentos jamais?
2 - Dicas de como sair do meu casulo particular e ser mais sociável?
3 - Eu tenho muitas coisas em mente do que eu tenho que fazer mais não consigo
encontrar alguém pra me ajudar como posso fazer isso sem depender da minha mãe
4 - Quero fazer amigos
5 - O q acha do hiperfoco do autismo?
6 - Como demonstro afeto pelas pessoas da minha idade (entre 15 e 16) de modo a
formar novas amizades ou ao menos dizer por gestos e ações "gosto de você e quero a
sua companhia"
7 - Tenho medo de ficar igual o meu pai, que toma medicamentos para esquizofrenia, as
vezes eu penso que ele seja Autista moderado esse tempo todo por isso constantemente
precisa trocar os medicamentos por não surtirem bem os efeitos. O problema é que a
família é de igreja evangelica pentecostal, e os pentecostais infelizmente são ignorantes
e acham que o espectro é "encosto". Também tenho medo de tomar medicamentos
psíquicos um dia e ficar dependente como ele.
8 - Como tornar escolas ambientes menos hostis para os alunos autistas, considerando
nossa cultura que exclui tanto quem é diferente?

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