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Etapas de Desenvolvimento:

Todas as etapas de desenvolvimento são importantes pois apontam o caminho para o


grande destino. O objectivo crucial para uma criança com défice na linguagem é que
adquira competências linguísticas (semântica, gramática, sintaxe, etc.) que o coloquem
ao mesmo nível de desenvolvimento dos seus pares típicos.
As etapas de desenvolvimento estão divididas em 16 áreas de competências e em
3 níveis de desenvolvimento. O Nível 1 corresponde às 9 competências que tipicamente
são adquiridas entre os 0 e os 18 meses de idade. O Nível 2 corresponde às 12
competências que tipicamente são adquiridas entre os 18 e os 30 meses de idade. O
Nível 3 corresponde às 13 competências que tipicamente são adquiridas entre os 30 e os
48 meses de idade. Algumas competências estão presentes nos 3 níveis de
desenvolvimento, como por exemplo os Pedidos, Comentários e reportório receptivo,
enquanto que outras são específicas a determinado nível, como o balbucio para o nível
1, como competências intraverbais e compreensão receptiva por função, característica e
classe nos níveis 2 e 3, ou como matemática, leitura e escrita ser específico do nível 3.
Todas estas etapas são ensinadas respeitando a sequência de desenvolvimento,
pois uma competência leva a outra, por expansão.

Nº Total de Competências:

Pontuaç Avaliad
Data Cor
Chave: ão or
1º teste:
2º teste:
3º teste:
4º teste:
Nota: O objectivo é que a criança atinja os 160 pontos.

As 16 áreas de competências aqui explicitadas têm como base científica


Sundberg, M. L. (2008) “VBMAPP-Verbal Behavior Milestones Assessment and
Placement Program – Guide”. Concord: AVBPress.

MAND (Pedidos)
Mand é um tipo de “linguagem” utilizada pelo emissor para pedir o que precisa ou quer.
Por exemplo, quando uma criança sente fome pede por algo para comer, este tipo de
comportamento verbal é classificado como mand. Skinner (1957) escolheu este termo
pois é similar e resume num só comportamento várias palavras em inglês com o mesmo
sentido – command (comando); demand (demanda), reprimand (reprimenda) e
mandatory (mandatório). Em suma, um Mand (pedidos) ocorre quando a forma do
comportamento verbal está sobre o controlo funcional das operações motivacionais
(MO), ou seja sobre o controlo daquilo que a pessoa quer/deseja. O reportório de
pedidos é de extrema importância, pois é o comportamento verbal que é
automaticamente reforçado, por exemplo, a criança pede colo ao adulto e o adulto dá
imediatamente colo. Um bom reportório de pedidos conduz a criança para o sucesso na
aquisição da linguagem (comunicação).

TACT (Comentários)
Tact é um tipo de linguagem utilizada para nomear objectos, acções, atributos,
etc. no ambiente que o rodeia. É um operante verbal que funciona sobre o controlo dos
estímulos não verbais, também pode ser definido como nomeação expressiva de
diferentes estímulos.
Os estímulos não verbais podem ser observáveis ou não, por exemplo a criança
diz “avião”, pode ser porque o viu no céu, ou porque ouviu o som dos motores,
distingue-se do pedido porque a criança não o quer, só está a comentar a presença do
mesmo.

INTRAVERBAL (Intraverbais)
A linguagem intraverbal ocorre quando o emissor responde verbalmente a outro
estímulo verbal, por exemplo “Como te chamas?” – “Eu chamo-me X”. Este tipo de
linguagem depende sempre de um estímulo verbal vindo de outro emissor.
Os comportamentos intraverbais conduzem à competência de “conversar”, mas
tudo inicia-se com canções, contar de histórias, descrição de algo, explicação de
problemas, etc. Por exemplo, alguém diz “Praia”, esse estímulo verbal leva a respostas
verbais como “nadar”, “água”, “areia”, “Verão”, etc.
Esta competência adquire-se após um reportório sólido de pedidos, comentários
e vocabulário receptivo.

ECHOIC (Ecóico ou Imitação Verbal)


Imitação verbal é um tipo de linguagem que ocorre quando o emissor repete as
palavras e/ou frases emitidas por outro emissor. Por exemplo, a criança diz “gato” após
outra pessoa ter dito “gato”.
A repetição de palavras, frases e outros estímulos auditivos é comum no discurso
diário dos emissores, é assim que constroem e expandem o seu vocabulário expressivo.
Em suma, imitação verbal ou eco de fonemas é essencial à aquisição e
desenvolvimento da linguagem.

IMITAÇÃO MOTORA
Imitação motora tem as mesmas propriedades que a imitação verbal, no sentido
que a criança que está a aprender linguagem gestual pode aprender primeiro a imitar o
gesto que significa “bolacha” antes de aprender a pedir “bolacha” com esse mesmo
gesto.
Um reportório imitativo forte e sustentado permite a uma criança imitar
comportamentos motores de outras crianças, tendo um papel importantíssimo na
aquisição de outras competências como de autonomia, atenção e imitação verbal
(aprende a imitar os movimentos faciais que permitem a emissão de sons).

TEXTUAL (Leitura)
Comportamento textual é a competência que permite a criança identificar
palavras e o seu significado, sem que necessariamente saiba compreender através da
leitura, ou seja, leitura e compreensão envolve competências verbais e não-verbais e
receptiva. Por exemplo, a criança diz “livro” após ver a palavra “livro”, não significa
que a criança saiba que “livro” é um item que contem muitas palavras, que serve para
ser lido e compreendido, que pode ter capa dura e desenhos. Esta competência,
tipicamente, adquire-se aos 3 ou 4 anos, quando a criança começa a identificar e a
reconhecer letras e palavras (o seu nome, o nome de objectos preferidos, etc.). Esta
competência leva a criança a adquirir a competência de leitura e compreensão.
TRANSCRIÇÃO (Ortografia) e Copiar Texto
Transcrição consiste no soletrar das palavras que são pronunciadas e produção
manual de letras e ortografia correcta da palavra falada. Por exemplo, escreve MÃE, M-
Ã-E, e a criança escreve letra a letra formando a palavra.
Copiar texto envolve competências de imitação verbal e não-verbal. Copiar
letras e palavras ajuda a criança a identificar palavras, sem que seja necessário a sua
compreensão.
Estas competências irão conduzir a criança à aquisição da escrita, que é a
transcrição daquilo que ouve, pensa e/ou copia.

RESPOSTA RECEPTIVA
Existem muitos comportamentos que estão incluídos na competência de “ouvir”.
“Ouvir” é prestar atenção à voz do emissor, servir de audiência e responder aos
estímulos verbais e é “compreender” o que o emissor emitiu. Esta compreensão pode ser
emitida através de comportamentos verbais ou não verbais. Se a criança emitir uma
resposta verbal este comportamento é uma resposta intraverbal, se a criança emitir uma
resposta não-verbal é uma resposta receptiva.
A maneira mais comum de avaliar os comportamentos receptivos é
determinando se um estímulo verbal evoca um comportamento não verbal no emissor,
como um pedido de acção (p.ex. Salta), se segue uma instrução (ex. “vai à casa de
banho”) ou se selecciona um item pedido (“dá-me a bola”). O objectivo é perceber a
habilidade da criança em compreender os diferentes estímulos verbais.

RESPOSTA RECEPTIVA A FUNÇÃO, CARACTERÍSTICA E CATEGORIA


O modo de expandir as competências linguísticas da criança é através de
aumentar a habilidade de compreender mais palavras e frases complexas e abstractas.
As palavras emitidas pelos vários emissores servem para conversar, falar sobre
actividades que gostam e para isso precisam de nomear o que é especificamente. Por
exemplo, uma pessoa ao falar de “futebol”, pode pronunciar nomes de jogadores, falar
de bolas e chuteiras, falar de clubes de futebol e arbitragem e nunca pronunciar a
palavra futebol, mas o emissor sabe do quê que a pessoa está a falar. No nosso dia-a-dia
as nossas interacções verbais envolvem a descrição de coisas e actividades pela sua
função (ex. “O que é que fazes com uma bola de futebol nos pés?”), ou pela sua
característica (ex. “O que é redondo e feito de couro e pode ser preta e branca?”), ou
pela sua categoria/classe (ex. “ O que é que precisar para jogar futebol?”). Parte do
reportório auditivo da criança inclui a habilidade de responder não verbalmente quando
objectos e actividades são descritos e falados, mas não especificamente nomeados.

PERCEPÇÃO VISUAL E CORRESPONDÊNCIA À AMOSTRA


Esta competência visa ajudar a completar tarefas de partes para o todo, como
puzzles, sequências, padrões e correspondência à amostra. Existem um sem número de
competências que necessitam desta competência de discriminação visual para
progredirem.

BRINCADEIRA INDEPENDENTE e BRINCADEIRA INTERACTIVA


Existem dois tipos de brincadeira: independente e interactiva/social, que serão
aqui retratadas separadamente.
Brincadeira independente são todos os comportamentos espontâneos que são
automaticamente reforçantes, ou seja, todos os comportamentos têm a capacidade de
“auto entreter” a criança. A criança tem prazer e não é necessário ajuda para se manter a
brincar. As actividades auto-sustentam-se, por exemplo, uma criança está sentada
sozinha na área da garagem e brinca sozinha com os carros, rola-os para trás e para a
frente, sobe e desce rampas, faz sons de acelerar e travar, etc., sem receber reforço ou
ajuda do adulto. Brincadeira independente molda uma série de competências como
coordenação visual-motora, produção de comportamentos causa-efeito, discriminação
visual, etc. e permite à criança usufruir do tempo livre/recreativo.
Brincadeira Social/Interactiva envolve interacções com outros (criança ou
adultos) e o reforço da actividade é mediado socialmente com os pares. Brincadeira
interactiva implica toda a brincadeira de faz de conta, assumir ou representar papéis e
jogos de tabuleiro que envolvem comportamentos verbais.

COMPORTAMENTO SOCIAL
Comportamento social envolve linguagem, pedido de informações ou de acções,
comentários sobre os diferentes estímulos que estão a ocorrer, respostas intraverbais às
questões ou comentários dos pares e compreensão dos estímulos receptivos. Por
exemplo, uma criança pergunta “o que estás a desenhar? (mand), e a outra responde
“Uma nave espacial” (Tact e Intraverbal), “Posso desenhar um também?” (mand) e a
outra diz “Sim, toma lá papel e lápis”.
Comportamento Social implica também regras de educação e de conduta.

COMPORTAMENTOS VERBAIS ESPONTANEOS


Imitação e balbucio de sons são extremamente importantes para o
desenvolvimento da linguagem. O balbucio fortalece os músculos faciais, tornando
possível que a criança controle esses mesmos músculos e aprenda a controlar a emissão
de sons específicos, que eventualmente se moldam para palavras. Esse controlo permite
que a respostas verbais se tornem respostas ecóicas, pedidos, comentários e intraverbais.

ROTINAS DE SALA E COMPETÊNCIAS DE GRUPO


As rotinas de sala ajudam a estabelecer um número importante de competências
e aptidões, como imitar os colegas a fazer uma fila ou a arrumar, seguir instruções de
grupo (ex. Todos sentados), aprender rotinas de auto-ajuda (ex. usar o guardanapo),
reduzir a dependência nas ajudas e promover a independência e o fazer escolhas. Uma
vez que a criança consiga seguir as rotinas de sala mais básicas e a transitar de uma
actividade para outra sem ajuda do adulto e sem comportamentos negativos, o foco de
ensino de algumas competências podem começar em ser em grupo (ensino incidental).

ESTRUTURA LINGUISTICA
Uma importante medida no desenvolvimento da linguagem é a aquisição de
palavras, frases e estruturas frásicas mais sofisticadas. Existem várias maneiras de medir
a emergência destas competências, como articulação, vocabulário lexical, média de
emissões de palavras com sentido, sintaxe, semântica, utilização de verbos, adjectivos,
preposições e advérbios, etc.
MATEMÁTICA
Existem uma série de competências que englobadas se tornam na competência
matemática. É saber contar, é ter noção de número, tamanho, volume, medida,
identificar números, nomear números, corresponder número a quantidade, dinheiro,
formas geométricas, posições, lugares, etc. Esta competência, neste instrumento de
avaliação, serve para saber se a nossa criança está ao mesmo nível dos seus pares e, por
sua vez, preparada para adquirir e desenvolver conceitos abstractos da matemática.

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