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O ENTRELAÇAMENTO DAS

IDÉIAS – Coesão Textual


Laboratório de Textos Científicos I
Profa. Thissiane Fioreto
Um texto não é
simplesmente uma sequência
de frases isoladas, mas uma
unidade linguística com
propriedades estruturais
específicas, deve ser um
todo COESO e COERENTE.
É possível perceber a conexão
existente entre os vários segmentos
de um texto e compreender que todos
estão interligados entre si. A essa
conexão interna entre os vários
enunciados presentes no texto dá-se
o nome de COESÃO TEXTUAL.
Mecanismos de coesão textual
A manutenção do tema é um desses
recursos, assim como a ordem das palavras
no período, as marcas de gênero e de
número, as preposições, os pronomes
pessoais, os tempos verbais e os conectivos.
Todos funcionam como elos coesivos, ou
seja, a estrutura gramatical das frases
trata de criar coesão entre os constituintes
de um texto.
Ao fenômeno de tessitura
do texto dá-se o nome de
COESÃO TEXTUAL

O uso de elementos coesivos dá ao


texto maior legibilidade,
explicitando os tipos de relações
estabelecidas entre os elementos
linguísticos que o constituem.
Algumas estratégias de coesão:

• Referencial;
• Lexical;
• Por elipse;
• Por substituição.
Coesão referencial
Realiza-se pela citação de elementos do
próprio texto. Para efetivar essas
citações são utilizados pronomes
pessoais, possessivos, demonstrativos ou
expressões adverbiais que indicam
localização (a seguir, acima, abaixo,
anteriormente, aqui, onde), dentre outras.
Exemplos:
a) A explosão da informação é uma das
causas do stress do homem moderno. Ela
pode provocar diversas formas de
ansiedade.

b) José e Renato, apesar de serem


gêmeos, são muito diferentes. Por
exemplo, este é calmo, aquele é
explosivo.
Os PRONOMES DEMONSTRATIVOS, além de marcar posição no
espaço, marcam posição no tempo.

- ESTE (e flexões) marca um tempo atual ao ato da fala.

Neste instante minha irmã está trabalhando.

- ESSE (e flexões) marca um tempo anterior relativamente próximo ao


ato da fala.

No mês passado fui promovida no trabalho. Nesse mesmo mês comprei


meu apartamento.

- AQUELE (e flexões) marca um tempo remotamente anterior ao ato da


fala.

Meu avô nasceu na década de 1930. Naquela época podia-se caminhar à


noite em segurança.
Os PRONOMES DEMONSTRATIVOS servem para fazer referência ao
que já foi dito e ao que se vai dizer, no interior do discurso.

- ESTE (e flexões) faz referência àquilo que vai ser dito


posteriormente.

Espero sinceramente isto: que seja muito feliz.

- ESSE (e flexões) faz referência àquilo que já foi dito no discurso.

Que seja muito feliz: é isso que espero.

- Este em oposição à aquele quando se quer fazer referência a elementos


já mencionados, este se refere ao mais próximo, aquele, ao mais
distante.

Romance e Suspense são gêneros que me agradam, este me deixa


ansioso, aquele, sensível.
Exemplos de ambiguidade:

• Fabiano entrou em desacordo com o


Mário por causa de sua proposta de
aumento de atividades.
(Quem formulou a proposta de atividade?
Fabiano ou Mário?)
• Via ao longe o sol e a floresta, que
atingia a paisagem com suas variadas
cores.
Coesão lexical
A manutenção da unidade temática de um
texto exige uma certa carga de redundância.
É necessário estabelecer uma corrente de
significados retomando as mesmas idéias e
partes de idéias. Essa corrente é formada
pela reutilização intencional de palavras, pelo
uso de sinônimos, ou ainda pelo emprego de
expressões equivalentes para substituir
elementos que já são conhecidos do leitor.
Exemplo:
O Doutor Fulano de Tal falou ao
nosso repórter no intervalo do
congresso. O cientista entrevistado
reconhece que a partir do emprego
dos conhecimentos científicos foi
possível racionalizar os sistemas de
produção. Agora esse estudioso
quer contribuir para a
democratização do saber.
Coesão por elipse
A estrutura gramatical dos períodos
na língua portuguesa permite a
omissão de elementos facilmente
identificáveis ou que já foram
citados. Algumas vezes essa omissão
é marcada por uma vírgula,
outras vezes não.
Exemplos:
a) Ele sai agora: eu, logo mais.
b) A metodologia científica é um conjunto
de atividades sistematizadas, racionais, que,
com segurança e economia, permite que os
objetivos sejam atingidos. Implica a
concepção das idéias quanto à delimitação do
problema dentro do assunto, identificação de
instrumentos, busca de soluções, análise,
comprovação, proposição de uma teoria.
Coesão por substituição
Pode-se substituir substantivos, verbos,
períodos ou largas parcelas do texto por
conectivos ou expressões que resumem e
retomam o que já foi dito.

Alguns exemplos de expressões que servem


a esse objetivo são: Diante do que foi
exposto; A partir dessas considerações;
Diante desse quadro; Em vista disso; Tudo o
que foi dito; Esse quadro, etc.
Problemas decorrentes da
ausência de coesão

A ausência de coesão é um dos


principais problemas da construção
do textos, pois revela desordem
das idéias e dificulta a
compreensão do leitor.
As escolhas lexicais...
Sempre que escolhemos uma expressão
equivalente para substituir outra,
podemos agregar alguma informação
adicional. Críticas, elogios, censuras
podem vir explícitos ou implícitos nos
termos que escolhemos para constituir a
coesão lexical. Nosso julgamento e nossa
posição diante da informação vêm,
mesmo em textos tidos como objetivos,
reveladas nessas expressões.
A COERÊNCIA
TEXTUAL
COERÊNCIA TEXTUAL
O conceito de coerência refere-se ao nexo entre
ideias, acontecimentos, circunstâncias. 
Trata-se da relação existente entre as partes do
texto, é o vínculo entre as ideias expostas nele, essa
é responsável pela percepção de sentido. 
Para julgarmos um texto coerente ou não devemos
levar em consideração o contexto, pois esse
determina a plena interpretação, deve-se levar em
conta a intenção comunicativa, bem como os
objetivos, destinatário e regras socioculturais.  A
coerência está relacionada, portanto, ao conteúdo
veiculado em um texto. 
Observe as incoerências
a) “Devo confessar que morria de inveja de minha coleguinha por causa daquela boneca que o
pai lhe trouxera na Suécia: ria, chorava, balbuciava palavras, tomava mamadeira e fazia xixi.
Ela me alucinava. Sonhei com ela noites a fio. Queria dormir com ela uma noite que fosse. Um
dia, minha vizinha esqueceu-a em minha casa. Fui dormir e, no dia seguinte, quando acordei, lá
estava a boneca no mesmo lugar em que minha amiguinha havia deixado. Imaginando que ela
estivesse preocupada, telefonei-lhe e ela mais do que depressa veio buscá-la.”
b) Conheci Sheng no primeiro colegial e ai começou um namoro apaixonada que dura até hoje e talvez
para sempre. Mas não gosto da sua família: repressora, preconceituosa, preocupada em manter as
milenares tradições chinesas. O pior é que sou brasileira, detesto comida chinesa e não sei comer
com pauzinhos. Em casa, só falam chinês e de chinês eu só sei o nome Sheng. No dia do seu
aniversário, já fazia dois anos de namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sal casa.
Eu não podia recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histórias da
família e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois eu e o Sheng fomos ao cinema.”
c) “Era meia noite. Oswaldo preparou o despertador para acordar às seis da manhã e encarar mais
um dia de trabalho. Ouvindo o rádio, deu conta de que fizera sozinho a quina da loto. Fora de si,
acordou toda a família e bebeu durante a noite inteira. Às quinze para seis, sem forças sequer para
levantar-se da cadeira, o filho mais velho teve de carrega-lo para a cama. Não tinha mais força nem
para erguer o braço. Quando o despertador tocou, Oswaldo, esquecido da loteria, pôs-se
imediatamente de pé e ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: Pai, você não
precisa trabalhar nunca mais na vida.”
d) O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que
adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades
intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha
de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as
peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare.

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