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A CLÍNICA DA

NEUROSE
NEUROSES – HISTÓRICO DO
CONCEITO
1769 - Médico escocês William Cullen (1710-1790) aplicou o sistema classificatório de Lineu para a
ordenação dos seres vivos ao campo da medicina, empregando o termo neuroses no plural para designar
uma classe de doenças não decorrentes de lesão localizada ou de patologia febril ( afecções gerais do
sistema nervoso, não acompanhadas de febre e que afetavam a sensibilidade e o movimento.)

1893 - Sigmund Freud emprega o termo para designar uma doença nervosa cujos sintomas simbolizam
um conflito psíquico recalcado, de origem infantil e dotado de uma causa sexual. Ela resulta de um
mecanismo de defesa contra a angústia e de uma formação de compromisso entre essa defesa e a
possível realização de um desejo.
EVOLUÇÃO DO CONCEITO
PSICANALÍTICO DE NEUROSE
1915 Psiconeuroses
Neuroses atuais
De transferência Narcísicas

1924 Neuroses atuais Neuroses Neuroses Psicoses


narcísicas
Classificação Psicoses
Contemporânea Afecções Neuroses
psicossomáticas Maníaco- Paranoia
depressiva Esquizofrenia

Laplanche & Pontalis,


2001
Neuroses de
Transferências Neuroses Narcísicas
Neurose
Histeria Psicose
Obsessiva

Neuroses Atuais
Neurose de Neurasteni
angústia a
NEUROSE - UMA DEFESA
“Se ficamos doentes, neuroticamente doentes, é justamente por procurarmos
teimosamente nos defender de um gozo doloroso. E, ao fazê-lo, defendemo-nos mal.
Defendemo-nos mal porque, para aplacar o caráter intolerável de uma dor, não
tivemos outro recurso senão transformá-lo no sofrimento neurótico (sintomas). Por
fim, só fizemos substituir um gozo inconsciente, perigoso e irredutível por um
sofrimento consciente, suportável e, em ultima instância, redutível.”
(Nasio, 1991)
NEUROSES - A PRECARIEDADE
DO RECALQUE
Três fracassos do recalcamento:

•Fracasso por deslocamento da sobrecarga de uma representação para uma ideia – Neurose
Obsessiva;

•Fracasso por Projeção da sobrecarga do interior psíquico para o mundo externo – Neurose
Fóbica;

•Fracasso por Conversão da sobrecarga num sintoma somático - Histeria.



NEUROSES NARCÍSICAS
o Decorrentes de uma situação pré-edipiana.

o Investimento libidinal objetal que retorna para o eu. (Eu superinvestido)

o Psicoses funcionais (sintomas não são efeitos de uma lesão somática).

→ Ex.: Melancolia.
NEUROSES ATUAIS
Atual pois sua origem não provém de conflitos infantis, mas do presente. O
mecanismo de formação dos sintomas é somático e não simbólico. Sintomas resultam
diretamente da ausência ou inadequação da satisfação sexual.

o Neurose de Angústia
Origem na ausência de descarga da excitação sexual.
 Ataques de Angústia – raízes freudianas da descrição do transtorno do pânico. (Rocha, 2008)

o Neurastenia
Apaziguamento inadequado da excitação sexual. (Ex.: Masturbação)
NEUROSE DE NEURASTENI
ANGÚSTIA A
•Irritabilidade •Congestão •Fadiga
•Estados de expectativa •Dispinéia •Pressão intracraniana
angustiada
•Taquicardia
•Fobias •Dispepsia flatulenta
•Diarreia Crônica
•Ataques de angustia •Constipação
completos ou •Vertigem locomotora
rudimentares crônica •Parestesias raquidianas
•Ataques de medo e de •Hiperestesia •Fraqueza sexual
vertigem •Insônia
•Tremores
•Suores
NEUROSE FÓBICA
Histeria de Angústia – Neurose de Angústia

“É realmente o pai que se acha no centro da fobia, primeiro como objeto de um desejo de morte
(desejo parricida), e depois como objeto de um desejo de amor. O pai é o personagem principal
na fobia, mesmo que, como em toda neurose, o desejo incestuoso pela mãe continue a ser o ponto
de partida”

O fóbico é aquele que instala sua angústia de castração no palco do mundo, a fim de localizá-la,
controlá-la e evitá-la graças aos deslocamentos motores de seu corpo

→ Ver: Caso do Menino Hans (Freud, 1909)


NEUROSES DE
TRANSFERÊNCIA
o A libido é sempre deslocada para objetos reais ou imaginários em lugar de se retirar sobre
o ego.
o O paciente repete na transferência seus conflitos infantis.

oHisteria
 “Uma experiência sexual passiva antes da puberdade: eis, portanto, a etiologia específica da histeria.”
(FREUD, 1896, p.151)
 Busca manter o desejo insatisfeito.

o Neurose Obsessiva
 O sujeito tinha sido inicialmente a vítima passiva de uma agressão sexual que esta resultara no despertar sexual
prematuro, levando o sujeito a induzir outra criança à prática de jogos sexuais, esta agora ocupando a posição
passiva.
 Mantém o desejo como impossível;
HISTERIA
•As causas precipitadoras da doença cedem
lugar à amnésia.
•Converter o gozo inconsciente e intolerável
num sofrimento corporal;

“O histérico deseja estar insatisfeito porque


a insatisfação lhe garante a inviolabilidade
fundamental de seu ser Quanto mais
insatisfeito ele é, mais fica protegido da Augustine (2012)
ameaça de um gozo que ele percebe como
um risco de desintegração e loucura”
(Nasio, 1991, p46)
NEUROSE OBSESSIVA
•Os motivos imediatos da doença são retidos na memória.
•Deslocamento do gozo inconsciente e intolerável para um sofrimento do pensar.
•Questão: “Estou vivo ou estou morto?”.

Dois fatores são presentes em toda obsessão:


a) Uma ideia que se impõe ao paciente. .

b) Um estado emocional associado.


NEUROSE OBSESSIVA
•Ruminação mental Ambivalência – incapacidade para
tomada de decisões em que estão
•Dúvida e indecisão
envolvidos objetos de amor e
•Pontualidade desejo.
•Teimosia e obstinação
•Pensamento lógico exagerado
•Supermoralistas
•Auto-críticos
A ESCUTA CLÍNICA DAS
NEUROSES
oEscuta do Analista - Uma disseminação do excesso.

o Sintomas
o Sonhos
o Chistes
o Atos Falhos

oCalar o sintoma é calar o sujeito


REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
FREUD, S. Primeiras Publicações Psicanalíticas. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

LAPLANCHE, J & PONTALIS, J-B. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins


Fontes, 2001.

NASIO, J-D. A histeria: teoria clínica e psicanalítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1991.

ROCHA, Z. Freud: Aproximações. Recife: Ed Universitária da UFPE: 1995.

ROUDINESCO, E., PLON, M., Dicionário de psicanálise. Trad. Vera Ribeiro, Lucy
Magalhães.— Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

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