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Título: A luta das mulheres ameríndias: um estudo comparado nas obras de Márcia
Kambeba e Eliane Potiguara
Objetivos:
Geral:
Mostrar a importância da literatura produzida por mulheres indígenas no Brasil, nos
exemplos da obra de Eliane Potiguara e Márcia Wayna Kambeba.
Específico:
Compreender a mulher indígena brasileira se apropriando da literatura para apresentar
seu modo de ver, estar, sentir e pensar o mundo.
Justificar a importância da literatura de autoria de mulheres indígenas, através de textos
de Eliane Potiguara e de Márcia Wayna Kambeba.
Abordar a representatividade indígena na literatura brasileira.
Perceber a literatura indígena como uma ferramenta que os auxilia em atos de
resistência contra atos de violência cultural e de gênero.
Justificativa
Os estudos acerca da Literatura Comparada mostram que esse é um campo de
investigação bastante denso e amplo, que realiza investigações variadas, utilizando
diferentes metodologias e possuindo objetos de estudo bastante diversificados. Entre as
funções da Literatura Comparada, está a comparação de obras de autores distintos que
abordam uma mesma temática, mas que apresentam diferentes características e pontos
de vistas de acordo com os seus objetivos. Essa dimensão interdisciplinar da Literatura
Comparada possibilita estabelecer vínculos muito próximos com os propósitos expostos
dos Estudos Culturais. Desse modo, podemos relacionar:
Duas ou mais literaturas, dois ou mais fenômenos culturais; ou,
restritamente, dois autores, dois textos, duas culturas de que dependem
esses escritores e esses textos. E trata-se também, obviamente, de
justificar de maneira sistemática essa relação estabelecida. […] a
Literatura Comparada proporciona o diálogo não só entre as literaturas
e as culturas, mas também entre os métodos de abordagens do fato e
do texto literários (MACHADO; PAGEAUX, 1988, p. 17).
Segundo Ana Pizarro, a Amazônia é uma região cujo traço mais geral é o de ter
sido construída por um pensamento externo a ela. Ela tem sido pensada, em nível
internacional, através de imagens transmitidas pela opinião dos europeus, sobre o que
eles entendem ser sua natureza, ou, em outras palavras, sobre o lugar que a Amazônia
ocupou na sua experiência (PIZARRO, 2012, p. 31). Pouco se conhece dos povos
originários deste lugar sobre o olhar do próprio nativo, deixando um grande vazio na
história do país. Inclusive a própria nomenclatura dada aos nativos é motivo de ampla
discussão entre os estudiosos dos povos originários, importante mencionar o
posicionamento da autora Eliane Potiguara sobre o assunto:
A autora do poema retrata o poder e a força dos não indígenas, que, se utilizando
de armamentos, poder político, econômico e força bruta contra os povos indígenas,
tiraram-lhes a garantia de viver suas próprias histórias, impondo novos costumes e
crenças
Fundamentação Teórica
A Literatura Comparada, com seus atuais propósitos, inter-relaciona-se com os
Estudos Culturais com intuito de buscar na literatura nacional as fontes, influências e
filiações da literatura com outras áreas e artes, dessa forma se acende um intenso
diálogo entre ela e os Estudos Culturais que passaram a apresentar uma estreita relação.
Henry Remak, define a Literatura Comparada como sendo:
Metodologia
Segundo FACHIN (2001) o método comparativo “consiste em investigar coisas
ou fatos e explicá-los segundo suas semelhanças e suas diferenças. Permite a análise de
dados concretos e a dedução de divergências de elementos constantes, abstratos e gerais,
propiciando investigações de caráter indireto”. Sendo assim, este estudo será realizado
por uma abordagem comparatista, pelo viés dos estudos culturais onde apresenta
característica com compromisso cívico e político de estudar o mundo, de modo a poder
intervir nele com mais rigor e eficácia construindo um conhecimento com relevância
social (Pina, 2003)
Por seu turno, a abordagem textual apresenta diversos resultados de acordo com
os diferentes modos de tratar o texto: numa perspectiva semiótica, o texto é visto como
signo, procurando encontrar nele ideologias, mitos, numa perspectiva essencialmente
ligada à teoria narrativa os textos são vistos e compreendidos como histórias que
procuram explicar o mundo e fazendo-o de forma sistemática. (Neale, 1980. Todorov,
1977). Por fim, a abordagem desconstrucionista, na linha de Derrida quer nos campos
da literatura, quer no âmbito da teoria pós-colonial, surpreender os pares hierárquicos
clássicos da cultura ocidental (homem/mulher; preto/branco; realidade/aparência; etc.).
Quanto à periodização das literaturas indígenas, “Graúna” (2013) aponta que a
propriedade intelectual indígena contemporânea no Brasil começa no final do século
XX. Este trabalho se propõe a identificar a violência contra a mulher indígena na escrita
de Marcia Wayna Kambeba e Eliane Potiguara. Será realizada em um recorte que
considerará os seguintes elementos: violência mental, física e espiritual; questões
relacionadas ao racismo e às lutas de classes e a união das mulheres indígenas. Tendo
em vista a análise de expressões subjetivas, desenvolvidas com o intuito de expor certa
cosmovisão ou apenas de entreter determinado público. Em relação à literatura de
autoria indígena, essas textualidades são produzidas por eles mesmos, com suas
especificidades estéticas, multimodalidades e grafismos.
Referências
ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Cartografia dos Estudos Culturais. Belo Horizonte: Autêntica, 2001,
p.46
Literatura indígena brasileira contemporânea: criação, crítica e recepção [recurso
eletrônico] / Julie Dorrico; Leno Francisco Danner; Heloisa Helena Siqueira
Correia; Fernando Danner (Orgs.) -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2018.