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Deambulação geográfica e viagem literária

A cidade de Lisboa, palco da ação, era descrita como parecendo um labirinto, e como sendo
monótona, pobre, sombria, silenciosa, chuvosa. Metáforas que nos indicam as circunstâncias
políticas e históricas vividas em Portugal, em 1936: o estado de estagnação, de miséria a que o
povo estava submetido, devido ao clima de ameaças e perseguições e restrições da liberdade
de expressão praticados pelo regime. No seu regresso a Portugal, após dezasseis anos de exilio
no Brasil, Ricardo Reis constata que Portugal pouco ou nada mudou, continuando a haver
sinais de estagnação no pais. Apesar disso, o espaço exterior dirige-nos para um outro tipo de
deambulações, estas de natureza literária, por parte de Ricardo Reis e do próprio narrador.
Portanto, podemos assistir a referências a vários autores e textos da literatura portuguesa e
mundial, no decorrer da ação da personagem pelas ruas da cidade de Lisboa. Estas referências
não sendo idênticas ás originais, surgem na obra sob a forma de paráfrases, alusões ou
imitações criativas ou paródias. Durante a viagem literárias de Ricardo Reis ele visita locais
como a rua do Comércio, o Terreiro do Paço, a rua do Crucifixo, o Chiado, a Praça da Figueira, a
rua do Alecrim, ou o Bairro Alto, pertencendo isto á deambulação geográfica.

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