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Visagismo

Bruno César de Albuquerque Ugoline


Visagismo

Introdução
Olá,

O conteúdo Visagismo apresentará os conceitos, métodos e as técnicas utilizadas


na área da beleza, buscando esclarecer e acrescentar conhecimento, contribuindo,
assim, para a formação de profissionais aptos à aplicação dessa arte de maneira
segura e eficiente, capacitando o profissional e, em paralelo, buscando atender as
exigências que o mercado de trabalho atual busca. O profissional visagista atua muito
além da aparência estética, tão valorizada de maneira individual. Além da aparência
exterior, o visagista precisa ser capaz de enxergar no seu cliente a sua personalidade,
a sua essência, dentro da individualidade comum a cada ser. Esse é o grande desafio
lançado a esse profissional e, desta maneira, o entendimento deste conteúdo se faz
necessário para que ocorra a análise pessoal e profissional do perfil do seu cliente de
maneira adequada, análise essa capaz de promover o bem-estar físico e emocional,
fidelizar o seu cliente e, consequentemente, destacando o profissional frente a outros,
lembrando que no cenário atual o mercado de trabalho é cada vez mais exigente.

Bons estudos!

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Princípios e Linguagem Visual
A palavra visagismo vem de visage que em francês significa “rosto” e surgiu em Paris,
no ano de 1937, através do francês Fernand Aubry, que foi um cabeleireiro e maquiador
muito conceituado, foi quem definiu o visagismo como arte, através do seu trabalho
que buscava combater a uniformização da imagem, indo contra a imposição da moda
e das tendências. Porém, sabe-se muito pouco a respeito, pois ele não deixou quase
nada escrito, não tem matérias, livros, apenas algumas frases escritas, ou seja, temos
pouco conteúdo literário referente às suas ideias frente à essa arte.

Existem nas literaturas várias definições para o termo Visagismo e, dentre elas, podemos
conceituá-lo, de maneira breve, como a arte de se criar imagem personalizada de uma
pessoa, através da aplicação de técnicas específicas capazes de traçar as diversas
características pessoais com o intuito de promover o embelezamento e bem-estar
nas pessoas através de uma promoção da conexão com o seu interior e exterior. No
decorrer do nosso estudo, vamos nos aprofundar no conhecimento dessas técnicas,
por meio da análise de alguns conceitos importantes, pertinentes ao visagismo,
como a história da imagem pessoal, conceitos de beleza e estilo, de personalidade,
temperamento, pessoas e, também, da análise mais focada do temperamento, que é
fundamental para o sucesso no resultado final da aplicação desta arte, o Visagismo.

Um pouco do Contexto Histórico do Visagismo


O contexto histórico da prática do visagismo surge a partir das influências da era
da Modernidade, que compreende os séculos XVIII, XIX e XX, período esse que foi
marcado pela introdução do movimento tecnológico, como o telefone, o automóvel, a
fotografia, entre outros, mas, principalmente, aqui no contexto do nosso estudo, pela
inserção do cinema.

As grandes cidades em seus contextos com seu cenário voltado para o crescimento
da cultura em massa, diretamente relacionados ao aumento da produção industrial e
ao capitalismo, isto é, o contexto das grandes cidades com suas fábricas e circulação
de produtos e de pessoas, possibilitaram uma “audiência em massa”, juntamente com
a atmosfera de excitação visual e sensorial” (CHARNEY; SCHWUARTZ, 2004).

Em meio a todas essas mudanças, surge, então, um grupo de pessoas considerado


detentor dos poderes sociais, educacionais e culturais, constituído pelos artistas
e intelectuais da época, geralmente comunistas e socialistas, eram também
considerados extremamente materialistas.

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Essa classe começou a se posicionar contra a cultura, ou seja, apresentavam ideias que
iam contra a classe dominante, questionando qual o estilo eles iriam ter, expressando
seus próprios princípios e valores, diferenciando-os da classe dominante.

Assim, com o passar do tempo, o visagismo começou a ser empobrecido, banalizado,


sendo visto apenas como um simples conceito estético, baseado apenas no corte de
cabelo, na maquiagem, ou seja, o visagismo passou a ser visto superficialmente.

Um dos principais nomes entre os autores da arte do Visagismo, atualmente, é o


artesão plástico Philip Hallawell, considerado o maior especialista no Brasil.

Linguagem Visual
A linguagem visual teve seu início no século VI a.C. pelos gregos da Antiguidade, que
buscavam algo a mais além das imagens simbólicas usadas nos rituais pelos egípcios.
Os artistas europeus foram os primeiros a utilizarem os novos conhecimentos, os
italianos do Quattrocento (período referente ao século XV). Logo após, os artistas
florentinos como Leonardo da Vinci (1952-1519), Michelangelo (1475-1564) e Rafael
Sanzio (1483-1520), com a arte do realismo, através de novas descobertas: cor,
luz e anatomia, criando pela primeira vez imagens com muito realismo, volume e
profundidade.

Um dos conceitos principais do Visagismo envolve a linguagem visual por meio da


possibilidade da leitura da imagem humana, imagem essa que podemos observar
através das linhas da face de cada pessoa, em comparação as formas geométricas já
existentes na cultura. O autor Jung (2008) afirma que “as relações entre determinadas
formas geométricas como, por exemplo, o círculo, o quadrado e o triângulo são como
símbolos constitutivos e presentes na psique humana”.

Formatos de rosto
• Rosto oval
• Rosto redondo
• Rosto quadrado e retangular
• Rosto triangular
• Rosto hexagonal
• Rosto em losango

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As Cores no Visagismo
Outro conceito importante da linguagem visual é o das cores. A construção da
harmonização de um indivíduo é construída a partir do estudo relacionado às cores,
as tonalidades de maquiagem, aos tons de pele e de cabelo, o corte do cabelo e
sobrancelhas. Segundo Hallawell (2009), “existe uma relação entre o tom de pele, a cor
natural dos cabelos, a cor dos olhos, o temperamento da pessoa e, ainda, o formato do
rosto, que na consultoria de beleza, sugere-se que se faça”.

No visagismo, a classificação das cores foi baseada no trabalho de Johannes Itten


(1888-1967). Seu esquema de cor Color Star (Estrela de Cor) e suas teorias são as
mais importantes referências de cor e foram criadas enquanto docente da Bauhaus,
na Alemanha.

Posteriormente, Robert Door (1905-1980) criou outro sistema de cor, denominado Color
Key (1930), classificando as cores no visagismo em duas categorias de temperatura:
a quente e fria. No entanto, essa classificação serve apenas para peles claras. Para
as peles negras, essa classificação de cores deve ser adaptada. Em seu livro, Jean
Patton classifica a pele negra em seis grupos: nilo, blues e saara (frias), calipso, jazz
e spike (quentes).

As peles brancas também são classificadas pelas estações: verão e inverno (peles
frias), primavera e outono (peles quentes).

História da Imagem Pessoal


A imagem pessoal expressa nossas características, no geral, através do nosso
comportamento, da maneira como nos apresentamos ao mundo (esteticamente),
do uso da maquiagem, tipo de cabelos, roupas (moda), de como nos relacionamos
socialmente.

Hallawell (2009) afirma que os profissionais que mexem com a imagem, especialmente
na área da imagem pessoal, não têm escolha; seu trabalho afetará as pessoas
psicologicamente, podendo mudar até o seu comportamento, de forma positiva ou
negativa.

Desde o início do século XXI, o culto pela beleza vem se ampliando significativamente
pelas mulheres e passa a ser também desenvolvido pelos homens que buscam cada
vez mais os estabelecimentos de beleza e de estética para melhorar sua imagem

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pessoal. Adolescentes e crianças, em número também crescente, aumentam as
estatísticas do culto à beleza e à estética (Silva et al., 2007).

Dentro do visagismo, o profissional da área da beleza como os maquiadores,


cabeleireiros, designers de moda precisam adaptar e trabalhar a imagem humana
sempre focado na personalização e na harmonização da imagem pessoal e beleza de
seu cliente, cujos parâmetros fundamenta-se em princípios que regem os estudos em
imagem, design, linguagem visual etc.

Conceitos de Beleza e Estilo: Beleza e a Filosofia


Na antiguidade, os dois grandes filósofos que mais trataram da questão daquilo que é
belo foram Platão e seu aluno, Aristóteles. Para Platão, a beleza, o belo está relacionado
ao mundo das ideias. Para ele, o belo é tudo o que é justo, bom e verdadeiro.

Por sua vez, Aristóteles discorda de Platão, pois, para ele, o conceito de belo está
relacionado à proporcionalidade, à claridade e a simetria, ou seja, belo é tudo aquilo
que não é desproporcional, tudo que é claro e simétrico.

Já na era Medieval, temos o filósofo Santo Agostinho, que entende o belo assim como
Platão, mas de maneira adaptada ao cristianismo: considera tudo que é belo aquilo
que se aproxima do divino, ou seja, quanto mais próximo de Deus mais se reflete a
beleza do divino, e quanto mais longe de Deus, menor o reflexo.

O escritor italiano Tomás de Aquino foi um filósofo cristão, que entende o belo da
mesma forma que Aristóteles: belo é tudo o que é completo, simétrico, nítido ou claro.

Beleza e o Iluminismo

No século XVIII, Immanuel Kant refere:

que belo é o que agrada universalmente, sem depender de um interesse ou


de um conceito. Não são as coisas que são belas, o belo está nas razões
internas do sujeito, por oposição à experimentação. Apesar de subjetivo,
todo o belo nasce de um sentimento humano de prazer universal. (KANT,
on-line)

Para Kant, o conceito do belo é inquestionável, ele diferencia o belo do sublime, ou seja,
o belo não depende da minha interpretação, é belo em si mesmo, para todo mundo é
algo inquestionável.

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Beleza e o Romantismo

Uma das características do Romantismo é a ideia de que existe um espírito de cada


lugar e o espírito de uma época. Seguindo esses traços, temos o filósofo George W.
Hegel, que afirma que o belo se manifesta de acordo com o espírito da época, ou seja,
cada época vai ter o seu conceito de belo. Para Hegel, a beleza muda de tempos em
tempos, e o belo manifesta o espírito de cada época; o que é belo em uma época,
talvez não seja belo em outra época.

Segundo Goossens (2005), a beleza é um conjunto em harmonia e, antes de tudo, é


um estado de espírito. Afirma que para que se alcance a beleza completa, depende
essencialmente do comportamento, do jeito de ser e de como se enfrenta as
circunstâncias da vida. Ser bonito significa, diz ele, saber ressaltar suas qualidades,
aceitar-se, valorizar-se, ter autoestima.

Estilo

O conceito de estilo tem origem no termo latim stills, que vem do grego. Pode ser usada
em vários conceitos, reportando-se ao desenho, à arte, ao modo de se expressar, moda,
decoração, manifestações culturais (hippie, rock), informática, arquitetura (estilos de
construções).

Outras definições de estilo

A linguística apresenta a disciplina conhecida pelo nome de estilística, onde se estuda


o uso artístico ou estético da linguagem nas obras literárias e na língua comum, com
as suas formas individuais ou coletivas.

Em outras palavras, estilo pode ser caracterizado por uma característica, um traço ou
uma escolha; é um conjunto de tendências em uma época específica, porém não são
obrigatórias, podendo essas tendências serem constantemente revistas e adaptadas
à cada pessoa.

Conceito de Personalidade, Temperamento, Pessoas


A arte do Visagismo é baseada no princípio que a beleza existe quando as qualidades
interiores de uma pessoa (cliente) são reveladas e, a partir disso, existem dois conceitos
importantes a se analisarem neste estudo: a personalidade e o temperamento.

A personalidade e o temperamento são conceitos diferentes entre si que expõem a


nossa imagem pessoal e inconscientemente expressamos isso o tempo todo.

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Temperamento

O temperamento é formado a partir da nossa herança genética, influenciando em tudo


o que decidimos e nas escolhas que fazemos em nossa vida.

Desde o nosso nascimento, o nosso temperamento não muda, ficando “enraizado” no


nosso subconsciente como, por exemplo, quem nasce com um temperamento calmo,
continuará sendo calmo por toda a sua vida e assim acontece com quem tem um
temperamento mais agitado.

Personalidade

A personalidade é a maneira como nos expressamos ao mundo e diferentemente do


temperamento, não tem relação com a nossa herança genética, pois ela é formada de
acordo com as nossas experiências de vida, envolvendo nossos princípios, crenças,
nossas ações. É o que as pessoas captam do nosso exterior e é formada ao longo da
nossa vida, ou seja, a personalidade vem sendo construída e está sempre mudando
conforme a fase da vida em que estamos vivendo. Na infância, por exemplo, vivemos
uma fase de aprendizado, onde adquirimos conhecimento, aprendendo várias coisas
diferentes. Já na fase adulta, nossa personalidade muda, afinal já temos experiências
vividas, então o nosso modo de pensar e comportamental, nessa fase, muda
inevitavelmente, tornando-nos pessoas completamente diferentes em comparação à
fase da infância ou adolescência.

Análise do Temperamento
Segundo Hallawell et al. (2009), os temperamentos são conceitos fundamentais na
prática do visagismo na caracterização das pessoas. Entre os conhecimentos desta
área existe um específico, que caracteriza as pessoas em tipos cromáticos, cuja
nomenclatura está ligada às estações do ano − classificação esta realizada conforme
algumas características físicas. Cada tipo cromático, por sua vez, é relacionado com
um determinado temperamento (sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático).
Através desta relação, é possível particularizar as características individuais e facilitar
o trabalho do visagista ao expressá-las através da imagem.

A Relação entre a Personalidade e a Cor


Analisar a personalidade humana é uma tarefa complexa devido à falta de substância
nas teorias com comprovação científica, causando controvérsia.

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No entanto, parece que há realmente uma correlação entre a aparência de
uma pessoa e sua personalidade. Tanto que, como já foi visto, o sistema de
classificação das cores das pessoas em tipos quentes e tipos frios surgiu
da observação de Johannes Itten de que as pessoas geralmente pintam
com as cores que correspondem ao seu tipo físico. (HALLAWELL, 2009)

Classificação dos Temperamentos


Hallawell, (2009) ainda afirma que:

Na antiguidade, os gregos foram os primeiros a fazer uma classificação


da personalidade das pessoas e essa classificação é usada por muitos
psicólogos atualmente, sobretudo, os que trabalham com a antropofosia.
Eles identificaram quatro tipos básicos de temperamento, relacionados
aos quatro elementos básicos:

Sanguíneo (ar) − é basicamente extrovertido, comunicativo, alegre e cheio


de vida; sua cor é o amarelo, cabelos castanho, castanho claro ou loiro não
muito claro; seu grupo é das cores quentes e sua estação é a primavera,
saara e calipso.

Colérico (fogo) − é determinado, objetivo e explosivo; sua cor é o vermelho-


alaranjado, também grupo das cores quente, o cabelo é ruivo, castanho-
médio ou marrom - avermelhado; seu grupo também é o das cores quentes
e sua estação é o outono, spike.

Melancólico (terra) − é organizado, detalhista e perfeccionista, sua cor é o


azul, portanto é do grupo dos frios, classificado como o tipo verão ou nilo.

Fleumático (água) − é diplomático, pacificador, místico e com tendência


a ser bonachão; é o tipo que menos se importa com a sua aparência, sua
cor é o roxo, também do grupo das cores frias, sua classificação é no tipo
inverno, jazz ou blues.

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Atenção
Ao classificarmos as pessoas em visual, cinestésica e auditiva,
perceba que há uma relação entre essa classificação e as cores
de pele. Os tipos frios – verão e inverno – podem ser considerados
intelectuais, no tipo visual; enquanto os tipos quentes – primavera
e outono – são intuitivos ou emocionais, o que corresponde aos
tipos auditivos e cinestésico.

Visagista x Pensamento Criativo


Agora chegou o momento de aprofundar o conteúdo e ampliar mais um pouco o
nosso conhecimento. Para o Visagista, o pensamento criativo deve ser característica
presente e fiel em suas práticas, buscando sempre se reinventar a cada novo cliente,
com muito conhecimento e criatividade e isso tudo de maneira constante no seu dia
a dia.

Focando no pensamento criativo, Robert e Michelle Root-Bernstein identificaram treze


diferentes formas de se pensar na elaboração de um trabalho criativo. Vejamos a
seguir quais são e suas definições:

Observar

Ao observarmos algo relacionado ao visagismo, é importante que se use


a criatividade como, por exemplo, através do uso da intuição, que engloba
os cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e o paladar, para que se possa
colher informações além daquelas encontradas de forma evidente na matéria.
É preciso decifrar o oculto, o que vai muito além da percepção de formatos de
rosto, corte de cabelo, maquiagem, tons de pele etc., decifrando aquilo que os
gestos revelam. A curiosidade e a ingenuidade são o que desperta a observação,
porém é preciso educar, direcionar a observação.

Abstrair

Quando observarmos algo, necessário se faz abstrair, descobrir uma


característica ou um elemento que revele a sua essência. Através da abstração,
interpreta-se um estilo de vida e transmite um estilo de vida, o que é essencial
para o visagismo.

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Reconhecer padrões

No visagismo, a partir da observação, percebeu-se que existem padrões em tudo


e que são utilizados constantemente; saber reconhecê-los é fundamental para
o processo criativo como, por exemplo, as cores de pele, os cortes de cabelo.

Estabelecer analogias

Quando se fala em analogia, também se fala em comparar, buscando perceber


as semelhanças entre coisas que são aparentemente diferentes, extraindo
informações importantes para a construção de um pensamento criativo no
visagismo.

Evocar imagens

A partir da concepção de uma ideia, utiliza-se a imagem para a materialização


desta, que deve ser aplicada com a proposta de expressar o conceito, elucidando
e objetivando a mensagem ou ideia a ser dada.

Formar Padrões

O processo de formação de padrões no visagismo é muito importante, pois dá-se


no sentido visual assim como acontece com as imagens. Através da linguagem
visual, usa-se padrões nos fundamentos da estrutura e da composição. Isso
também acontece na criação dos padrões de luz, de cor e de planos.

Pensar de modo dimensional

Quando se fala em desenho, como base, é preciso imaginar esse desenho


de maneira dimensional. No visagismo, essa visão é fundamental para o
desenvolvimento dessa arte; na técnica do corte de cabelo, por exemplo,
é preciso visualizar um corte ou um rosto de todos os lados, sempre com a
percepção da técnica que trará a harmonização, segundo o objetivo proposto.

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Pensar com o corpo

Pensar com o corpo são pensamentos que podem ser sentidos e compreendidos
como conceitos, mas não podem ser explicados verbal ou visualmente.
É a materialização do que se sente, do conceito, expressas em formatos,
temperaturas, textura daquilo que foi desenhado. Tudo isso é pensar com o
corpo.

Brincar

Uma boa maneira de exemplificar na prática o “brincar” no visagismo é através


dos penteados, onde sempre que possível, brinque com as formas, as texturas;
na maquiagem, também, brinque com as formas, cores e texturas. A atitude de
descontrair, brincar com as ideias é mais uma forma de pensamento. Na fase
da materialização, brincar com materiais e ideias ajuda encontrar as soluções
inesperadas.

Criar modelos

No visagismo, cria-se modelos na fase da materialização com o propósito de


testar, criar soluções, onde o visagista pode ter a liberdade para experimentar
e errar, sem grandes prejuízos. Atualmente, temos como recurso o uso da
tecnologia como o uso de programas especiais de computador para se criar
modelos e testar soluções a partir da imagem do cliente, possibilitando até uma
visão tridimensional do modelo. Uma observação importante a se fazer sobre
esse tipo de recurso é que eles podem limitar a criatividade se só permitirem o
uso de soluções padrão.

Sentir empatia

Para o visagista é muito importante sentir empatia e identificar-se com o seu


trabalho. É preciso sentir o que se faz, indo muito além de se aplicar técnicas
de corte ou maquiagem; é como se o visagista no momento do corte de cabelo
se transformasse na tesoura e no pente e isso requer que se tenha muito
conhecimento.

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Transformar

No visagismo, o transformar parte sempre de um conceito ou de uma ideia e


estes são abstratos. O objetivo de quem cria, é achar um meio de expressá-
lo. Para fazer isso, é preciso usar uma ou mais linguagens, ferramentas de
pensamento, materiais e técnicas, tomando a forma de imagens, gestos,
movimentos e uma mistura de formas. No visagismo, ideias se transformam
principalmente em imagens.

Sintetizar

Para finalizar, é importante que o visagista seja criativo, através da busca por
conhecimento e interesses variados, combinando os interesses adquiridos
de várias áreas diferentes. Uma característica de pessoas criativas é ter o
interesse e conhecimentos variados, pois proporcionam uma maior quantidade
de informação e possibilidade de usar informações de uma área na outra.

Importante: Os autores criaram essas formas de pensar baseando-se nos processos


de criação de cientistas, músicos, artistas e escritores. Eles observaram que nem
sempre todas as maneiras de se pensar serão utilizadas em um trabalho e algumas
apenas em alguns estágios.

O grande desafio no que compete ao profissional visagista é principalmente com relação


ao pensamento criativo, portanto, a busca pelo conhecimento, pelo aprimoramento
em sua profissão, é de extrema importância, a fim de sempre proporcionar resultados
satisfatórios com eficiência, ética e profissionalismo.

Saiba mais
Philip Hallawell é um artista plástico e não tinha envolvimento com
a área da beleza e mesmo assim iniciou sua trajetória de sucesso
com o Visagismo no Brasil a partir de um convite que, segundo
ele, despretensioso, feito pelo Senac (SP), de criar uma apostila
de estudos sobre o Visagismo. Philip fez um trabalho tão bom que
a sua apostila acabou se tornando um livro, editado pela própria
editora Senac.

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Conclusão
Neste conteúdo, você teve a oportunidade de:

• Conhecer os princípios e a importância que regem a Linguagem Visual, com


seus conceitos e definições aplicadas ao Visagismo.
• Entender o contexto histórico do Visagismo a partir das influências da era da
Modernidade até os dias atuais.
• Compreender a história da Imagem Pessoal e entender que ela é expressa de
maneira espontânea, pelas nossas características pessoais e de forma singular.
• Conhecer os conceitos de Beleza e Estilo através da Filosofia, passando pelo
Iluminismo e pelo Romantismo e, por fim, pelos tempos atuais.
• Estudar os conceitos de personalidade e temperamento, entendendo suas ca-
racterísticas individuais que revelam as qualidades interiores de uma pessoa.

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Referências
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construção da imagem pessoal. 2010. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/
Ana%20Flavia%20Fischer,%20Karine%20Phillipi.pdf. Acessado em: 21 fev. 2020.

DE LOIOLA NUNES, L. A. Visagismo: Imagem humana como meio de comunicação.


http://www.portalintercom.org.br/anais/sul2015/resumos/R45-0084-1.pdf. Acessado
em: 22 fev. 2020.

HALLAWELL, P. Visagismo Harmonia e Estética. 6. ed. São Paulo: Senac, 2010.

KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. http://www.filosofia.com.br/


figuras/livros_inteiros/169.txt. Acessado em: 21 fev. 2020.

DA CRUZ, G. K.; DA SILVA MARQUES, J. G.. VISAGISMO APLICADO AOS TIPOS


CROMÁTICOS. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde, v. 3, n. 2, p. 105-131,
2014.

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