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APRESENTAÇÃO DA AUTORA:
1972: Licenciada em Letras (UFBA). 1974: Bacharel em Letras (UFBA). 1985: Mestrado em
Letras e Linguística (UFBA), Ori.: Judith Grossman. 2001: Doutorado em Letras e
Linguística (UFBA). Ori.: Evelina Hoisel. Atualmente, é professora aposentada da escola de
Artes Cênicas da UFBA e membro da Academia de Letras da Bahia (ALB). É escritora, atriz
e realiza criação e adaptação de textos para o teatro.
OBRA:
2 partes: 1. A convivência dramática. 2. Persona
PREFÁCIO:
“O drama: modos de usar”. Por Renato Cordeiro Gomes (PUC-Rio)
Gênero textual ensaio: sobre a catarse (poética aristotélica), caminha através de
questionamentos e não de certezas.
Dramaturgia não aristotélica: Aristóteles. Brecht. “Teatro do Absurdo”. Catarse.
Sintonia fina entre a literatura e o teatro, jogo sempre recomeçado.
sua exegese. Possui origem médica e/ou religiosa: purgação de humores e purgação espiritual.
O termo foi associado a uma forma de mimese e, em especial, a mimese dramática.
“A semelhança entre as personagens e os seres que imitam – dentro de um contexto coerente
de ações, de causalidade lógica – permitiria ao leitor/espectador identificar-se com essa
criação à sua imagem e viver por empatia esses destinos, experimentando uma descarga de
emoções ou alívio da tensão psicológica” (p. 16).
Efeito catártico:
- “peça bem feita” (forma aristotélica do drama)
- realismo/naturalismo (estética que entra em ocaso no início do século XX)
- Antiaristotélico ou anticatártico (Brecht): que tipo de subversão nos objetos e procedimentos
de uma obra dramática permite que a denominemos antiaristotélica? Em que consiste a
anunciada ruptura da relação empática do leitor/espectador com a personagem na
‘dramaturgia contemporânea”? O afastamento do modelo aristotélico chega a abalar a
essência do gênero, a ponto de produzir um drama anticatártico? (p. 17)
A CONVIVÊNCIA DRAMÁTICA
Texto Dramático e Texto Teatral: Delimitações
Expressões texto dramático, texto teatral, texto para teatro, literatura teatral, drama (área da
Semiologia do espetáculo).
1950 – literatufobia, objetivou reteatralizar o teatro. Foi falsamente baseada em Artaud.
Artaud – Papel da palavra na invocação, no cerimonial do espetáculo. A crueldade (rigor), em
Artaud, consistiu em dizer não à palavra-representação, e sim à palavra-grito, à palavra
hieróglifo, não à palavra-imitação da vida, mas a palavra viva, em carne viva (p. 19, 20)
Jean Duvignaud e Jean Lagoutte opuseram dramático (jogo dramático) e literário
(literatura escrita) (p. 20)
Existe uma orfandade do texto em todos os gêneros: narrativo, dramático e lírico (p. 22)
Hegel protestou contra a dissociação entre texto e representação teatral, recomendando que
esses textos não fossem publicados. A Crítica Literária, em geral, possui uma postura
condescendente, um medo reticente de tratar o problema: 1º procede uma breve apologia do
Teatro, depois desculpa-se por tratar o texto “apenas” como literatura (p. 23)
S. W. Dawson, crítico inglês, no primeiro capítulo de O Drama e o Dramático, considera a
leitura de uma peça “uma atividade sofisticada”, e que “tudo parece indicar a prioridade da
representação” (p. 23).
“Dawson consegue [...] fazer uma dupla injustiça: à literatura e ao teatro. Um texto dramático
não é incompleto, pois possui sua própria dimensão cênica, a partir das palavras que fundam
uma realidade poética. Tampouco, qualquer representação teatral do drama “é pouco
verdadeira”, pois ela não é uma transmissão mais ou menos eficaz de uma verdade anterior. É
apenas outra obra, outra realidade artística, construída por outros signos, ou, em termos
aristotélicos, por outros meios de imitação” (p. 24).
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Exemplos: Rei Lear ou Ubu Rei, de Peter Brook. Antígona(s), de Sófocles, de Anouilh, de
Brecht, de Rafael Sánchez (p. 24).
Hamlet Pequeno Organon (Brecht compara, de forma redutora, o drama ao lírico e ao
narrativo, acusando os últimos de “cerebrais”) (p. 25).
Dawson utiliza a cena 5, do Ato V, como exemplo do dramático inseparável, contudo, esse é
um dos momentos mais líricos da peça (p. 25).
Drama (texto) Texto teatral (pode ser empregado para análise do espetáculo, da
escritura cênica) (p. 27).
Drama Literatura
Para Aristóteles, a narração (diegesis) é um modo de imitação poética (mimesis). Para Platão,
a maneira de dizer (lexis) divide-se em imitação propriamente dita (mimesis) e simples
narrativa (diegesis). Platão condena a imitação, Aristóteles a exalta (p. 28).
Estratégias próprias do drama: máxima ilusão, máxima elisão do autor, apagamento da
percepção de um mundo fictício, de um simulacro construído pela linguagem.
“Existe, antes de uma situação dramática, uma linguagem dramática. É ela que confere, por
exemplo, dinâmica aos longos monólogos onde as personagens, não tendo o apoio de um
interlocutor, tem que estar apoiada no efeito que suas frases produzem no ouvinte. É uma
linguagem que pressupõe uma assistência, uma reação. A personagem é seu primeiro ouvinte,
reage às suas próprias frases” (p. 29)
A personagem: ser representativo exemplar, arqui-imagem de uma série de indivíduos, mas
ao mesmo tempo único porque dono de uma linguagem única, contaminada pelo modo como
diz (condicionamento cultural, nível econômico, hábitos, idiossincrasias) (p. 29).
A dimensão cênica do texto: a linguagem encarnada
O idílio com o texto só acontece quando as palavras ganham movimento e plasticidade.
A literatura se faz um constante teatro da linguagem.
Imaginação e visualização do leitor: ensejo e fruição.
O desejo pelo real se transforma num amor ao próprio ato de dicção.
Gramática cênica de Artaud: gestos, movimentos e expressões seriam catalogados como o
léxico de uma língua teatral (p. 31)
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Staiger: função patética do drama, por mover o pathos do ouvinte, síntese de emoção, síntese
de expressão e influência (função patética).
Fernando Segolin: Personagem-função, Personagem-estado, Personagem-texto e Anti-
personagem.