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ISSN 18092616
ANAIS
V FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA EM ARTE
Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 20062007
O PAPEL DO CORO NA TRAGÉDIA GREGA EM NIETZSCHE
Haroldo Osmar de Paula Júnior*
haroldo.depaula@pucpr.br
Observase, na leitura de O nascimento da tragédia, o coro como um
elemento fundamental na arte ática, associado à origem ou à fonte primordial e à
sua natureza dionisíaca. Intencionase neste artigo, observar a relevância dada por
Nietzsche para o papel do coro na tragédia grega. A hipótese aqui defendida é a de
que, segundo Nietzsche, o coro trágico é a própria expressão da voz do deus
Dionísio, associado, por sua vez, à dimensão originária e primordial.
Nietzsche compreende o desenvolvimento da arte, ou da tragédia grega,
como uma natureza inconsciente ligada aos mais obscuros instintos vitais. Daí a
concepção valorizada pelo autor, da experiência estética como ponto de partida para
a reflexão sobre a cultura, e a sua investigação filosófica orientada para a dimensão
dionisíaca.
Para Nietzsche, existe uma estreita relação entre a pulsão artística e a
própria vida. Quem teria percebido e vivido com intensidade e autenticidade esta
estreiteza, fora os gregos trágicos? Neles “a vontade queria, na transfiguração do
*
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professor do Depto de Filosofia
da PUCPR
1
NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992, reimpr. 2003. § 7, p. 52.
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gênio e do mundo artístico, contemplarse a si mesma. [...] Tal é a esfera da beleza,
em que eles viam as suas imagens especulares, os Olímpicos”. 2
Para examinar o papel do coro trágico, fazse necessário retomar a idéia da
tensão entre as pulsões apolínea e dionisíaca, bem como a descrição da música
propriamente dita nesse contexto.
Os constantes conflito e reconciliação gerados pelas duas divindades do
mundo helênico configuram o desenvolvimento da arte trágica. De um lado, temse
Apolo, o deus da forma. De outro, Dionísio, o deus da arte não figurada, o deus da
música dissonante 3 e da embriaguez. Nesse sentido, Nietzsche inicia seu primeiro
livro com este esclarecimento:
A seus dois deuses da arte, Apolo e Dionísio [...] ambos os
impulsos, tão diversos, caminham lado a lado, na maioria das
vezes em discórdia aberta e incitandose mutuamente a produções
sempre novas, para perpetuar nelas a luta daquela
contraposição sobre a qual a palavra comum “arte” lançava
apenas aparentemente a ponte; até que por fim, através de um
miraculoso ato metafísico da “vontade” helênica, aparecem
emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto
a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a tragédia
ática! 4
a mais bem sucedida, a mais bela, e mais invejada espécie de
gente até agora, [...] a que mais seduziu para o viver, [...] os
gregos. [...] Adivinhase em que lugar era colocado, com isso,
2
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 3, p. 38.
3
Dissonância: no decorrer da história, as sonoridades tidas como dissonâncias ou consonâncias
variaram sobremaneira. São considerados consonâncias os sons “agradáveis ao ouvido” e
dissonâncias, os “desagradáveis”. Ora, o que é agradável para uma certa sociedade não o é
necessariamente para outra. Como exemplo, podese citar o caso da Música Medieval, em que a
terça não era apreciada, sendo que no Classicismo e no Romantismo, ela passa a ser a essência da
harmonia. Outro exemplo é a música védica indiana, na qual as consonâncias eram a quarta e a
quinta, as dissonâncias as segundas e as sétimas, e as assonâncias as terças e as sextas. A
dissonância a que Nietzsche se refere é aquela de finais do Romantismo, que ele relaciona com
Dionísio, isto é, às emoções intensas, extasiantes e até sufocantes, angustiantes ou doloridas. Para
ele, estes elementos caracterizam a tragédia grega (MICHAEL, Ulrich. Atlas de Música. Madrid:
Alianza, 1989. p. 21, 167 e 85).
4
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 1, p. 27.
131
Ao se examinar com mais detalhes a Tentativa de autocrítica, percebese
que, já no seu parágrafo primeiro, faz uma crítica à ciência, ao socratismo e à moral.
Este prefácio está marcado, do início ao fim, por uma ênfase ao reconhecimento de
Dionísio como necessário contraponto à racionalidade, intimamente relacionado à
música e, portanto, ao coro trágico. Daí a justificativa do problema da presente
pesquisa.
É relevante assinalar que todo o texto constitui uma autocrítica quase que
condenatória a O nascimento da tragédia, pelas adjetivações deletérias das quais
faz uso, designandoo como um “livro bizarro”, “livro temerário”, “defeitos da
mocidade”, “livro impossível”, “desagradável”, entre outras. Não obstante, pela
centralidade dos significados de Dionísio na construção do seu pensamento, mesmo
considerando essa obra “temerária”, ao reeditála reafirma sua importância no
cenário filosófico. Enaltece a particularidade do deus da desmesura na trama da
experiência trágica, bem como sua manifestação existencial no plano artístico, isto é,
no plano da vida. Arte e vida se confundem por terem um fundo originário comum,
sintonizadas, então, com a tensão entre as pulsões representadas pelos dois deuses
e manifestadas no coro trágico.
Nietzsche, com maior contensão, também faz um elogio à própria obra,
reconhecendoa como um livro para artistas especiais, com uma metafísica de
artista no plano de fundo: “este livro temerário ousou pela primeira vez aproximarse
– ver a ciência com a óptica do artista, mas a arte, com a da vida”. 6 Neste ponto,
encontrase a confirmação do elemento musical e dionisíaco pertinente à
argumentação sobre o coro na tragédia grega.
Nietzsche discorre sobre a dificuldade de expressão de um conteúdo
reservado a “iniciados”, ou “batizados em música”, um livro que se fecha ao
5
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 1, p. 1314.
6
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 2, p.15.
132
profanum vulgus [vulgo profano] dos homens ditos cultos, mais ainda do que ao
“povo”. E finaliza a seção cinco perguntando: “O que é dionisíaco?”. 7
Para responder a esta pergunta contida na Tentativa de autocrítica, pode
se tomar as palavras do próprio filósofo, que, na Seção 5 do livro em questão,
aborda Dionísio, o Unoprimordial e a música. Baseado em sua metafísica de artista,
Nietzsche expõe o caso do poeta lírico, intuitivo e “embriagado”:
Ele se fez primeiro, enquanto artista dionisíaco totalmente um
só com o Unoprimordial, com sua dor e contradição, e produz
a réplica desse Unoprimordial em forma de música, ainda que
esta seja de outro modo, denominada com justiça de repetição
de mundo e de segunda moldagem deste: agora, porém esta
música se lhe torna visível, como numa imagem similiforme do
sonho, sob a influência apolínea do sonho. 8
Neste contexto, Nietzsche faz alusão em especial ao poeta trágico Ésquilo,
ao dar primazia a um modo não conceitual e imediato de expressão, encontrado no
canto do coral trágico. O filósofo remete a uma realidade inacessível à palavra ou ao
conceito. A dramaturgia grega introduz na narrativa e principalmente no discurso do
herói épico, esta redenção na aparência, ou a cura para a insuportável experiência
de dor e contradição propiciadas por Dionísio.
A partir desta constatação, Nietzsche propõe que existe um “equilíbrio” entre
a realidade não mediada pela palavra e pela narrativa. Observase então uma
reflexão sobre o inconsciente e a passagem desta dimensão dionisíaca invisível e
indizível, para uma dimensão apolínea – principium individuationis –, que é visível,
narrada e conceitual, constituindo, assim, o que Nietzsche descreve como o
nascimento da tragédia a partir do espírito da música. Em suas palavras, no livro de
1872, o autor afirma: “o sentimento se me apresenta no começo sem um objeto claro
e determinado, este só se forma mais tarde. Uma certa disposição musical de
espírito vem primeiro e somente depois é que se segue em mim a idéia poética”. 9
Tratase de uma relação entre o Unoprimordial, enquanto força
inconsciente dionisíaca e o mundo apolíneo fenomênico, ambos retratados de forma
7
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 4, p. 17.
8
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 5, p. 44.
9
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 7, p. 44.
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exemplar, curativa 10 e única no âmbito da tragédia grega. A dor é oriunda da
percepção de um fundo originário repleto de sofrimento e prazer extremos,
insuportáveis à consciência. Daí a cura darse na aparência e no sonho apolíneo.
É em nota de tradução de As Bacantes, que Maria Helena da Rocha Pereira
explica a facilidade que os gregos tinham em passar da personificação à
representação da divindade, ou seja, passar da condição de ser humano à de um
10
Os termos curativo ou beberagem curativa, associados à tragédia grega (Seção 21), são
explorados por Nietzsche, em O nascimento da tragédia, contrapondose à idéia de cura pela razão
em Sócrates (Seção 13). O filósofo alemão adota a perspectiva dos poetas trágicos, enaltecendoa e
assumindoa como sua própria filosofia. Toma a razão como doença e tem, no mergulho da
dissolução do indivíduo no Unoprimordial, a noção de reconciliação com a natureza (Seção 16).
Nietzsche aponta que a tragédia e a arte são adotadas pelos gregos como proteção e remédio
(Seção 15). Nos seus escritos, percebese que ele assume essa concepção.
11
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 5, p. 44.
12
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 5, p. 44.
134
deus. Isso ocorre, por exemplo, no intervalo entre o diálogo de Penteu e Tirésias,
estrofes 370 e 385, no trecho do coro que diz:
Reverência, senhora dos deuses,
Reverência, que sobre a Terra
passas tua asa dourada,
ouves de Penteu as palavras?
ouves a irreverente
insolência para com Brómio,
de Sémele o filho, ele que nos festins
de belas coroas está à frente
dos bem aventurados? ele a quem pertence
fazer cessar os cuidados
dançar no tíaso,
rir ao som da flauta,
fazer cessar os cuidados,
quando ao banquete dos deuses
chega o brilho dos cachos,
e nos festins de hera engrinaldados,
o krater13
derrama o sono
sobre os homens. 14
13
Krater: vaso de grandes dimensões, destinado à mistura de água com vinho, que era de regra nos
banquetes (EURÍPIDES. As Bacantes. Lisboa: Ed. 70, 1998. p. 54. nota 18).
14
EURÍPIDES, 1998. Op. cit., p. 54, estrofes 370 a 385. Notase que Brómio é também um nome de
Dionísio.
15
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 6, p. 50.
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primordial no coração do Unoprimordial. Na poesia da canção popular, a linguagem
empenhase para “imitar” a música e o coro é a representação do povo, que na cena
trágica, mostrase como um extrato da multidão, ou “espectador ideal”. 16
Para Schiller, de acordo com Nietzsche, 17 o coro trágico se mostra como uma
muralha viva contra a realidade, ou seja, como uma esfera da poesia que não se
encontra fora do mundo ou da dimensão do mundo fenomenal, mas sim da coisa em
si, o Unoprimordial, tornandose o consolo metafísico. Esse consolo metafísico,
essa forma de o homem se posicionar frente à vida, essa é a essência da tragédia
grega. O grego dionisíaco quer a verdade da natureza em sua força máxima, com
toda a sua dor e com o seu prazer.
A excitação dionisíaca é “capaz de comunicar a toda uma multidão essa
aptidão artística de verse cercada por uma tal hoste de espíritos com a qual ela,
multidão, sabe interiormente que é uma só coisa”. 18 Isto significa, no coro trágico, o
processo de verse transformado diante de si como se estivesse entrando em outro
corpo ou outra personagem. Nietzsche usa o termo transe para falar de tal
fenômeno, ou de epidemia que toma conta da multidão, que se sente enfeitiçada.
Talvez se pudesse chamálo de catarse 19 ou metamorfose: um processo em que o
coro ditirâmbico é um coro de transformados. O coro, aqui, assumindo o próprio
papel do espectador, do público, da platéia. Porém, observase que esta catarse não
é uma descarga patológica da moral.
E mais: o autor afirma que “o encantamento é o pressuposto de toda a arte
dramática [...] é a sua metamorfose. [...] Nos termos desse entendimento devemos
compreender a tragédia grega como sendo o coro dionisíaco a descarregarse
sempre de novo em um mundo de imagens apolíneo”. 20
Dionísio, efetivo herói cênico, não está presente, mas representado. É o
princípio mais antigo da tragédia. O coro é a tragédia, não o drama. O coro
contempla em sua visão o seu senhor mestre Dionísio – o coro é a mais alta
contemplação da natureza e da sabedoria. Quando Dionísio aparece (se objetiva),
não é mais o mar perene, ou viver ardente. Agora Dionísio fala como herói épico. 21
16
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 7, p. 5253.
17
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 8, p. 5759.
18
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 8, p. 5960.
19
Catarse é um termo aristotélico associado ao descarrego e à liberação de tensões sociais.
20
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 8, p. 60.
21
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 8, p. 6163.
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Aquele cantar e dançar não é mais a instintiva embriaguez da
natureza: a massa do coro em agitação dionisíaca já não é a
massa do povo inconscientemente arrebatada pela pulsão
primavera. A verdade é, agora, simbolizada, ela se serve da
aparência, ela pode e precisa por isso também, usar as artes
da aparência. 24
Aqui se infere a importância de Apolo nas artes da aparência. Porém, se, em
A visão dionisíaca do mundo, o autor se mostra mais schopenhaueriano, ao publicar
pela primeira vez O nascimento da tragédia, ele busca um distanciamento e faz uma
crítica ao seu mestre. No posfácio mencionado ele assume definitivamente um
posicionamento dionisíaco enquanto elemento de afirmação da vida. Coloca em
questão o pessimismo de Schopenhauer, bem como a filosofia de sua época.
Essa é a explicação de Rüdiger Safranski, em seu livro Nietzsche, biografia
de uma tragédia, no qual afirma a importância das duas dimensões, ligadas à
consciência e à inconsciência. Aponta como Nietzsche entende a música, a qual
22
NIETZSCHE, Friedrich. A visão dionisíaca do mundo e outros textos de juventude / Friedrich
Nietzsche. Trad.: Marcos Sinésio Pereira Fernandes, Maria Cristina dos Santos de Souza; Rev. da
trad.: Marco Casanova. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 8.
23
NIETZSCHE, 2005. Op. cit., p. 9.
24
NIETZSCHE, 2005. Op. cit., p. 31.
25
SAFRANSKI, Rüdigger. Ecce Homo: Nietzsche, biografia de uma tragédia. Trad.: Lya Left. São
Paulo: Geração Editorial, 2001. p. 15.
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leva ao estado de arrebatamento dionisíaco, com a anulação dos limites e fronteiras
comuns da existência. “A música leva ao coração do mundo”. 26 Apolo, por sua vez,
propicia a consciência do indivíduo.
No jogo ritualístico encontrado na tragédia grega, o espectador do teatro
ático, enquanto povo, multidão, muralha, está sentado nas pedras do anfiteatro,
disposto para a festa. Ele se dilui junto ao coro e é representado pelo herói trágico,
na mais intensa representação. A tragédia grega leva para o palco a relação de
poder entre a palavra e a música. O protagonista domina a palavra, mas é a música
do coro que domina o que as palavras produzem.
Uma importante ressalva para se compreender este discurso ou esta falsa
dualidade é a compreensão da poiesis , que via todas as linguagens artísticas
(música, poesia, literatura, dança, representação e artes visuais) como integrantes
de uma mesma manifestação da vida.
Sócrates quebra o poder da música e, em seu lugar, coloca a dialética. O
logos vence o pathos. E assim, ser e consciência não se harmonizam mais. 27
Com a morte da tragédia, Sócrates inaugura o pensamento dialéticoracional.
Se, na tragédia, o coro era a voz da multidão, a partir de Sócrates, esta mesma
multidão se torna um mero espectador aprendiz. Se a tragédia grega personificava
no seu coro o deus Dionísio e a força da natureza que ele representava, com o
socratismo também a arte sucumbiria aos desígnios da lógica socrática.
A dimensão dionisíaca, traduzida na música trágica, no coro e na metafísica
de artista é o elemento que Nietzsche aponta como via de acesso ao Unoprimordial
ou fonte originária, mediante a percepção intuitiva. Nesse sentido, este filósofo
busca na Antigüidade grega, em especial na discussão de Heráclito sobre o devir, o
fundamento para a constante transformação do mundo, a partir da coexistência de
Apolo e Dionísio.
REFERÊNCIAS
EURÍPIDES. As bacantes. Lisboa: Edições 70, 1998.
MICHAEL, Ulrich. Atlas de Música. Madrid: Alianza, 1989.
26
NIETZSCHE, 1992, reimpr. 2003. Op. cit., § 8, p. 61.
27
SAFRANSKI, 2001. Op. cit., p. 5455.
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