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Universidade Federal do Pará – UFPA


Faculdade de Letras – Belém
Disciplina: _______________________________________.
SEMESTRE: __________________.
Docente: Prof. Dr. Michel Silva Guimarães
Discente: _________________________________________.

ESTUDO DIRIGIDO – “BANDIDO NEGRO”, DE CASTRO ALVES:

BANDIDO NEGRO
Castro Alves Eia! Ó raça que nunca te
assombras!
Corre, corre sangue do cativo P’ra o guerreiro uma tenda de
Cai, cai, orvalho de sangue sombras
Germina, cresce, colheita Arma a noite na vasta amplidão.
vingadora Sus! pulula dos quatro
A ti, segador, a ti. Está madura. horizontes,
Aguça tua foIce, aguça, aguça Sai da vasta cratera dos montes,
tua foIce. Donde salta o condor, o vulcão.
(E. Sue, Canto dos filhos de Agar)
Cai, orvalho de sangue do
Trema a terra de susto escravo,
aterrada... Cai, orvalho, na face do algoz.
Minha égua veloz, desgrenhada, Cresce, cresce, seara vermelha,
Negra, escura nas lapas voou. Cresce, cresce, vingança feroz.
Trema o céu ... ó ruína! ó
desgraça! E o senhor que na festa
Porque o negro bandido é quem descanta
passa, Pare o braço que a taça
Porque o negro bandido bradou: alevanta,
Coroada de flores azuis.
Cai, orvalho de sangue do E murmure, julgando-se em
escravo, sonhos:
Cai, orvalho, na face do algoz. "Que demônios são estes
Cresce, cresce, seara vermelha, medonhos,
Cresce, cresce, vingança feroz. Que lá passam famintos e nus?"
Cai, orvalho de sangue do
Dorme o raio na negra escravo,
tormenta...
Somos negros... o raio fermenta Cai, orvalho, na face do algoz.
Nesses peitos cobertos de Cresce, cresce, seara vermelha,
horror. Cresce, cresce, vingança feroz.
Lança o grito da livre coorte,
Lança, ó vento, pampeiro de Somos nós, meu senhor, mas
morte, não tremas,
Este guante de ferro ao senhor. Nós quebramos as nossas
algemas
Cai, orvalho de sangue do Pra pedir-te as esposas ou
escravo, mães.
Cai, orvalho, na face do algoz. Este é o filho do ancião que
Cresce, cresce, seara vermelha, mataste.
Cresce, cresce, vingança feroz. Este - irmão da mulher que
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manchaste... Quando a lua esconder seu


Oh! não tremas, senhor, são clarão
teus cães. Seja o bramo da vida arrancado
No banquete da morte lançado
Cai, orvalho de sangue do Junto ao corvo, seu lúgubre
escravo, irmão.
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha, Cai, orvalho de sangue do
Cresce, cresce, vingança feroz. escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
São teus cães, que têm frio e Cresce, cresce, seara vermelha,
têm fome, Cresce, cresce, vingança feroz.
Que há dez séc'los a sede
consome... Trema o vale, o rochedo
Quero um vasto banquete escarpado,
feroz... Trema o céu de trovões
Venha o manto que os ombros carregado,
nos cubra. Ao passar da rajada de heróis,
Para vós fez-se a púrpura rubra, Que nas éguas fatais
Fez-se o manto de sangue p’ra desgrenhadas
nós. Vão brandindo essas brancas
espadas,
Cai, orvalho de sangue do Que se amolam nas campas de
escravo, avós.
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha, Cai, orvalho de sangue do
Cresce, cresce, vingança feroz. escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
Meus leões africanos, alerta! Cresce, cresce, seara vermelha,
Vela a noite... a campina é Cresce, cresce, vingança feroz
deserta.

1. Descreva o poema em seus aspectos formais (tipos de versos; modos de acentuação;


esquema métrico e estrófico, e esquema rímico).

2. Qual a origem, significado e função da epígrafe do poema?

3. Indique as figuras de linguagem presentes no poema e reflita sobre os efeitos que criam.

4. Descreva o herói do poema e situe-o dentro do quadro do romantismo e dos modos de


representação do negro e do escravizado no período romântico no Brasil.

5. Observe a grande movimentação, forte marca romântica, presente no poema


(dinamismo e diversidade de quadros, vozes e pontos de vista).

6. Castro Alves utiliza aspectos cromáticos na composição de seu poema; aponte aqueles
que conseguir perceber.

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