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POEMAS DO ROMANTISMO

Canção do Exílio O Navio Negreiro

Minha terra tem palmeiras, [...]


Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam, Era um sonho dantesco... o tombadilho
Não gorjeiam como lá. Que das luzernas avermelha o brilho.
Nosso céu tem mais estrelas, Em sangue a se banhar.
Nossas várzeas têm mais f lores, Tinir de f erros... estalar de açoite...
Nossos bosques têm mais vida, Legiões de homens negros como a noite,
Nossa vida mais amores. Horrendos a dançar...
[…]
Negras mulheres, suspendendo às tetas
(Gonçalves Dias) Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
I-JUCA-PIRAMA Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou
f ilho das selvas, Nas selvas cresci;
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
Guerreiros, descendo Da tribo Tupi. Da
E da ronda f antástica a serpente
tribo pujante, Que agora anda errante Por
Faz doudas espirais ...
f ado inconstante, Guerreiros, nasci: Sou
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
bravo, sou f orte, Sou f ilho do Norte; Meu
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
canto de morte, Guerreiros, ouvi.
E voam mais e mais...

Gonçalves Dias Presa nos elos de uma só cadeia,


A multidão f aminta cambaleia,
Meus Oito Anos E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Oh! que saudades que tenho Outro, que martírios embrutece,
Da aurora da minha vida, Cantando, geme e ri!
Da minha inf ância querida,
Que os anos não trazem mais! No entanto o capitão manda a manobra,
Que amor, que sonhos, que f lores, E após f itando o céu que se desdobra,
Naquelas tardes f agueiras Tão puro sobre o mar,
À sombra das bananeiras, Diz do f umo entre os densos nevoeiros:
Debaixo dos laranjais! "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
[…] Fazei-os mais dançar!..."
[...]
Senhor Deus dos desgraçados!
(Casimiro de Abreu) Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Se Eu Morresse Amanhã Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Se eu morresse amanhã, viria ao menos Co'a esponja de tuas vagas
Fechar meus olhos minha triste irmã, De teu manto este borrão?...
Minha mãe de saudades morreria Astros! noites! tempestades!
Se eu morresse amanhã! Rolai das imensidades!
Quanta glória pressinto em meu f uturo! Varrei os mares, tuf ão!
Que aurora de porvir e que manhã! [..]
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã! (Castro Alves)
[…]

(Álvares de Azevedo)

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