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Escola Básica Castro Matoso

Ano Letivo 2019/2020

Trabalho de pesquisa- Bocage

Marta Vieira da Cruz


nº 16; 7ºB

1
Índice:
Biografia ………………………………………………………………………………3
Poemas:
 O ciúme ………………………………………………………………………….4
 Autorretrato ……………………………………………………………………..5
 A Camões, comparando com os dele os seus próprios infortúnios ……………..6
 Nascemos para amar …………………………………………………………….7
 Meu ser evaporei na luta insana ………………………………………………...8
 Oh retrato de morte, oh noite amiga …………………………………………….9
 Já Bocage não sou ………………………………………………….…………..10
 Nariz, Nariz e Nariz ……………………………………………………………11
 Ó trevas, que enlutais a natureza ………………………………………………12
 Invocação à noite ………………………………………………………………13
Resumo e análise estrófica de um poema …………………………………………...…14
Carta para a minha melhor amiga ……………………………………………………...15

2
Biografia de Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal, às margens do rio Sado, em


Portugal, no dia 15 de setembro de 1765. Filho de José Luís Soares de Barbosa, juiz de
fora e ouvidor e de Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, descendente de
família da Normandia, região histórica do noroeste da França. Em 1783 Bocage alistou-
se na Marinha de Guerra, embarcando para a Índia três anos depois, onde foi promovido
a tenente e mandado para Damão. Ao fugir da Marinha, viveu em Macau e de lá retornou
ao seu país em 1790. No regresso à Lisboa, apaixonou-se pela mulher do seu irmão e
entregou-se à boémia. Nessa época, escreveu versos sobre a desilusão amorosa e as
dificuldades financeiras.
Considerado como o grande poeta do Arcadismo de Portugal, apesar de ter deixado fama
de poeta satírico, Bocage é um dos maiores poetas líricos da literatura portuguesa. Com
o pseudônimo de Elmano Sadino, participou da associação de poetas denominada “Nova
Arcádia” ou Academia das Belas-Artes, que surgiu em Portugal em 1790, escrevendo
poesias que falam de pastores, ovelhas e da mitologia clássica. O próprio nome do
movimento faz referência à Arcádia, região da Grécia onde, segundo a mitologia, pastores
e pastoras levavam uma vida inocente e feliz, em contato com a natureza. A academia
publicou algumas poesias sob o título de Almanaque das Musas e teve curta duração,
conquistando prestígio somente com a produção de Bocage e de José Agostinho de
Macedo. Indispondo-se com o mesmo, ao satirizar os confrades, afastou-se da academia.

3
O Ciúme

Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,


Jaz aos pés do tremendo, estígio nume,
O carrancudo, o rábido Ciúme,
Ensanguentadas as corruptas presas.

Traçando o plano de cruéis empresas,


Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
Vibra das fauces o letal cardume
De hórridos males, de hórridas tristezas.

Pelas terríveis Fúrias instigado,


Lá sai do Inferno, e para mim se avança
O negro monstro, de áspides toucado.

Olhos em brasa de revés me lança;


Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei-lo a meu lado
Ferrando as garras na vipérea trança.

4
Autorretrato:

Magro, de olhos azuis, carão moreno,


Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,


Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades


(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento;


Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.

5
A Camões, comparando com os dele os seus próprios
infortúnios

Camões, grande Camões, quão semelhante


Acho teu fado ao meu quando os cotejos!
Igual causa nos fez perdendo o Tejo
Arrostar co sacrílego gigante:

Como tu, junto ao Ganges sussurrante


Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante:

Lubíbrio, como tu, da sorte dura,


Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura:

Modelo meu tu és... Mas, ó tristeza!...


Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da natureza.

6
Nascemos para Amar

Nascemos para amar; a Humanidade


Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura.
Tu és doce atractivo, ó Formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;


E depois que a paixão na alma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,


Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre:


E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.

7
Meu Ser Evaporei na Luta Insana

Meu ser evaporei na luta insana


Do tropel de paixões que me arrastava:
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quasi imortal a essência humana!

De que inúmeros sóis a mente ufana


Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!


Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos

Deus, ó Deus!... quando a morte a luz me roube,


Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

8
OH RETRATO DA MORTE, OH NOITE AMIGA

Oh retrato da Morte, oh Noite amiga,


Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor que a ti somente os diga,


Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga.

E vós, oh cortesãos da escuridade,


Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;


Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.

9
JÁ BOCAGE NÃO SOU!

Já Bocage não sou!... À cova escura


Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura


Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria


Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade


Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

10
NARIZ, NARIZ E NARIZ

Nariz, nariz, e nariz,


Nariz, que nunca se acaba;
Nariz, que se ele desaba,
Fará o mundo infeliz;
Nariz, que Newton não quis
Descrever-lhe a diagonal;
Nariz de massa infernal,
Que, se o cálculo não erra,
Posto entre o Sol e a Terra,
Faria eclipse total!

11
Ó TREVAS, QUE ENLUTAIS A NATUREZA

Ó trevas, que enlutais a Natureza,


Longos ciprestes desta selva anosa,
Mochos de voz sinistra e lamentosa,
Que dissolveis dos fados a incerteza;

Manes, surgidos da morada acesa


Onde de horror sem fim Plutão se goza,
Não aterreis esta alma dolorosa,
Que é mais triste que voz minha tristeza.

Perdi o galardão da fé mais pura,


Esperanças frustrei do amor mais terno,
A posse de celeste formosura.

Volvei, pois, sombras vãs, ao fogo eterno;


E, lamentando a minha desventura,
Movereis à piedade o mesmo Inferno.

12
INVOCAÇÃO À NOITE

Ó deusa, que proteges dos amantes


O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importantes astros vigilantes:

Quero adoçar meus lábios anelantes


No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem damor os sôfregos instantes:

Tétis formosa, tal encanto inspire


Ao namorado Sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!

Tarda ao menos o carro à Noite oposto,


Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.

13
Autorretrato:
 Na primeira estrofe, o sujeito poético está a retratar-se fisicamente a ele próprio
“Magro de olhos azuis, carão moreno” (v.1), tinha os pés grandes “Bem servido
de pés” (v.2), tinha estrutura média "meão na altura"(v.2) e nariz grande "alto no
meio e não pequeno" (v.4);

 Na segunda estrofe o sujeito poético está a retratar-se psicologicamente a ele


próprio, descrevendo-se como uma pessoa inconstante "Incapaz de assistir num
só terreno" (v.5), e pouco carinhosa "Mais propenso ao furor do que à ternura"
(v.6);

 Na terceira estrofe, o sujeito poético diz que era um rapaz que namorava com
muitas mulheres “Devoto incensador de mil deidades” (v.9)

 Na quarta estrofe, o sujeito poético, reconhece talento a si próprio, Bocage,


“Eis Bocage, em quem luz algum talento” (v.12)

 Podemos encontrar alguns recursos estilísticos como, por exemplo: a


enumeração “Magro, de olhos azuis, carão moreno” (v.1) e a Hipérbole “Devoto
incensador de mil deidades” (v.9).

Análise estrófica:
Nº de estrofes: 4

1ª estrofe- 4 versos- quadra


Nº de versos em cada estrofe: 2ª estrofe- 4 versos- quadra
3ª estrofe- 3 versos- terceto
4ª estrofe- 3 versos- terceto
 Rima interpolada e rima
emparelhada
Rima:  Esquema rimático:
abba/ cddc/ efe/ ghg

14
Carta para a minha melhor amiga:
Aveiro, 17 de abril de 2020
Querida amiga Sofia,
Espero que estejas bem!
Com esta pandemia do Coronavírus não podemos sair de casa e não conseguimos estar
juntas todos os dias, como estávamos antes e ter aquelas longas conversas em que
falávamos de tudo e de nada, às vezes de coisas sérias e outras vezes de palermices e
brincadeiras.
Agora só passeio do quarto para a sala, da sala para a cozinha e da cozinha para o
escritório, para ter as nossas aulas via computador e fazer fichas. As companhias são
sempre as mesmas, o “chato” do meu irmão e os meus pais, que às vezes me aborrecem,
outras vezes deixam-me à vontade e alinham nas minhas maluquices. A minha sorte é que
posso ir até ao jardim e brincar muito com o meu cão, o Link que sabes que eu adoro. A
parte boa deste isolamento é que passo muito tempo com ele.
Mas penso muitas vezes, quando é que isto irá acabar? Quando é que poderei sair à rua e
estar com os meus amigos à vontade como antes? Quando os meus saem para trabalhar
ou ir às compras fico com algum medo que se possam contagiar e ficar doentes.
Mas então penso na minha tia Lena e em todos os enfermeiros como ela, médicos e outras
pessoas que tanto trabalham para combater este vírus. Ainda bem que eles têm
conhecimentos e coragem para tratar os doentes. Ouço dizer que muita gente já está a
passar dificuldades, mas felizmente vejo na televisão e na nossa terra que há gente muito
boa e com determinação que está a ser solidária e ajudar quem mais precisa, com
alimentos e outras coisas.
Felizmente já começamos a ouvir que algumas lojas vão abrir, o que me enche de
esperança de voltarmos ao normal dentro de algum tempo.
Até me custa dizer isto, mas… “já estou com saudades da escola”, tenho saudades das
minhas guerras com o Tiago e depois tu metias-te lá no meio e começávamos os três à
luta. Isso era hilariante! Tenho saudades do nosso silêncio quando dávamos voltas à
escola e tu dizias “Vamos falar de alguma coisa. Não gosto nada deste silêncio!”. Com
isto tudo quero dizer que tenho muitas saudades tuas e só espero que isto passe rápido.
Sei que fazemos muitas videochamadas, mas isso não mata as saudades que eu sinto de
ti. Às vezes dou por mim a pensar “o que é que eu fiz na outra vida para merecer uma
melhor amiga como tu, que me diz todos os dias pelo menos um “hi”, e isso significa
muito para mim. Gosto muito de ti!
Beijinhos Marta (Tuchinha)

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