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De um lado, a linguagem cria sentidos e interpretações para o mundo, de outro pode ser
entendida como uma soma de antropomorfismos. Qual a relação existente entre a moral,
a metafísica e a linguagem? Que linguagem seria mais apropriada para exprimir a vida
em seu caráter efêmero? São algumas das perguntas que veremos Nietzsche fazer no
sentido de libertar a linguagem para a criação, ou seja, uma linguagem não fundante
mais para diante.
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Nietzsche não irá propriamente construir a tragédia grega segundo os seus padrões, mas
determinará um novo sentido de interpretação para o fenômeno, que não
necessariamente coincide com a Antiguidade, uma espécie de arcaísmo, na figura do
Un-Einem(1), ou o Uno-Primordial, a Vontade, uma relação entre essse plano originário
e o mundo fenomênico. Segundo Cavalcanti (2005, p.187):
Paralelo aos estudos das artes, preexiste uma oposição fisiológica que sobredetermina as
regiões do apolíneo e do dionisíaco: o universo do sonho e o da embriaguez. Retomando
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Em séries cíclicas, desde a Idade de Bronze, o impulso apolíneo vem sendo o propulsor
de um mundo glorioso, e, em seguida, engolido pelas forças invasoras do dionisíaco.
Mas como, face a tragédia ática e o ditirambo dramático, alvo de ambos os impulsos,
conjugaram-se, e após luta provisória, vivificaram-se e se uniram em tão supostas obras
de arte:
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Eis alguns aspectos que unem a filosofia de Nietzsche ao projeto artístico de Richard
Wagner: o significado da revitalização da cultura grega, a projeção dessas propostas no
futuro, a criação de um novo tipo de homem, e a transformação e crítica dos valores
modernos.
Crítica à linguagem
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Pode haver coisas em si, mas mesmo que haja, nós jamais o saberemos, porque nós
fomos tomados pelo acorde de nossa organização sensorial. Nesse sentido Nietzsche
acompanha Kant em sua tendência não correspondencionista entre objeto e linguagem.
Foucault(4) apresentará sua tese confrontando as noções de origem (Ursprung) e
invenção (Erfindung), no sentido de afirmar que o conhecimento é da ordem desta
última. Assim, como a religião, a poesia e o ideal, o conhecimento não é instintivo e não
tem nenhuma relação com o objeto a conhecer. Tudo na linguagem é metáfora. E
próximo da compreensão kantiana de que não se pode aproximar a essência das coisas.
Em relação ao conceito, ele não diz a essência, é metafórico também. O conceito tenta
estagnar o que é fluido, sendo extático. “Todo conceito nasce por igualação do não
igual”(5). A folha, por exemplo, nasce da ideia de que, desprezadas as diferenças em
cada uma delas, haveria uma ideia de “folha”, e nenhuma delas corresponderia “à cópia
fiel da forma primordial”(5). Nietzsche afirmará que a desconsideração do individual e
efetivo nos dá o conceito.
Os conceitos utilizados pelos filósofos são produtos de uma linguagem que na realidade
nada tem de objetivo, dada sua natureza metafórica, esquecida pelo ser humano. Deste
modo, tal esquecimento reforça o fato de que na realidade, este mundo verdadeiro nunca
existiu, e o anseio pela verdade, tão presente no pensamento ocidental, nada mais é do
que o anseio por uma ilusão, a metafísica. Podemos conceber que esse esquecimento
presente na estrutura das metáforas, permite que Nietzsche chame o instinto de verdade,
e a crença que os homens podem descrever, de realidade.
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completa mudança de esfera, passagem para uma esfera inteiramente outra e nova.”
(NIETZSCHE, 1987, P.33).
Mas, em relação à vontade de verdade, conceito cunhado por Nietzsche, mais adiante
em sua obra, o homem não deseja a verdade, mas a crença na vontade de verdade. O
ponto central das reflexões acerca do conhecimento é a crítica da vontade de verdade
que atua neste. E essa vontade de verdade sempre implica um determinado tipo de
vontade de potência.(6) No caso do conhecimento e da ciência dispõe uma vontade de
fraqueza, um niilismo.
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É preciso notar que a vontade de verdade é crença e é força de vida, não é uma força
moral, mas uma vontade de potência, mas uma que conserva e não expande a vida. Visa
os valores superiores e por isso significa uma vida melhor, um mundo verdadeiro. Nos
dirá MACHADO:
Notas:
Bibliografia:
. DELEUZE, Gilles, Nietzsche e a Filosofia. N-1 edições, Presses Universitaire de
France, 2018.
. FOUCAULT, Michel, A Verdade e as Formas Jurídicas, PUC Rio, Rio de Janeiro.
. MACHADO, Roberto, Nietzsche e a Verdade, São Paulo, Paz e Terra, 1999.
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