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- O MAL RADICAL, A BANALIDADE DO MAL E O GENOCÍDIO DOS

YANOMAMIS:
O problema do mal na filosofia, metafísico por excelência, torna-se da
esfera da razão em Kant. Neste, o mal aparece como do âmbito da natureza do homem,
quer dizer, do gênero humano. Desse modo, o mal deverá ser entendido como uma
realidade universal, portanto, radical. Assim, o mal radical é uma privação, uma
positividade, uma “perversidade” do coração. O mal absoluto não pode existir dessa
forma, simplesmente porque seria impossível que uma vontade má pudesse recusar
deliberadamente a lei moral, o imperativo categórico, pois a vontade não pode se voltar
contra sua lei interna, contra si própria. Na liberdade do homem, no livre arbítrio, se
manifestará o mal radical.

Hannah Arendt não aceitará essa tese, uma vez que ela não dará conta dos
horrores do totalitarismo, do Holocausto. À ausência do mal absoluto, da malignidade
no homem, Arendt elaborará uma nova teoria de cunho ético e não mais ontológico. Na
“banalidade do mal”, é o “vazio de pensamento” do agente o responsável pela
perpetração do mal; uma espécie de defeito em seu juízo e não uma monstruosidade em
seu caráter seria a causa de tanto mal. Arendt se volta para a questão do pensamento.

Nos dias atuais, precisamente no Brasil contemporâneo, assistimos mais


uma vez a um fenômeno de genocídio contra populações vulneráveis, dessa vez uma
comunidade indígena, os Yanomamis, atingidos em sua saúde integral, pela omissão do
poder público face à devastação de seu meio ambiente, graças a uma economia
criminosa patrocinada pelo Estado. Nesse caso o poder não é de exceção, é democrático.
Deveríamos, então, retomar a questão do mal absoluto; ou nos determos no âmbito
político e jurídico da esfera penal de responsabilidade contra a dignidade da pessoa
humana na forma da humanidade?

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