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que vós mesmos conhecestes a alma do residente forasteiro, porque vos tornastes
forasteiros na terra do Egito” ( Ex, 23:9).
Nietzsche derivou essa teria das duas morais a partir da concepção que
formou de sua genealogia da moral, com a pesquisa etimológica da palavra “bom” em
diversas culturas. Em princípio é bom quem se autodesigna dessa maneira, colocando-se
no lugar de “nomear” as coisas, ou seja, dotando-as e um valor. O bom é o nobre, é
aquele que determina os valores, e que tem capacidade da criação. Ele é o criador. O seu
oposto é apenas o homem vulgar, no sentido de simples, que não tem importância
alguma, por isso será o “ruim” em oposição ao “bom”. Há, portanto, uma distinção entre
o bom dos senhores e o bom dos escravos. O bom dos senhores é ativo, e vem em
primeiro lugar, este se autodetermina o bom por suas próprias qualidades intrínsecas; já
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o bom dos escravos se coloca por oposição aos valores do bom dos senhores,
delimitando-os por isso como os malvados, os perversos, em suma, os “maus”, e só por
derivação, se autocolocará como o sofredor, o coitado, o desgraçado, o humilde, e por
isso dotado de um caráter “bom”. O bom dos senhores é ativo, e vem em primeiro lugar;
o bom dos escravos põem-se por oposição, é reativo, mesmo quando pensa agir está
apenas reagindo. E é essa distinção entre pares de opostos: “bom”/”ruim”; e,
“bom”/”mau” que determinará a diferença que redundará na formação no seio da
humanidade de duas morais também opostas.