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COLÓQUIO – Apresentação/ resumo:

- SOCRATISMO E PLATONISMO:
. Do Socratismo fala da suposta corrupção do jovem Platão pelo decadente Sócrates.
. Nietzsche caracteriza Sócrates como a personificação de uma inclinação para a
decadência insipiente entre os gregos.
. O sequestro de Platão por Sócrates teria significado a atração daquele para o que
havia de mais fraco na civilização grega antiga, e a vitória e consolidação da
racionalidade na cultura ocidental.
. Platão poderia ser considerado uma vítima de Sócrates, alguém que teria deixado de
lado sua origem nobre e sua inclinação para a poesia trágica em nome de uma
perspectiva moral e racional por excelência.
. Poderíamos entender a tradição metafísica como tendo sido inaugurada, e a partir do
qual uma maneira de interpretar o mundo e de se colocar em relação à realidade teria
predominado sobre a perspectiva trágica que marcava a cultura grega antiga.
. Os principais objetivos de Nietzsche com seu antiplatonismo são a crítica ao
racionalismo e a dissolução dos instintos e das formas artísticas vigentes até então.
. Os diálogos platônicos, na medida em que são fruto da criação de um artista
corrompido pela necessidade de racionalização da vida, não produziriam senão uma
arte decadente.
. Nietzsche toma Platão como seu alvo prioritário no que diz respeito à rejeição da
tradição de pensamento metafísico a partir da recusa do seu ato inaugural.
. Platão seria o responsável por levar adiante para o campo do pensamento racional
metafísico a crença num além mundo racional em oposição a tudo o que é instintivo e
imanente.
. O pensamento platônico encarna a crença no suposto valor superior da verdade e
uma tradição que teria encarnado um modo escravo de criar valores, uma filosofia
ressentida, que calunia a vida.
. Platão que Nietzsche coloca na posição daquele que teria inaugurado as crenças e os
valores metafísicos que se teriam perpetuado por mais de dois mil anos.
. A falsa noção de um “mundo verdadeiro” teria tido, portanto,, sua origem histórica
na Grécia, com Platão, com o próprio nascimento do discurso filosófico.
. De um lado, o “Mundo das Ideias”, do outro o mundo aparente, teriam se enraizado
de definitivo na cultura ocidental.
. O Cristianismo traduzido numa moral de rebanho, disseminando os valores
metafísicos e tornando-os hegemônicos para o povo.
. Nietzsche abole a possibilidade de julgamentos morais que partam de qualquer ideal
tomado como pressuposto.

- O NIETZSCHE DE HEIDEGGER:
. O acabamento da Metafísica em Nietzsche, segundo Heidegger, estaria enredado nas
teias que queria superar, como preparando a passagem para uma esfera nova, para
uma outra forma de pensamento.
. Em que medida a identidade da filosofia que Heidegger atribui a Nietzsche constitui
um ponto decisivo e fundamental da constituição da identidade da filosofia do próprio
Heidegger?
. Todos os pensadores lidam, de diferentes maneiras e até de uma forma negativa,
com a questão do ser. Todos eles compreendem o ser e o experimentam ora mais ora
menos sob uma determinada perspectiva, seja aceitando-o, seja repelindo-o como
Nietzsche o repeliu de modo peremptório.
. Pensam o ser e detêm-se no ente, nivelando aquele a este, esquecem a diferença que
os separa.
Tal esquecimento do ser em proveito do ente é a dominante metafísica de sua
configuração diversificada, sob o regime descontínuo de variações históricas
determinativas, que são equivalentes entre si porque se desencobrem encobrindo o
mesmo ser: eidos platônico, ousia aristotélica, ens criator, sujeito pensante na época
moderna.
Não há continuidade entre essas figuras, interligadas pelas suas transformações. O têm
em comum é o esquecimento – o esquecimento que separa o ser do ente – pelo qual a
Metafísica, iniciada pela ideia suprassensível platônico, entra no circuito histórico
pondo o ente no lugar do ser. História do ser e história da metafísica equiparam-se.
Nietzsche seria o último capítulo que nos concerne, preenche a nossa época, seu autor
e co-autor.
. No entender heideggeriano, a metafísica da vontade de potência não representaria
uma ruptura como pretendia Nietzsche, com as filosofias do sujeito, mas representa
sua consumação. Nesse sentido, o pensamento nietzschiano possuiria a mesma
natureza metafísica do pensamento ocidental que se desenvolveu desde Platão. Na
compreensão de outros, por exemplo, Nietzsche seria aquele pensador no qual essa
tradição teria realizado suas últimas possibilidades na vontade de potência.
. Mas, na esteira da compreensão do dito “Deus morreu”, só o abarcaremos a partir
daquilo que Nietzsche pensa com o termo valor, que é a chave do entendimento de
sua metafísica, embutida na noção de vontade de potência. O devir é para Nietzsche, a
vontade de potência, e esta é o traço fundamental da vida. Vontade de potência, devir
e ser são, na linguagem nietzschiana, o mesmo. A vontade de potência mesma é o
fundamento da mais superabundante vida.
. Temos no comentário de Müller-Lauter, que a própria interpretação heideggeriana da
vontade de potência como princípio metafísico em Nietzsche seria equivocada, já que
Heidegger concebe uma unidade na vontade de potência a qual se manteria através da
constante superação de si. De acordo com Heidegger, Nietzsche acaba se
pronunciando sobre a totalidade do ente, ao conceber sua essência como vontade de
potência e sua existência como eterno retorno do mesmo. Contudo, Müller-Lauter
entende que o todo em Nietzsche só se dá como um caos. O ente enquanto tal não é
mais fixável. Não teria, portanto, sentido falar de qualquer fundamento do ente em
Nietzsche.
- VONTADE DE POTÊNCIA:
. Concebe a vontade de potência como vontade orgânica; de todo ser humano: exerce-
se nos órgãos, tecidos e células, nos numerosos seres vivos microscópicos que
constituem o organismo.
. Atuando em cada elemento, encontra empecilhos nos que nos rodeiam, mas tenta
submeter os que a ela se opõem e colocá-los a seu serviço. É por encontrar
resistências que se exerce; é por exercer-se que torna a luta inevitável.
. Efetivando-se, a vontade de potência faz com que a célula escarre com outras que a
ela resistem; obstáculo, porém, constitui estímulo. Com o combate, uma célula passa a
obedecer a outra mais forte, um tecido submete-se a outro mais forte, um tecido
submete-se a outro que predomina, uma parte do organismo torna-se função de outra
que vence – durante algum tempo.
. A luta desencadeia-se de tal forma que não há pausa ou fins possíveis; mais ainda, ela
propicia que se estabeleçam hierarquias – jamais definitivas.
. Ele elabora a teoria das forças e amplia o âmbito de atuação da vontade de potência:
antes apenas no plano orgânico, agora a tudo o que existe. A vontade de potência
aparece então como força eficiente. Querendo-vir-a-ser-mais forte, a força esbarra em
outras que a elas resistem; é inevitável a luta – por mais potência.
. Vontade de potência (Wille zur Macht): Wille 9disposição, tendência, impulso); e,
Macht (‘machen’ = fazer, produzir, formar, efetuar, criar). A vontade de potência é o
impulso de toda força a efetivar-se e, com isso, criar novas configurações em sua
relação com as demais.
. Se com a teoria das forças não abre mão do conceito de vontade de potência é
porque quer juntar aos quanta dinâmicos uma qualidade. Mas a vontade de potência
não é uma substância ou espécie de sujeito. Qualidade de todo acontecer, ela diz
respeito ao efetivar-se das forças. Mais próxima da arché dos pré-socráticos.

- MORTE DE DEUS E NIILISMO:


. Em que medida a apreensão da morte de Deus não se confunde com a perda da
crença em Deus?
. Deus designa no interior da tradição metafísico-cristã de pensamento uma das partes
da cisão entre mundo verdadeiro e mundo aparente, no caso o primeiro.
. O homem se depara com a incapacidade de atingir o mundo verdadeiro e com a
incontornabilidade de sua ligação sensível com o mundo aparente.
. A cisão entre mundo verdadeiro e mundo aparente rui e leva para o fundo todo o
conteúdo ontológico do dito mundo verdadeiro: DEUS.
. A morte de Deus descreve uma imposição histórica oriunda dos próprios
desdobramentos do pensamento metafísico e exige uma nova tomada de posição.
. MORTE DE DEUS: libertação em relação ao jugo do Criador, de uma lei eterna.
. Nenhuma legislação mais extrínseca ao movimento de concretização de sua ação.
. Não acreditar em Deus é tão somente um modo negativo de se relacionar com Ele.
. Buscamos nos vingar de nosso antigo Senhor pela afirmação de sua nadidade.
. As injunções morais referentes à dicotomia metafísica entre ser e aparência X
alterações circunstanciais de nossas crenças pessoais.
. A MORAL é o horizonte de instauração de todos os valores supremos do Ocidente até
o acontecimento da morte de Deus.

- O “SUMO BOM DEUS”, O “BOM” E A GENEALOGIA:


. A metodologia criada por Nietzsche no intuito de medir o valor dos valores será,
portanto, a GENEALOGIA DA MORAL. Uma espécie de filosofia da histórica, que troca o
azul dos ideais dos psicólogos ingleses, pelos documentos cinzas dos etimólogos, os
genealogistas propõem uma avaliação dos valores para além de bem e mal, ou seja,
além da transcendência, uma valoração imanente, mas não acima do bom e do mau,
do bom e do ruim.
. Aqui começamos com a filosofia nietzschiana dos valores. O “bom” é sempre bom da
mesma forma? Quem designou esse caráter do “bom”? Existe um “bom” em si?
. Segundo Nietzsche, o “bom” não deve ser inferido daquele que dispõe da bondade,
mas daquele que se considera “bom”, no caso, historicamente, os nobres e
aristocratas. A esses é dado nomear e auto nomear-se os bons, afirmativamente,
enquanto por negação define os demais, os outros, os maus.
. Os escravos, por sua vez, são aqueles que se auto denominam negativamente,
reconhecendo os “bons” da outra moral como os maus, e, denominando-se, por
exclusão, os bons, ou seja, os pobres, os excluídos, os réprobos, etc. Essa forma de
autodeterminarem-se escravos pode ser considerada de ressentida, pois não age por
ação, mas por reação.
. A cada um tipo refere-se uma moral, no caso, a moral dos senhores e a moral dos
escravos. No entanto, são ambas informadas pela vontade de potência, tudo é
vontade de potência, a primeira dos fortes, a dos segundos a fraca.
. Mas, se ambas são consideradas vontades de potência, o que as distanciam? – O
‘quantum’ de diferença entre elas – há uma quantidade de potência que as
diferenciam.
. Na interpretação deleuziana, ação e reação referem-se aos tipos senhor e escravo,
determinando assim uma qualificação das forças. Tomando-se as forças como
intensidades, há uma variação de intensidade que estabelece a diferença entre as
forças, umas são dominantes outras são dominadas. A diferença de intensidade gera
uma diferença de quantidade, portanto uma variação de qualidade.
. Assim, segundo Deleuze, a vontade de potência seria a responsável pela intensidade
conformando a qualidade.
. Se ação e reação estão relacionadas com dominação e subjugação, isto é,
relacionadas com as forças. E, por decorrência, com a vontade de potência, pode-se
obter uma qualificação a partir da ação e reação. A ação se relacionaria com a
atividade e a reação com a reatividade. E referem-se à diferença de quantidade.
. Deleuze enfatiza que em Nietzsche a verdadeira reação seria a da ação, pois
possibilitaria a reação, enquanto a força reativa seria um poder de obedecer.
- RESSENTIMENTO:
. Ressentimento, referencial básico da geração de valores, compreensão da moral dos
escravos.
. Em Nietzsche, os tipos são definidores de modos específicos de avaliar, que tem por
base as diferenças concernentes à relação das qualidades e à qualidade da vontade de
potência.
. O ressentimento é definidor do tipo escravo. Somente por vingança imaginária ficam
quites. Sua ação é por reação. O ressentido é formador de um tipo e criador de
valores.
. A inversão do nível de avaliação para a exterioridade requer a negação do outro
enquanto condicionante de alguma postulação, ainda que aparente.
. Sim/não; ação/reação; potência/impotência.
. A moral de senhores nasce de um sim, de uma afirmação de si, enquanto expressão
de um impulso vital como determinante da avaliação.

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