Você está na página 1de 3

Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

Programa de Iniciação à docência – PIBID/ CAPES


Orientadora: Profa.Dra.Iraci Nobre da Silva
Orientandos: Daiane Pontes da Silva
Iasmim Soares Damasceno
José Gabriel da Silva Santos

Fichamento do Capítulo III “Gêneros no mundo real: inter-relações” da obra “Gêneros


no contexto brasileiro: questões (meta)teóricas e conceituais” de Benedito Gomes
Bezerra (2017)

Palmeira dos Índios – AL


2023
Bezerra, Benedito Gomes Gêneros no contexto brasileiro: questões (meta)teóricas e
conceituais / Benedito Gomes Bezerra. -- 1. ed. -- São Paulo : Parábola Editorial, 2017.
136 p. ; 23 cm. (Linguagem J ; 75) Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-7934-128-1
1. Análise do discurso. 2. Linguística. 1. Título li. Série.

“No "mundo real do discurso", em vez de lidarmos com gêneros como entidades
isoladas, nos confrontamos com gêneros que "frequentemente são vistos na relação com
outros gêneros, com certo grau de sobreposição ou até, por vezes, de conflita1' (Bhatia,
2004: 29).” (p.48)
“Daí a consciência crescente, em análise de gêneros, de que eles não devem ser tratados
como entidades discretas, claramente distintas, prontas para serem ensinadas e
aprendidas, mas como entidades complexas, dinâmicas, que se manifestam no mundo
real e como parte da complexidade desse mundo.” (p.48)
“Na descrição de Bawarshi e Reiff (2013: 111), "não podemos compreender
verdadeiramente uma determinada troca de textos sem compreender os gêneros, e não
podemos compreender determinados gêneros sem compreender como eles se
relacionam uns com os outros dentro de um cerimonial". (p.49)
“Nessa concepção, Bawarshi e Reiff (2013: 112) descrevem a apreensão como a
"habilidade de saber como negociar os gêneros e como aplicar e transformar estratégias
de gênero (regras do jogo) em práticas textuais (performance real)". (p.49)
“Segundo Spinuzzi (2004), os gêneros podem ser agrupados a partir de uma perspectiva
individualista, como é o caso da noção de conjuntos de gêneros, ou de uma perspectiva
comunitária, como no conceito de sistema de gêneros, ou ainda da perspectiva da
atividade, como seria o caso das ecologias de gêneros, conceito adotado pelo
autor.”(p.50)
“Na perspectiva da autora, "quando examinamos o conjunto de gêneros de uma
comunidade, estamos examinando as situações, as atividades recorrentes e os
relacionamentos da comunidade. O conjunto de gêneros realiza seu trabalho" (Devitt,
1991: 340). “ (p.51)
“Por outro lado, é necessário concordar com Spinuzzi (2004) em que o conceito de
conjunto de gêneros apresenta um foco no indivíduo e, assim, é capaz de oferecer um
quadro apenas parcial do funcionamento dos gêneros em contextos do "mundo real".
Segundo Bhatia (2004), os gêneros que formam um conjunto, embora intertextualmente
ligados, se mostram "individualmente distintos" e revelam apenas um lado da atividade
profissional, aspecto igualmente já destacado por Bazerman (1994).” (p.52)
“Apesar de reconhecer a utilidade e a produtividade dos conceitos de conjunto e sistema
de gêneros, Bhatia (2004) considera necessário postular uma categoria mais ampla para
dar conta não só das atividades de um indivíduo em particular ou de todos os indivíduos
envolvidos em certa atividade profissional ou acadêmica, mas também das diversas
formas discursivas invocadas no conjunto das práticas profissionais em um dado campo
disciplinar ou acadêmico.” (p.53)
“Importante no conceito de cadeia de gêneros tal como desenvolvido por Swales (2004)
é o fato de ele chamar a atenção para os elos "oclusos" da cadeia. Para o autor, a cadeia
é formada por duas modalidades de gêneros: os gêneros "oficiais", visíveis, como no
caso de Fairclough, na maioria das vezes, não é possível circunscrever o conceito a um
agrupamento delimitável de textos. Gêneros no contexto bras1le1ro apresentação em
PowerPoint e o próprio artigo destinado aos anais do evento, e os gêneros "oclusos",
que permanecem virtualmente invisíveis para quem está de fora e para os próprios
aprendizes no campo disciplinar em questão.” (p.54-55)
“Quanto ao termo "redes de gêneros", Swales (2004) o utiliza para se referir às relações
intertextuais mais amplas entre gêneros num determinado campo de atividades (no caso
do autor, o "mundo da pesquisa11 ) . Apoiando-se no dialogismo bakhtiniano, bem
como na noção de intertextualidade adotada por Fairclough (1992).” (p.55)
“Orlikowski e Yates (1994), apoiadas em Devitt (1991) e outros, utilizam a metáfora de
uma orquestra sinfônica para propor a noção de repertório de gêneros (genre repertoire):
assim como a compreensão em profundidade de seu repertório leva a um conhecimento
mais fundamentado da orquestra, assim também "a compreensão da composição do
repertório de gêneros de uma comunidade pode trazer valiosa informação sobre o
escopo e a riqueza de sua comunicação, bem como sobre a natureza de suas atividades e
interações". (p.56)
“No conceito de ecologia, o foco não se concentra nem no indivíduo nem no grupo
social, mas na atividade, vista como constitutiva e constituída pelo gênero. O gênero é
concebido como uma Gêneros no contexto brasileiro entidade dinâmica, sujeita a
mudanças constantes, que correspondem a mudanças nas atividades mediadas.” (p. 56-
57)
“Nos dias atuais, a teoria não mais encara os gêneros como entidades individuais,
estanques, isoladas, prontas a serem transformadas em objeto de estudo ou de ensino. O
campo da análise de gêneros dispõe atualmente de diversos conceitos teóricos
destinados a dar conta de variados aspectos relacionados com o fenômeno das inter-
relações mostradas pelos gêneros.” (p.60)

Você também pode gostar