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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS –
PROFLETRAS

Dany Mary
Jaqueline
Lucinio
 O contexto brasileiro tem sido marcado por uma
pluralidade de abordagens teóricas sobre os
gêneros.
 Convém falar em uma “abordagem brasileira”
(Swales, 2012) ou “síntese brasileira”? (Bawarshi;
Reiff, 2013) para os estudos de gênero?
 No campo internacional parece haver no estudo
de gêneros um afastamento da concentração nos
aspectos textuais e significativa aproximação dos
aspectos contextuais (Bhatia, 2004:12) passando
da ênfase a “textualização léxico-gramatical” e
da “organização do discurso” para a
“contextualização do discurso”.
 Nesse contexto, a ACG tem sido
apontada como um dos
desenvolvimentos verificados nas
teorias de gênero, quer na análise
de gênero internacional, quer como
empreendimento interdisciplinar
gestado no Brasil pelo linguista José
Luiz Meurer (Motta-Roth, 2013;
Bonini, 2013), um dos pioneiros
dessa “teoria alternativa”, sendo
visto como seu inspirador ou
fundador.
 Meurer “lançou os fundamentos” da ACG
como uma abordagem teórica “situada no
contexto brasileiro para o estudo da língua
em uso”.
 Já na virada do milênio, Meurer (2001)
referiu-se a essa perspectiva como uma
“análise crítica de gêneros textuais”. Mais
tarde, dedicou-se a defender a ACG “como
uma abordagem interdisciplinar” no Brasil e
no exterior.
 Meurer (2000a:1) indagava sobre “como ler e
analisar criticamente os diferentes gêneros
textuais” evidenciando que “neles (textos) e
através deles os indivíduos produzem,
reproduzem ou desafiam a realidade social na
qual vivem e dentro da qual vão construindo sua
própria narrativa pessoal”.
 O autor fundamentava-se na análise crítica do
discurso (ACD) de Fairclough (2001[1992]) para
explicar essa “leitura e análise crítica de
diferentes gêneros”.
 Para Fairclough, o discurso apresenta um tríplice
poder constitutivo:
(1)produz e reproduz conhecimentos e crenças
através de diferentes modos de representar a
realidade;
(2)estabelece relações sociais;
(3)Cria, reforça ou reconstitui identidades.
 Para Meurer (2005) a incorporação de uma
dimensão crítica pela análise de gêneros
representaria “um avanço para os estudos de
gêneros textuais” para “ultrapassar
preocupações com sequências e outros
elementos linguístico-textuais que compõem
determinado gênero textual (p. 106).
 Essa abordagem, considerada em suas bases
mais gerais, procurava integrar “quatro
perspectivas de pesquisa em linguagem, a
saber, a linguística sistêmico-funcional, a
análise crítica do discurso, estudos de
gêneros e teorizações sobre o componente
sociológico da linguagem”.
 Motta-Roth e Heberle (2015:26) descrevem a
ACG como subárea da linguística aplicada,
concentrada na “descrição, interpretação e
explicação de textos em seus contextos, de
um ponto de vista sociodiscursivo, integrando
aspectos teóricos e metodológicos da
sociorretórica, da LSF e da ACD.
 Motta-Roth (2008, 2013) concebe a ACG
como um meio de incorporar um componente
crítico na pesquisa e ensino de gêneros. No
Brasil, o termo usado é a sociorretórica,
considerando as relações interdisciplinares.
 Motta-Roth; Marcuzzo (2010:520) afirmam que praticar a
análise crítica dos gêneros implica enfocar os gêneros como
“práticas discursivas socialmente situadas, cujos
participantes atualizam identidades e relações sociais nos
textos que são produzidos, distribuídos e consumidos em
atividades específicas da vida social”.
 A análise crítica de gêneros, segundo Motta-Roth (2008:
370-371) oferece três significativas contribuições para o
estudo de linguagem:
(1) Análise tanto dos elementos linguísticos e retóricos do
texto quanto dos elementos ideológicos do contexto;
(2) Ao privilegiar o estudo do texto e a consideração das
praticas sociais, a ACG “esclarece o significado dos textos
para a vida individual e grupal e o papel estruturador dos
gêneros para a cultura”;
(3) A análise de aspectos textuais em um sistema de atividades
humanas permite uma percepção mais acurada da relação
entre teoria da linguagem e prática social.
 Pedagogicamente, a ACG seria marcada pelo
estímulo ao desenvolvimento da autoria e à
valorização do dialogismo e da intertextualidade por
parte dos alunos, de forma a ajudá-los a se engajar
em atividades de produção textual como formas de
“estar no mundo, de agir com um objetivo e com um
motivo” (Motta-Roth, 2008:373).
 Já para Bonini (2010: 491), na perspectiva da ACG, o
gênero e seus componentes seriam estudados como
parte das discussões em torno de problemas sociais
como racismo, xenofobia ou relações de poder. A
isso ele combina as teorias de Meurer, Bhatia,
Bakhtin, Fairclough, Motta-Roth, demonstrando ser
bem mais eclético na linha de diálogos teóricos
usuais nas abordagens brasileiras para o estudo de
gêneros.
 O autor Bhatia ao desenvolver a análise crítica
de gêneros, aborda o conceito de
interdiscursividade (Bhatia, 2007, 2008a) como
um aspecto central para o desenvolvimento de
uma abordagem “multidimensional e de
múltiplas perspectivas”: não só uma perspectiva
textual, mas também as perspectivas cognitiva,
sociocrítica, institucional e etnográfica (Bhatia,
2008a:171).
 Bhatia (2008b) situa a ACG no âmbito de uma
tendência da teoria de gêneros, que consiste em
uma acentuada mudança de ênfase do texto para
o contexto.
 Numa definição sumária da ACG, Bhatia
(2012:22) a descreve como “uma tentativa de
fazer a teoria de gêneros ir além da análise de
recursos semióticos utilizados nos gêneros
profissionais, a fim de compreender e esclarecer
práticas ou ações profissionais em contextos
acadêmicos e profissionais típicos”.
 Bhatia (2015ª:17) define a ACG como “teoria do
desempenho interdiscursivo” e aplica
preferencialmente ao estudo de gêneros como
um dos elementos da análise de práticas
profissionais e acadêmicas mediadas pela
linguagem.

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