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Nos tempos atuais, estudos acerca de análises de textos têm tomado grande proporção.
Nesse viés, buscamos analisar os elementos constitutivos do gênero carta sob a ótica da
linguística textual. Nessa vertente, insere-se a análise da coesão e coerência, na perspectiva de
Koch (2001, 2010). Neste estudo, fizemos uma abordagem ao gênero carta produzida por
discentes de uma Escola parceira do PIBID/CAPES/UNEAL. A referida carta serviu como
resposta ao miniconto intitulado “Apelo” de Dalton Trevisan. Desse modo, o objetivo do
nosso estudo é analisar os elementos que constituem o gênero carta, sob a ótica da linguística
textual. No intuito de direcionar a nossa pesquisa, formulamos a questão norteadora: No que
tange a questão de sentidos e compreensão nos elementos constitutivos da carta pessoal?
Para realizar o objetivo, buscamos amparo teórico nos postulados de Bezerra( 2017), Biasi-
Rodrigues (2012), Bakhtin e Volochinov (1929), Bakhtin (2010), Koch (2001, 2010),
Marcuschi (2007,2008,2012), Souto Maior(2001), Silva (2020), Bhatia(2001), dentre outros.
A pesquisa estrutura-se nas discussões aqui apresentadas que foram divididas em três seções,
assim delineadas: A primeira versa sobre bases conceituais de gêneros. A segunda traz
abordagens sobre o gênero carta na prática pedagógica. A terceira apresenta a metodologia,
com ênfase na procedência e análise dos dados.
A pesquisa é de natureza qualitativa, que, na compreensão de Lakatos (2003), trata
de uma pesquisa que tem como premissa, analisar e interpretar aspectos mais profundos
descrevendo a complexidade do comportamento humano e ainda fornecendo uma análise
mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de comportamento, sendo assim,
a ênfase da pesquisa qualitativa é nos processos e nos significados.
A seguir discutiremos sobre as bases conceituais de gêneros, a terminologia possui sua
contribuição em relação aos gêneros textuais, porém, essas formas não são exatamente novas,
cabe pontuar, assim, a transmutação e assimilação de um gênero por outro, dessa maneira,
não há surgimento de formas novas (BAKHTIN, 1929).
Nessa perspectiva, Marcuschi (2007-2008) salienta que não há o desprezo das formas,
todavia, em alguns momentos fazem-se uso delas, neste caso, elas determinam os gêneros,
outrossim, em outros tantos serão as funções, os gêneros, são formas verbais de ação social
relativamente estáveis, predominantemente repleto de variações. Diante de tais considerações,
expomos os tópicos a seguir.
No cenário atual, sabe-se que houve uma grande redução da utilização de cartas como
meio de comunicação, hoje temos por exemplo alguns outros recursos que designam a mesma
função de forma mais prática. Apesar da não utilização das cartas hodiernamente, faz-se uma
ressalva acerca deste método comunicativo, ademais, sua eficiência não foi descartada, por
isso, ainda há uma forte presença de documentos que são construídos a partir desse gênero.
No que concerne a ótica de Marcuschi (2012), apesar de não existir um consenso entre
os estudiosos quanto a definição de texto, dado que a sua identificação é intuitiva ao perceber
como diferencia-se um texto de um não-texto. Sabe-se que um texto parte de uma noção de
sequência de morfemas ou sentença de sentenças relacionadas num todo. Torna-se
imprescindível resgatar em ambientes escolares, a construção coesa e coerente da carta
pessoal, texto este, escasso em tempos modernos.
Para Koch (2003) o texto passa a ser percebido muito mais como um processo de
planejamento ou construção do que um produto acabado. A partir desse processo, se resulta o
sentido do texto que não se encontra nele, mas se encontra a partir dele. Dessa forma, uma
maneira de construir sentidos para diversos textos eficientes são embasados na coesão e
coerência. A Koch (2003) ressalta ainda que a coesão diz respeito ao modo como os
elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados entre si. A
coerência, estaria imbricada, pois “diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à
superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração
veiculadora de sentidos” (KOCH, 2003, p.52)
Nesse sentido, percebe-se o caráter comunicativo que a carta ocupa, sendo que, por ser
um fenômeno empírico global, consolida-se nas diversas práticas discursivas diárias(SOUTO
MAIOR, 2001). Sabe-se, que atualmente não é ordinariamente utilizada, sendo portanto,
comumente substituída por email, porém a carta tem seu lugar de pertencimento, não
deixando de ser um aparato comunicativo.
Muitas definições já foram dadas para definir “texto”, considera-se as cartas como
textos pois demonstram a experiência da humanidade no mundo, por exemplo, as cartas
bíblicas denominadas epístolas revelam as histórias de variados povos que viviam às margens
do mediterraneo, são portanto memórias do homem historicamente situado(FURLAN, 1989
apud, SOUTO MAIOR, 2001).
Seguindo a linha teórica de Marcuschi(2000), utiliza-se o gênero carta descrevendo os
elementos básicos utilizados para identificar este gênero que são: local e data; saudação; texto
e assinatura. Neste caso, encontramos textos com características individuais classificados com
nomes específicos, cujo especificidade dar-se devido o contexto, exemplifica-se desse modo
como: carta ao leitor, carta pessoal, carta resposta, carta de aceite e dentre
outros(MARCUSCHI, 2000 apud SOUTO MAIOR, 2001).
Assim, considerando a variedade de cartas circulando na sociedade brasileira, com
organizações e macroestruturas diferenciadas, e características específicas de acordo com os
diferentes contextos em que são usadas, foi nos despertado o interesse para a realização deste
estudo que engloba primordialmente o gênero textual: carta pessoal. Com enfoque não apenas
nas formas textuais, posto que a compreensão dos sentidos textuais que ficam abertos de
modo intencional ao leitor são importantes para a relação de fatos entre si.
Desta forma, é notório a dificuldade que consiste em classificar gêneros, pois estes,
acompanham a complexidade da sociedade, a carta, por ser um gênero situado num contexto
comunicativo bem definido, mas diversificado, possibilita uma enorme variedade na sua
forma estrutural, neste viés, as formas textuais possuem marcas linguísticas que possibilitam
a identificação desde o início do texto. Desse modo, esmiuçamos o gênero Carta Pessoal
extraída do texto Apelo sob autoria de Dalton Trevisan na seção seguinte, acompanhe:
3. METODOLOGIA
Coletamos um total de 25 amostras, mas para essa pesquisa utilizamos apenas dez
amostras, escolhidas de forma aleatória. A metodologia de análise está centrada no modelo de
operações textuais-discursivas de Marcuschi (2010, p.75), junto as nossas adaptações.
Segundo Antunes (2003, p.19) “Um exame mais cuidadoso de como o estudo da língua
portuguesa acontece, desde o ensino fundamental, revela a persistência de uma prática
pedagógica que, em muitos aspectos, ainda mantém a perspectiva reducionista do estudo da
palavra e da frase descontextualizadas”. A autora afirma que “Nesses limites, ficam
reduzidos, naturalmente, os objetivos que uma compreensão mais relevante da linguagem
poderia suscitar - linguagem que só funciona para que as pessoas possam interagir
socialmente” (p.19) com isso é imprescindível que se faça uma análise para que nas aulas de
português sejam trabalhados sim com o texto como um todo, pois entendo o todo se entende
as partes.
Solicitamos uma carta resposta ao texto base “Apelo” de Dalton Trevisan. Coletamos
as amostras das produções solicitadas em uma escola pública parceira do
PIBID/CAPES/UNEAL em uma turma de terceira série do ensino médio. A turma é
composta por quarenta e oito aluno sendo trinta e quatro do sexo masculino e oito do sexo
feminino. No referente dia 18 de outubro, fizeram-se presentes trinta e nove alunos.
Obtivemos um total de dezessete cartas completas, oito cartas incompletas e treze não
realizaram a proposta.
Os alunos tinham na faixa etária entre dezessete e dezoito anos. No referido dia da
aplicação da sequência didática, dia 18 de outubro de 2023, em uma quarta-feira, fizeram-se
presentes trinta e nove alunos. A turma em geral apresenta um perfil de alunos participativos,
carismáticos e bastante falantes. Porém alguns se dispersam com facilidade. Há um caso
específico de aluno que apresenta dificuldade na escrita, ainda não diagnosticada. Neste caso,
iremos pedir para que leia o que foi escrito em sua atividade. Há casos em que os alunos têm
dificuldade e outros casos nos quais alguns alunos são desinteressados ou não se
comprometem para cumprir a atividade que foi solicitada. Fazendo-se necessária a paciência
e maior atenção dos licenciandos a estes alunos desmotivados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
ESTRUTURA X X X
DO GÊNERO CARTA
DIFICULDADES X X X X X X
EXCESSIVAS
DE PONTUAÇÃO
USO X X X
DE MARCAS
METALINGUÍSTICAS
PROBLEMAS
DE CONCORDÂNCIA
ESTRUTURA
TRUNCADA
PROPOSTA X X X X X X X X
DE INTERVENÇÃO
RELACIONADA AO
TEMA
CONDENSAMENTO X X X X X X X
DE IDEIAS
SEGUE A X X X X X
ORGANIZAÇÃO
DE PARÁGRAFOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados obtidos nas discussões realizadas e nos estudos bibliográficos,
obtivemos um olhar sobre a aplicabilidade da compreensão crítica dos sentidos expostos da
carta pessoal titulada Apelo de Dalton Trevisan. Desenvolveu-se o senso leitor e articulação
da linguagem através da multiplicidade no estudo dos gêneros, com a metodologia em ênfase
nos sentidos, compreensão e produção escrita, em um panorama de interação do gênero carta.
Observando a temática em questão, propondo a produção da carta-resposta, pontuamos na
exposição no quadro 1 que os colaboradores apresentaram maior domínio na proposta de
intervenção relacionada ao tema e dificuldades na estrutura em si do gênero trabalhado. Em
sequência, enfatizamos que apenas os colaboradores C2, C3 e C4 apresentaram o domínio em
todos os elementos da carta pessoal, principalmente os únicos pontuando na estrutura do
gênero carta pessoal.
Destarte, esperamos que o estudo aqui presente possa ser compartilhado com professores,
estudantes e pesquisadores das diversas áreas da linguagem que se preocupam com a
produção em sala de aula. Acreditamos que a discussão aqui realizada, de alguma forma,
alcancem o interesse dos leitores por essa essencial temática no ensino dos gêneros textuais.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. (2003) Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 5. ed. São Paulo:Martin Fontes, 2010.
BHATIA, Vijay K. Análise de Gêneros Hoje - Tradução de Benedito Gomes Bezerra. Rev. de Letras, Vol.
BEZERRA, Benedito Gomes. Gêneros no contexto brasileiro: questões metateóricas e conceituais - 1ed
CONDÉ et al. Modelos de análise linguística Capa comum – 1 fevereiro 2009 Editora Contexto Edição
Português por Beatriz Daruj Gil (Compilador), Elis de Almeida Cardoso (Compilador) e Valéria Gil Condé.
escritos na escola. 3 ed. Campinas, São Paulo: Mercado das Letras, 2004
MARCUSCHI, Luiz Antônio Linguística de Texto: o que é e como se faz? - São Paulo: Parábola
Editorial, 2012.
Dispersos), 2007.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P. (Org.).
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
SILVA, Iraci Nobre da et al. Análise sociorretórica de introduções de artigos científicos no quadro dos
SOUTO MAIOR. Ana Christina. O gênero carta - variedade, uso e estrutura. Ao Pé da letra, 3.2:1-13,
2001.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça O texto e a construção dos sentidos / Ingedore Koch 7. ed São Paulo :
Contexto, 2003.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual / Ingedore G. Villaça Koch – 22. ed. – São Paulo :
Contexto, 2010.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coerência textual / Ingedore G. Villaça Koch, Luiz Carlos Travaglia.
Módulo 1:
Neste módulo, realizou-se a apresentação da proposta de escrita da carta como uma situação
das cartas formais e informais. Com enfoque nas cartas informais. A fim de permitir a discussão
Módulo 2:
O seguinte módulo é composto por a leitura expressiva do texto Apelo extraído do miniconto de
Dalton Trevisan. Foi feita a transmutação de gênero e solicitada a produção de uma Carta Pessoal
resposta ao texto Apelo. Por meio de recursos didáticos como a folha da carta e slides, para
Módulo 3:
visão de fornecer apoio a interpretação do texto-base para que obtenham uma escrita objetiva que
Produção Inicial – Aplicação da proposta de escrita da carta resposta produzida pelos alunos no
intuito de resgatar a confecção deste texto em tempos modernos e expandir as informações dos
Módulo 5:
Produção Final – Após a análise das cartas, haverá uma aula abordando as possíveis falhas e os
correspondente.