Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Considerações iniciais
Como para Bakhtin todo enunciado é um evento, cujo autor não pode
furtar-se à responsabilidade desse ato (2010), o compromisso
encetado com a sua palavra, responsiva e responsável, lança-o
inexoravelmente para o contexto imediato de produção e para a
cultura que perpassam pela palavra. Sendo assim, não é possível
ignorar na produção enunciativa essa peculiaridade. (PUZZO, 2017,
p.145)
O gênero em Bakhtin
em diálogo com a sociedade. Isto é, por meio das interações sociais, nelas os
sujeitos compartilham os significados linguísticos implícitos no discurso.
Resultados e discussões
A partir da perspectiva apresentada por Bakhtin, é possível inferir que, no
ensino e aprendizagem, as relações estabelecidas entre docentes e estudantes são
perpassadas pela mediação de elementos linguísticos. Nessas relações, as tensões
fazem parte do processo e podem possibilitar a construção de pontes e instrumentos
de trocas de conhecimentos entre locutores/locutoras e interlocutores/interlocutoras,
a partir da mobilização e da criação de gêneros que expressam essas possibilidades
relacionais.
Por meio desse processo educativo, mediado pela linguagem, nas práticas
de ensino, em especial nas disciplinas de Ciências Humanas, as/os estudantes
podem se reconhecer como sujeitos que estão inseridos em uma conjuntura social.
Em referência a Bakhtin, Albuquerque e Souza (2012, p. 373-374) atestam,
Considerações finais
Na medida em que o texto se caracteriza como um elemento vivo, nele o
sujeito social comunica concepções que dizem respeito tanto ao sujeito que as
produziu quanto aos grupos sociais aos quais ele/ela se insere. A língua, como
instrumento social, é repleta de coerções, coerções essas que remetem a vozes
sociais implícitas em seus dizeres.
Deste modo, a comunicação se dá por meio da palavra emprestada do
outro. E da mesma forma, a linguagem se constitui como uma ação social, e, como
tal, é fundamentalmente, baseada na alteridade.
Inseridas nesse processo, as práticas escolares se constroem,
impulsionadas pela urgência da palavra, tal como o ensino e aprendizagem de
Ciências Humanas, que se configura como área de conhecimento construída sobre
a perspectiva da alteridade. De modo similar, ocorrem as suas práticas de ensino e
aprendizagem, por meio e intermédio da linguagem, em um processo dialógico que
perpassa as formas de dizer, através dos gêneros do discurso. Diante do exposto, é
possível inferir que se a palavra é texto, ela também é relação.
Doravante, apoderar-se da linguagem, entendendo os elementos que foram,
historicamente, convencionalizados para pensar os gêneros do discurso e os seus
contextos de construção, como elementos não fixos, pode possibilitar as/aos
professoras/professores e estudantes, uma perspectiva multidisciplinar e novas
possibilidades de reflexão. Estas podem se dar tanto no âmbito do uso da linguagem
quanto na relação entre os mais distintos sujeitos das Ciências Humanas, com seus
campos, ensinados e apreendidos por intermédio dela.
Os gêneros do discurso, portanto, são dialéticos, produzidos para atender as
necessidades comunicativas, e podem ser compreendidos como matéria viva,
repleta de sentido e de pressupostos múltiplos, transmutando-se na mesma
proporção em que se constituem, tais como as relações sociais.
14
Referências
Fabrício Silva
Mestre em Docência para a educação básica pela UNESP-Bauru-SP.
Professor de Educação Básica do Estado de São Paulo na escola PEI Antônio
Guedes de Azevedo /Jd. Pagani - Bauru.
Endereço pessoal: Rua Mário Gonzaga Junqueira, 6-35 - Vila Souto - Bauru/SP,
CEP 17051-080
E-mail:fsfabricio.81@gmail.com