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Alfabetização e Letramento: Uma Reflexão...

– Barbosa & Brito

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA REFLEXÃO


SOBRE A IMPORTÂNCIA DESSE PROCESSO NAS SÉRIES
INICIAIS

Raile Cabral Barbosa1


Cristina Leite de Brito2

d.o.i. 10.13115/2236-1499v2n20p29

RESUMO
A alfabetização e o letramento são processos indissociáveis e
complementares para a construção do aprendizado das primeiras letras
das crianças. A forma como esses processos são compreendidos podem
trazer implicações para a formação educacional do estudante em toda
sua vida estudantil e social. Assim sendo, esse trabalho volta-se a
reflexão desses dois processos enquanto fatores essenciais para os
eventos de letramento social do cidadão que, enquanto pessoa está
inserido em um mundo com exigências específicas dos usos da leitura e
escrita. Para obter o endossamento das reflexões, as leituras se baseiam
em escritores como CAGLIARI (2009), RUSSO (2012), Morais (2012),
Castanheira, Maciel e Martins (2009), entre outros. A primeira parte
desse trabalho discute sobre o que representa as determinações do
PNAIC – Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa -, como
resposta das normativas do MEC - Ministério da Educação e Cultura -.
A segunda, discute e reflete acerca do processo de alfabetizar e letrar. E
por fim, a terceira pensa sobre quais atitudes que o professor pode
procurar desenvolver para ser o melhor profissional na construção do

1
Especialista em Ensino de Língua Portuguesa pela UCAM – Pró Saber e estudante
egressa da Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns.
2
Mestre em Educação pela UFPE, Especialista em Informática na Educação pela
UFPE. Graduada em Ciência da Computação (Bel) e em Filosofia (Bel e
Licenciatura). Atualmente, Professora Assistente da Universidade de Pernambuco -
UPE Campus Garanhuns. Coordenadora do Projeto MEC / LIFE - Laboratório
Interdisciplinar de Formação de Educadores.
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aprendizado durante esse processo. Com isso, consegue-se enxergar o


quanto o pensar acerca dos processos alfabetizadores precisam
continuar em discussão para que possa-se avançar cada vez mais no
melhor caminho para o letramento pleno do indivíduo.
Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Importância.

ABSTRACT
Literacy and literacy are inseparable and complementary processes for
the construction of learning the first letters of children. The way these
processes are understood can have implications for the student's
educational background throughout their student and social lives. Thus,
this work will return to the reflection of these two processes as essential
factors for the social literacy events of the citizen who, as a person is
inserted in a world with specific requirements of the uses of reading and
writing. To obtain endorsement of the reflections, the readings are
based on writers such as CAGLIARI (2009), RUSSO (2012), Morais
(2012), Castanheira, Maciel and Martins (2009), among others. The
first part of this paper discusses what constitutes the determinations of
the PNAIC - National Literacy Program in the Right Age, in response
to the regulations of the Ministry of Education and Culture (MEC). The
second, discusses and reflects on the process of literacy and literacy.
And finally, the third thinks about what attitudes the teacher can seek to
develop to be the best professional in the construction of learning
during this process. With this, one can see how much the thinking about
the literacy processes need to continue in discussion so that one can
advance more and more in the best way for the full literacy of the
individual.
Keywords: Literacy. Literature. Importance.

INTRODUÇÃO

O processo de alfabetização e letramento da criança que se


insere na escolarização correspondente do 1° ao 3° ano do ensino
fundamental é muito importante, uma vez que esse período compreende
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o início de uma apreensão da realidade e do conhecimento que são


imprescindíveis para a vida toda. Diante disso, sabe-se que várias são as
dificuldades e as realidades estudantis que devem ser superadas pelo
professor e aluno a fim de que a aprendizagem aconteça de uma
maneira significativa. Entendendo a necessidade de uma compreensão
clara e profunda desses processos – de alfabetizar e letrar -, objetiva-se
por meio desse trabalho um entendimento analítico, obtido por meio de
estudos feitos através da leitura das mais diversas pesquisas
selecionadas e apresentadas ao longo da escrita e referenciadas ao final
do trabalho.
Há muito tempo que o processo de alfabetização vem sendo
estudado pelos mais diversos pesquisadores. O MEC – Ministério da
Educação e Cultura -, através dos documentos normativos, tem se
empenhado bastante para reunir os mais conceituados, com a finalidade
única de tornar a alfabetização uma realidade de todos. Com isso, temos
a nossa disposição o PNAIC - Programa Nacional de Alfabetização na
Idade Certa -, que tem como objetivo alfabetizar em Língua Portuguesa
e Matemática, até o 3º ano do Ensino Fundamental, todas as crianças
das escolas municipais e estaduais, urbanas e rurais. Com isso, essa
pesquisa abrangerá a compreensão das determinações desse programa –
PNAIC –. A primeira sessão dessa pesquisa abrange esse quesito.
O mundo de hoje compreende uma sociedade que faz uso de
diversos recursos integrados, midiáticos e tecnológicos de um mundo
que está interligado pelo advento da internet. A partir disso, entende-se
que as necessidades de alfabetização já são outras, uma vez que nossas
crianças estão circunscritas em uma sociedade que faz uso de diferentes
textos que têm finalidades específicas e que exigem determinadas
posturas do cidadão. Diante disso, não podemos discutir acerca da
alfabetização apenas, pois já percebe-se o quanto ela está
intrinsicamente ligada ao processo de letramento. São duas situações
indissociáveis e indissolúveis. Dessa forma, essa pesquisa analisará a
maneira como acontece em sala de aula o processo de alfabetização e
letramento, e a segunda sessão dessa pesquisa compreende essa questão.

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Entende-se que o professor precisa a todo o tempo propor


atividades capazes de potencializar os objetivos traçados pelo
planejamento de suas aulas. Dito isto, a terceira sessão desse trabalho
reflete as várias maneiras que o professor pode ou deve posicionar-se
diante da dificuldade de alfabetizar plenamente suas crianças. Dito isto,
a sessão terceira, através de documentos oficiais do MEC compreende a
percepção de valores e princípios científicos e atitudinais sugeridos para
o professor a fim de que ele tenha sucesso em sua luta árdua pela
alfabetização plena.
Ao final, esse trabalho traz a conclusão de uma pesquisa que
está em constante mudança, uma vez que tem consciência do quanto o
processo de alfabetização e letramento deve ser estudado e aprimorado.
O modelo de pesquisa qualitativo e analítico dos documentos oficiais e
demais pesquisas estudadas foi o mais apropriado para as leituras feitas
e endossadas pelas reflexões apresentadas ao longo desse trabalho.
Espera-se portanto, que essa pesquisa possa contribuir
significativamente com os demais estudantes e pesquisadores
interessados por essa área e demais áreas afins.

1. Entendendo o PNAIC

Nessa seção buscar-se-á analisar e entender quais são as


normativas do PNAIC – Programa de Alfabetização na Idade Certa -,
entendido como um compromisso formal e solidário estabelecido pelos
governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios,
desde 2012. A escrita dessa seção voltar-se aos quatro eixos de atuação
do programa a serem descritos posteriormente. Com isso temos os
postulados descritos a seguir.
O PNAIC surge como resposta à obrigatoriedade da meta cinco do
Plano Nacional da Educação (PNE), que traça como objetivo a
alfabetização de todas as crianças, no máximo, até o final do 3º

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(terceiro) ano do ensino fundamental3. Historicamente os planos


nacionais da educação vem sendo elaborados de forma centralizada
pelos governos - Federal, Estaduais e Municipais - brasileiros e surge
como resposta a exigência do Art. 214 da Constituição Federal de 1988
que determina a sua elaboração de acordo os princípios fundamentais da
educação brasileira:
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de
duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
nacional de educação em regime de colaboração e definir
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
implementação para assegurar a manutenção e
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis,
etapas e modalidades por meio de ações integradas dos
poderes públicos das diferentes esferas federativas que
conduzam a: (EC no 59/2009) I – erradicação do
analfabetismo;II – universalização do atendimento
escolar; III – melhoria da qualidade do ensino; IV –
formação para o trabalho; V – promoção humanística,
científica e tecnológica do País; VI – estabelecimento de
meta de aplicação de recursos públicos em educação
como proporção do produto interno bruto. (BRASIL,
1988, p. 125).
A partir de então são firmados diversos acordos entre união,
estados e municípios a fim de firmar e fortalecer as ações do Pnaic.
Também foram divulgadas cartilhas e portarias que orientam os
professores sob os aspectos de acompanhamento e avaliação da
aprendizagem, distribuição e ofertas de bolsas para pesquisas e
encontros de formação destes professores para melhor atender a
demanda de alfabetização brasileira.
As exigências desse artigo da Constituição Federal deixa claro
que o plano nacional de educação tem duração de dez anos, e através
dele algumas estratégias devem ser traçadas para atender o que foi
estipulado pelas metas estabelecidas. Estrategicamente, temos então o
Pnaic que está em vigor desde 2012 trazendo grandes avanços para o
3
Vide BRASIL, 2017. Disponível em <http://pacto.mec.gov.br/index.php.> Acesso
em 10 de janeiro de 2018.
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processo de alfabetização e enfrentando, por outro lado, alguns


impasses à educação.
O Pnaic tem quatro eixos de atuação compreendidos através da
avaliação em larga escala; da gestão, mobilização e controle social; do
material didático e da formação continuada de professores, sendo esse
último o principal deles. É fundamental, para o governo federal, o
aperfeiçoamento dos conhecimentos didáticos e práticos do professor a
fim de que as crianças tenho contato com as melhores práticas
alfabetizadoras.

1.1 Avaliação em larga escala

Quando se pensa na forma com qual deve-se avaliar os discentes,


surgem dúvidas de quais maneiras seriam mais adequadas para atingir
os objetivos pretendidos. Para resolver os vários impasses que
envolvem a avaliação educacional temos desde 1990 o aparecimento
das avaliações externas, que embora muitas vezes criticadas por alguns
dos pesquisadores e professores, tenha ganhado cada vez mais espaço,
passando também a ser vista como um instrumento capaz de monitorar
a aprendizagem em larga escala.
gradualmente, resultados de desempenho de alunos em
testes de larga escala vêm sendo incorporados como
indicador relevante de sucesso (ou não) de políticas
educacionais e de práticas escolares, o que tende a induzir
administradores a colocarem em suas agendas o
compromisso com a melhoria do rendimento escolar dos
alunos, além de fluxo escolar, tradicionalmente
considerado como referência de qualidade. (MARTINS;
SOUSA, 2012, p. 23).
Essas avaliações externas e nacionais têm também como propósito a
definição de uma matriz de avaliação, na qual são especificados os
objetos de avaliação, e o emprego de provas padronizadas, como
condição para que sejam possíveis, quando cabíveis, comparações
baseadas em resultados mais objetivos. O SAEB - Sistema de

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Avaliação da Educação Básica -, é constituído então por a reunião de


todas as avaliações de caráter nacional.
Na edição de 2013 a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA),
prevista no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC,
passou a compor o SAEB a partir da divulgação da portaria nº 482, de 7
de junho de 2013. Com isso, as ações do PNAIC são nacionalmente
avaliadas, como também a aprendizagem das crianças que participam
do programa, uma vez que essas avaliações são necessárias para o
acompanhamento das ações realizadas e o planejamento de tantas outras
que podem feitas a fim de que o PNAIC melhore cada vez mais.

1.2 Material Didático

O material didático é um dos principais aliados do professor no que


se refere ao ensino e aprendizagem das crianças em processo de
alfabetização. Em algumas situações, como por exemplo na rede
pública de ensino, o livro ou os cadernos de formação são os únicos
instrumentos metodológicos que estão a disposição do professor.
O Pnaic trabalha com a distribuição de materiais específicos para
ajudar na formação e nas práticas diárias da sala de aula do professor.
Esses materiais são divididos entre as turmas da educação infantil,
turmas do 1° ao 3° ano do ensino fundamental, como também com o
Programa Novo Mais Educação4 do Governo Federal. No que refere-se
aos materiais do programa novo mais educação temos a ideia de que:
o material destinado à formação dos articuladores e
mediadores de aprendizagem do programa Novo Mais
Educação tem como principal objetivo apoiá-los na
organização e encaminhamento de intervenções com

4
O Programa Novo Mais Educação, criado pela Portaria MEC nº 1.144/2016 e regido
pela Resolução FNDE nº 5/2016, é uma estratégia do Ministério da Educação que tem
como objetivo melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino
fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes.
Disponível em < http://portal.mec.gov.br/programa-mais-educacao/apresentacao>.
Acesso em 10 de janeiro de 2018.
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os alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental


participantes do Programa Novo Mais Educação, na carga
horária complementar (BRASIL, 2017, p. 19, destaque
adicionado).

Além disso, O PNAIC disponibiliza através de portal próprio em


formato digital, para dar suporte ao processo de formação do PNAIC,
como também apresenta algumas especificidades para a educação
infantil onde “é importante, entretanto, salientar a viabilidade de
percursos formativos diversificados e diferenciados que possam atender
às necessidades e demandas das redes de educação infantil” (BRASIL,
2017, 18).

1.3 Formação

A formação adequada dos professores que atuam nas redes de


ensino públicas e privadas sempre foi uma preocupação constante de
todos aqueles que são responsáveis por coordenar as ações de
planejamento da prática docente. O PNAIC preocupa-se de uma
maneira bastante proeminente com a formação específica e continuada
do professor. Conforme os dados apresentados pelo Sistema
Informatizado de Monitoramento do PNAIC (SisPacto) acerca da
formação de professores foram:
em 2013, foram capacitados, em Linguagem, 313.599
professores alfabetizadores em curso com carga horária de
120 horas; em 2014, foram 311.916 profissionais e a
ênfase da formação foi em Matemática, em curso com
carga horária de 160 horas; em 2015, foram capacitados
302.057 professores em temáticas como Gestão Escolar,
Currículo, a Criança do Ciclo de Alfabetização e
Interdisciplinaridade; e, em 2016, foram 248.919
alfabetizadores e 38.598 coordenadores pedagógicos
atendidos em cursos com carga horária mínima de 100
horas e com ênfase em leitura, escrita e letramento
matemático (BRASIL, 2017, p. 3-4).

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A partir da análise dos dados anteriormente apresentados


entende-se que em termos de abrangência o programa vem atendendo
satisfatoriamente um dos seus eixos de atuação, referente a formação
continuada do professor. A formação do PNAIC é presencial e com
carga horária mínima de 120 horas para professores que atuam com
turma do 1° ao 3° ano do ensino fundamental, como também aqueles
que trabalham com turmas multisseriadas das redes públicas dos
municípios e estados que aderiram ao pacto. O curso para os
professores alfabetizadores é ministrado pelos chamados orientadores
de estudos.
Entende-se que a formação de professores é um quesito que
deve ser observado a fim de que se preencha as lacunas existentes no
processo de ensino e aprendizagem que está em constante mudança. A
questão da formação de professores surgiu no século XIX quando, em
resposta às transformações ocorridas na sociedade após a Revolução
Francesa, foi colocada em pauta a questão da instrução popular. Com a
universalização do ensino e atualmente com a obrigatoriedade e
gratuidade estabelecida com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (1996) a instrução do cidadão é um fator de muita importância
para a educação. Ainda sobre a formação de professores temos a ideia
de que:
os professores estão, na sua esmagadora maioria,
agudamente conscientes da inadequação da formação
profissional recebida; eles se sentem jogados na água sem
que ninguém esteja preocupado em ensiná-los a nadar. De
um lado, eles julgam quase sempre suficiente a
preparação disciplinar obtida, mas se sentem
desguarnecidos na linha de frente do conhecimento dos
problemas educativos, dos processos de aprendizagem na
idade evolutiva, das metodologias didáticas gerais
(programação curricular, avaliação etc.) e das
metodologias didáticas específicas da matéria ensinada”
(CAVALLI, a cura di, 1992, p. 243).
Os orientadores também são professores da rede, selecionados
preferencialmente entre os tutores do programa Pró-letramento que é a
base metodológica do programa de formação do PNAIC. Mas antes de
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lecionar no PNAIC esses orientadores de estudo recebem uma formação


específica de 200 horas. A principal mudança do PNAIC no que dz
respeito ao eixo de formação está no fortalecimento da capacidade
instrucional local que acontece através da capacitação de determinados
professores de uma localidade de ensino para instrução dos demais
docentes.
O PNAIC acredita que não basta alfabetizar, mas para além
disso aponta que a alfabetização deve acontecer na idade certa, isto é,
até os oito anos de idade, pois é até essa idade que ocorre o
desenvolvimento intelectual da criança. O comprometimento do
processo de alfabetização da criança nessa idade pode enfraquecer os
resultados de todos os outros anos de estudo, o que preocupa todos
aqueles profissionais que estão envolvidos com a educação.
A formação A formação PNAIC, em 2017, atende a três grupos
diferenciados compreendidos como os professores e coordenadores
pedagógicos do 1º ao 3º ano do ensino fundamental que permanecem
como foco no processo de formação; professores da pré-escola e
coordenadores pedagógicos da Educação Infantil; e articuladores e
mediadores de aprendizagem das escolas que fazem parte do Programa
Novo Mais Educação.
É interessante perceber que o Programa Novo Mais Educação
criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007 também recebe as
formações advindas do Pnaic. Entendendo que a função do Novo Mais
Educação é dar início ao tempo integral de aula dos estudantes e ainda
reforçar competências especificas de Língua Portuguesa e Matemática
notamos o quanto essas formações são importantes e o quanto os dois
programas _- Pnaic e Novo Mais Educação – estão interligados. A
partir disso, temos a seguinte representação de como acontece a
formação dos professores envolvidos com o PNAIC.

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Fonte: Organograma da Formação, (BRASIL, 2017, p. 17).

1.4 Gestão, mobilização e controle social

O PNAIC tem formas específicas de gerir suas ações em


conformidade com as ideias valores e princípios do programa. O
principal objetivo da gestão é “ fortalecer a autonomia dos entes
envolvidos, de modo a facilitar processos flexíveis de formação e de
valorizar as especificidades, necessidades e responsabilidades legais dos
sistemas de ensino” (BRASIL, 2017, p. 12).
O regime de colaboração previsto pela Constituição Federal de 1988
e pelo Programa Nacional de Educação – PNE -, ratifica-se através do
papel do Comitê Gestor Estadual para a Alfabetização formado pelo
coordenador estadual; coordenador da undime; coordenador de
gestão, indicado pelo coordenador estadual e pelo coordenador da
undime; e pelo coordenador de formação, também indicado pelo
coordenador estadual e pelo coordenador da undime. Esse comitê
fortalece a autonomia dos entes envolvidos, como também amplia o
diálogo entre os mesmos. O comitê poderá acionar outras instituições
socais a fim de incorporar um diálogo mais significativo para a
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realização das ações dos programas. Ainda segundo o Documento


Orientador – PNAIC em Ação 2017:
a articulação institucional é fundamental para que o
programa alcance seus objetivos e metas. Portanto, a
efetivação do Comitê Gestor para a Alfabetização e o
Letramento deve ser uma prioridade de todas as
instituições participantes, para que esse possa ser um
espaço de diálogo e trabalho coletivo, de criação de redes
de compartilhamento de boas práticas, de formulação de
estratégias e mecanismos de acompanhamento e
intervenção que contribuam para o alcance de melhores
resultados educacionais (BRASIL, 2017, p. 13).

Assim, temos um “espaço de diálogo e trabalho coletivo, de


criação de redes de compartilhamento de boas práticas, de formulação
de estratégias e mecanismos de acompanhamento e intervenção”
(BRASIL, 2017, p. 13). O diálogo com as diferentes instâncias sociais
melhora os resultados educacionais desse programa que mobiliza, gere
e controla as ações realizadas para que os objetivos sejam atendidos.
Segundo Luck (1996, p. 37):
o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si,
a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de
pessoas analisando situações, decidindo sobre seu
encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. Isso
porque o êxito de uma organização depende da ação
construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho
associado, mediante reciprocidade que cria um todo
orientado por uma vontade coletiva.
Entende-se a escola como um construto que precisa da
participação e do envolvimento de todos aqueles que fazem parte da
escola. Nesse sentido, a escola não pode ser entendida como um
conjunto de práticas que acontecem isoladamente no interior da escola,
mas como um projeto que compreende toda a colaboração da
comunidade escolar.

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2. Pensando sobre as práticas de alfabetização

Nessa seção discutiremos acerca de como acontece o processo


de alfabetização da criança circunscrita no processo de aprendizagem
correspondente do 1° ao 3° ano do ensino fundamental, diferenciando o
processo do alfabetizar e letrar como duas vias indissociáveis. Assim,
teremos as discussões apresentadas logo a seguir.
As práticas do mundo letrado o qual as crianças encontram-se
inseridas exigem cada vez mais delas enquanto cidadãos em processo
de formação. No entanto, é preciso perceber e salientar o quanto o ato
de aprender a ler e escrever pode ser traumático para as crianças que
veem o mundo com olhos diferentes daqueles que uma visão adulta
possui.
Para Cagliari (2009, p. 82):
a escrita é algo com o que nós, adultos, estamos tão
envolvidos que nem nos damos conta de como vive
alguém que não lê e nem escreve, de como a criança
encara essas ativudades, de como de fato funciona esse
mundo caótico e complexo, que nos parece familiar e de
uso fácil. O ensino de português tem sido fortemente
dirigido para a escrita, chegando mesmo a se preocupar
mais com a aparência da escrita do que com o que ela
realmente representa.
Não é tão simples começar a reconhecer sinais gráficos e a pensar
que cada sinal representa a grafia de um som da linguagem da qual o ser
humano utiliza-se para comunicar-se e interagir uns com os outros. Em
se tratando da Língua Portuguesa, por exemplo, deve-se reconhecer que
as crianças, com exceção daquelas que apresentam algum problema
neurofisiológico, já chegam as escolas se comunicando perfeitamente
bem, pois trazem consigo a língua materna que aprendeu no seio
familiar com os pais em primeira instância e depois com as outras
instituições socais como igreja, comunidade ou outros grupos que a
criança possa vir a fazer parte.
Dessa maneira, a escola começa a trabalhar a língua materna da
criança de uma forma bastante específica, apresentando-lhe o mundo da
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norma que padrão que determina qual a linguagem correta que o


estudante deve aprender para enquanto cidadão fazer uso nas diferentes
esferas sociais. Começam-se a ensinar as letras, agrupadas em um
alfabeto apresentado incessantemente as crianças, como um recurso de
fixação e memorazição nas aulas.
Depois do reconhecimento das letras começa-se aos poucos o
planejamento de atividades que possam fazer com que os estudantes
consigam juntar essas letras e formar palavras. Ao conseguir identificar
essas palavras, alguns textos são selecionados, muitas vezes de forma
arbitrária, para incentivar o desenvolvimento de atividades que
proporcionem a junção várias palavras em um único texto.
Nesse processo de reconhecimento e junção, há várias
circunstâncias em que o estudante é levado, de maneira forçada a
reconhecer sinais gráficos dos quais ele nunca havia precisado antes, já
que se expressava de forma bastante suficiente com as pessoas de seu
convívio sempre que era necessário pedir alguma coisa, fazer uma
ressalva, ou ainda apelar para uma linguagem corporal/visual
compreendida pelo mundo dos gestos e dêiticos. É então a partir de
todas as discussões geradas em torno dos conflitos e da necessidade de
práticas de alfabetização mais revitalizadoras que os pesquisadores
começam a pesquisar e (re)pensar sobre o ato de alfabetizar. Para
Magda Soares (2004, p. 96):
um olhar histórico sobre a alfabetização escolar no Brasil
revela uma trajetória de sucessivas mudanças conceituais
e, consequentemente, metodológicas. Atualmente, parece
que de novo estamos enfrentando um desses momentos de
mudança – é o que prenuncia o questionamento a que vêm
sendo submetidos os quadros conceituais e as práticas
deles decorrentes que prevaleceram na área da
alfabetização nas últimas três décadas: pesquisas que têm
identificado problemas nos processos e resultados da
alfabetização de crianças no contexto escolar,
insatisfações e inseguranças entre alfabetizadores,
perplexidade do poder público e da população diante da
persistência do fracasso da escola em alfabetizar,
evidenciada por avaliações nacionais e estaduais, vêm
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provocando críticas e motivando propostas de reexame


das teorias e práticas atuais de alfabetização. Um
momento como este é, sem dúvida, desafiador, porque
estimula a revisão dos caminhos já trilhados e a busca de
novos caminhos, mas é também ameaçador, porque pode
conduzir a uma rejeição simplista dos caminhos trilhados
e a propostas de solução que representem desvios para
indesejáveis descaminhos.
Logo, surgem as necessidades de descobrir o conceito e a
caracterização mais próxima possível do que fosse a alfabetização.
Surgem várias definições por estudiosas como Emília Ferreiro, Ana
Teberosky entre outros que se inclinaram aos estudos dessa área da
educação. Cada teoria traz consigo concepções divergentes e
complementares que se aproximam ou se afastam comforme a
percepção de cada estudioso acerca do que seria de fato o ato de
alfabetizar.
Para o fascículo do Pro Letramento, 2008, p.12;
Entende-se alfabetização como o processo específico e
indispensável de apropriação do sistema de escrita, a
conquista dos princípios alfabético e ortográfico que
possibilita ao aluno ler e escrever com autonomia.
Entende-se letramento como o processo de inserção e
participação na cultura escrita. Trata-se de um processo
que tem início quando a criança começa a conviver com
as diferentes manifestações da escrita na sociedade
(placas, rótulos, embalagens comerciais, revistas, etc.) e
se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade
de participação nas práticas sociais que envolvem a língua
escrita (leitura e redação de contratos, de livros
científicos, de obras literárias, por exemplo). Esta
proposta considera que alfabetização e letramento são
processos diferentes, cada um com suas especificidades,
mas complementares e inseparáveis, ambos
indispensáveis.

Passado o momento de definição do que representa o termo


alfabetização passa-se a entender que a alfabetização compreende
segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1994) diferentes níveis de
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evolução da escrita. Esses níveis compreendem o nível pré-silábico;


pnde incialmente a criança diferencia o desenho da escrita mas não dá
significado nenhum a isso, o nível silábico onde a criança começa a
perceber que a escrita associa-se às representações sonoras; o nível
silábico alfabético que apresenta-se como uma transição entre o nível
silábico e o nível alfabético em que a criança faz associações e descobre
que o esquema de uma letra para cada sílaba não funciona e, assim,
procura acrescentar letras à escrita da fase anterior; e o nível alfabético
que representa a fase final do processo de alfabetização de um
indivíduo. Nesse nível, pode-se considerar que a criança venceu as
barreiras do sistema de representação da linguagem escrita.
A metodologia utilizada pelo professor para trabalhar esses níveis
de evolução de escrita, e a sensibilidade com a qual os reconhece marca
as crianças por toda uma vida estudantil, como também pode trazer
sentimentos de segurança ou insegurança que nesse último caso pode
levar um tempo para que sejam definitivamente superados.

2.1 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

O mundo tecnológico do século XXI exige muito das novas práticas


letradas que emergem diante desse contexto. Se antes falava-se em
aprendizado e conhecimento como resposta às necessidades escolares
impostas aos estudantes, agora começa-se a perceber as necessidades
sociais do conhecimento adquirido. A escritora e pesquisadora Magda
Soares, em muitos de seus trabalhos, vai apontar o letramento como
sendo o uso social da leitura e escrita. Logo, entende-se que não basta
saber descodificar o código, mas também compreender esse código
inserido num contexto específico de comunicação.
A sociedade apresenta também vários textos com objetivos e
pretensões comunicativas bem particulares e que exigem ações distintas
dos leitores e possíveis interlocutores desse texto. Assim, um outdoor,
uma propaganda, um folder, uma placa de sinalização, ou até mesmo o
semáforo do trânsito trazem mensagens que precisam ser captadas e

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Alfabetização e Letramento: Uma Reflexão... – Barbosa & Brito

bem decodificadas para que as respostas com relação ao texto sejam


adequadas. Dessa maneira pode-se entender que:
letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na
linguagem da educação e das ciências linguísticas há
pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser
interpretado como decorrência da necessidade de
configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na
área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do
sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da
língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo
de alfabetização (SOARES, 2004, p. 96).

O letramento então passa a ser entendido como uma ferramenta


indispensável para o convívio social, uma vez que as atividades diárias
e cotidianas exigem atitudes práticas frente ao uso da leitura e escrita
como bem é colocado pelas pesquisas da estudiosa Magda Soares,
anteriormente apontada e apresentada.
Talvez Paulo Freire (1989) tenha razão quando afirma que
existem várias maneiras de se ler o mundo através da leitura das
palavras. É nesse sentido, que uma pessoa letrada caminha, uma vez
que possui uma percepção mais fina e ao mesmo tempo consolidada da
abrangência da leitura das letras que constrói o mundo. Logo, entende-
se que a alfabetização e o letramento diferem qualitativamente, mas
ressalta-se a importância de enxergar o quanto esses dois processos
estão indissociavelmente imbricados. Como aponta Cagliari (2009, p.
131):

Ler é uma atividade extremamente complexa e envolve


problemas não só semânticos, culturais, ideológicos,
filosóficos, mas até fonéticos. Podemos ler sequências de
números de maneiras diferentes, dependendo daquilo a
que eles se referem. Alguns alunos têm dificuldades na
matemática porque não sabem ler os números
corretamente. Os números não são feitos só de
algarismos. A combinação dos algarismos expressa por si,
no todo, realidades, matemáticas que têm propriedades
específicas. Por exemplo, nos números fracionários (dois
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quintos), o denominador é lido com numerais ordinais,


mas a ordem característica típica desse numerais na
linguagem comum não tem nada a ver com a relação
fracionária. Não basta ensinar só as relações matemáticas:
é preciso ensinar também o português que a matemática
usa. Tudo o que se ensina na escola está diretamente
ligado à leitura e depende dela para se manter e se
desenvolver.

Portanto, a leitura não é apenas uma atividade isolada e fora das


práticas sociais do aluno. Para além disso, a leitura é um instrumento
indispensável para o aprendizado de outras disciplinas, bem como para
a compreensão do mundo que exige outras propriedades e habilidades
de nossos estudantes, mas antes requer um bom conhecimento das letras
vernáculas, o que abrange o ato de saber ler e escrever.

3. O PROFESSOR COMO AGENTE DA ALFABETIZAÇÃO E


DO LETRAMENTO

Nesta seção, a prática docente estará em evidência como uma


forma de planejar e perceber quais as melhores metodologias para o
sucesso das práticas de alfabetização e letramento social. Logo, teremos
reflexões em torno disso.
O professor sabe que muitas são as expectativas que circundam seu
trabalho, seja por parte da escola, da família ou do próprio estudante.
Dar atenção a cada um dos estudantes em processo de formação e
aprendizado é uma das atitudes que podem ser acolhidas pelo professor
na condução de suas aulas. Cada aula tem um compromisso, e desde
que chegam os alunos sabem que as expectativas devem ser trabalhadas
a fim de que as metas traçadas sejam alcançadas e para que o
aprendizado do dia seja bastante significativo.
Partir da realidade estudantil do aluno, sabendo da existência da
premissa de que ninguém é um ser vazio e sem conhecimento ajuda a
considerar os saberes já existentes na vida dos alunos e ajudar a
construir tantos outros necessários à sua formação. Em se tratando da
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Alfabetização e Letramento: Uma Reflexão... – Barbosa & Brito

escrita sabe-se que a criança aprende a ler e escrever através do contato


com essas duas práticas, e que ela começa de fato a ser uma pessoa que
lê e escreve quando começa a reconhecer a relação existente entre os
sons da fala e os sinais gráficos.
Fazer leitura em sala de aula, exemplicar o quanto os textos
permeiam as vidas dos estudantes trazem um encantamento duradouros
que tornam o aprendizado um construto solidificamente construído.
Compreender os processos pelos quais os professores aprendem, os
conhecimentos que são necessários à prática docente, as formas pelas
quais os docentes articulam diferentes saberes no exercício da docência,
têm se constituído um campo fértil nas pesquisas (PENA, 2011, p. 98).
A formação inicial e continuada do professor sempre foi um
quesito de destaque no cenário da educação brasileira. O pensar docente
vai além das pesquisas desenvolvidas e realizadas mas complementa-se
e apresenta-se com efeito através das diferentes práticas educativas que
devem ser vistas como o laboratório das atividades do professor.

METODOLOGIAS E DISCUSSÕES

Esse trabalho surge como resposta às leituras feitas e


referenciadas ao final do trabalho, como também da curiosidade
científica do pensar acerca das práticas de alfabetização e letramento.
Temos leituras base representadas através de CAGLIARI (2009),
RUSSO (2012), Morais (2012), Castanheira, Maciel e Martins (2009),
entre outros. A partir disso, e por meio de um olhar analítico endossa-se
as discussões elencadas pelas leituras dos livros, artigos e documentos
com as reflexões acrescentadas ao longo desse trabalho. Assim,
consideramos o Documento Orientador do PNAIC (2017), como o
marco inicial de análise, e todas as outras leituras como fonte
inesgotável do saber para a produção escrita do trabalho e como a
representação do pensar e do saber.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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O Documento Orientador do PNAIC, bem como suas ações


orientadas e planejadas pelo MEC, nos faz refletir sobre a importância
do ato de alfabetizar e letrar. Os quatro eixos do trabalho do PNAIC
mostram o quanto é indispensável uma avaliação em larga escala que
avalie a eficácia do programa, a gestão e o envolvimento da
comunidade como resposta de uma gestão democrática que envolva a
participação de todos, e a formação do professor e o material didático
que são indispensáveis ao aprendizado contínuo e eficaz dos alunos.
A alfabetização e o letramento são práticas importantes e
indispensáveis à vivência social, logo não há como ignorá-las.
Outrossim, sabe-se que os estudos voltados para a compreensão dos
diferentes processos envolvidos na ação do saber ler e escrever sempre
esteve em pauta durante todo o tempo. Com isso, ressaltamos a
importância de um olhar docente apurado acerca de como acontece
essas práticas de alfababetização e letramento dos seus alunos em sala
de aula, lembrando do quanto o processo de construção, desconstrução
e reconstrução é importante para o desenvolvimento de suas atividades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As necessidades do aprendizado escolar no que se refere ao


processo de leitura e escrita há muito tempo deixa de ser apenas uma
necessidade escolar e passa a ser uma exigência social. Não é fácil para
a carreira docente passar anos na escola com o ensino de Língua
Portuguesa, e ainda assim encontrar estudantes com grandes
dificuldades para ler e escrever. Mais difícil ainda é realidade desses
mesmos estudantes que passam a ver o português aprendido na escola
como um outro mundo que nunca será apreendido por eles.
Os documentos normativos estão disponíveis aos professores
para que a escola possa direcionar o planejamento conforme as
diretrizes nacionais que por sua vez consideram exatamente quais
competências os estudantes devem desenvolver durante sua vida
escolar. Com base nesses documentos e ainda segundo a realidade de
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cada escola, professores e gestores determinam quais caminhos devem


ser trilhados a fim de que os objetivos sejam alcançados.
Nesse sentido, tanto os documentos normativos, a exemplo dos
oferecidos pelo programa Pnaic, como a atuação dos professores
tornam-se ferramentas de grande valia para o “trato”, ou melhor, para o
cuidado com a aprendizagem daqueles que estão em fases iniciais de
uma vida socialmente letrada em que as exigências da escrita e leitura
estão a todo tempo cobrando mais desses indivíduos.

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