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O GÊNERO CHARGE COMO AUXÍLIO PARA AS PRÁTICAS DE LINGUAGEM EM

SALA DE AULA

LAZZARETTI, Eliane Nogueira


RESUMO
Este artigo tem por objetivo apresentar o gênero textual charge como mecanismo
simplificador nas aulas de Língua Portuguesa. Nessa situação, a abordagem biblio-
gráfica foi o instrumento usado para auxiliar na análise desses elementos facilitado-
res dessa variedade textual Antoni Zabala (1998), Bakhtin (2000), Bronckart(2003)
Ingedore Kock (2006), Marcuschi (2005) são alguns dos teóricos usados que servi-
ram de base teórica para essa pesquisa. As fontes fundamentais desenvolvidas nes-
ta consulta foram artigos científicos e livros .O artigo menciona os gêneros textuais e
a charge nas aulas de Língua Portuguesa num aspecto de destaque no processo de
ensino e aprendizagem do aluno, Porém esse ponto de vista relacionado à escola e
à sociedade facilita na constituição de alunos mais capacitados, não só de maneira
intelectual, mas também de forma profissional para encarar os problemas que irão
Surgir à frente deles.

Palavras-chave: Iterpretação de Textos. Leitura. Gêneros Textuais. Professor. Alu-


no.

_______________________________
¹ Eliane Nogueira Lazzaretti.. E-mail: nogueiraeliane2014@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

A charge, à frente de inúmeras qualidades computadas a ela, mostra-se como


um texto abordável à sociedade, pois mostra de forma censuradora, engraçada e
cômica os mais variados assuntos, desde a política até a evolução tecnológica.

Os textos divulgados cotidianamente nas mídias trazem temas atuais datados


no Brasil. Dessa forma, é o que acontece com esse gênero textual, charge, exami-
nado neste artigo, com a pressuposição de assimilar o desempenho desse gênero
nas salas de aula de Língua Portuguesa, comparando sua prática como ferramenta
que pode colaborar de forma assertiva no processo de ensino e aprendizagem do
aluno.

Nessa visão, alguns dos teóricos usados neste artigo foram Antoni Zabala
(1998), Bakhtin (2000), Bronckart (2003), Ingedore Kock (2006) e Marcuschi (2005).
Dessa forma, esse aporte teórico aborda o gênero textual charge como um meca-
nismo que descomplica a leitura, entendimento e elaboração textual nas aulas de
Língua Portuguesa, de forma relevante nesse processo de ensino e aprendizagem
do aluno, com o propósito de ressaltar os recursos estratégicos que podem ser atin-
gidos ao se utilizar esse método didático, por vezes omitido por alguns educadores.

Um outro tema que se destaca nesta abordagem é sobre o livro didático, o


fato é que por conter poucas ilustrações, textos sem criatividades, ou seja, que cha-
mem a atenção dos alunos, os livros didáticos são substituídos por alguns professo-
res, que preferem aderir ao método mais animado na hora da prática pedagógica.
Assim muitos não conseguem elaborar uma boa aula com materiais didáticos desa-
propriados, no momento em que o assunto é a clareza e progresso cognitivo do alu-
no.

Essa descoberta por outros métodos é uma das formas de incitação para a
leitura e a escrita do estudante. O professor necessita instigar seu aluno a descobrir,
procurar, e conhecer os conceitos das pesquisas. Entretanto, da mesma forma pre-
cisa-se dos livros didáticos. Não se pode lidar apenas com pesquisas, precisa-se de
ferramentas sequenciais para as aulas de Língua Portuguesa, e a maior parte des-
sas ferramentas não apresenta essa confiança.
Dessa forma, esse artigo tem como objetivo mostrar que o gênero textual
charge pode auxiliar nas aulas de Língua Portuguesa, já que é indispensável a práti-
ca de aulas dinâmicas e esse problema tem sido constante, a charge produz uma
referência crítica, cômica e interpretativa primordial para progredir no aluno além do
nível crítico, sua capacidade e competência.

Porém, estudantes e professores precisam de incentivos, deste modo os pro-


fessores poderão aprimorar suas técnicas pedagógicas e atingirem efeitos satisfató-
rios na hora da avaliação dos alunos, visto que todo aluno merece aulas inovadoras
e prazerosas.

2 O ESTUDO DA LÍNGUA E OS GÊNEROS TEXTUAIS

A pesquisa em prol dos gêneros textuais tem sugerido uma reiteração na for-
ma de produzir o ensino de língua portuguesa. Diversos experimentos próprios para
instruir, narram a inversão da ordem diversificando gêneros para a sala de aula e
aquilo que é indispensável de tornar próxima a linguagem presente nos assuntos
que são oferecidos nas aulas de língua materna.

Segundo Koch e Elias (2006, p. 119) “Os gêneros são formados por sequências
diferenciadas denominadas tipos textuais. Portanto, devemos ter em vista que a no-
ção de gênero não se confunde com a noção de tipo.” Nesse ponto de vista, os gê-
neros textuais são tipos de textos que são usados no dia a dia com representações
sóciocomunicativas que mostram aspectos concordando com seu suporte, emitindo
objetivos propriamente envoltos em temas sociais, políticas e tecnológicas. Nesse
sentido, Koch e Elias destacam:

Afirmar que os gêneros são produzidos de determinada forma não implica


dizer que não sofrem variações ou que elegemos a forma como o aspecto
definidor do gênero textual em detrimento de sua função. Apenas chama-
mos a atenção para o fato de que todo gênero, em sua composição, possui
uma forma, além de conteúdo e estilo.(KOCH; ELIAS 2006, p. 106)

Nessa circunstância, os gêneros mostram inúmeros modelos orais / escritos,


conteúdos e formas que se mostram relacionados nas cartas, bilhetes, sermões, re-
senha, reportagem etc. “É evidente que a escolha desses diferentes gêneros de tex-
tos deverá acontecer, gradativamente, na dependência do grau de desenvolvimento
que os alunos vão demonstrando [...].” (ANTUNES, 2009,p15).

Dentro dessa perspectiva, observa-se que isso disponibiliza ao aluno produzir


sua competência interativa como leitor e autor. Dentro dessa técnica, busca-se ma-
terializar as concepções pedagógicas apresentadas por Bakhtin de que os gêneros
estão agregados aos diferentes exercícios da superfície humana, formando-se como
elo de diferentes discursos étnicos, culturais e sociais. Segundo o autor, “a riqueza e
a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual da ativi-
dade humana é inesgotável” (BAKHTIN, 1999, p. 279).

Assim, é possível observar que os gêneros possuem profunda ligação aos mais
diversos deslocamentos humanos, no caso, a escola teria o papel de ser o agente
principal de permitir que o aluno tome consciência da peculiaridade e intenção de
cada gênero, observando os obstáculos do dia a dia. De acordo com Bazerman,
(2006, p. 23).

[...] gêneros não são apenas formas. Gêneros são formas de vida, modos
de ser. São frames para a ação social. São ambientes para a aprendiza-
gem. São os lugares onde o sentido é construído. Os gêneros moldam os
pensamentos que formamos e as comunicações através das quais intera-
gimos. Gêneros são os lugares familiares para onde nos dirigimos para criar
ações comunicativas inteligíveis uns com os outros e são os modelos que
utilizamos para explorar o não-familiar.

Dessa forma, impulsionam a comunicação melhorando a vida do sujeito,


transformando num lugar verdadeiro para o aprendizado da Língua Portuguesa, pois
concede ao mediador exprimir o que já conhece e alcançar aquilo que tem por obje-
tivo descobrir.

Bronckart (2003, p. 48) atesta que “conhecer um gênero de texto também é


conhecer suas condições de uso, sua pertinência, sua eficácia ou, de forma mais
geral, sua adequação em relação às características desse contexto social” De forma
recorrente pode-se comprovar que o conceito de mundo e a oportunidade de contato
entre os sujeitos de uma sociedade de formas possíveis da linguagem estão ineren-
tes na conceituação de gênero textual.

Marcuschi (2009, p.19) afirma que os gêneros textuais “são formações interati-
vas, multimodalizadas e flexíveis de organização social e produção de sentidos”.
Diante disso, o autor infere que quando se trabalha om um gênero, ensina-se uma
forma de desempenho sóciodiscursivo uma cultura, e não um simples modo de cons-
trução textual.

Eles (os gêneros) não são classificáveis como formas puras nem podem ser
catalogados de maneira rígida. Devem ser vistos na relação com as praticas
sociais, os aspectos cognitivos, os interesses, as relações de poder, as tec-
nologias, as atividades discursivas e no interior da cultura. Eles mudam,
fundem-se, misturam-se para manter sua identidade funcional com inovação
organizacional (MARCUSCHI, 2005, p.19).

Assim, torna-se indispensável que o estudante entenda a dissemelhança de


cada gênero e as posições comunicativas em que acontecem. Isso lhe concede me-
lhorar a linguagem com a qual já tem afinidade e distinguir a técnica que proporciona
um contato social e mais eficaz. Nessa visão, Bronckart (2003, p.103) afirma que “a
apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização e de inser-
ção prática nas atividades comunicativas humanas” Todavia, a escola tem o papel
fundamental de trabalhar com a leitura e produção de texto no ponto de vista dos
gêneros textuais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa do Ensino Fun-


damental (1998), expõem os gêneros textuais como fundamentais na hora da elabo-
ração de um texto instituído pelas relações sociais. Os PCN’s afirmam que “todo tex-
to se organiza dentro de determinado gênero em função das intenções comunicati-
vas, como parte das condições de produção dos discursos, as quais geram usos
sociais que os determinam” (BRASIL, 1998, p. 21).
Dessa forma, na hora de interpretar e confeccionar o texto o aluno já estará
acostumado com a realidade do que se planeja realizar. Deste modo, é salientado
que “o uso de uma ou outra forma de expressão depende, sobretudo, de fatores ge-
ográficos, socioeconômicos, de faixa etária, de gênero (sexo), da relação estabele-
cida entre os falantes e o contexto de fala” (BRASIL 1998, p. 29).
O conceito exposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais tem o compromis-
so com a clareza do raciocínio, comunicação e realidade social, questões considerá-
veis no instante da prática pedagógica entre professor e aluno, posto que quando
internalizado esse entendimento realista, a possibilidade de leitura e produção de
texto se alargam. Deste modo, é mostrado que:
No processo de ensino e aprendizagem dos diferentes ciclos do ensino fun-
damental espera-se que o aluno amplie o domínio ativo do discurso nas di-
versas situações comunicativas, sobretudo nas instancias públicas de uso
da linguagem, de modo a possibilitar sua inserção efetiva no mundo da es-
crita ampliando suas possibilidades de participação social no exercício da
cidadania. (BRASIL, 1998, p. 32)

Para atingir esse propósito, a escola precisa aplicar procedimentos divertidos,


projetar atividades nas quais os alunos sejam incitados para a reflexão, afunilando a
criticidade. Apresentar um contexto e dinamizar as aulas são métodos assertivos
que poderiam ser utilizados pelos professores, visto que além de motivar os alunos,
auxiliam a aliviar o sistema corriqueiro que pouco os instigam.

Isto posto, constata-se que os gêneros textuais retratam um largo caminho de


métodos estratégicos relacionados com o processo de dimensão racional do aluno a
contar de aspectos sociais até culturais. Diante disso, destaca-se a relevância de se
explorar o gênero textual charge e a atuação do mesmo nas aulas de Língua Portu-
guesa.

2.1 GÊNEROS - CHARGE

A charge é um gênero textual com uma intertextualidade bem pontuada e vi-


sível, o que permite que o receptor raciocine e analise o que se faz subentender ne-
la. Em sua definição, este gênero é representado por gravuras de estilo cômico, ou
seja, irrisório, na intenção de servir para expressar acontecimentos e opiniões.

Assim como a música era usada como forma de expressão em meio a dita-
dura militar no século XX, a charge também ganhou seu espaço na primeira metade
deste século, o seu ponto forte era expressar de forma cômica tais acontecimentos.
Em resposta a isso muitos sofreram repressão, contudo ficou reconhecida pela po-
pulação desta época, sobrevivendo até os dias atuais.

Esta variedade textual tem como suporte a utilização de gravuras e normal-


mente faz uso de um enunciado engraçado. Refere-se a ilustrações criadas por car-
tunistas que aproveitam os assuntos do dia a dia, demonstrando através disso as-
suntos e circunstâncias inusitadas, trazendo através deste canal julgamentos anali-
sados em prol do cotidiano, normalmente mostra uma “afiada” alfinetada. De acor-
do com Edson Romualdo

Eleger como objeto de estudos a charge já é, em si, um desafio instigante


para o pesquisador, que se depara com uma modalidade de manifestação
comunicativa condensadora de múltiplas informações, cuja interpretação
aciona necessariamente o conhecimento de um conjunto de dados e fatos
contemporâneos ao momento específico em que se instaura a relação dis-
cursiva entre o produtor e o receptor (ROMUALDO, 2000, p 1)

Dessa maneira, a charge não se resume a uma imagem, engana-se quem


acha que ela nada mais é do que uma piada ilustrativa, seu conteúdo é rico em in-
formação e abrangência de significado.

As charges vêm sendo publicadas em revistas, jornais e bancas de concursos


que têm utilizado esse gênero textual em suas provas. Destaca-se, ainda, o ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio) que em seu processo seletivo tem feito o uso
deste riquíssimo recurso como meio de despertar cada vez mais em seus candidatos
o senso crítico analítico.

Na charge os signos linguísticos e a simbologia se ligam em oposição por meio


do que é dito e do que não é indicando um ponto de vista por parte de quem está
relatando algo no caso o “cartunista”, todavia embora demonstre a oposição se junta
em consonância.

No caso da pessoa que lê, é oferecida a chance de formar sua opinião sobre o
determinado fato ou, sustentar uma compreensão que provoque dúvidas. Essa pos-
sibilidade ajuda o interlocutor a desenvolver sua própria interpretação do que está
vendo, que não é necessariamente a que o autor quis passar, e para indivíduos que
ainda estão em processo de formação, esse é um estímulo muito importante.

2.2.1 O USO DA CHARGE EM SALA DE AULA


A relevância de se trabalhar com a charge em sala de aula

Os PCNS de Língua Portuguesa justificam o ponto sociável e introspectivo do


aluno no instante em que declara que é necessário, ”confrontar opiniões e pontos de
vista sobre as diferentes manifestações da linguagem verbal” (BRASIL, 2000, p. 21)
em sala de aula. Esse educando necessita de um espaço para cotejar, participar,
expor que assim como outros tem seu ponto de vista, tornando-se autônomo de
seus conceitos. Na atualidade o mais cobrado no sistema escolar é a probabilidade
de comunicação entre educador e educando, ainda assim deve-se verificar se esses
especialistas em educação promovem esse instante meditativo para o aluno.

As contribuições que a charge proporciona nas práticas pedagógicas na sala


de aula são inúmeras. É imprescindível no caso da charge, de que quem está tendo
essa aproximação esteja informado dos fatos existentes naquele instante, para que
se compreenda a opinião expressa por ela. Sendo assim, o interlocutor é levado a
buscar conhecimento por meio da leitura e pesquisa, o que leva o aluno a se inte-
ressar pelos acontecimentos da contemporaneidade, levando-os a prática da leitura,
o que já é uma grande conquista; formar leitores críticos.

Outro fator positivo de se trabalhar com a charge em sala de aula é que os es-
tudantes podem produzir textos a partir das inferências assimiladas por eles na leitu-
ra desse gênero. Com a produção desses textos, o professor por sua vez tem a
oportunidade de trabalhar as diversas subdivisões da linguagem com os alunos.

2.2.2 MANEIRAS DE SE INTERPRETAR CHARGES

Bakhtin (1981): Afirma que um integrante de um conjunto de falante jamais loca-


liza De modo prévio a linguagem como uma linguagem imparcial, livre das aspira-
ções e avaliações de outros ou a ermo de outras vozes. De modo Absoluto. O autor
recebe a palavra da voz de outro e recheada da fala de outros (BAKHTIN, 1981:
175). Há algum tempo, a finalidade do ensino de língua portuguesa atuou centrada
na sistematização e identificação da linguagem, já que a língua não era criada como
forma de comunicação entre sujeitos.

Com o desenvolvimento da fala, apareceram diversas opiniões. Na época Atual a


que está em destaque é o conceito interacionista, elencado na arte de dialogar
apontado por Bakhtin, sobre essas características inatas da linguagem. De acordo
com orientações das DCs, a disciplina de língua portuguesa e literatura, são funda-
mentais que sejam direcionadas por atividades de oralidade, leitura e escrita.

Essa prática de oralidade é necessária ser vista de forma sincrônica à prática de


leitura e escrita, com proposições nas circunstancia da interlocução que ocasionarão
atividades de produção e reflexão discursivas. Essa relação entre dois textos baseia-
se na ideia de que em todo o texto há o surgimento de inúmeras vozes que definem
a fala humana nessa pluralidade de sons, e estabelece os inúmeros discursos que
circundam ao nosso redor.

A charge abaixo é concebida em um texto no qual o chargista Damasceno, pelo


método da intertextualidade, caminha por textos e discursos, que ao que parece não
são notados, e que apenas com uma leitura cuidadosa, novas definições vão se
desvelando e mostrando uma direção subjetiva do tópico abordado, porque “Lendo a
palavra do outro, posso descobrir nela outras formas de pensar que, contrapondo às
minhas, poderão me levar à construção de novas formas, e assim sucessivamente”
(GERALDI, 1997, p.171).

Para se fazer a leitura de determinados tipos de textos, é fundamental desenvol-


ver nos educandos, capacidade comunicativa, para que ele consiga utilizar de forma
correta a língua nos variados cenários da comunicação. Esse trabalho propõe uma
série de subterfúgios que são indispensáveis de ser ensinados e desenvolvidos. Pa-
ra que haja entendimento de um texto, é indispensável que haja uma relação entre
as ideias do texto e os conhecimentos do leitor, o que assegura a construção de
sentido para o texto que se lê.

Figura 19: Brasil


Fonte: (DAMASCENO, 2005)

Observando a charge acima acredita-se que o texto seja uma animação sobre o
Brasil, o fato é que o texto não fala de país, mas de pessoas, de brasileiros (por isso
tem o mapa do Brasil representado). Observe outras particularidades: além de ban-
guela, a boca apresenta rugas, numa possível insinuação aos idosos brasileiros; ou-
tro item que se percebe é o olhar abatido, confirmando a suspeita levantada.
Reunindo os dados colhidos no na imagem, pode-se entender que existe um
pensamento da forma como o idoso vem sendo tratado no Brasil, ou seja, “maltrata-
do”. Além do mas, o olhar e o sorriso juntos provam conformismo, mas o nariz e o
rosto rosados indicam vergonha por esta situação.
Outra observação é acreditar que o país em contraste com outros é jovem, es-
tando em progressão. Documentadamente, percebem-se alguns desvios que não se
alinham; pode-se pensar numa possível ironia, uma censura à juventude, à imaturi-
dade do país. Esta ironia pode-se destacar no nariz vermelho e redondo, lembrando
o nariz de um palhaço. Quando se lê, acionam-se diversas capacidades e esquemas
que nos amparam na implantação do sentido da leitura, empregando às vezes habi-
lidades (consciente ou inconscientemente) que contribuem no processo com a leitu-
ra.

2.3 METODOLOGIA

Para a construção desta pesquisa, desenvolveu-se uma homogeneização pe-


dagógica variada de atividades e seu desdobramento. Preferiu-se a metodologia
qualitativa com o eixo bibliográfico alicerçada nas bases metodológicas de Lakatos e
Marconi (2003) que apresentam uma peculiaridade a investigação, estudo e obser-
vação em que é exposta a maneira que é aplicada.

A abordagem qualitativa em educação busca o entendimento do educando por


via de uma aproximação aberta com o professor, auxiliando a investigação e exposi-
ção do fato a ser amplificado. O recolhimento de bibliografias de diversos autores
sobre leitura embasou este trabalho sendo nesta pesquisa usada o gênero textual
charge. Dentre as literaturas que abordam a utilização da charge como estratégias
didáticas destacam-se:

A proposta da utilização da charge vem para conseguir unir concei-


tos, conteúdos e normas ao conhecimento de mundo do discente, pa-
ra que dessa forma o aprendizado não seja passageiro, que se man-
tenha e evolua conforme as novas informações que o aluno for rece-
bendo ao longo de sua formação acadêmica. A charge é aquela que
une a imagem ao texto e às normas, fazendo com que o aluno consi-
ga entender o que se passa, e não tenha que decorar ou repetir as
normas e os padrões que estão sendo ensinados. Ela deve ter uma
ligação direta com o conteúdo que está sendo lecionado no momento,
não se desviando do assunto em foco, isto é, o professor como orien-
tador deste recurso, deve ter objetivos pedagógicos em relação à es-
colha do material a ser trabalhado, para que este não se perca duran-
te o processo de compreensão e de interpretação, e assim consiga
trocar informações sobre o conteúdo que está sendo lecionado. Es-
sas escolhas devem ser encaradas de maneira tão relevante como se
faz em relação à escolha dos materiais didáticos que são levados pa-
ra a sala de aula (MACÊDO; SOUZA, 2013, p. 7).

Lançar mão deste recurso que é a charge em sala de aula é dar a


chance de o aluno adentrar outros universos, conhecer outros discur-
sos, debater sobre sua realidade e ter novas maneiras de expressar
uma opinião, estando atualizado com o que está acontecendo ao re-
dor. Dessa forma, o trabalho a ser realizado pode ajudar a melhorar a
qualidade das aulas, diminuir os índices de evasão e repetências en-
tre os alunos e estimular os professores a modificarem suas práticas
pedagógicas com o objetivo de alterar o papel passivo do aluno (mero
receptor de conhecimentos) tornando-o um ser ativo e participativo,
podendo mudar a realidade na qual o mesmo está inserido (MA-
CÊDO; SOUZA, 2013, p. 7).

Crê-se que a leitura e a interpretação de textos não-verbais, especifi-


camente da charge, em escolas, trará benefícios e incentivará o hábi-
to de ler/escrever, além de auxiliar na manutenção de uma visão críti-
ca do meio. A simpatia dos alunos para com os textos “visuais” é ine-
vitável (SILVA, 2005, p. 25).

A utilização das charges surge como alternativa do uso de imagens,


considerando-se a falta de material iconográfico, na maior parte das
escolas públicas. Com a introdução de leituras cômicas (caricaturas,
cartoons e charges), é possível fazer uma ponte entre a realidade re-
presentada e as experiências coletivas (SOUZA, 2002, p.7).

O estudo exposto realizou a análise das charges divulgadas nas colunas de


Opinião do site charges.com.br de Maurício Ricardo do Estado de Minas em um in-
tervalo de 4 meses, de 04 de Maio a 04 de Agosto de 2014, a fim de examiná-las e
investigar a possibilidade de uso destas para o ensino de Língua Portuguesa.
A seleção das charges foram feitas segundo o conjunto de temas e assuntos
Transversais propostos no PCNs para o ensino de Língua Portuguesa. Foram esco-
lhidas aquelas charges cujos conteúdos se integravam dentro de um ou mais temas
e/ou eixos sugeridos.
O uso da charge em atividades interdisciplinares propicia ao docente
possibilidades pedagógicas em diversas áreas do conhecimento. No
texto verbal e não verbal, o docente pode orientar projetos em reda-
ção, análise de discurso, elementos gramaticais do texto, coesão, co-
erência, aprendizagem de novas expressões, palavras e relação de
temas pertinentes à comunidade da escola, com ênfase aos temas
transversais. (PESSOA, 2011, p. 26).

O conteúdo do site foi acessado diariamente, o mesmo disponibiliza a versão


digital das suas edições, o que possibilita o acesso livre às charges já publicadas.
Durante a pesquisa foram arquivadas mais de 100 charges, que posteriormente, fo-
ram analisadas com a finalidade de selecionar aquelas consideradas com potencial
para serem utilizadas com mecanismo didático para o ensino de Língua Portuguesa.
A partir desse momento, realizou-se a classificação das charges escolhidas de acor-
do com os eixos temáticos e/ou temas transversais nos quais se integram seu con-
teúdo, fundamentados nas finalidades expostas nos PCNs.
Na perspectiva da sua natureza, pode-se identificar o seguinte trabalho como
sendo uma análise exploratória, pois pende a proporcionar maior proximidade com o
tema com vistas a fazer-se visível e conhecido (GIL, 2007). Como ferramenta meto-
dológica, resultou-se a exploração bibliográfica, que para Gil (2007) e Silva & Mene-
zes (2001), é aquela fundamentada na pesquisa da literatura já propagada, elabora-
da de livros, artigos de periódicos, revistas, publicações avulsas, imprensa escrita e
hodiernamente com material disponível na internet.
“A pesquisa bibliográfica colabora para adquirir dados sobre o cenário atual do
tema desenvolvido; explorar os trabalhos que já existem sobre o tema e as caracte-
rísticas que já foram levantadas; averiguar os pontos de vistas semelhantes e diver-
gentes com relação ao tema ou de características relacionadas ao tema da análise
em questão” (SILVA e MENEZES, 2001, p. 38).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante e depois da execução deste trabalho apresentado como pesquisa


deste gênero textual charge, e também dos assuntos dos especialistas abordados
neste seguimento, examina-se que este gênero textual representa um excelente ob-
jeto favorável no processamento de ensino e aprendizagem do educando no ensino
de Língua Portuguesa.

Esta variedade linguística é primordial em noticiar textos do dia a dia e, cola-


borar para um entendimento que tenha firmeza, pois se identifica com a atualidade
que os alunos vivem e se apresentam no instante da compreensão e produção tex-
tual. A leitura e a escrita se realizam com qualidade à frente de benéfica indicação
metodológica, alicerçada em intervenções positivas, onde o aluno reconheça o que
pretende demonstrar, sua crítica através do seu texto escrito.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (1998) salien-


tam texto como base primordial para o crescimento e aprendizagem do educando
com inúmeras capacidades e habilidades conquistadas com a escrita. No entanto, os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio de 2000 apontaram comple-
mento, observando o ponto reflexivo do aluno, da comunicação e convívio entre
pessoas, da associalização dos conceitos e ideias expostos com o propósito de ge-
rar alunos analíticos.

Diante dos temas que aqui foram apresentados, conclui-se que as escolas por
meio de seus professores, deveriam trabalhar mais e de forma variada esse gênero
textual tão enriquecedor,

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