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BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira.

Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 33). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“O filósofo de Röcken, em sua genealogia que busca o começo da décadence do homem


ocidental, aponta para o cristianismo como sendo o fenômeno cultural e político que operou a
célebre inversão de valores responsável por um novo perfil antropológico: o homem piedoso,
manso, paciente, condescendente, pequeno, dependente etc. Este homem piedoso opõe-se
ao seu antecessor, o homem trágico, que abraçava, dançava com e acolhia a vida e suas
contingências: imprevisível, caótica, provedora de intensa alegria e de sofrimentos (alguns
evitáveis; a maioria, inevitável e dilaceradora.). O trágico possuía um amor ao destino que o
tornava mais fortalecido e apto para lidar, de forma ativa e viril, com a “ferida da existência”
que é, entre outras coisas, a angústia de se viver na imprevisibilidade e na orfandade, amando
e enfrentando os desafios que surgirem.”

Nietzsche, busca estudar a genealogia da moral e suas origens, relacionando a moral grega
com a moral cristã ocidental. Ele percebe que ouve uma inversão de valores morais, pois para
o filósofo de Röcken, haveriam vários valores morais, visto que sofriam modificações com o
passar do tempo. Na concepção do filósofo, o homem mau era no passado um homem bom, e
o bom no cristianismo era considerado ruím no passado. Isso representaria uma inversão de
valores. Esse pensamento, acabaria enfraquecendo o ser humano, na única vida existente para
o filósofo, que é a vida natural. Para ele, não existiria uma vida metafísica.

BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 33). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“Os valores do homem e da mulher fortes e nobres sustentavam a coragem, a ira, a luta, a
embriaguez, a dança, o excesso. Afinal, em tempo de guerra, esse excesso é o que lhes provia
condições de sobrevivência. Eis porque a existência, para o trágico, ainda não desqualificado
pelo delírio metafísico que surgiria com as primeiras filosofias transcendentais, não tinha o
sentido assustador comumente encontrado entre os homens e as mulheres reativos.”

Nietzsche divide a vida em duas forças:

•Forças ativas.

•Forças reativas.

Essas forças ativas seriam movidas pelos fortes. Buscando apenas sua própria sobrevivência.
As forças reativas, seriam movidas pelos fracos, pois possui um caráter de negação e
conservação. As forças reativas seria a negação às forças ativas.

BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 34). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“Eis o porquê de, no julgamento em processo, a cada lamentação da defesa surgir um


argumento da promotoria, como aquele de que os fracos foram chamados por Nietzsche de
ressentidos, uma vez que eles não agem, mas reagem ao desqualificarem os fortes; não
ousam, a partir dos, ou contra os valores destes, criar algo novo, algo igualmente original e
grande. Pelo contrário, insistem na ladainha que rumina as “injustiças” e não aceitam um
esquecimento ativo que os lançaria em direção a batalhas futuras. Sua reatividade ilustra o
agir e a compreensão moral das emergentes culturas metafísicas (a platônica e a cristã) e
estimula a apologia de valores opostos, negadores, simplesmente.”

Nietzsche definiu que alguém ressentido é aquele que trata como inimigo quem tenta lhe
tomar seu lugar de direito no mundo. E afirma ainda que o ressentimento é algo típico dos
escravos, mas escravos não no sentido social, mas escravos no sentido de pessoas que são
mentalmente escravizadas. Ele também fala que aquelas situações que achamos más, e que
julgamos ser errado, seria o ressentimento. Esses ressentidos, diz Nietzsche, vão criar infernos
fictícios por meio de justificativas para compensar a própria fraqueza mental. Por isso diz-se
que os fracos não agem, mas reagem, ao julgarem e criticarem os fortes.

BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 35). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“A reatividade é, pois, a “ação” do fraco, que produz e sustenta a cultura do apequenamento.


A cultura salvadora do oprimido, do pequeno, do fraco, quando nega a virilidade do estímulo à
autossuperação e à transvaloração e, pelo contrário, enfatiza o discurso da piedade e a
ladainha da injustiça, afoga-se no terreno da moral e do juízo emotivo.”

Percebe-se que Nietzsche menospreza os cristãos, chamando as crenças, a cultura religiosa, de


cultura do apequenamento, a cultura de negação a nossa própria existência.

BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 38). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“Crueldade reativa e crueldade ativa – uma da debilidade a outra da saúde. O torturador e o


terrorista, o mercenário e o delinquente sustentam a primeira; o super-homem, a segunda.
Uma análise precisa e respeitosa dos textos permite ver – quanto o ressentimento é objeto de
uma perpétua reprovação.”

Crueldade ativa no contexto do super-homem, para Nietzsche, seria o amor à luta e ao perigo,
deixando a felicidade para a maioria, os humanos normais, pois ao super-homem caberia o
dever de elevar-se além dos limites estabelecidos pela normalidade. Mas que ainda não
haveria o "além do ser humano"(super-homem), pois seria necessário um aprofundamento
muito grande das forças ativas.

BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 38). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“O guerreiro, ativamente cruel, por sua vez, se utiliza da energia vital para obtenção de mais
energia vital, afirmadora e provocadora, no adversário, de semelhante potência. Afinal, só vale
a pena uma batalha quando enfrentamos um grande inimigo! Vencer os frágeis não tem nada
de honroso nem nobre. A crueldade ativa estimula a superação e a vitória; a sua antípoda, a
crueldade reativa, é destruidora das possibilidades de crescimento e de afirmação do indivíduo
e da cultura.”

O super-homem ou guerreiro, para o filósofo de Röcken, ele não vai usar essa virtude e força
para vencer os fracos, pois não teria nada de nobre e honroso sobre isso.
BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de
Professores (p. 39). Paco e Littera. Edição do Kindle

“[...]argumenta a promotoria, ao invés de sustentarem e perpetuarem os “privilégios” dos


fortes, quando reconhecidos, e estabelecidas metodologias e uma pedagogia da
autossuperação, servem, pelo avesso, para a superação da condição de “oprimido ou
excluído”.”

A promotoria fala que nem sempre as pessoas terão resultados excelentes na sociedade, e que
para isso, é necessário buscar sempre melhorar e se destacar em relação as outras pessoas,
por mais difícil que seja. Pois, para a promotoria a superação seria fundamental.

BORGES, Bruno Gonçalves; DA SILVA, Sérgio Pereira. Filosofia da Educação e Formação de


Professores (p. 40). Paco e Littera. Edição do Kindle.

“O socialismo continuou exaltando o valor do páthos compassivo, oriundo do cristianismo, e


pretendeu também impor a igualdade de todos os homens por decreto, eliminando as
diferenças e a hierarquia entre eles, decretando a mediocridade, a ausência de parâmetro, a
aniquilação de toda excelência. Assim, os regimes políticos que sustentam a instauração do
pretenso bem-estar geral, visando eliminar as injustiças, suprimindo a dominação e exploração
dos mais fracos, acabam por estabelecer configurações sociais doentias, carentes de nobreza.”

Para Nietzsche, o socialismo assim como o cristianismo seria algo niilista, porque nega o
mundo da vida e busca uma sociedade sem classes. Percebe-se neste trecho que Nietzsche é
contra a ideia de democracia. Segundo ele a iniciativa de estruturar a sociedade
democraticamente, teve origem de pessoas reativas, das forças reativas e dos fracos, ou seja,
de pessoas que para conseguir serem ouvidas, uniram- se. O interessante é que quando
Nietzsche ataca a democracia, ataca a igualdade, pois na democracia, todos são considerados
iguais; atacando a igualdade, ataca a forma religiosa de pensar, pois diz que não há
possibilidade alguma de uma pessoa ser igual a outra e possuírem o mesmo valor, porque o
nível de vontade de potência referente às forças da vida, varia de um para o outro.

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