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Semana 19 – 16-09

INCREMENTE SEU REPERTÓRIO

I – GRANDES PENSADORES
ALDOUS HUXLEY

“Numa época de tecnologia avançada, o maior perigo para as ideias, para a cultura e para o espírito
pode mais facilmente vir de um inimigo sorridente que de um adversário que inspira o terror e o ódio.”

“A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa.”

“Se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também pode corromper o pensamento.”

ARISTÓTELES

AS VIRTUDES: Em nosso dia a dia, frequentemente julgamos as pessoas por seu comportamento e, quando
reconhecemos nelas atitudes positivas, as elogiamos. Esses hábitos bons, tais como a coragem, a justiça e
sinceridade, são chamados de virtudes. Mas como podemos identificar uma virtude? O que diferencia um
hábito bom de um mau? Para o filósofo Aristóteles, a virtude está sempre em um ponto de equilíbrio. Ou seja,
ela se encontra sempre na justa medida entre dois vícios opostos, um por falta e outro por excesso. Assim, por
exemplo, a virtude da paciência, que é a capacidade de suportar situações adversas, está entre o vício da ira,
que é falta de paciência, e o vício da frouxidão, que é excesso de paciência.

A JUSTIÇA : as virtudes são, de modo geral, hábitos bons, atitudes constantes que estão sempre em um ponto
de equilíbrio entre hábitos maus. Este mesmo princípio vale para aquela que é uma das principais virtudes, a
justiça. Sendo a justiça a virtude que regula nosso relacionamento com os outros, ela não consiste em tratar
todos igualmente, mas sim em dar a cada um o que lhe é devido: aos iguais tratar igualmente, aos
desiguais tratar desigualmente, na medida de sua desigualdade. Assim, sendo um hábito virtuoso, a justiça
estaria na justa medida entre o vício de praticar injustiça e o vício de sofrer injustiça.

HANNAH ARENDT

"Quem habita este planeta não é o Homem, mas os homens. A pluralidade é a lei da Terra." (Hannah Arendt)

BANALIDADE DO MAL
Comportamento dos indivíduos nas redes sociais e banalidade do mal: Hannah Arendt foi uma
teórica política alemã, considerada uma das pessoas mais influentes do século XX, Escreveu a obra Eichmann
em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal (1963).
Adolf Eichmann foi um oficial da Gestapo nazista responsabilizado pela logística de extermínio de
milhões de pessoas. Foi capturado na Argentina e julgado em Jerusalém no ano de 1961. Hannah Arendt foi
enviada como correspondente pela revista The New Yorker para cobrir as sessões do julgamento tornadas
públicas pelo governo israelense. Em 1963, com base nos artigos publicados pela The New Yorker, a autora
publicou um livro sobre o julgamento e nele desenvolveu uma análise sobre Eichmann.
Uma analogia com o cotidiano
Segundo Hannah Arendt, Adolf Eichmann era um indivíduo comum, pertencente ao cidadão médio, que
não possuía um histórico de violência e muito menos aparentava características de um caráter distorcido ou
doentio. O oficial da Gestapo agia segundo o que acreditava ser o seu dever, executando suas ordens sem
nenhum tipo de questionamento (seja para o bem ou para o mal), com o intuito de desenvolver a sua carreira
profissional da melhor forma possível.“Será que a natureza da atividade de pensar, o hábito de examinar,
refletir sobre qualquer acontecimento, poderia condicionar as pessoas a não fazer o mal? Estará entre os
atributos da atividade do pensar, em sua natureza intrínseca, a possibilidade de evitar que se faça o mal? Ou
será que podemos detectar uma das expressões do mal, qual seja, o mal banal, como fruto do não-exercício do
pensar?” (ARENDT, 2008).
Dessa forma, a autora defende que a massificação da sociedade e o totalitarismo permitiram o
desenvolvimento de uma multidão que cumpria ordens sem questionar, uma massa incapaz de fazer
julgamentos morais. Sob essa perspectiva, Eichmann não era tachado como um monstro, mas um funcionário
zeloso que apenas cumpria com as ordens que recebia.“O que tornava Eichmann uma aberração era o fato de
ele nunca haver experimentado as exigências do pensamento diante dos acontecimentos. A questão que a
filósofa se propõe a aprofundar, então, é a ausência do pensamento e sua possível relação com os atos
maus” .

IMMANUEL KANT

Principais ideias
 Iluminismo: a indicação de uma iluminação por meio do conhecimento é o requisito para a formação de uma
mente autônoma.
 Imperativo categórico: é a formulação de uma lei moral, máxima da ação ética em qualquer situação. O
imperativo kantiano pode ser formulado da seguinte maneira: age de tal maneira a tornar a sua ação uma lei
universal. Isso significa que a ação deve ser universalmente correta ou estar, em qualquer situação, em
correspondência com o dever. Há também a máxima: age de tal modo a utilizar a natureza e as pessoas como
fim e nunca como meio. Isso significa que há uma obrigação moral de não usar as pessoas como meio para
que se consiga algo.
Citações
 “Não se pode aprender Filosofia alguma. [...] Só se pode aprender a filosofar, isto é, exercitar o talento da
razão na observância de seus princípios universais.”
 "A guerra é má, por originar mais homens maus do que aqueles que mata."
 "A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-
nos dignos da felicidade."
 "É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade."
 "Pensamentos sem conteúdos são vazios; intuições sem conceitos são cegas."

JOHN LOCKE 

Segundo ele, o Estado surge para garantir, através das leis, os direitos naturais dos indivíduos, principalmente,
o direito natural à propriedade.

. "Onde não há lei, não há liberdade." (Locke)

JÜRGEN HABERMAS

Para o filósofo, há duas formas básicas de racionalidade. De um lado, a racionalidade instrumental é


aquela que consiste em calcular custos e benefícios. É baseado nisso que chamamos uma pessoa econômica
ou organizada de racional. Por outro lado, a racionalidade comunicativa, ou agir comunicativo, é aquele que
consiste na capacidade de deliberar em conjunto com os outros, mediante a troca de argumentos e de razões.
Segundo Habermas, essa segunda forma de racionalidade tem sido excessivamente desvalorizada, quando,
na verdade, ela é essencial tanto para a vida ética quanto para a sustentação da democracia.

KARL MARX

O filósofo Karl Marx é conhecido principalmente como um dos maiores críticos do capitalismo. De fato,
para o pensamento marxista, o sistema capitalista é um sistema de exploração, onde alguns poucos
proprietários dos meios de produção se beneficiam injustamente do suor e do trabalho de uma multidão de
proletários. A condição na qual os trabalhadores são colocados pela exploração que sofrem é chamada por
Marx de alienação. Ela consiste no fato de que o trabalhador não se identifica mais consigo mesmo, não se
reconhece mais no fruto de seu trabalho. Resumindo: o seu trabalho é percebido acima de tudo como um peso,
como um estorvo, como algo que não tem qualquer significado para além do salário recebido no fim do mês.

MARSHALL MCLUHAN

 Teórico da comunicação canadense, nasceu em 1911 e morreu em 1980


 Criador do termo "aldeia global"; ele viveu antes da globalização, mas anteviu o fenômeno
 Estudou os meios de comunicação e a sua relação com a sociedade

"O homem cria as ferramentas, e as ferramentas recriam o homem."

PLATÃO

Platão, em seu clássico diálogo Fedro, denominou a linguagem como um phármakon. Verbete de


origem grega, essa palavra em português pode assumir três significados distintos: remédio, veneno ou
cosmético.
Em relação ao primeiro atributo – remédio -, Platão não se referia somente ao aspecto terapêutico-
medicinal das palavras, mas também ao seu poder construtivo, de confortar, apaziguar conflitos e promover
soluções. De fato, não há método de resolução de conflito que não se valha do uso das palavras. Seja por
meio de reuniões, troca de e-mails ou conversas particulares. Em um ambiente já instável por uma tensão
provocada pelo conflito de partes que não se entendem, a escolha das palavras utilizadas para transmitir
argumentos e sugerir soluções deve ser precisa. As palavras, neste caso, devem ser encaradas e utilizadas
como ferramentas que atenuarão a atmosfera de desentendimento, sua função é de esclarecimento e
sobriedade.
O segundo significado do termo phármakon – veneno – trata da capacidade de destruir ideais,
calar a voz de outros, fazer com que as pessoas se sintam desconfortáveis, humilhadas e inexista o diálogo.
Assim como é das palavras o poder de inverter situações mal entendidas, é delas também a responsabilidade
pelo surgimento desses desconfortos. Palavras são muito passíveis de serem mal-interpretadas. Da mesma
forma como um ingrediente mal manipulado em uma fórmula química pode transformar um medicamento em
um veneno, um pequeno deslize na maneira a qual nos valemos das palavras pode provocar o efeito contrário
do que pretendíamos provocar. Esse é um cenário comum nas trocas de e-mails, em que o uso inadequado de
um termo, a presença de erros gramaticais, de pontuação ou ortografia, por exemplo, podem gerar um mal-
estar entre os copiados na mensagem.
(...) Finalmente, o terceiro significado – cosmético – refere-se ao caráter persuasivo das palavras,
já que por meio delas é possível maquiar ou enfeitar um sentimento, um pensamento, ou até mesmo um fato. É
preciso um cuidado maior neste aspecto.A capacidade de ler entrelinhas é uma habilidade essencial não só no
âmbito profissional, mas em todos os aspectos da vida social. Questionar a mensagem e relê-la é
imprescindível para a assinatura de um contrato, por exemplo.
Como podemos notar, o poder das palavras em transformar pensamentos e questões abstratas em
mobilizações ou produções materiais é indiscutível. Nesse ponto, as acepções de Platão devem ser
cuidadosamente observadas e lembradas constantemente. O sentido das palavras pode sofrer diversas
modificações até chegar ao interlocutor. Pode se transformar, de remédio a veneno, de veneno à maquiagem.
Por isso, a clareza e a coesão na comunicação oral e escrita devem procurar ser alcançadas, por meio da
revisão constante de pensamentos e textos.http://cpdec.com.br/as-palavras-e-suas-poderosas-propriedades/

PIERRE BOURDIEU ( sociólogo contemporâneo)

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA : Um dos conceitos mais utilizados nas ciências humanas e que pode ser aplicado em
diversas temas que tenham relação com processos de dominação. ̇ São processos ou formas culturais que se
impõem e fazem com que tanto dominado quanto dominante aceite como natural, porque foi naturalizado ao
longo das socializações. Os agentes envolvidos, na maioria das vezes, não percebem a relação de dominação
existente (é algo dado, inconsciente, imposto).Exemplos: Dominação masculina, Dominação de Gênero,
Educação Escolar, Ideologia da Meritocracia, Linguagem, etc.) ̇
Capital Social: uma rede de relacionamentos que facilitam as credenciais e as oportunidades sociais.
Televisão e outras mídias sociais : poderiam ser um instrumento de aperfeiçoamento democrático, mas
não são. Para Bourdieu, o campo do jornalismo foi assimilado pelo campo econômico, portanto, reflete as
classificações que o Mercado legitima. ‚ A audiência é o que determina o que será mostrado ou não, portanto,
as produções culturais seguem a lógica comercial e sufocam as demais que são alternativas, informativas.

ROUSSEAU

Indo na direção contrária a de Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau elaborou uma


perspectiva bastante diferente sobre o problema da violência, perspectiva que, tal como a de Hobbes,
influencia muitos até hoje. Segundo o filósofo iluminista, o homem é naturalmente bom, a sociedade é que o
corrompe. Para ele, se vivêssemos com selvagens, tal como éramos em nosso estado de natureza, guiados
por nossos sentimentos naturais, viveríamos em paz e tranquilidade perpétua. Se hoje isso não é mais
possível, a culpa não se encontra na natureza humana, mas sim na criação da propriedade privada, que,
instaurando conflitos de interesses entre os homens, os corrompeu e dividiu.

THOMAS HOBBES

Ao observarmos o mundo ao nosso redor, repleto de tanta violência, é natural nos perguntarmos: de
onde vem tanta maldade? Para o filósofo Thomas Hobbes, há violência entre os homens pois o ser humano
é naturalmente mau e egoísta. Segundo ele, todos nós somos movidos pela busca incessante por satisfação.
Isso faz com que sempre coloquemos os nosso interesses acima dos interesses dos outros. Daí a famosa
frase hobbesiana: “O homem é o lobo do homem”. De acordo com o pensador britânico, o único modo de
impedir a guerra de todos contra todos, consequência inevitável do estado de natureza do homem, é através
da instauração do Estado, instituição pública encarregada da manutenção da ordem mediante o uso da força.

ZYGMUNT BAUMAN

Zygmunt Bauman , renomado sociólogo, é autor do conceito de “modernidade líquida” ou “sociedade


líquida”, que pretende explicar as transformações que o mundo passou a partir da 2ª Guerra Mundial até os
dias atuais. Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a ideia de progresso da humanidade se esvaiu, visto as
arbitrariedades que aconteceram neste período, com destaque para o Holocausto dos Judeus e para os mais
de 60 milhões de mortos. Em seguida veio a bipolarização do mundo (bloco capitalista americano X bloco
socialista soviético), que irá marcar a Guerra Fria (1946-1990), no qual a tensão era enorme (pela primeira vez
na História a ameaça de dizimar os seres humanos através do uso da bomba atômica era uma real
possibilidade). De lá para cá, temos uma intensificação de vários conflitos étnicos e geográficos no mundo.
Acompanhamos o desenvolvimento da “Globalização”, que vem transformando a paisagem social . Estamos
presenciado o medo do terrorismo em escala mundial, os conflitos imigratórios, a superação das barreiras
geográficas, uma sociedade do e para o consumo, um sistema econômico capitalista que cada vez mais
aumenta as desigualdades sociais, etc. O panorama acima configura a modernidade líquida. Para Bauman, a
modernidade líquida é um mundo sem forma, de incertezas, de medos, de ausência da concepção de
progresso e fragilidade nas relações sociais. Este atual momento do período histórico é diferente do que ele
denomina de “modernidade sólida”, que começou a ser concebida com o Renascimento (valores do
humanismo) e consolidada com o Racionalismo (René Descartes, Francis Bacon, Espinosa) e com o
Iluminismo (John Locke, Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Kant, etc.). Na modernidade sólida havia a
preocupação de organizar a sociedade através de leis civis e do exercício da ética. Existe a rigidez nas
relações sociais entre os sujeitos e as instituições sociais. A crença na razão para que o homem dominasse a
natureza e intervisse de maneira a proporcionar o bem-estar coletivo. O conhecimento era extremamente
valorizado, bem como a sua divulgação (lembrar dos Iluministas que debatiam suas ideias nas ruas e nos
salões, além de organizar o saber sobre diversos assuntos na Enciclopédia). Os avanços das investigações
científicas e filosóficas eram notórios. As principais concepções políticas do século XIX (liberal e marxista),
cada um a seu modo, objetivavam o progresso da sociedade e o melhoramento dela.
Contrapondo algumas características da modernidade sólida (XVI-1945), a sociedade líquida (1946-
2017) está sem forma definida, um período de transição. A liquidez da sociedade não consegue tomar forma,
porque está em constante transformação. Não consegue desenvolver um projeto coletivo de sociedade a longo
prazo – a política e suas reivindicações estão cada vez mais fragmentadas. Outra característica marcante para
Bauman é que se perdeu a ideia de utopia, o que faz com que se perca o caráter reflexivo em relação à
sociedade. Os indivíduos “líquidos” estão preocupados em buscar o prazer individual, o sucesso individual,
abdicando a concepção de bem-estar da coletividade. A atual sociedade está sendo regida cada vez mais
pelos valores e regras do Mercado, cujas concepções introjetam no indivíduo as ideias de concorrência, de
felicidade no consumo e que o indivíduo basta em si mesmo.
O Mercado não propicia um planejamento de vida, já que os empregos são cada vez mais voláteis,
temporários e flexíveis. Se antes alguém entrava numa determinada empresa e se aposentava nela, agora,
isso não existe mais (as pessoas passam por várias experiências e são sondadas frequentemente pelo
desemprego). O Estado também não consegue colocar em prática aquilo que prometeu, não consegue garantir
os direitos sociais básicos. Cada vez mais oferece menos aos cidadãos. Com o advento da modernidade
líquida, a estrutura social moderna em torno da fixidez, da razão e do progresso se dilui. Para o sociólogo
polonês, as relações passam a ser voláteis. As instituições sociais passam por uma descrença e não são mais
pontos de referência. A sociedade estrutura suas relações principalmente pelas .Nesta mesma perspectiva,
presenciamos a liquidez dos valores. O conhecimento é fragmentado e apressado (como se fosse um fast-
food). Mal a pessoa lê uma manchete de revista ou de jornal já acha que domina o assunto. No Brasil é incrível
a quantidade de “pensadores” nas redes sociais.
Conseguem concordar ou refutar rapidamente uma ideia, sem nenhuma reflexão. É comum
encontrarmos pessoas que criticam o pensamento de Marx sem nunca ter lido sequer um livro dele, ou de
pessoas que querem definir o pensamento político da direita, sem conhecer nenhum autor desta corrente. Isso
é devido ao processo de “aceleramento do tempo”, onde tudo tem que ser feito instantaneamente. Contudo, o
conhecimento e a reflexão são processos que levam tempo. Os valores éticos, os quais são pensados desde a
Antiguidade Clássica, estão em crise. Por exemplo, o nosso bom e velho conhecido, o filósofo Aristóteles, dizia
que o exercício da ética leva a felicidade e a responsabilidade do indivíduo.
Para ele, ética é um hábito, portanto, precisa ser praticada. Para os iluministas, a liberdade de um
sujeito termina quando começa a de outro, o que reflete a ideia de bem comum, de respeito. Na sociedade
líquida o que interessa é a vontade individual: “se eu quero, eu posso”. A partir disso, a liberdade do outro é
desrespeitada. É comum encontrarmos pessoas em lugares coletivos como, por exemplo, no ônibus, ligar o
seu celular ou rádio em altura alta, obrigando os demais escutarem a mesma música – isso também se verifica
no trânsito ou em outras esferas das relações sociais. O medo se transforma em uma política tanto do Estado
como do Mercado, o que restringe a liberdade. Há o medo do desemprego. Há o medo de se relacionar
amorosamente (as relações são frágeis e incertas). O medo de ficar doente e não conseguir atendimento. Há
seguros para tudo, que vão desde o seguro de carro ao seguro de vida. A indústria do medo faz com que as
pessoas cerquem suas residências, se distancie do contato com outras pessoas e as áreas públicas são
evitadas. A violência aumenta em números vertiginosos. As incertezas são diversas.
Por fim, você pode estar se perguntando: “o que fazer?” Geralmente, o sociólogo é aquele pensador
que está preocupado em entender a sociedade, e não em fazer previsões ou apontar caminhos a serem
seguidos. Bauman nos dá algumas pistas a partir da metáfora que utiliza do “caçador e do jardineiro”. Para ele,
a metáfora que simboliza a era pré-moderna é a do caçador. Sua principal tarefa é defender os terrenos de sua
ação de toda e qualquer interferência humana, com objetivo de defender, preservar e conservar o “equilíbrio
natural”. A ação do caçador repousa sobre a crença de que as coisas estão no seu melhor momento, de que o
mundo é um sistema divino, em que cada criatura tem o seu lugar legítimo e funcional. Por outro lado, a
metáfora do jardineiro revela a era moderna. O jardineiro assume que não haveria ordem no mundo, mas ela
depende da constante atenção e esforço coletivo de cada um. Sabe que tipo de planta deve crescer ou não, e
que tudo está sob seus cuidados. Ele força a sua concepção prévia, o seu enredo, incentivando o crescimento
de certos tipos de planta e destruindo aquelas que não são desejáveis, as ervas “daninhas”. É do jardineiro que
tendem a sair os mais fervorosos produtores de utopias. “Se ouvimos discursos que pregam o fim das utopias,
é porque o jardineiro está sendo trocado, novamente, pela ideia do caçador”.

TEMÁTICAS ESSENCIAIS

ANOMIA SOCIAL
O conceito de anomia foi, na Sociologia, cunhado por Émile Durkheim nas obras “Da Divisão Social do
Trabalho” (1893) e “Suicídio” (1897) e depois utilizado na obra “A Educação Moral” (1902), onde abordou o
papel da moral no combate ao estado anômico. Para esse sociólogo, a anomia é uma situação social
produzida pelo enfraquecimento dos vínculos sociais e pela perda da capacidade da sociedade regular o
comportamento dos indivíduos, gerando, por exemplo, fenômenos sociais como o suicídio. Trata-se de uma
ausência de um “corpo de normas sociais” capaz de regular o convívio social marcado pela “solidariedade”.
Para Durkheim a anomia é uma etapa temporária, produto das rápidas transformações sociais, perda
da fé (em seu sentido mais amplo) e das tradições. Essa etapa, para ele, é superada a partir do momento que
grupos de interesses determinam novas regras a fim de regulamentar o que encontra-se “desajustado” na
sociedade, assim como afirmar novas tradições ou refortalecer as já estabelecidas. Nesse sentido, anomia
seria um mal crônico das sociedades modernas, marcada pelas rápidas transformações sociais, as quais levam
a situações de desajustes sociais causadas pela crise (ou ausência) de uma forte “consciência coletiva”.
No contexto de uma situação anômica, os limites sociais se encontram frágeis ou não existem, não
estando claro o que é justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo; perde assim, os indivíduos, as referências sociais.
Essa situação gera um sentimento de frustração e mal-estar, parecendo que não existem normas e imperar o
“tudo pode”.

INDÚSTRIA CULTURAL
Apesar de a Indústria Cultural ser um fator primordial na formação de consciência coletiva nas
sociedades massificadas, nem de longe seus produtos são artísticos. Isso porque esses produtos não mais
representam um tipo de classe (superior ou inferior, dominantes e dominados), mas são exclusivamente
dependentes do mercado.
Essa visão permite compreender de que forma age a Indústria Cultural.Oferecendo produtos que
promovem uma satisfação compensatória e efêmera, que agrada aos indivíduos, ela impõe-se sobre estes,
submetendo-os a seu monopólio e tornando-os acríticos (já que seus produtos são adquiridos
consensualmente).
Camuflando as forças de classes, a Indústria Cultural apresenta-se como único poder de
dominação e difusão de uma cultura de subserviência. Ela torna-se o guia que orienta os indivíduos em um
mundo caótico e que por isso desativa, desarticula, qualquer revolta contra seu sistema. Isso quer dizer que a
pseudo felicidade ou satisfação promovida pela Indústria Cultural acaba por desmobilizar ou impedir qualquer
mobilização crítica que, de alguma forma, fora o papel principal da arte (como no Renascimento, por exemplo).
Ela transforma os indivíduos em seu objeto e não permite a formação de uma autonomia consciente.
Englobando a sociedade como um todo, com um pequeno número de evasão, é quase
impossível romper com tal sistema produtivo. Aqueles que se submetem a esse modelo de indústria nada mais
fazem que falar de modo diferente a mesma coisa. Porém, uma certa crítica ainda pode ser vista naqueles que
fomentam um tipo de arte que produz efeitos estéticos fora da padronização oferecida pela indústria. Mesmo
assim, é uma tentativa que fica à margem do sistema porque não agrada àquelas consciências acostumadas
com um modelo estandardizado.
O próprio Adorno, como um dos integrantes da Escola de Frankfurt, onde foi desenvolvida a
Teoria Crítica, construiu um tipo de música calculada nos moldes das músicas clássicas e eruditas, mas com
uma melodia aparentemente horripilante aos ouvidos acostumados aos acordes da música clássica tradicional
(leia-se burguesa). Sua pretensão é justamente desacostumar a percepção daquela noção tradicional de
ordem e harmonia (já que sua música só parece desarmônica, mas na verdade é totalmente ordenada e
arranjada – dodecafônica) prevalecente na cultura burguesa vigente à época.
Para Adorno e Horkheimer, Indústria Cultural distingue-se de cultura de massa. Esta é oriunda
do povo, das suas regionalizações, costumes e sem a pretensão de ser comercializada, enquanto que aquela
possui padrões que sempre se repetem com a finalidade de formar uma estética ou percepção comum voltada
ao consumismo. E embora a arte clássica, erudita, também pudesse ser distinta da popular e da comercial, sua
origem não tem uma primeira intenção de ser comercializada e nem surge espontaneamente, mas é trabalhada
tecnicamente e possui uma originalidade incomum – depois pode ser estandardizada, reproduzida e
comercializada segundo os interesses da Indústria Cultural.
Assim, segundo a visão desses autores, é praticamente impossível fugir desse modelo, mas deveríamos
buscar fontes alternativas de arte e de produção cultural, que, ainda que sejam utilizadas pela indústria,
promovessem o mínimo de conscientização possível.

Por João Francisco P. Cabral- Colaborador Brasil Escola- Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de
Uberlândia – UFU- Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

Trata-se de uma estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus produtos para que
durem menos do que a tecnologia permite. Assim, eles se tornam ultrapassados em pouco tempo, motivando o
consumidor a comprar um novo modelo. Os casos mais comuns ocorrem com eletrônicos, eletrodomésticos e
automóveis. É algo relativamente novo: até a década de 20, as empresas desenhavam seus produtos para que
durassem o máximo possível. A crise econômica de 1929 e a explosão do consumo em massa nos anos 50
mudaram a mentalidade e consagraram essa tática. Descubra como essa estratégia “secreta” dos fabricantes
estimula consumo desenfreado.
A) Vida breve Atualmente, a principal justificativa das empresas para criar novos modelos de um produto é o
avanço da tecnologia. Mas há quem duvide dessa explicação. O iPad 4 foi lançado apenas sete meses após o
3, por exemplo. Será que houve mesmo tantos progressos em tão pouco tempo? Uma ONG brasileira ligada
aos direitos do consumidor chegou a processar a Apple

B) Impacto ambiental
A troca regular de produtos aumenta a produção de lixo. E o lixo eletrônico contém metais pesados que podem
contaminar o ambiente. Além disso, a obsolescência programada estimula a produção, o que gera mais gastos
de energia e de matérias-primas, além da emissão de poluentes. Antes de trocar seu celular, pense bem: você
realmente precisa de outro, só porque é novo? (Um designer holandês planeja lançar um celular modular: você
só troca as partes que precisam ser atualizadas. Confira em phonebloks.com)

C) Na pista pra negócio Hoje, há duas versões do fenômeno. Uma delas é a obsolescência percebida: o
consumidor considera o produto que tem em casa “velho” porque novos modelos são lançados a toda hora.
Você notou que, mesmo no início de 2015, já era possível comprar um carro versão 2016? Isso desvaloriza
modelos anteriores e estimula a troca, mesmo que o veículo de 2015 ainda funcione bem .

SOCIEDADE DO CANSAÇO
Por falta de repouso nossa civilização caminha para uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os
ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto. Assim, pertence às correções necessárias a serem tomadas quanto
ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo – Friedrich Nietzsche, em
“Humano, demasiado humano”.

Sociedade ocidental do século XXI – doenças bacteriais e virais( afetam nosso corpo e já são
controladas por antibióticos) são substituídas por doenças neuronais: depressão, dificuldade de atenção
e uma síndrome de hiperatividade. Tal cobrança desequilibra emocionalmente as pessoas, gerando
irritabilidade e ansiedade permanente. O número de suicídios é assustador; efeitos devastadores nas relações,
nas famílias, na vida pessoal.
CAUSAS: estilo de vida ocidental: superprodução, do super-rendimento e da supercomunicação;
aceleração do processo histórico (ritmo do produtivismo neoliberal que se está impondo aos trabalhadores no
mundo inteiro; especialmente o estilo norte-americano cobra de todos o maior desempenho possível. Isso é
regra geral também entre nós. Então se dizia: “metrô, trabalho, cama”. Agora se diz: “metrô, trabalho, túmulo”. )
e multiplicação de sons, de mensagens, o exagero de estímulos e comunicações, especialmente pelo
marketing comercial, pelos celulares com todos os seus aplicativos, a superinformação que nos chega pelas
mídias sociais

Hoje, as palavras-chave são motivação, iniciativa, rendimento. Muda o âmbito da violência: já não uma
violência vinda de fora – as ordens dadas por um patrão, as sirenes das fábricas – mas uma violência que se
exerce na pessoa a partir de dentro – na necessidade de ser produtiva, audaz, empreendedora.
É a sociedade do «yes, we can», do «like». Hoje, o trabalhador modelo é o trabalhador capaz
do multitasking – ser capaz de realizar, na perfeição, múltiplas tarefas, ao mesmo tempo.

Mas as grandes criações humanas – na ciência, na cultura, na arte – só foram possíveis através de
longos períodos de atenção, silêncio e concentração. Do mesmo modo, as nossas relações familiares sofrem
quando somos incapazes de lhes conceder a nossa total atenção – algo difícil no meio de todas as distrações e
solicitações que nos atingem. O excesso que caracteriza a sociedade ocidental – excesso de informação, de
comunicação, de emoções, de objetivos – provocam uma dispersão na pessoa, uma incapacidade de estar
centrada, um desgaste mental e físico insuportável.

“A Sociedade do Cansaço” uma bela e dolorosa metáfora: “O mito de Prometeu pode ser
reinterpretado considerando uma cena de aparelho psíquico do sujeito de consumo contemporâneo, que se
violenta a si mesmo, que está em guerra consigo mesmo. Na realidade, o sujeito de “rendimiento”(executivo)
que se acredita livre, acha-se acorrentado como Prometeu. A águia que devora seu fígado em constante
crescimento é seu Alter Ego com o qual está guerra. Assim visto, a relação de Prometeu e a águia é uma
relação consigo mesmo, uma relação de autoexploração. A dor do fígado, que em si é indolor, é um cansaço.
Dessa maneira, Prometeu, como sujeito de autoexploração , torna-se preso de um cansaço infinito. É uma
figura originária da sociedade do cansaço.
Psicanaliticamente estamos nos referindo às experiências traumáticas, as feridas narcísicas que
precocemente atingiram o ser individual e o social após a violenta sociedade capitalista, vampiresca, onde o
rendimento, o enriquecimento e a exploração se fazem presente todo o dia.
Atualmente não existe espaço para reflexão, para atividades que tirem proveito da filosofia, das disciplinas que
exigem contemplação. Arte, Música, Literatura, não são mais recursos criativos e sublimatórios. Sublimar é
renunciar à selvageria, ao lobo do homem. Funcionamento mental incompatível com “vita comtemplativa”, vida
que nosso filósofo Byung chama de uma vida “ligada à experiência do Belo e do Perfeito, motivações e
disposições que nos levam a manter uma atividade humanista, filosófica, artística, estética e ética. Segundo
Nietzsche que subsituiu o Ser pela Vontade é o mesmo que afirma que a vida humana termina numa
hiperatividade mortal quando dela se elimina todo o elemento contemplativo.
Estamos voltando a ser bárbaros, famigerados pela manutenção do “princípio de prazer”, onde a
recusa, os mecanismos de recalques e de afastamento, e afirmo mais, de ódio ao “princípio de realidade” são
incrementados, mas pagam um preço dispendioso demais: tristeza, depressão, vazio, drogadições e, segundo
nosso Coreano, o Prometeu acorrentado, se autoflagelando e vivendo de uma experiência de ressentimento,
mágoa, violência e atitude de vingança.
Como lidar com esta realidade? Como aprender a gerir e a controlar os infinitos estímulos que nos
afetam, desde a comunicação à internet, passando pelas imagens e pela violência dos telejornais? Como ser
capaz de «desligar»? Urge (re)aprender a arte da atenção, da escuta, do silêncio, do deter-se, do dar espaço,
do não cair nas «engrenagens» de consumo e produção, para que o ser humano não se converta «numa
máquina de rendimento, cujo objetivo consiste no funcionamento sem alterações e no máximo de rendimento».
Trata-se de crescer na pedagogia do olhar: «Aprender a ver significa acostumar o olho a observar com
calma e com paciência, a deixar que as coisas se aproximem dos nossos olhos, quer dizer, educar o olho para
uma profunda e contemplativa atenção, para um olhar alargado e pausado. Este aprender a olhar constitui o
primeiro ensinamento preliminar para a espiritualidade».

DIREITOS SOCIAIS

Em âmbito nacional, o Art. 6o da Constituição Federal do Brasil de 1988 aponta que são
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência
aos desamparados. Tal posicionamento explicita os chamados “direitos sociais”, dando conta
então de dimensões importantes para o bem-estar da população.

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