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CONCEITO DE IDENTIDADES E A IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE

Alberto Albuquerque Gomes

Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. Docente do Programa de Pós-graduação em
Educação Universidade Estadual Paulista - UNESP. E-mail: alberto.gomes@unesp.br

RESUMO
O interesse pela temática advém de meu estágio de pós-doutoramento realizado em 2003-2004 na
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia em Lisboa. Meu olhar dirigia-se para quais
mecanismos ou fatores eram determinantes/decisivos/influentes na construção da identidade do
profissional docente. O que significa identidade? Do ponto de vista etimológico, identidade, do latim
identitate, significa: 1. Qualidade daquilo que é idêntico; 2. Conjunto dos caracteres próprios de uma
pessoa, tais como nome, profissão, sexo, impressões digitais, defeitos físicos etc., o qual é considerado
exclusivo dela e, consequentemente, levado em conta, quando ela precisa ser reconhecida; consciência que
uma pessoa tem de si mesma. Partindo desse pressuposto, por identidade profissional docente entendo as
posições de sujeito que são atribuídas, por diferentes discursos e agentes sociais, aos professores e às
professoras no exercício de suas funções em contextos laborais concretos. Refere-se ainda ao conjunto das
representações colocadas em circulação pelos discursos relativos aos modos de ser e agir dos professores e
professoras no exercício de suas funções em instituições educacionais, mais ou menos complexas e
burocráticas. Quando tratamos de sujeitos sociais que partilham espaços, tempos e representações sociais
na/sobre a escola, não podemos deixar de considerar que o contexto mais amplo em que cada um dos
sujeitos está inserido interfere profundamente em suas expectativas e percepções. Assim, penso que
construção da identidade docente e a concepção de profissão, é perpassada pelas formas de controle sobre
o trabalho docente veiculadas pelas políticas de padronização (controle do Estado) e pelas práticas de
contestação e resistência desencadeadas por docentes (sindicatos e associações docentes).
Palavras-chave: Identidade. Identidade docente. Representações sociais.

CONCEPT OF IDENTITIES AND TEACHING PROFESSIONAL IDENTITY

ABSTRACT
The interest in this subject comes from my post-doctoral internship held in 2003-2004 at the Lusófona
University of Humanities and Technology in Lisbon. My focus was directed towards which mechanisms or
factors were determinant/decisive/influential for the of the teaching professional identity construction.
What does identity mean? From the etymological point of view, identity, from the Latin identitate, means:
1. Quality of what is identical; 2. A set of the person's own characteristics, such as name, profession, sex,
fingerprints, physical defects, etc., which is considered exclusive of it and consequently taken into account
when it needs to be recognized; consciousness that a person has of himself. Based on this assumption, by
professional teacher identity I understand the positions of subject that are attributed, through different
discourses and social agents, to teachers in the exercise of their functions in concrete working contexts. It
also refers to all the representations put into circulation by the discourses related to the ways of being and
acting of teachers in the exercise of their functions in educational institutions, more or less complex and
bureaucratic. When we deal with social subjects that share spaces, times and social representations
in/about school, we can not fail to consider that the larger context in which each of the subjects is inserted
deeply interferes with their expectations and perceptions. Thus, I think that he teacher identity
construction, that is, the conception of profession, is permeated by the forms of control over the teaching
work carried out by the policies of standardization (state control) and the practices of protest and
resistance unleashed by teachers (unions and associations).
Keywords: Identity. Teacher identity. Social representations

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INTRODUÇÃO Segundo Dubar (2009), ainda há que se


O interesse por essa temática advém de acrescentar mais uma característica: representa
meu estágio de pós-doutoramento realizado em ao mesmo tempo, diferenciação e generalização.
2003-2004, na Universidade Lusófona de [...] identidade não é o que
Humanidades e Tecnologia em Lisboa, centrado permanece
na temática “As representações coletivas como necessariamente
substrato da vida social: identidade profissional, “idêntico”, mas o
resultado de uma
racionalidade e crise identitária do professor”.
“identificação”
Nesse momento, intrigava-me que contingente. É o resultado
mecanismos ou fatores eram de uma dupla operação
determinantes/decisivos/influentes na linguageira: diferenciação
construção da identidade do profissional e generalização. A
docente. primeira é aquela que visa
Este texto é um pequeno recorte da a definir a diferença, o que
pesquisa supracitada, onde pretendo abordar, constitui a singularidade
através de uma breve revisão bibliográfica, o de alguma coisa ou de
conceito de identidade. alguém relativamente a
alguém ou a alguma coisa
O que significa identidade? Ou trata-se de
diferente: a identidade é a
identidades? Esse é um conceito, um termo, uma diferença. A segunda é a
palavra marcada pela polissemia. Do ponto de que procura definir o
vista etimológico, identidade, do latim identitate, ponto comum a uma
significa: Primeiro: Qualidade daquilo que é classe de elementos todos
idêntico; Segundo: Conjunto dos caracteres diferentes de um mesmo
próprios de uma pessoa, tais como nome, outro: a identidade é o
profissão, sexo, impressões digitais, defeitos pertencimento comum.
físicos etc., o qual é considerado exclusivo dela e, (DUBAR, 2009, p. 13)
consequentemente, levado em conta, quando ela
precisa ser reconhecida; consciência que uma Aponta ainda a dialética da identidade;
pessoa tem de si mesma1. ela é simultaneamente estável e provisória,
Do ponto de vista sociológico, define-se individual e coletiva, subjetiva e objetiva,
identidade como um conjunto de características biográfica e relacional (DUBAR, 2005), o que
pelas quais alguém ou um grupo pode ser indica que a produção das identidades resulta da
reconhecido. convergência e intersecção dos processos
Características distintivas biográfico (identidade para mim) e relacional
do carácter de uma pessoa (identidade para os outros).
ou o carácter de um grupo Pensando do ponto de vista
que se relaciona com o antropológico, há uma aproximação com a visão
que eles são e com o que sociológica no sentido de conceber que a
tem sentido para eles. identidade tem simultaneamente uma dimensão
Algumas das principais individual e uma dimensão coletiva.
fontes de identidade são o
Considerando a individualidade, a identidade
gênero, a orientação
sexual, a nacionalidade ou
refere-se à percepção que temos de nós mesmos,
a etnicidade, e a classe ou seja, as ideias e auto representações de nós
social. O nome é um mesmos. Na coletividade, confunde-se com os
marcador importante da papéis que representamos nos diversos grupos
identidade individual, e sociais dos quais fazemos parte.
dar um nome é também Entretanto, identidades e papéis sociais
importante do ponto de não podem ser confundidos, pois, segundo
vista da identidade do Castells (2003, p. 3),
grupo. (GIDDENS, 2004, p. Esses papéis (por exemplo,
694) ser trabalhadora, mãe,
vizinha, militante
socialista, jogadora de
1
. Dicionário Michaelis – UOL. Disponível em: basquete, frequentadora
<http://michaelis.uol.com.br/>.. Consultado em 28/03/2018. de determinada igreja e

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fumadora, ao mesmo um vínculo de processos grupais com processos


tempo) são definidos por comunicacionais. Parece-me que essa relação
normas estruturadas pelas orgânica é fundamental para o processo de
instituições e organizações enraizamento, ou seja, processo através do qual o
da sociedade [...]
sujeito social finca raízes no grupo social ao qual
(enquanto que) [...] as
identidades, por sua vez,
pertence ou pretende pertencer.
constituem fontes de Portanto, não faz sentido falar de
significado para os identidade no singular, mas de identidades no
próprios actores, por eles plural e identidades dinâmicas, pois identidade(s)
originadas e construídas é/são elemento(s) de mediação entre os sujeitos
através de um processo de e os contextos de suas vidas, revelando,
individualização. portanto, sua instabilidade provocada em grande
(CASTELLS, 2003, p. 3) medida pelas rápidas transformações na
sociedade em geral.
Berger (2004) complementa e argumenta Ciampa (1987 apud FARIA, 2011) afirma
que a situação social na qual os sujeitos se que a identidade é metamorfose, isto é, está em
inserem é mantida pela trama de significados constante transformação, sendo o resultado
carregados pelos vários atores sociais provisório da intersecção entre a história da
caracterizando um drama, o que sugere que pessoa, seu contexto histórico-social e seus
sujeitos representam papéis sociais que lhes são projetos.
impostos. Porém, embora a estruturação desses A(s) identidade(s), portanto, é/são
papéis se dê de forma exógena, ou seja, pelas resultado do processo de socialização durante o
instituições e organizações da sociedade, os qual os sujeitos entram em contato com as
atores, ao representarem os papéis designados o comunidades de ideias (família, escola, trabalho,
fazem a partir de referenciais de suas religião), razão pela qual entendemos que não
identidades, ou seja, esse modelo funciona com podemos falar de identidade, mas sim de
base em controles externos (sociais) combinados identidades.
com a coação de controles internos do próprio Considerando-se os aspectos biográfico e
papel desempenhado pelo(s) ator(es) de forma relacional da identidade, pode-se considerar que
dissimulada ou inconsciente (identidade). esta é construída a partir de uma relação entre os
As identidades e papeis sociais se sujeitos, decorrente de sua capacidade de se
constituem a partir das trocas entre os indivíduos reconhecerem e serem reconhecidos. Os sujeitos
variando em diferentes meios sociais, nas diversas então sentem a necessidade de serem
sociedades e mesmo nas mesmas sociedades em reconhecidos pelos outros. Para tanto, precisam
épocas diferentes. O que afinal os indivíduos se reconhecer. Só assim os outros o
trocam entre si? reconhecerão.
Os objetos de trocas entre os indivíduos Em síntese, a(s) identidade(s) possui/em
são as representações e percepções que têm simultaneamente uma dimensão individual, isto
sobre o mundo e que vêm compor os quadros é, as ideias, concepções e representações que
sociais que constituem uma memória coletiva. Ou construímos sobre nós mesmos; e uma dimensão
seja, não existe uma memória puramente coletiva, isto é, os papéis sociais que
individual e por decorrência não existe uma desempenhamos em cada grupo do qual
representação unicamente individual, pois o pertencemos (familiar, profissional, escolar,
indivíduo vive, sobrevive e se constrói interagindo religioso etc.); portanto,
e sofrendo a ação de outros indivíduos da Os modos como vivemos
sociedade na qual está mergulhado através de nossos papéis nos
suas diversas instâncias e situações sociais. diferentes grupos se
É dessa forma, trocando simbolicamente influenciam mutuamente,
representações e percepções sobre o mundo que de forma que nossa
o indivíduo aprende sobre seu ambiente, numa identidade se constitui
relação orgânica2 entre indivíduo e sociedade e pela interação das

2
. Aqui refiro-me a processos de interação entre diferentes atores. pessoas, regras, leis atuam e interagem entre si como os
Associo também essa relação entre esses atores como um processo componentes de um organismo, e os processos ligados a esses casos
associado à complexa organização social, onde associações de também são ocasionalmente chamados orgânicos.

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especificidades desses de “interesses coletivos”, enquanto que os pouco


grupos aos quais identificados tendem a agir em termos de
pertencemos. Isso significa “interesses particulares”.
que ela possui variadas Portanto, pessoas e grupos criam
dimensões, que se
representações ao longo da comunicação e da
articulam e mudam no
tempo: na verdade, não
cooperação. As representações, ao serem
temos uma identidade, criadas, circulam, encontram-se, atraem-se,
mas sim identidades. repelem-se e abrem espaço para o surgimento de
(MEKSENAS, 2003, p. 7). novas representações, enquanto outras, mais
antigas, acabam desaparecendo. Moscovici
Em outras palavras, o conteúdo das (1978) chama a atenção de que em se tratando
identidades sociais construídas no interior de um de representações sociais, o que conta é o ser
grupo social define as diversas dimensões das humano na condição de quem pergunta, busca
comparações sociais, que reforçam o sentido respostas ou pensa e não na maneira como ele
dessas identidades, ou seja, as identidades sociais processa a informação ou se comporta.
estão marcadas pelas semelhanças entre si. As representações sociais seriam teorias
Normas típicas do grupo, como atitudes e de senso comum que ao serem internalizadas
comportamentos explicitamente reconhecidos permitem a organização da realidade. A
como valores coletivos, são formas relevantes de representação social tem por objetivo tornar
expressão da identidade de seus membros. Isso familiar o estranho e isto é obtido, segundo
quer dizer que nossas identidades se configuram Moscovici (1978) por meio da ancoragem,
no nosso sentimento de pertença a determinados mediante a classificação e rotulação daquilo que
grupos levando-nos a agir prioritariamente em não está categorizado, e através da objetivação,
termos dos interesses coletivos. Como então, que consiste em transformar uma abstração em
podemos nos reconhecer uns aos outros? algo material, é descobrir a qualidade icônica de
Esse reconhecer decorre das uma ideia.
representações sociais construidas em Ao tentar estabelecer relações entre
determinado contexto, de forma que possamos identidade-sociedade-representações sociais,
partilhar com os outros um sentimento de penso em considerar a convergência de indivíduo
pertencimento: pertencer a um local, a um e sociedade mediada pelas representações
tempo e a determinado ou determinados grupos. sociais. “Em suma, trata-se de tomar as
Por isso cada um de nós quer ser vários representações enquanto produção, expressão e
num só: quero ser homem, quero ser pai, quero instrumento de um grupo na sua relação com a
ser profissional, quero ser atleta. Quero ser tudo alteridade” (JODELET, 2005, p. 42), alteridade
aquilo que me parece legítimo no mundo social: aqui entendida como o outro que apesar de ser
mas fundamentalmente, quero acreditar que ser outro possui elementos identitários que o
isso ou aquilo é legítimo. aproxima do primeiro indivíduo.
Cabe ainda dizer que, no processo de Sobre essas aproximações, podemos
tessitura do(s) cotidiano(s) constituem-se as utilizar como metáfora o poema de Melo Neto
identidades a partir das representações sociais, (2013).
enquanto experiências do senso comum, ou seja, Tecendo a manhã
“teorias socialmente criadas e operantes, *que+ Um galo sozinho não tece
se relacionam com a construção da realidade uma manhã: ele precisará
sempre de outros galos.
cotidiana, com as condutas e comunicações que
De um que apanhe esse
ali se desenvolvem, e também com a vida e a grito que ele e o lance a
expressão dos grupos no seio dos quais elas são outro; de um outro
elaboradas”. (JODELET, 2005, p. 40). galo que apanhe o grito de
Quanto mais inserido nos contextos um galo antes e o lance a
grupais estiver um indivíduo, tanto maior será outro; e de outros
seu compromisso com o grupo, maior será seu galos que com muitos
sentimento de pertença e mais consolidada outros galos se cruzem os
estará sua identidade pessoal e social. Decorre fios de sol de seus gritos
que indivíduos altamente identificados com um de galo, para que a
manhã, desde uma teia
grupo (ou grupos) tendem a agir mais em termos

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tênue, professores e professoras


se vá tecendo, entre todos no exercício de suas
os galos. funções em instituições
E se encorpando em tela, educacionais, mais ou
entre todos, se erguendo menos complexas e
tenda, onde entrem todos, burocráticas. (GARCIA;
no toldo (a manhã) que HIPÓLITO; VIEIRA, 2005)
plana livre de armação.
A manhã, toldo de um Reafirmando as ideias explicitadas no
tecido tão aéreo que, trecho acima, entendo por identidade
tecido, se eleva por si: luz profissional docente aquela identidade
balão.
construída pelos professores a partir de posições
de sujeito que são atribuídas, pelos diferentes
Creio que para analisar o
discursos e agentes sociais.
processo de construção das identidades
Alguns autores que tratam dessas
sociais seja importante considerar que:
questões como Nóvoa (1992); Sarmento (1999) e
1. a concepção de tempo sugere
Arroyo (2001) têm destacado em seus estudos
socialização, o tempo no qual os sujeitos realizam
temas como a autonomia profissional,
os atos necessários para assegurar a
proletarização e características de
sobrevivência individual e grupal;
profissionalismo dos docentes que têm sido
2. a concepção de espaço sugere
problematizados.
que os tempos de socialização requerem a
No final da década de 1980, o principal
determinação de espaços onde isso deve ocorrer
debate sobre a profissão docente era em torno
como forma de disciplinamento das relações
da conceituação de classe social e sobre a
sociais;
natureza do trabalho docente, principalmente
3. a construção das identidades,
com a publicação de alguns artigos que
pois, decorre da intersecção entre tempo e
demarcaram e estimularam as discussões (APPLE,
espaço, mediada pelas representações sociais
1987; 1988; ARROYO, 1985). Debatia-se, então,
que os sujeitos-atores desse tempo-espaço são
se professores e professoras realizavam um
capazes de construir e partilhar entre si.
trabalho produtivo ou improdutivo ou, em outras
Assim, tal como sugere Melo Neto (2013),
palavras, se a natureza do trabalho que
precisamos dos outros galos que apanhem
realizavam era capitalista ou não, e se
nossos cantos, lancem-nos a outros, mas também
pertenciam, como grupo social, à classe
nos devolvam esses cantos com novos cantos
trabalhadora ou à classe média, como
como que para a composição de uma sinfonia,
tradicionalmente haviam sido considerados até
que embora composta de muitas vozes, possa ser
então por estudos sociológicos clássicos.
apropriada e compreendida por cada galo dando
Alguns trabalhos se apoiaram nas
vida e sequência às nossas manhãs.
concepções de gênero e classe social para uma
interpretação do trabalho docente no Brasil
Identidade profissional docente
(HYPOLITO, 1994; 1997; VIEIRA, 1992). A análise
Por identidade profissional
docente entendem-se as
da gênese histórica dessa categoria profissional
posições de sujeito que no Brasil considera aspectos da composição social
são atribuídas, por e da natureza de classe do magistério,
diferentes discursos e considerando a dificuldade de enquadramento
agentes sociais, aos do professor como componente de uma classe
professores e às trabalhadora ou classe média (HYPOLITO, 1994).
professoras no exercício Vários autores/autoras (HYPOLITO, 1994; 1997;
de suas funções em DEMARTINI; ANTUNES, 2002; VIANNA, 2002;
contextos laborais FAGUNDES, 2005; CHAMON, 2006; LOURO, 1998,
concretos. Refere-se ainda
2003, 2007) têm focado seus estudos no esforço
ao conjunto das
representações colocadas
de compreender o processo de feminização do
em circulação pelos magistério e o impacto na formação da
discursos relativos aos identidade docente.
modos de ser e agir dos

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Coimbra, Gonçalves e Rodrigues (2010, p. Essas representações poderiam ser


4) argumentam que exemplificadas através da linguagem ou de
O processo que podemos práticas de trabalho desenvolvidas no interior de
chamar de feminização do uma dada sociedade, produtos reais das relações
magistério tem sido sociais. Portanto, as representações decorrentes
frequentemente das relações estabelecidas entre indivíduos ou
justificado por linhas
entre grupos secundários podem ser entendidas
essencialistas, associando-
se supostas características
como abstrações que formulamos
das mulheres às frequentemente, como por exemplo, em
necessidades da docência, Economia, em Sociologia ou em Psicologia,
notadamente na educação constituindo-se em substrato da vida social.
básica. No imaginário Como se vê, uma representação social
popular, as mulheres têm possui uma força que repercute de maneira
vocação para o magistério, significativa na constituição do indivíduo e do
por sua amorosidade, sujeito social reforçando comportamentos
dedicação e inclinação socialmente aceitos e reprovando
maternal, isto está
comportamentos inadequados.
associado também a uma
visão mistificada do
Portanto, a construção da identidade
processo educativo. profissional do professor pode ser compreendida
como processo de inserção e aceitação social.
Essas são representações que, dentre Autoridade moral reconhecida na figura do
outras como dom, vocação, sacerdócio etc., professor, a crença do próprio professor na
(HYPÓLITO, 1997; ARCE, 2001; CERISARA, 2002; relevância dessa autoridade são elementos que
GOMES, 2008) exercem forte influência na nos permitem considerar que sejam fulcrais na
consolidação da identidade profissional do legitimação do professor revelando uma simbiose
professor e permitem estabelecer algumas entre biografia individual e aspectos relacionais.
relações entre a construção da identidade
profissional e representações sociais As condições contemporâneas da identidade
considerando-as como manifestações de docente: crise de identidade do professor?
indivíduos e grupos ao longo dos processos Apesar de ser habitado
por seres dotados de
comunicacionais que asseguram aos sujeitos
vontade e capazes de se
sociais uma compreensão congruente acerca da narrarem e de se
realidade social. Ou seja, a inserção dos transformarem nas
indivíduos no mundo social e a interação entre os narrativas que produzem
diferentes sujeitos ocorrem com base em sobre si próprios, o campo
sistemas de representações e atitudes (religião, educativo, o ter-se em
moral, normas jurídicas, educação, identidades e conta os estudos que são
papéis sociais) que asseguram canais de via dupla produzidos a seu
para a comunicação. propósito, parece ser
Sobre esses processos, Durkheim estruturado por um
conjunto de entidades
argumentava que consistiam em representações
onde estes seres estão
coletivas resultantes das relações entre os ausentes ou têm o sentido
indivíduos que deveriam ser examinadas da sua existência
distinguindo-as dos fenômenos psicológicos de exclusivamente
caráter individual, pois os estados da consciência dependente das relações
coletiva são de natureza diferente dos estados da que estabelecem com
consciência individual; são representações de estas entidades. A ter-se
outra espécie [...] pois “[...] o que as em conta estes estudos,
representações coletivas traduzem é a maneira com efeito, os modos de
pela qual o grupo se enxerga a si mesmo nas existência dos professores
reduzir-se-iam às
relações com os objetos que o afetam”.
representações que eles
(DURKHEIM, 1977, p. 26). têm dos currículos
escolares, das escolas, dos

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sistemas de formação que embora sua incorporação ao mundo do trabalho


os envolvem ou das suas industrial contradissesse esse discurso.
propriedades Durkheim em “Sociologia, educação e
socioculturais, da mesma moral”1 afirma que a escola pode produzir nas
forma que as propriedades
crianças efeitos morais fundamentais para a sua
socioculturais das famílias
dos alunos, a sua
inserção no mundo adulto.
participação ou a Na escola, com efeito,
representação que têm da existe todo um sistema de
escola ou as expectativas regras que predeterminam
escolares dos alunos ou o comportamento da
das suas famílias definiram criança. Esta deve
os modos de existência frequentar as aulas com
dos alunos ou dos jovens regularidade, deve
na escola. (CORREIA; comparecer à hora
MATOS, 2001, p. 11) marcada, com uma
apresentação e um porte
convenientes; durante a
O trecho do texto destacado acima revela aula, não deve perturbar a
as dificuldades pelas quais passa o professor em ordem; após haver
seu cotidiano profissional e na construção e aprendido as lições deve
consolidação de sua identidade profissional. fazer as suas obrigações, e
O processo de construção das faze-las com a aplicação
identidades profissionais dos professores iniciou- necessária... O conjunto
se num ambiente de transformação, auge da desses deveres constitui
revolução científica, quando novos espaços foram aquilo a que chamamos a
ocupados pelos sujeitos, inseridos no novo disciplina escolar. É pela
prática da disciplina
modelo urbano industrial que exigiu a construção
escolar que é possível
de novas identidades sustentadas pelo paradigma inculcarmos na criança o
da racionalidade. Dessa perspectiva de análise, espírito da disciplina.
sugeriu-se como hipótese norteadora que tais (DURKHEIM, 1961, p. 251)
identidades são construídas ancoradas por
representações sociais e, consequentemente, a Como podemos observar, na concepção
profissionalização e a construção de identidades de Durkheim, a educação da criança deveria
específicas para cada tipo de trabalhador são funcionar como uma forma de controle e
mecanismos eficientes para assegurar o controle disciplinamento. Esse, entre outros, são os
dos sujeitos. Portanto, profissionais como os primeiros sinais emitidos ao final do século XIX e
professores tornaram-se imprescindíveis para o início do século XX sobre como deveria funcionar
estabelecimento dessa nova ordem social. Assim a educação das crianças.
sendo, a representação sobre ser professor é Entretanto, o contexto no qual se
vinculada à figura do profissional regulador da construiu o ideal de escola pública e da profissão
ordem social, o que sugere a seguinte reflexão: a de professor revela-se muito distante do
profissionalização e a escolarização são contexto contemporâneo. A condição da escola
exigências da modernidade como forma de mudou (democratização e acesso universal), o
inserção dos indivíduos no mundo social e ao perfil da profissão de professor mudou
mesmo tempo de regulação das ações sociais. (exigências de cumprimento de novas tarefas,
Essas novas exigências são marcadas secundarização da educação, domínio de novas
pelas primeiras preocupações com a moralização habilidades e competências etc.).
e educação da criança que ensejam uma nova Os impactos da reconfiguração do mundo
visão a respeito desta. Ao contrário da Sociedade contemporâneo, especialmente ao longo da
Feudal, onde a criança era vista como um adulto última década do século XX e primeira década do
em miniatura, incorporada ao trabalho tão logo século XXI evidenciam-se nas representações
alcançasse aptidão para tal, na nascente cada vez mais negativas sobre a função docente.
Sociedade Burguesa a criança é vista como ser A escola, tradicionalmente marcada pelas
que necessita de cuidados, de escolarização e de possibilidades de ascensão social e de superação
preparação para sua inserção no mundo adulto, das desigualdades sociais, tinha no professor a

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imagem da autoridade constituída capaz de identidade do professor, precisamos considerar a


conduzir jovens e crianças ao convívio social e à questão numa perspectiva mais ampla como nos
vida em democracia. Essas práticas democráticas sugere Lopes (2001b).
são marcadas pelas formas como os sujeitos as A mesma autora ainda comenta que
representam socialmente; a escola e os embora desde o último quarto de século XX os
professores têm um papel fundamental na termos identidade e crise de identidade já sejam
construção dessas práticas. frequentemente referidos, somente na
Além dos aspectos apontados acima, contemporaneidade, tem merecido mais atenção
pode-se encontrar também várias repercussões e tem proliferado os estudos sobre os temas,
advindas de outras mudanças pelas quais passa o Es en la segunda mitad de
mundo contemporâneo como as novas la década de 1980 y en el
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), inicio de la década de
a informática educativa, a terceirização de alguns 1990 cuando los términos
«identidad» y «crisis de la
serviços educacionais próprios do contexto
identidad» comienzan a
escolar como limpeza e manutenção do espaço ser profusamente
físico escolar, serviços administrativos essenciais utilizados, ya sea a
como meio de realização do trabalho docente, propósito de los
segurança das escolas, além da precarização do profesores como de otros
trabalho docente3. grupos y entidades
Portanto, podemos falar de uma crise sociales y culturales.
mais ampla, para além da crise de identidade do Aunque existía una gran
professor apontada por vários autores, dentre distancia entre el uso del
eles Correia e Matos (2001), Dubar (2009), término y su
conceptualización, como
Gomes (2013) e Law (2001).
sucede hoy en día [...] los
Sanfelice (1996, p. 5), ao analisar a “crise estudios sobre la identidad
da educação brasileira” afirma que: proliferaban en los
Já há algum tempo, tenho trabajos científicos de la
insistido e repetido de Psicología Social y de la
forma mais ou menos Ego Psychology, así como
exaustiva, principalmente también de la Sociología y
em aulas, palestras e de la Antropología. Esta
conferências, que não extensión del uso del
compartilho das idéias concepto, que de
muito generalizadas de estrictamente psicológico
que em se tratando de había pasado a lugar de
educação brasileira, tudo, convergencia de las
mas absolutamente tudo ciencias sociales y
se encontra em crise. humanas, se acompañaba
Menos ainda sou favorável de su propia revisión
às ideias subjacentes a conceptual [...] (LOPES,
esta visão de crise que, 2007, p. 3)
4

com frequência, leva ao


imobilismo, à falta de
Como decorrência da hipótese formulada
perspectivas e mesmo a
acima, tal crise pode ser associada ao
uma acomodação da
esgotamento de um modelo de identidade
situação.
construído com base no paradigma da
Em outras palavras, antes de afirmarmos 4
. É na segunda metade da década de 1980 e o início da década de
peremptoriamente que há uma crise de
1990 quando os termos "identidade" e "crise de identidade"
começaram a ser amplamente utilizados, tanto sobre os professores
e outros grupos e organizações sociais e culturais. Embora tenha
3
. Sousa (2003) em pesquisa realizada junto a um grupo de havido uma grande diferença entre o prazo e sua conceituação,
professores organizados em cooperativa de prestação de serviços como ocorre hoje [...] estudos de identidade proliferaram no
educacionais na cidade de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul aponta trabalho científico da Psicologia Social e Psicanálise, assim como
um movimento de precarização do trabalho docente através de um Sociologia e Antropologia. Esta extensão do uso do conceito,
processo de terceirização do trabalho docente: nesse caso estritamente psicológica foi um espaço de convergência entre as
específico, o professor não é mais funcionário da escola, mas ciências sociais e humanas, acompanhado de sua própria revisão
prestador de serviços. conceitual [...] (LOPES, 2007, p. 3). Tradução livre do autor.

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racionalidade científica emergente a partir da Quando trato de sujeitos sociais que


revolução científica dos séculos XVI-XVIII partilham espaços, tempos e representações
tornando-se um modelo global. Ou seja, não só sociais na/sobre a escola, não é possível deixar de
as identidades profissionais se deterioram, mas considerar que o contexto mais amplo em que
também o modelo de racionalidade que dirigiu o cada um dos sujeitos está inserido interfere
mundo nos últimos três séculos. profundamente em suas expectativas e
Segundo a autora, a crise na verdade percepções.
atinge a toda a vida social, atingindo também o Quero dizer com isso que a antiga
professor em função da natureza específica do imagem de um professor como símbolo da
seu trabalho. autoridade e da providência moral tem sido
Por conseguinte, as mudanças na substituída pela imagem de um adversário a ser
sociedade contemporânea têm sido consideradas derrotado pelo aluno, como se ambos fossem
frequentemente como indicadores de uma opositores; a imagem da escola como ambiente
"crise". Se de fato, a sociedade contemporânea seguro onde crianças e jovens poderiam
estiver sob o signo da crise, a compreensão desta desenvolver os valores morais e democráticos é
crise passa por uma análise das consequências substituída pela imagem de um território
das transformações dessa sociedade. conflagrado; a imagem do aluno como aprendiz
Segundo Lopes (2001b, p. 33), dócil a ser encaminhado para vida em sociedade
O projecto da modernidade é substituída pela imagem de um aluno rebelde,
é um projecto problemático, portador de todos os vícios e de
revolucionário, mas, nenhuma virtude. Os extremos dessas
portador de contradições “representações” não deixam dúvidas de que as
profundas para as quais não
expectativas em relação à escola, alunos e
possuía os meios de
convívio, realizou-se
professores mudaram radicalmente. A
excedendo-se nuns representação de “ser professor” assume outros
aspectos e definhando-se sentidos para os quais nem sempre os candidatos
noutros [...] Neste processo, ao magistério estão devidamente preparados
o capitalismo teve um papel (GOMES, 2008).
catalizador, mas não
fundador, esse coube à CONSIDERAÇÕES FINAIS
religião; a grelha de As mudanças estão ancoradas em três
execução, entretanto, aspectos: 1. a identidade dos professores deve
coube à ciência; fundado na
ajustar-se à concepção de educação da nação; 2.
complementaridade e
harmonia entre
uma das formas de acompanhar a escola e os
emancipação e regulação, o professores é a criação de mecanismos, através
projecto da modernidade do discurso oficial, que sejam capazes de
faz da ciência racional a sua monitorar a identidade dos professores; 3. a
principal estratégia de identidade de professores pode, de forma sub-
realização social. reptícia, ser manobrada a favor de interesses que
não são necessariamente dos próprios
Essa indicação de Lopes (2001) nos professores e dos demais sujeitos que partilham
permite pressupor que a “moderna profissão o espaço escolar. (LAW, 2001).
docente” se consolida profundamente ligada à Embora o Estado exerça controle sobre as
sociedade moderna, e, portanto, a crise de ações do professor e a construção de sua
identidade se torna mais pronunciada, porque a identidade através de mecanismos institucionais,
sociedade está em profunda transformação. Não podemos tomar como referência Lima (1991, p.
há aqui nenhuma sugestão de que a sociedade 141) que nos sugere que “a imposição normativa
tenha atingido algum patamar de ordem e que a externa e o normativismo ocorrerão, em
partir de dado momento histórico entrou em simultâneo, com fenómenos de infidelidade
crise. O que queremos dizer é que a sociedade normativa e de fuga do normativismo através da
contemporânea vive transformações mais agudas intervenção dos actores escolares” (grifo nosso),
que colocam em questão o projeto da ou seja, as questões expostas acima, indicam
modernidade. uma forma sútil e furtiva de controle das ações
do professor e indiretamente dos demais sujeitos

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que partilham do espaço escolar enquanto que CHAMON, Magda. Trajetória de feminização do
simultaneamente, o professor, individual ou magistério e a (con)formação das identidades
coletivamente, resiste a essa opressão. profissionais. In: SEMINÁRIO DA REDESTRADO –
Assim, para pensar numa (re) construção REGULAÇÃO EDUCACIONAL E TRABALHO
da identidade docente, ou seja, a reinvenção da DOCENTE., 6., Rio de Janeiro. Anais... Rio de
profissão, tanto as formas de controle sobre o Janeiro: UERJ, 2006.
trabalho docente veiculadas pelas políticas de
padronização (controle do Estado) quanto as COIMBRA, Kellen Regina Moraes, GONÇALVES,
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desencadeadas por docentes (sindicatos e Fernanda Lopes. Reflexões sobre a feminização
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Recebido para avaliação: 10/09/2018


Revisado em: 13/12/2018
Aceite Final: 13/12/2018

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