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Abstract: Addressing the issues of identity, difference, and coloniality as urgent contemporary
matters amid numerous discussions on how various identity groups emerge, socially relate, and
occupy spaces regardless of the permissiveness of social power, the objective here is to propose a
way of thinking about these issues from a critical perspective with pedagogical purposes. In other
words, it aims to critically analyze these problems towards the construction of a teaching method.
The methods employed to construct this investigation involved reading and comparing the theses in
articles by academic scholars on these themes, with the main bibliography comprising texts by Prof.
Tomaz Tadeus da Silva and Prof. Aníbal Quijano. As a result of this comparative reading, it was
observed that identities, differences, and coloniality are artificial constructs of thought, which in
some cases seek to establish power relations and are by no means immutable or preferable. Building
on this conclusion, a critical and liberating pedagogical perspective is proposed.
Partindo do sentido oposto, toda afirmação denotativa sobre si mesmo é também uma
negação denotativa, ou seja, ao afirmar que sou alto, afirmo ao mesmo tempo que não sou baixo,
1
Tomaz Tadeu da Silva é Ph. D. pela Stanford University (1984). Atualmente é professor colaborador do
Programa em Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Seu último
(2007) trabalho publicado é a tradução da Ética, de Spinoza (Autêntica). Publicou mais de 30 artigos em
periódicos especializados, 30 capítulos de livros e 25 livros. Atua na área de educação, com ênfase em
Teoria do Currículo. Em seu currículo Lattes, os termos mais frequentes na contextualização da produção
científica são: currículo, diferença, Deleuze, Foucault, neoliberalismo, Estudos Culturais, identidade e
pós-modernismo. Fonte: Plataforma Lattes.
Vinicius Pimentel Ferreira, estudante de especialização em Filosofia pela UEFS
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Identidade, diferença e colonialidade: Uma pedagogia crítica para além de uma aceitação dogmática do identitarismo
pois não é possível que eu seja simultaneamente alto e baixo ao mesmo tempo, do mesmo modo
quando afirmo que sou homem nego ser qualquer coisa que imponha uma contradição necessária ao
fato de eu ser homem. O contrário também é verdadeiro, toda afirmação denotativa sobre implica
não só o que ele é, mas também o que ele não é, e a depender da construção frasal, apontar o
diferente no outro é falar sobre que eu não sou, uma vez que como já foi dito há uma relação
necessária entre diferença e identidade.
Segundo o Prof. Thomas Tadeus da Silva, a identidade e a diferença são “criação
linguística”, no sentido de dizer que não são seres independentes das perspectivas humanas da
realidade, não existem no mundo como meros fenômenos naturais, e muito menos são essenciais ou
existencialmente necessários. Esses dois conceitos exprimem qualidades que são produzidas, não
possuem qualquer existência a priori2, são criadas e que precisam ter constantemente um diálogo
entre outros signos que constantemente apontam o que elas são e o que elas não são, são criadas
com o propósito de servir a possibilidade da comunicação, do conhecimento e das relações sociais.
Um nome ao ser usado para identificar uma coisa, identifica a coisa não por uma característica
intrínseca, não tem uma relação necessária com o objeto:
De acordo com Saussure, os elementos-os signos-que constituem uma língua não têm
qualquer valor absoluto, não fazem sentido se considerados isoladamente. Se considerarmos
apenas o aspecto material de um signo, seu aspecto gráfico ou fonético (o sinal gráfico
"vaca", por exemplo, ou seu equivalente fonético), não há nele nada intrínseco que remeta
àquela coisa que reconhecemos como sendo uma vaca - ele poderia, de forma igualmente
arbitrária, remeter a um outro objeto como, por exemplo, uma faca. Ele só adquire valor -
ou sentido - numa cadeia infinita de outras marcas gráficas ou fonéticas que são diferentes
dele. O mesmo ocorre se considerarmos o significado que constitui um determinado signo,
isto é, se consideramos seu aspecto conceitual. O conceito de "vaca" só faz sentido uma
cadeia infinita de conceitos que não são "vaca". Tal como ocorre com o conceito "sou
brasileiro", a palavra "vaca" é apenas uma maneira conveniente e abreviada de dizer "isto
não é porco", "não é árvore", "não é casa" e assim por diante.
(Tomaz Tadeu, 2000,página 77)
Se tomarmos então como fato que as identidades não se dão aprioristicamente3 e por tanto
são construções da linguagem humana, construções estas que normalmente nós enquanto indivíduos
não participamos de sua produção, mas já chegamos no mundo com essas identidades e diferenças
já propostas e em plena aplicação social, podemos questionar de que modo e por quem foram
propostas e se o modo como foram propostas serve a um interesse comum ou a um interesse de
poucos, pois se é verdade que a distribuição de nomes e significados que servem para identificar e
diferenciar pessoas e objetos, ao se aplicarem em especial às pessoas, constrói-se não apenas um
meio de nos comunicarmos e nos reconhecermos, é verdade também que essas identidades
estabelecem não só uma normatividade e uma não normatividade, mas também limites para os
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anterior a experiência.
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ver nota anterior.
Vinicius Pimentel Ferreira, estudante de especialização em Filosofia pela UEFS
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Identidade, diferença e colonialidade: Uma pedagogia crítica para além de uma aceitação dogmática do identitarismo
modos em que possamos performar4 nossa existência. Nosso ser no mundo, não no sentido de uma
essência de si, mas no sentido de como performamos no mundo, essa performance se cria a partir do
momento que pensamos a nós mesmos no mundo a partir de uma identidade e de uma
diferenciação, a partir do momento em que nos nominamos e nos inserimos na complexa rede de
significados que traduz o mundo e a complexa rede de relacionamentos que chamamos de
sociedade.
A performance é muito mais do que um fazer, é um fazer pautado numa identidade. Eu digo
que sou dançarino porque danço, o movimento corporal ao qual chamo de dança não é apenas um
fazer, mas é um movimento dotado de identidade e que empresta ao sujeito que performa a dança a
identidade de dançarino. Um animal que não produz um encadeamento linguístico complexo, como
uma abelha por exemplo, pode fazer movimentos rítmicos com algum propósito objetivo qualquer,
mas é necessário que nós seres humanos, pela linguagem, identifiquemos aquilo como dança,
mesmo que para o animal que se movimenta freneticamente aquilo não o seja ou que ele nem
mesmo pense sobre o que faz, a identidade não possui necessariamente uma preocupação com
aquilo que é, mas uma preocupação em atribuir sentido, valor e permitir um discurso sobre algo ou
alguém, impondo assim por tanto, um limite que empresta um sentido de existência.
Nesse sentido, se é imputado à identidade do dançarino a necessidade do dançar, o sujeito
dançarino está obrigado a pratica da dança, de igual modo que está obrigado a ter como prática de
danças apenas àquilo que num contexto geral é reconhecido pela identidade de dança. Ou seja, se
um movimento corporal, acompanhado ou não de uma música não for por todos ou por alguma
autoridade considerando uma dança, sua prática, não torna o praticante um dançarino, de modo que
aquele que se pretende dançarino se vê limitado aos significados e sentidos dos discursos
construídos sobre a dança, sobre aquilo que ela é (identidade) e aquilo que ela não é (diferença).
Por tanto, às autoridade da arte da dança, é dado o poder de definir a identidade e a
diferença, poder que vai para além do campo puramente discursivo, mas também constrói as
possibilidades dos indivíduos, o que eles podem ser ou não ser, os espaços sociais que podem
ocupar e o modo como devem agir caso queiram performar certa identidade. Isso pode ser pensado
não só sobre o que é dança, mas também sobre o que é masculinidade e feminilidade, o que é ser
adulto ou ser infantil, ser belo ou feio, ser bom ou mau, ser moral ou imoral, ser virtuoso ou ignóbil
e etc. Aquele que impõe identidades, impõe também poder sobre o outro e estabelece ao outro seus
limites.
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Aqui o termo não deve ser pensado como àquele apresentado pelo autor, mas como a expressão ativa
daquilo que faz o sujeito ser identificado por algo. A performance aqui é o fazer que identifica o sujeito a
uma identidade.
Vinicius Pimentel Ferreira, estudante de especialização em Filosofia pela UEFS
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Identidade, diferença e colonialidade: Uma pedagogia crítica para além de uma aceitação dogmática do identitarismo
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Aníbal Quijano (17 de novembro de 1930 – 31 de maio de 2018). Seu corpo de trabalho tem sido influente
nos campos dos estudos decoloniais e da teoria crítica. Foi professor na Universidade Nacional Mayor de
San Marcos, em Lima, e desde 1986 é professor da Universidade de Binghamton, em Binghamton, Nova
York, Estados Unidos. Em 2010, fundou, e desde então dirigiu, a Cátedra "América Latina e a Colonialidade
do Poder", na Universidade Ricardo Palma, em Lima.Residiu no exterior desde a década de 1940, dois
períodos em Santiago do Chile: o primeiro quando realizou seus estudos de mestrado na Faculdade
Latinoamericana de Ciências Sociais (FLACSO), e o segundo entre 1965 e 1971 como pesquisador da
Divisão de Assuntos Sociais da Comissão Econômica para América Latina (CEPAL), além de um ano
exilado no México em 1974, quando foi professor na Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM).
Fonte: https://lergeo.fflch.usp.br/1928-2018-anibal-quijano
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Aníbal Quijano, 1992. página 1.
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Ibid. página 1.
Vinicius Pimentel Ferreira, estudante de especialização em Filosofia pela UEFS
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Identidade, diferença e colonialidade: Uma pedagogia crítica para além de uma aceitação dogmática do identitarismo
racismo, preconceito ou discriminação que atingem aqueles que são representantes das etnias que
outrora foram colonizados.
Essa colonização não se deu apenas a nível material, mas principalmente epistêmico, o
indivíduo não teve apenas sua liberdade e bens subtraídos, mas também sua própria identidade e
portanto sua percepção de si próprio. Se originalmente aquele que foi colonizado era um indivíduo
de sua terra marcado por suas crenças, valores e performances sociais, após a colonização uma nova
identidade lhe é atribuída, atribuída pela diferença, atribuída pela nação colonizadora,
colonizando-se assim o imaginário de um povo.
Isso foi produto, no começo, de uma sistemática repressão não só de específicas crenças,
ideias, imagens, símbolos ou conhecimentos que não serviram para a dominação colonial
global. A repressão recaiu sobre os modos de conhecer, de produzir conhecimento, de
produzir perspectivas, imagens, sistemas de imagens, símbolos, modos de significação;
sobre os recursos, padrões e instrumentos de expressão formalizada e objetivada, intelectual
ou visual. Foi seguida pela imposição do uso dos próprios padrões de expressão dos
dominantes, assim como de suas crenças e imagens referidas ao sobrenatural, as quais
serviram não somente para impedir a produção cultural dos dominantes, mas também como
meios muito eficazes de controle social e cultural, quando a repressão imediata deixou de
ser constante e sistemática.
( Aníbal Quijano, 1992, página 2)
Pelo contrário, tratava-se de oferecer uma maneira de pensar além da aparente naturalidade
ou inevitabilidade do estado atual das coisas, desafiando suposições validadas pelo “sentido
comum”, subindo além dos limites imediatos das experiências, entrando em um diálogo
com a história e imaginando um futuro que não apenas reproduza o presente. Assim, a
pedagogia crítica insiste que uma das tarefas fundamentais dos educadores é certificar-se de
que o futuro aponta o caminho para um mundo mais socialmente justo, um mundo no qual a
crítica e a possibilidade em conjunção com os valores da razão, da liberdade e igualdade –
função para alterar os motivos em que a vida é vivida. Ainda que renegue uma noção de
alfabetização como a transmissão de fatos ou habilidades relacionadas às últimas tendências
do mercado, a pedagogia crítica dificilmente é uma receita para a doutrina política, como
insistem os defensores de sua padronização. Oferece aos alunos novas maneiras de pensar e
agir de forma criativa e independente, deixando claro qual é a tarefa do educador.
(José Rubens Lima JARDILINO e Diana Elvira SOTO ARANGO, 2020. página 1084 )
Em uma pedagogia crítica, que tende a ser uma pedagogia pró diversidade, a identidade e a
diferença são tomadas como algo cristalizado e essencial. Segundo esse pensamento, deve-se adotar
uma posição na qual essas diferenças dos particulares sejam universalmente respeitadas e aceitas.
Apesar disso, uma postura puramente liberal acerca da identidade e da diferença não basta, é
necessário um desenvolvimento intelectual sobre tema visando a construção de uma teoria que torne
a relação com este não apenas uma postura de reconhecimento social ou aceitação, mas de uma
verdadeira compreensão que possibilite uma problematização desta questão na esfera da política, da
interação social e da prática pedagógica.
Para Thomas, uma educação crítica deveria ir além do abraçar ou negar as identidades,
sejam elas liberais da pós modernidade ou dogmáticas do tradicionalismo, a educação crítica
deveria orientar a juventude para uma compreensão das relações de poder que permeiam o processo
de construção de identidades para que estes jovens tenham a capacidade de escolher livremente
sobre si mesmos e sobre o modo como irão operar no mundo e operar o mundo, podendo escolher
ceder ou subverter às identidades que lhe são impostas.
Além desse poder de escolha que uma pedagogia crítica sobre a identidade e a diferença
pode fornecer, ela também é capaz de preparar o aluno para a compreensão que a diferença não
apenas existe, como ela é inevitável, e sendo inevitável não podemos negá-la, mas descobrir
maneiras de conviver com ela. A diferença irá se apresentar por toda vida do indivíduo, seja na
escola, na família, no trabalho ou até mesmo percebendo que num contexto geral ele próprio escapa
a normatividade. Trazer ao estudante a perspectiva que as diferenças e as identidades são
construídas socialmente e que estabelecem relações de poder que não são naturais, mas artificiais,
permite a esse sujeito a percepção de que sua possível reatividade a essa diferença é também
artificial, possibilitando a ele um convívio pacífico e saudável com um outro que performa outra
sexualidade, outro gênero, outra etnia, outra cor, outra religião e etc. Quando o educador ignora a
necessidade dessa abordagem crítica, ele abre espaço para “conflitos, confrontos, hostilidades e até
mesmo violência”(Tomaz Tadeu, 2000,página 97), conflitos que jamais poderão dar cabo da
existência do diferente, mas faz com que esse diferente sempre reapareça “reforçado e
multiplicado”8.
Dando ao estudante o saber que a diversidade das identidades são construções artificiais e
que não há uma identidade essencial e apriorística, mostrando a ele o modo como essas identidades
foram sendo construídas e reconstruídas ao longo do tempo em diferentes culturas, lhe daria a
percepção de que não há e nunca houve uma identidade natural e imutável, e portanto, o que seria
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Tomaz Tadeu, 2000,página 97
Vinicius Pimentel Ferreira, estudante de especialização em Filosofia pela UEFS
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Identidade, diferença e colonialidade: Uma pedagogia crítica para além de uma aceitação dogmática do identitarismo
Bibliografia:
JARDILINO, José Rubens Lima e ARANGO, Diana Elvira Soto. Paulo Freire e a Pedagogia
Crítica: seu legado para uma nova pedagogia do Sul. Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação, Araraquara, v. 15, n. 3, p. 1072-1093, jul./set. 2020.
lergeo.fflch.usp.br/1928-2018-anibal-quijano
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Editora CLACSO.
Buenos Aires. 2005.
QUIJANO, Aníbal. "Colonialidad y Modernidad-racionalidad". In: BONILLO, Heraclio (comp.).
Los conquistados. Bogotá: Tercer Mundo Ediciones; FLACSO, 1992, pp. 437-449. Tradução de
wanderson flor do nascimento.
SILVA, Thomas Tadeu. A produção Social da Identidade e da Diferença. Editora Vozes LTDA.
Petrópolis. Rio de Janeiro. 2000.
www.gov.br/cnpq/pt-br