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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO


DEPARTAMENTO DE JORNALISMO
DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA
PROFESSOR: HEITOR COSTA LIMA DA ROCHA
DISCENTES: ANA CIBELE DE ARRUDA OLIVEIRA, ROBERTO
CARLOS DE OLIVEIRA ARAUJO E THOM PORFIRIO OLIVEIRA LIMA

Opinião Pública
Recife

2022

O autor do texto que nos serviu como base para a elaboração de nossa
apresentação e por consequência a elaboração deste trabalho escrito é o linguista
francês Patrick Charaudeau. Charaudeau é especialista em Análise do Discurso. É
fundador da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso. Professor da
Universidade Paris-Nord, pesquisa interações entre indivíduos, seu contexto social e
práticas midiáticas e políticas. Em seu livro A conquista da opinião pública: Como o
discurso manipula as escolhas políticas (publicado no ano de 2016), o autor vai nos
detalhar como se constroem os mecanismos inseridos na construção dos discursos
que tem por objetivo conquistar a opinião das massas.

Na introdução do primeiro capítulo da obra, o autor vai nos mostrar como se


dá a construção da opinião, essa primeira parte do texto é mais teórica, enquanto as
demais irão trazer exemplos mais práticos. A construção se dá de maneira
complexa pois é preciso que haja o processo de construção de uma identidade
coletiva,Essa identidade será formada através de encontros de indivíduos, de
grupos de população, desses encontros podem surgir conflitos, e confrontos, que
podem ser solucionados por meio de alguns processos: relações de dominação,
sujeição, integração ou até mesmo de assimilação. Caso aconteça algum desses
processos, segundo o autor, vai ter ocorrido o entrecruzamento dos fatores sociais,
fatores esses que podem ser: de caráter etnico, religioso, cultural, econômico e etc.
Desta forma vai ficando muito evidente que a constituição da nossa identidade, seja
ela individual e/ou coletiva não é totalmente simples ou comum. A gente pode até
acreditar que temos uma opinião que seja exclusivamente nossa, mas ela não será.

“[...] Em outros momentos queremos nos sentir em comunhão


uns com os outros, mas ao mesmo tempo, ao ver como
funciona o grupo, temos medo de perder nossa singularidade.
É uma ilusão acreditar que nossa identidade é única e
homogênea.” (pág. 24)

Desta forma, mesmo quando desejaríamos nos enxergar como únicos, o


olhar externo do outro vai ser responsável de originar uma imagem de nossa
identidade, que pode se alternar, em consequência de determinados olhares
distintos que podem ser colados sobre nós. O autor diz que cada instância social
nos enxerga de uma forma diferente: âmbito familiar, ciclo de amizade, ambiente de
trabalho e etc. A partir disso a gente se encontra numa situação complexa perante a
nossa identidade, em razão de precisarmos administrar nossos pertencimentos
diversificados, e também simultaneamente realizar a defesa do direito da nossa
singularidade e diferença. O autor fala que esse cruzamento de pertencimentos
podem até ser rico em algumas situações, por exemplo: para artistas, pensadores,
escritores, que podem aproveitar dessa pluralidade cultural. No tópico 3 da
apresentação foi inserido um questionamento “como, eu saberia quem eu sou, como
teria a consciência da minha existência, se não existisse um outro diferente de
mim?”. E vai ser nessa contradição de ter a necessidade do outro e da necessidade
de diferenciar se do outro, que será construído a consciência identitária, que pode
ser ao mesmo tempo individual e coletiva. Como se fosse um movimento de
atração, que no livro é explicado pelo autor como “[...] um duplo movimento de
fechamento sobre si (força centrípeta) e/ou de abertura para o outro (força
centrífuga).” (pág. 30). Tópico atração e rejeição: “É preciso compreender que, ao
julgar o outro negativamente, protegemos nossa identidade, caricaturamos a do
outro e nos persuadimos de que temos razão contra o outro. ” (pág 25). É como se
não fosse aceitável que outros valores, outras normas, outros hábitos diferentes dos
seus sejam melhores ou simplesmente existam. No tópico “Harmonia e o bem estar
social'', o autor nos diz que:
“A relação com o outro sempre causa um problema, nunca é
um dado natural. Temos dificuldade em aceitar que o outro
seja um problema, e é por isso que nos protegemos sob rituais
de civilidade, como as fórmulas de polidez de saudação e as
normais sociais de saber viver.” (pág 25)

Mas o mesmo acontece com o outro que nos percebe, é desse modo que se
constrói nossa identidade coletiva. E isso vem desde o nosso nascimento, por um
processo de aprendizagem social que começa com o diálogo mãe-bebê, depois com
a família, depois amigos, escola e vida profissional. Desde que entramos em relação
com os outros temos o problema de saber que somos diante do outro grupo, e
passamos o tempo todo ora a nos diferenciar, ora a nos identificar com ele. Nossa
identidade depende do grupo no qual vivemos. No tópico seguinte do seminário
surge o questionamento “Do que é feita a identidade de um grupo?” A construção da
identidade coletiva desenrola-se daquilo que os membros do grupo compartilham:
que são suas opiniões, conhecimentos, valores, gostos, que constituem um vínculo
social, o espelho no qual os indivíduos se reconhecem, pertencentes de um mesmo
conjunto, a uma mesma entidade, e que norteiam sua conduta na vida em
sociedade. “O grupo se constrói então segundo fatores de ordem social que
constituem uma identidade social, fatores de ordem cultural” (pág 27).

As características de ordem social, estão relacionadas com as posições que


ocupamos e com os papéis que desempenhamos em nossas diferentes atividades
da vida coletiva, quando esta é pública. Já, as características de ordem cultural
correspondem ao conjunto de práticas de vida dos membros de um grupo, das
representações que eles fazem do mundo e da vida em sociedade, e dos valores
que eles lhe atribuem, constituindo as normas sociais que guiam sua conduta.
Também existem fatores que se relacionam ao espaço físico, evidenciando que a
maneira pela qual os indivíduos de um determinado grupo social representam o que
seria seu território, ocasionando os movimentos estruturados. Há aquelas
representações que se relacionam com o tempo, demonstrando a maneira como os
indivíduos se segmentam nos momentos de sua jornada em função das suas
atividades. E há também aquelas representações que se dão por meio do corpo,
trazendo aos indivíduos representações do lugar que cada um ocupa no espaço
social.

Existem as representações nas relações sociais, elas mostram a forma como


as pessoas representam para si mesmo o que deve ser seu comportamento e
conduta na sociedade. Essa questão está relacionada a sistemas de valores,
sistemas de crenças, de normas sociais e de comportamentos que compartilhamos,
e que definem nossa identidade cultural sem que tenhamos total consciência disso.

A defesa da identidade coletiva: a identidade social e cultural de um grupo é


sensível. Os grupos, ao se cruzarem estabelecem entre si relações de força que por
consequência geram dominação, exclusões, misturas ou fusões. Os grupos são
construídos em cima do duplo movimento (já citado anteriormente) força centrípeta
que seria o fechamento sobre si e centrífuga de abertura para o outro. Desta
maneira confrontado com a diferença do outro, o grupo pode sentir sua identidade
ameaçada e por consequência dessa possível ameaça ele tende a diferenciar-se
para poder garanti-la. Esse é o processo de diferenciação. Quando se sente seguro
e forte perante sua identidade, pode acontecer o diálogo entre os grupos, e a
coexistência entre eles, e em alguns casos a fusão de um no outro, processo
chamado de assimilação.

O autor discorre sobre que os grupos ao se confrontarem, estabelecem


relações de forças, onde podem ocorrer as dominações, exclusões, misturas ou
fusões. Quando um grupo se sente ameaçado, em sua identidade em razões de
diferenciações, ele pode tentar ações para reafirmar sua identidade. No tópico “O
grupo que se isola” Charaudeau explana que diante o grupo que domina, há aquele
que se sente oprimido e a tendência é o isolamento.”Esse grupo reivindica
especificidades, apaga as semelhanças possíveis com o outro grupo, marca as
diferenças, realça os próprios valores que julga diferentes daqueles do outro grupo e
tenta deslegitimar as pretensões.” (pág. 30). No tópico seguinte, que trata sobre a
dominação do outro grupo.

A mistura do grupo se de pelo contanto que acontece entre dois grupos ou


mais, seja em razão da relação de proximidade das relações que se determinam
entre eles, pelo respeito mutuo dos valores de cada um dos grupos, e uma
concomitância longa, pode ocorrer com o decorrer do tempo, misturas e integrações
das características de cada um, através de múltiplos cruzamentos, como por
exemplo: casamentos e associações. Algo importante a ser explanado, é que é
preciso ter um cuidado para que não haja a desagregação deles, através de um
valor comum que os membros tenham, esse valor seria o superego identitário, “os
membros de um determinado grupo necessita, de um vínculo identitário a ser
colocado acima de sua identidade de origem” (pág. 32)

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