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4p. Mod.3.

Caso 5

Objetivos de aprendizagem:

-Conceituar e citar os tipos de identidades sociais e culturais.

-Analisar as transformações da concepção de sujeito ao longo da


história.

-O que é o Sujeito do Iluminismo? O que é o Sujeito Sociológico? O que


é o Sujeito da Pós-Modernidade?
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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11 ed. Rio de


Janeiro: Lamparina, 2015

Concepções de identidade a partir de cada sujeito

Existem três concepções de identidade: sujeito do Iluminismo, sujeito


sociológico e sujeito pós-moderno.

Sujeito do Iluminismo

Baseava-se numa concepção da pessoa humana como um indivíduo


dotado das capacidades da razão e da consciência, cujo “centro” consistia num
núcleo interior, o centro essencial do eu era a identidade de uma pessoa.
Assim, podemos perceber que essa era uma concepção muito
individualista.

Sujeito sociológico

Reflete na complexidade do mundo moderno e a consciência de que este


núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, mas era
formado na relação com outras pessoas importantes para ele, que mediavam
para o sujeito os valores, sentidos e símbolos (sua cultura).
Aqui, a identidade é formada na interação entre o eu e a sociedade.
O sujeito possui um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, no qual é
modificado a partir dos mundos culturais exteriores e as identidades que esses
mundos oferecem. A identidade, nessa concepção sociológica, preenche o espaço
entre o interior e o exterior, mundo pessoal e mundo público.
Sujeito pós- moderno

O sujeito estabelecido com apenas uma identidade, unificada e estável, está


se tornando fragmentado, sendo composto por várias identidades.
Com isso, as identidades em que a sociedade espera e as " necessidades"
objetivas da cultura, estão entrando em crise com as mudanças estruturais e
institucionais. Percebe-se que até o processo de identificação através das
identidades culturais é provisório, variável e problemático.

Isso leva a um sujeito pós- moderno, onde não apresenta uma identidade
fixa, essencial ou permanente. A identidade é formada e transformada através das
representações do sistema cultural. Sendo definida historicamente e não
biologicamente. O cidadão pode assumir as suas identidades em vários contextos,
exceto, aqueles que não são unificados ao redor de um " eu" coerente. A ideia da
identidade completa e segura não existe.

O que é Identidade Cultural?

Identidade cultural pode definir-se como uma soma, um conjunto de


diversos elementos que formam a cultura identitária de um grupo. E é
justamente por conta deste conjunto de elementos que um grupo se distingue
culturalmente de outros. Sendo assim a identificação essencial da cultura de um
povo.
Alguns exemplos de identidades culturais, são: crenças religiosas, música,
valores, normas, tradições, gastronomia, etc...

O que é Identidade Social?

A identidade social de um indivíduo se caracteriza pelo conjunto de suas


vinculações em um sistema social: vinculado a uma classe sexual, a uma
classe de idade, a uma classe social, a uma nação, etc.
A identidade permite que o indivíduo se localize em um sistema social e
seja localizado socialmente. A identidade social de um indivíduo está
associada ao conjunto de vinculações de um sistema social. Quer dizer, é a
identidade social que permite ao indivíduo localizar-se e ser localizado
socialmente. No entanto, nem todos os grupos dispõem das mesmas capacidades
de identificação. É a posição no sistema de relações que os liga, que lhes concede
este poder, visto que a identidade de um determinado indivíduo é construída pelo
meio social.
Berlatto, O. (2009). A construção da identidade social. Revista do Curso de
Direito da FSG, 3(5), 141-151.

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Identidade social deve ser entendida como a forma pela qual os


indivíduos se percebem dentro da sociedade em que vivem e pela qual
percebem os outros em relação a eles próprios. Identidade pode ser definida
como o sentimento de pertencer a um determinado grupo; é a identidade que define
“o que você tem em comum com algumas pessoas e o que o torna diferente de
outras”. Entende-se identidade como a forma “como a pessoa entende sua relação
com o mundo, como essa relação é construída ao longo do tempo e do espaço, e
como a pessoa entende possibilidades para o futuro”

A identidade social se refere ao modo como nós, enquanto indivíduos, nos


posicionamos na sociedade em que vivemos e o modo como percebemos os outros
nos posicionando. As identidades sociais provém das várias relações sociais que as
pessoas vivem e nas quais se engajam.
Referências:
TILIO, Rogerio. REFLEXÕES ACERCA DO CONCEITO DE IDENTIDADE.
Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades. Volume VIII. 2009.

Como surgiu a concepção das categorias homem e mulher?

Inicialmente foi instituído o two-sex model, um modelo que dominou o


pensamento anatômico durante dois mil anos, nele não encontramos os sexos
divididos segundo a sua anatomia, ao contrário, os sexos são ligados por uma
anatomia comum. As mulheres eram vistas como um homem invertido e imperfeito,
elas possuíam os mesmos órgãos que os homens, porém em lugares errados, e por
isso que homens e mulheres não eram confundidos.

No final do século XVIII, surge um novo modelo do dimorfismo radical,


divergência biológica. Assim, todos os homens eram iguais, com exceção de
alguns "naturalmente inferiores”. No caso da mulher, a desigualdade será
encontrada no sexo, que deixa de ser sinônimo de aparelho reprodutor. A diferença
se manifestará na esfera do prazer, na constituição nervosa e óssea. Os órgãos
reprodutivos, especialmente o útero, adquire positividade, pois é visto como
uma sede da reprodução da espécie e da constituição da família. A mulher
passa a ser valorizada pelos seus atributos maternos e negligenciada em seu
prazer sexual.

No que diz respeito à constituição óssea, o esqueleto humano apresentava-se


apenas na versão masculina. Em 1798 surge o primeiro desenho do esqueleto
feminino como “prova de legitimação da desigualdade social e política” entre os
sexos, no entanto, o crânio foi utilizado para provar que as mulheres eram
intelectualmente inferiores e bacia pélvica confirmava que a mulher era destinada à
maternidade e à vida privada. Os nervos, por sua vez, assumiria a função da
incapacidade das mulheres de assumir funções político-econômicas, pois seu
encéfalo era mais influenciado pelas paixões do que o encéfalo do homem.
A invenção do two-sex model foi uma consequência político-econômico-moral
das exigências feitas à mulher e ao homem pela sociedade burguesa. Ao longo do
tempo, a mulher foi adquirindo certo poder, dentro do seu ambiente privado (vale
ressaltar que a mulher comportava-se de acordo com sua classe social). Com os
processos de industrialização acontecendo, surgem oportunidades de trabalho para
as mulheres, o que causa grande descontentamento na burguesia, visto que a
mulher só deveria trabalhar se o marido não pudesse suprir as necessidades da
família. Aceitar o trabalho assalariado feminino significaria concordar com o fracasso
por parte do homem. A escola também se apresenta como um dos principais fatores
que contribuíram para o declínio do estereótipo da esposa-mãe-dona de casa.

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A visão sócio-construcionista acarreta, naturalmente, uma visão


não-essencialista das identidades sociais. Isto quer dizer que não entende-se as
identidades sociais como definidas biologicamente ou fixas. A identidade não é
algo que encontremos, ou que tenhamos de uma vez e para sempre. Identidade
é um processo.

As identidades sociais surgem em manifestações de discurso, pois embora a


identidade possa ser construída de diversas formas, ela é sempre construída no
simbólico, ou seja, na linguagem. Assim como o discurso é construído pelos seus
participantes, também são as identidades sociais. É através do discurso que as
pessoas constroem suas identidades sociais e se posicionam no mundo.

As identidades sociais são construídas no e através do discurso. Identidades


sociais não são fixas e inerentes às pessoas; elas são construídas no discurso
durante os processos de construção de significados.

Um conceito fundamental, portanto, aqui é o conceito de alteridade:


aquilo que dizemos em nossas práticas discursivas depende da forma como
enxergamos o outro. Consequentemente, a forma como nos vemos no mundo
social também depende da forma como enxergamos o outro e de como o outro
nos enxerga
Referência: SILVA, Thálita Cavalcanti Menezes da; AMAZONAS, Maria
Cristina Lopes de Almeida; VIEIRA, Luciana Leila Fontes. Família, trabalho,
identidades de gênero. Psicologia em estudo, v. 15, p. 151-159, 2010.

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Sobre o processo histórico de construção da identidade

Nesse processo histórico, homens e mulheres ficaram em dois pólos


separados, onde o recurso biológico diz respeito predominantemente à mulher. A
identidade feminina era centrada em torno da sua capacidade ou dom de gerar filhos
devido a sua natureza e fisiologia, logo, isso seria uma consequência da
maternidade.
No entanto, é importante lembrar que, a construção das representações de
mulher, mãe, esposa, dona de casa e anjo do lar, ter sido presente nos séculos XIX
e XX, não podem ser consideradas válidas, porque variava de acordo com a camada
social a que pertenciam às mulheres.
Segundo Gomes (2008), a mulher em nosso país, se comportava de acordo
com sua classe social. Isso diz respeito a diversos aspectos do seu comportamento
desde o exercício da maternidade até às questões laborais. Ainda, segundo o autor,
as mulheres pobres se dedicavam ao trabalho físico árduo, embora possuíssem
maior liberdade pessoal. Apesar dessas diversidades, a diferença biológica foi,
durante muito tempo, usava como justificativa da dominação masculina e como meio
para definir a mulher de uma forma mais generalizada e excludente,
Outro ponto é que a maternidade quase sempre foi o destino da mulher e
caso ela recusasse dava a entender como anormal ou doente, como se fosse o
papel social da mulher fosse procriar. Enquanto ao homem, é dada a escolha de
paternidade por ser considerado capaz de desrespeitar e superar sua natureza.
Referência: SILVA, Thálita. Amazonas, MARIA. Identidade feminina:
Engendrando espaços e papéis de mulher. Revista de Psicologia da IMED, vol.1,
n.2, p. 192-200, 2009.

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Essa concepção de identidade social que Jeneffer trouxe, descarta o sujeito


do Iluminismo (centrado e unificado), e baseia-se em um sujeito sociológico, que
constrói identidade ao interagir com a sociedade, e em um sujeito pós-moderno, que
não tem identidade fixa, essencial, permanente. As identidades sociais assumem
papéis diferentes em sociedades diferentes, pois cada sociedade tem seus padrões
culturais para gênero, sexualidade, raça e demais identidades sociais, os sujeitos
possuem identidades múltiplas, que se transformam e até mesmo, contraditórias.
Assim, o sentido de pertencimento a diferentes grupos constitui o sujeito.

Três características das identidades sociais: fragmentação, contradição


e fluxo.

As identidades sociais são fragmentadas na medida em que não podem


ser definidas, levando em consideração apenas uma de suas características.
Exemplo: uma pessoa pobre não é só pobre, mas também homem ou mulher,
heterossexual ou homossexual, preta ou branca, jovem ou velha... Uma mesma
pessoa possui múltiplas identidades, de acordo com seu gênero, raça, idade,
classe social, estado civil, sexualidade, etc.

Identidades sociais também são contraditórias por possuírem diversas


identidades sociais que podem entrar em contradição. Exemplo: pessoa
frequentar a igreja católica e um terreiro de macumba, ser casado com uma
mulher e ter sexo casual com outros homens, etc.

Identidades sociais também ocorrem em fluxo, são fluídas, ou seja,


estão sendo constantemente construídas e reconstruídas.
A identidade cultural, por sua vez, é um dos componentes da identidade
social. Diferentes identidades culturais de diferentes culturas são absorvidas
por um indivíduo e tornam-se partes de suas identidades sociais. As
identidades culturais, também são múltiplas, fragmentadas, contraditórias e
fluidas.

Referência: TILIO, Rogério Casanovas. Reflexões acerca do conceito de


identidade. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, v. 1, n. 1, p. 109-119,
2009.

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IDENTIDADE na SOCIEDADE PÓS-MODERNA, de forma ampla e as 3


CONCEPÇÕES DE SUJEITO

O artigo traz que, anteriormente, buscava-se estabilizar a identidade dos


sujeitos, de forma a deixá-la fixa, estável e permanente. Entretanto, hoje percebe-se
que ela está deslocada e fragmentada, além de rompimentos constantes devido às
frequentes mudanças que ocorrem na pós-modernidade.

O motivo dessa situação seria a globalização que interfere na


conceitualização da IDENTIDADE CULTURAL. As coisas se espalham muito
rápido, novos padrões de consumo, troca de informações e negócios mudam
constantemente, o que resulta em uma “pluralização” de identidades. Essa
“pluralização” acaba sendo contraditória, pois se cruzam mutuamente, porque
nenhuma é capaz de se alinhar a todas.
Sendo assim, a globalização altera as características da sociedade,
provocando um deslocamento das identidades causando o individualismo e o
consumismo desregrado. Além disso, devido a grande variedade de ofertas de
produtos acaba deixando as pessoas desorientadas, o que traz insegurança e
instabilidade. Sem contar que há a valorização do individualismo e uma explosão do
consumo (de marcas, produtos, modelos, etc.) que resultam na desorientação do
sujeito e, também, moldam suas escolhas e desejos.

O artigo traz 3 concepções de sujeito (já foram mencionados pelas colegas


Lyvia e Thayna, mas trarei o que este artigo menciona), são eles:

SUJEITO DO ILUMINISMO

O que seria o indivíduo totalmente centrado, unificado, pautado pela razão.


Como Descartes disse: “Penso, logo existo”, ou seja, um ser com pensamento
racional.

Um ser que institui condições de autonomia frente ao mundo social e físico.

SUJEITO SOCIOLÓGICO

Um ser com essência, mas que também se transforma com o contato com a
sociedade. Ou melhor, o “eu” que se desenvolve a partir da interação do indivíduo
com a sociedade a qual pertence.

SUJEITO PÓS-MODERNO

Este sujeito é caracterizado por não ter uma identidade estável, mas sim,
descentrado, fragmentado, incerto e perplexo diante de uma variedade de
referências.

Desta forma, esse sujeito pós-moderno possui uma identidade móvel, que se
forma e se transforma continuamente, baseado nas relações das formas com que
somos representados ou abordados nos sistemas culturais em que nos rodeiam. A
identidade acaba sendo definida historicamente e não biologicamente, pois o sujeito
“assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são
unificadas ao redor de um “eu” coerente.”

Referência:
DA COSTA, Vilene Dias; DE JESUS ROCHA, Cleidson. Sobre identidades
culturais ea experiência da cultura-mundo: aproximações e divergências entre stuart
hall e gilles lipovetsky. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 4, 2021.

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A fragmentação das identidades traz consequências na política, pois os


sujeitos se identificam com diversas identidades, que por fim, não há uma única
identidade que abarque todas. Desta forma, a política deve fazer o uso de diversas
temáticas que são consideradas importantes para diferentes parcelas da sociedade,
além disso, nenhuma identidade poderá alinhar todas as diferentes identidades por
meio de uma “identidade mestra”. Sendo assim, no mundo pós-moderno os
interesses e as identificações do sujeito são múltiplos.

Os autores do artigo explicam que a identidade não é algo acabado, mas sim,
em identificação, em um “processo em andamento” (p. 38667). Pelo fato de a
globalização acelerar as coisas de modo geral, o tempo e o espaço são
influenciadores no conceito de identidade, também. E em consequência dela, traria a
desintegração e o declínio das identidades nacionais. Pois o mundo se encaminha
para a homogeneização das culturas, mas em contraponto, há uma resistência à
globalização. Surgindo a busca por reforçar as identidades locais como uma
tentativa de protegê-la da globalização. E, no meio disso, surgem as identidades
híbridas.

Em resumo, as identidades nacionais permanecem fortes, garantindo direitos


legais e de cidadania. Quanto as identidades locais, regionais e comunitárias têm-se
tornadas cada vez mais importantes.
Referência:
DA COSTA, Vilene Dias; DE JESUS ROCHA, Cleidson. Sobre identidades
culturais ea experiência da cultura-mundo: aproximações e divergências entre stuart
hall e gilles lipovetsky. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 4, 2021.

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