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Doutor e Pós-Doutor em História. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel-PR e do Departamento de História e do Mestrado em História
da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: alefiuza@uel.br
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Licenciada em História pela Universidade Paranaense, com Especialização em História e Cultura Afro-Brasileira
e aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação, Linha de História da Educação (Mestrado), da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, campus de Cascavel-PR. E-mail: tkstefany@gmail.com
ao disco igualmente traz algumas marcas do gênero almanaque, com perguntas e curiosidades,
obviamente a partir da livre interpretação artística do compositor e de sua indelével verve lírica
e polissêmica.
Nesse âmbito, outro autor importante para este debate, Stuart Hall (2006), em A
identidade cultural da pós-modernidade, refletiu sobre o processo de identificação estar se
tornando cada vez mais problemático, relacionando a “pluralização de culturas e identidades
nacionais” (2006, p. 83) com as transformações ocorridas no mundo, sobretudo com a
globalização. Segundo o autor:
Argumenta-se, entretanto, que são exatamente essas coisas que agora estão
"mudando". O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade
unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma
única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não
resolvidas. Correspondentemente, as identidades, que compunham as
paisagens sociais "lá fora" e que asseguravam nossa conformidade subjetiva
com as "necessidades" objetivas da cultura, estão entrando em colapso, como
resultado de mudanças estruturais e institucionais. O próprio processo de
identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais,
tornou-se mais provisório, variável e problemático. (HALL, 2006, p. 12).
Ainda que o autor problematize uma miríade de mudanças ocorridas nas identidades
contemporâneas, a discussão sobre a construção de uma identidade paranaense não se distancia
do debate. Ela se engendra na constituição de identidades nacionais, por si só já tênue pela
diversidade cultural brasileira, e se se complexifica na sua interação, sobreposição ou fusão
como uma identidade regional em construção. Hall (2006) igualmente analisa o processo de
interação cultural pós-moderna e a tendência de fragmentação de identidades e culturas,
apontando três possíveis consequências da globalização:
Isto posto, o Estado do Paraná foi criado no ano de 1853, a partir da emancipação da
então Província de São Paulo. Havia inúmeras críticas sobre a administração da parte que hoje
corresponde ao Paraná, onde a população estava descontente com o foco dos investimentos ser
destinado recorrentemente à capital, São Paulo, que se industrializava rapidamente, enquanto o
resto do território permanecia abandonado.
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Nesse período, teorias como a do Branqueamento Racial se fortaleciam sob o argumento de que seria necessário
mesclar negros com brancos para “branquear” a genética da população, discurso que impulsionou a busca por
imigrantes europeus para o Brasil.
Os almanaques farmacêuticos no Brasil tinham “a tarefa da educação sanitária e moral
do maior número de pessoas” (CHARTIER, 1999, p. 140), e podem ser incluídos na lista dos
impressos que promoveram um contato com a comunidade. Alguns almanaques eram
periódicos e por assinatura, sendo impressos a cada seis ou doze meses, como no caso do
almanaque analisado.
Brasil (2015) também trata de Romário Martins, citando o período em que ele trabalhou
como redator do Almanaque:
É possível notar como a parte histórica é valorizada nas edições em que Martins
participou. O autor aproveitou o trabalho como editor do Almanaque para apresentar o
Movimento Paranista à população, exaltando as qualidades do Estado e das pessoas que o
compõem. Mostrando os símbolos paranaenses ao longo da obra, fez questão de diferenciar o
paranista do paranaense, sendo o primeiro aquele que se identifica com a terra e trabalha pelo
seu desenvolvimento e o segundo, apenas o que nasceu no Estado. Assim, o Paraná é descrito
como uma terra fértil, com um povo trabalhador e feliz, em pleno desenvolvimento industrial e
cultural, ignorando qualquer resquício da escravidão, como o preconceito étnico e a
desigualdade socioeconômica.
O Almanach do Paraná teve sua última edição publicada em 1929. Embora os anúncios
tenham permanecido com destaque, aos poucos, as ilustrações vão dando espaço para
fotografias e as edições ficaram mais curtas, bem como o formato e tamanho das letras
mudaram, assim como a ordem dos assuntos.
Considerações Finais
Referências
Almanach do Paraná: Commercio, Historia e Literatura (PR) - 1896 a 1929. Disponível em:
<http://bndigital.bn.br/acervo-digital/almanach-parana/214752>. Acesso em set/2022.
HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. 11ª edição. Tradução Tomaz Tadeu
da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence (orgs.). A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1997.