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IDENTIDADE CULTURAL

Identidade
Toda vez que me interrogo, recebo
Respostas dúbias que não levam a nada,
Olho no espelho, então percebo
A figura baça, esfumaçada...

Pelejo pra me ver e não consigo,


Nessa procura gasto o dia inteiro,
Fico sozinho... não esta comigo
Minha imagem no espelho do banheiro.

Quem sabe de repente enlouqueci,


Separei-me de minha identidade,
Pensando bem... vai ver que eu morri?!

Mas não. Isto não pode ser verdade,


Os outros me enxergam, cumprimentam
... será que o “eu” são os outros que inventam?

Caio Junqueira Maciel

Significado do termo identidade:

1. Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome,


idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais, etc.
2. O aspecto coletivo de um conjunto de características pelas quais algo é
definitivamente reconhecível, ou conhecido.

O paradigma pós-moderno:

Na década de sessenta o estudo das ciências humanas caminhou para


uma mudança de foco em relação ao homem, houve uma quebra do paradigma
Iluminista do século XVIII, que estudava o homem como um ser racional,
convencido da existência de uma realidade social global a ser historicamente
explicada. O chamado paradigma pós-moderno que teve seu início
genericamente pós-68, trata da derrocada da racionalidade, tratando o indivíduo
como um ser passivo de sentimentos, agente na história, transformador de sua
realidade, condicionante e condicionável, significante e significável.

A identidade em questão:

Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por


tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir
novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, ate aqui visto como um
sujeito unificado.
Assim a chamada crise de identidade é vista como parte da mudança,
que esta deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades
modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma
ancoragem estável no mundo moderno.
Um tipo de diferente de mudança estrutural está transformando as
sociedades modernas no final do século XX. Isso esta fragmentando as
paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade,
que, no passado, nos tinha fornecido sólidas localizações como indivíduos
sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades
pessoais, abalando a idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados.
Esta perda de “sentido de si” estável é chamada, algumas vezes, de
deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento –
descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mudo social e cultural quanto
de si mesmo – constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo “a identidade
somente se torna uma questão quando esta em crise, quando algo que se
supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da duvida e
da incerteza” (Mercer, 1990,p.43).

Concepção de identidade do sujeito pós-moderno:

O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e


estável, está se tornando fragmentado, composto não de uma, mas várias
identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas.
Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceitualizado como não
tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade tornou-se
uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação ás
formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais
que nos rodeiam. É definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito
assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não
são unificadas ao redor de um eu coerente.
A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma
fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e
representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma
multiplicidade desconcertante e cambiante de identidade possíveis, com cada
uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente.

Construção da identidade:

A identidade, como já vimos a cima é um conjunto complexo de


caracteres que forma o indivíduo como ser definitivamente reconhecível. E essa
formação identitária do sujeito se da de várias maneiras, principalmente através
da relação do indivíduo com o mundo que o cerca e com o “outro”, o seja, essa
relação se da de forma dialética entre algumas formas ou instituições mais ou
menos estáveis, e o ser em formação. Utilizaremos como exemplo a escola, a
qual tem papel fundamental na formação do indivíduo, até mesmo pelo tempo
em que o mesmo passa nessa instituição.
O ambiente escolar tem contornos heterogêneos que propicia ao
indivíduo uma relação com diversas variáveis sociais, como por exemplo: a
relação com o professor, com outro aluno, com regras a ser seguidas o
quebradas, com um espaço físico determinado, e todas estas relações
formaram o indivíduo em questão.
Dentro desta perspectiva formativa da escola, há um ponto especifico a
ser trabalhado: a formação ideológica do indivíduo. Como podemos observar ao
longo da história, a escola tem tido a função de moldar o aluno a esta ou aquela
ideologia nacional pretendida, haja visto, a educação do Estado nazista, ou
comunista. Em nosso tempo podemos observar a educação, por exemplo, na
China, onde é obrigatório estudar a vida de Mao tsé Tung e a revolução
comunista feita por ele. E para tanto uma arma utilizada na moldagem desse
aluno é o livro didático, daremos exemplos de como esse recurso pode ser
manipulado em função da formação do indivíduo.
Observaremos dois livros didáticos, um editado no ano de 1988 e outro
no ano de 2006, aqui no Brasil. O assunto será “O Brasil republicano de 1930
até 1980”: o primeiro livro subdivide o período em dois subtítulos diferente:
Governo de Getúlio Vargas: a política centralizadora e autoritária de Getúlio;
Ditadura Militar: fase dos governos Militares: o movimento Político – Militar de
64. Podemos observar que os autores fazem questão de sublinhar a
característica centralizadora de um governo e suprimindo a de outros, sabendo
que a ditadura militar pelo próprio nome caracteriza-se um governo
centralizador e truculento com liberdades sociais. Já o outro livro observado foi
editado em 2006 e traz esse mesmo período subdividido assim: Governo de
Getúlio Vargas: 1930 – 1945; A Ditadura Militar no Brasil. Os subtítulos deste
livro são como vimos, mais imparciais, e não tentam enfatizar características
nem uma, independente de momento histórico.

Identidade Nacional:
Bibliografia:

BOCK, Ana Mercês B. Quem é o homem na psicologia?In: Revista Interfaces,


vol. I, n°01, Edição.O que é o homem?,Jul. - dez 1997. Disponível em:
http://www.ufba.br/instituicoes/ufba/faculdades/psicologia/homem.html Acesso
em: fev.2006.

CARDOSO, Ciro F. Historia e Paradigmas Rivais. In: Domínios da história, org:


CARDOSO, Ciro F.

HALL,Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade; trdução:Tomaz Tadeu


da Silva, Guaracira Lopes Louro, 10.ed. Rio de Janeiro: DPeA,2005.p.7-13.

VAINFAS, Ronaldo, Caminhos e descaminhos da história. In: Domínios da


história

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