O capítulo discute a transformação do conceito de sujeito ao longo da história, desde a modernidade até a pós-modernidade. Na modernidade, o sujeito era visto como unificado, racional e autônomo. Na pós-modernidade, há uma fragmentação do sujeito e uma noção de identidades múltiplas e variáveis. O autor analisa pensadores que influenciaram essa mudança como Marx, Freud, Foucault e teorias como o feminismo.
O capítulo discute a transformação do conceito de sujeito ao longo da história, desde a modernidade até a pós-modernidade. Na modernidade, o sujeito era visto como unificado, racional e autônomo. Na pós-modernidade, há uma fragmentação do sujeito e uma noção de identidades múltiplas e variáveis. O autor analisa pensadores que influenciaram essa mudança como Marx, Freud, Foucault e teorias como o feminismo.
O capítulo discute a transformação do conceito de sujeito ao longo da história, desde a modernidade até a pós-modernidade. Na modernidade, o sujeito era visto como unificado, racional e autônomo. Na pós-modernidade, há uma fragmentação do sujeito e uma noção de identidades múltiplas e variáveis. O autor analisa pensadores que influenciaram essa mudança como Marx, Freud, Foucault e teorias como o feminismo.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade.
Rio de Janeiro: DP&A
Editora, 2005
O fichamento refere-se ao primeiro capítulo denominado Nascimento e Morte
do Sujeito Moderno, parte da obra A identidade cultural na pós-modernidade, da autoria de Stuart Hall. Neste momento, Hall traça as transformações históricas e a relação que elas estabelecem com a noção de pessoa, salientando que esta não pode ser pensada independentemente do contexto social.
De acordo com o autor, as transformações na modernidade, que abarca o período
entre o Humanismo e o Iluminismo, fizeram com que houvesse um rompimento com o passado, onde o individuo estava sujeito a uma ordem divina. Com o surgimento de um sujeito soberano, responsável por seus atos e pelas consequências deles, bem como dotado de capacidades, o sujeito adquire uma nova concepção individual tanto de si como de sua identidade. Esta concepção tornou-se possível por razão de seu contexto histórico, que englobou diversos movimentos de suma importância tanto em termos de pensamento como de cultura. Podemos citar como exemplos a Reforma, o Protestantismo, o Humanismo Renascentista, os avanços científicos e o Iluminismo. Esse período caracteriza-se pelo Antropocentrismo, substituindo Deus pelo homem como sendo o centro do universo. Estes movimentos históricos dão origem à acepção de sujeito do Iluminismo, concebendo-o como sendo centrado, unificado, com um núcleo interior (identidade) inato e permanente, dotado de certa autonomia, razão e individualismo.
Descartes teve grande importância nesse processo de transformações. O sujeito
cartesiano era o centro do conhecimento, formado por capacidade de pensar, sendo consciente e racional. Locke também contribuiu com esse processo, pois além de definir o individuo como um ser racional, para ele o sujeito era constituído de uma identidade permanente e contínua.
Raymond Williams atribuiu o surgimento da noção de individualidade à
decadência da antiga organização econômica, política, religiosa e social da Idade Média, pois a partir dessa ruptura emerge um novo foco em uma existência pessoal do individuo. Ainda de acordo com Williams, com o Protestantismo a relação do homem com Deus não precisaria mais da mediação da Igreja, mas seria direta e individual. (WILLIAMS, 1976) Entretanto, à medida que ocorrem transformações e as sociedades se tornam mais complexas, o sujeito adquire uma concepção mais social e coletiva, submisso a burocratização e administração do social por meio do Estado. Assim, em meio a toda esta organização estatal, o individuo passa a ser visto como mais definido e localizado. Emerge, portanto, a concepção sociológica de sujeito, que compreendia a identidade do indivíduo como resultado das relações entre o mundo interno e externo, ou seja, uma interação entre o “eu” e a sociedade. De acordo com esta concepção interativa da identidade e do eu, o sujeito ainda teria um núcleo (identidade), que consistiria no seu “eu real”, mas que se modificaria de acordo com o seu exterior. Aqui, o sujeito permanece ainda unificado e estável.
Hall aponta dois acontecimentos, segundo ele importantes, que corroboraram
para as fundamentações do sujeito sociológico: a biologia darwiniana que desloca a Razão da mente para a Natureza e o surgimento das Ciências Sociais que trouxeram uma concepção interativa entre sujeito e sociedade.
Porém, o caráter dessas transformações se apresentou de formas contraditórias.
Nos âmbitos econômico e jurídico permanece o discurso do sujeito soberano, detentor de si mesmo. Já as Ciências Sociais, com sua concepção interativa, explicou a formação da subjetividade do sujeito a partir das relações sociais. Com aplicação do dualismo cartesiano – mente e corpo – na divisão das disciplinas, coube à Psicologia o estudo do individuo e seus processos mentais. Todas estas transformações possibilitaram um novo entendimento do sujeito.
Na segunda metade do século XX surge uma nova concepção de sujeito,
resultado do descentramento do sujeito sociológico e cartesiano: a concepção pós- moderna de sujeito. Na pós-modernidade a unificação e estabilidade dão lugar à fragmentação e a variabilidade. Neste momento, o sujeito apropria-se de identidades distintas de acordo com a situação ou ainda, diante de identidades contraditórias existentes dentro desse sujeito, impelindo para direções distintas, faz com que aconteçam deslocamentos. Não há mais uma identidade fixa e permanente, mas uma infinidade de identidades com as quais o sujeito possa se identificar, assumindo um caráter temporário e variável.
Novas formas de pensamento e conhecimento tiveram importante influência
nesse deslocamento. Hall vai citar cinco avanços do pensamento teórico: o pensamento marxista, a descoberta do inconsciente por Freud, a linguística estrutural de Saussure, o “poder disciplinar” de Foucaut e por ultimo, o impacto do feminismo.
A contribuição de Marx vem das reinterpretações de seu pensamento –
materialismo-histórico – e a rejeição da ideia do homem como agente individual. Freud, por sua vez, concebe a formação da identidade como sendo um processo contínuo, através do inconsciente, rompendo desta forma com a concepção de uma identidade fixa e unificada. Saussure traz a ideia de preexistência da língua, como se o sujeito não tivesse controle sobre os seus significados, de modo que este não pudesse ser considerado como algo fixo, se constituindo nas relações de diferença e similaridade, assim analogicamente como a identidade e alteridade. Em Foucault temos o “poder disciplinar”, que tem como propósito manter a disciplina dos indivíduos por meio das instituições, ressaltando que estas quanto mais coletivas e organizadas, maior a individualização, vigilância e isolamento do sujeito. E finalmente o feminismo, fenômeno que integra os movimentos sociais, que expande esferas políticas, econômicas e sociais em valorização da minoria, marcando o surgimento da política de identidade, que consiste na adoção de determinada identidade em função de uma reinvindicação.
Percebemos então, a partir da argumentação de Stuart Hall, que a noção que se
tem de pessoa não é descolada da dimensão social, dessa forma é possível compreendê- la dentro das transformações no decorrer da história. É necessário, portanto, pensar a identidade articulada à noção de pessoa (ao conceito de pessoa), pois, com o desdobramento dos acontecimentos históricos, esta se modifica, variando a percepção que se tem de identidade.