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O temA Minha identidade é o que a Bíblia diz e não o que o mundo diz

Incluir no sermão a pergunta: quem é você?! (5 voluntários)

Não sabemos dizer quem somos nós.

Máscaras.

identidade (psicologia)
Pode-
se designar, num sentido lato, a identidade pelo desenvolvimento dosentido daquilo que
se é, ou seja, do carácter do que é único. Este termoremete para a identidade individual
e pessoal de cada indivíduo. A identidade é uma construção dinâmica da unidade da con
sciência de si,através das relações subjetivas, das comunicações, da linguagem e dasexp
eriências sociais. É um processo ativo, afetivo e cognitivo derepresentação de si no amb
iente envolvente, o que implica a existência deum sentimento subjetivo de permanência
e de continuidade. É indispensávelainda a existência de funções de regulação tais como
a coerência e a estabilidade que são necessárias a uma adaptação às mudanças.
Este desenvolvimento é interrompido de vez em quando por crises, aschamadas crises d
e identidade, particularmente no período da adolescência,quando o sentido de identidade
está sujeito a uma certa tensão. Assim, o choque entre os sentimentos instintivos e
a obrigação social pode levar a uma perda da identidade pessoal.

Identidade Vs Personalidade
Na categoria Curiosidades
Publicado a 7 de Março de 2013
Muito se fala e se confundem os conceitos de personalidade e identidade, mas
quais são as principais semelhanças e diferenças?

Ao longo do tempo, os conceitos de personalidade e de identidade, confundem-


se pelo senso comum, porem ambas são conceitos muito diferentes, entre si.

Personalidade: O conceito de personalidade é complexo, podemos encontrar


varias definições, originadas em várias teorias ou mesmo várias “escolas de
pensamento”. Não existe uma definição exata e completa, tendo em conta as
várias teorias e as várias perspetivas existentes.

De forma generalista e resumida, personalidade é uma organização interna e


dinâmica do sistema psicológico, com todos os seus componentes. Esta mesma
organização define padrões relativamente coerentes de comportamentos,
atitudes, pensamentos, sentimentos e emoções. Esse padrão embora alterável,
constrói-se e reconstrói-se de forma gradual. Os elementos e componentes que
a vão constituindo, inicialmente é mais um elemento mas posteriormente
contribui para a integração do próximo componente ou experiência.

A personalidade é:

 Uma organização, um todo, funcionando como um conjunto e não como um


conjunto de partes individuais.
 Dinâmica, embora geralmente não se altere radicalmente, está longe de ser
considerada estática ou mesmo imutável
 Psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e os seus processos.
 O “filtro” entre a pessoa e o mundo, definindo a forma como se relaciona
com o mundo interno e externo.
 Um constructo analítico e abstrato, não existindo fisicamente, expressando-
se unicamente em padrões de comportamento, pensamento e emoções.
Identidade:

A identidade é o conjunto total das nossas características próprias que nos


fazem únicos e exclusivos, diferentes de todos os outros seres humanos e todos
os outros animais.

O que nos faz únicos e exclusivos do resto das pessoas são muito mais que
características psicológicas. A identidade é o conjunto de características,
psicológicas, físicas, culturais, etc. Não existe uma identidade perfeita, mas sim
uma identidade mais ou menos adaptada ao meio envolvente.

A Identidade é o que nos define quem somos, bem como a nossa missão. Ela
diz aos outros e a nós, quem somos e para onde vamos. Identidade é única e
absoluta em si mesmo. Não tem sentido encontrar duas pessoas com
identidades semelhantes, podemos encontrar pessoas que partilham a mesma
cultura, de personalidades semelhantes, fisicamente semelhantes, etc. mas não
a entidade.

Em termos de comparação a personalidade é um conjunto de elementos e


componentes psicológicos, enquanto a identidade é o conjunto de elementos,
sendo a personalidade um deles.

Existem instrumentos que avaliam a personalidade, mas não que avaliam a


identidade.

E você, conhecia a diferença?

IDENTIDADE: QUESTÕES CONCEITUAIS E CONTEXTUAIS

Carolina Laurenti* & Mari Nilza Ferrari de Barros**

A discussão de processos identitários abordando aspectos conceituais e

contextuais implica, primeiramente, na concepção da identidade, enquanto categoria de

análise, como uma construção social, marcada por polissemias que devem ser

entendidas circunscritas ao contexto que lhe conferem sentido. Neste artigo, procurou-se
abordar a identidade associada à multiplicidade de sentidos e terminologias que
atravessam a configuração do termo ao longo da história e num mesmo período

histórico, expresso pela diversidade de áreas de conhecimento que se dedicam ao estudo

do tema em questão. A partir disso, faz-se necessário um exercício de re-significação da

identidade, sendo útil para tal empreendimento considerar os princípios da dialética,

apresentados não segundo Marx em Para Crítica da Economia Política (1978b) em seu

método de exposição, mas na forma de “leis”, como delineadas por Gadotti (1983), pois

permite caracterizar a identidade enquanto uma processualidade histórica vinculada ao

conjunto das relações que permeiam a vida cotidiana. As várias configurações de

identidade habitam reflexões dos teóricos da modernidade, como Giddens (1991) ou da

pós-modernidade como Santos (1999) e exigem a circunscrição deste homem ao


momento atual do mundo globalizado, marcado por um capitalismo desorganizado, a

fim de explicitar as novas bases sobre as quais se articula o pessoal e o social na


contemporaneidade.

O termo identidade sempre desperta interesse, tanto das pessoas


comuns, representantes do universo consensual, quanto de cientistas sociais.

Inúmeras questões estão associadas à identidade. Historicamente, o


termo empregado para significar o que hoje se entende por identidade foi
personalidade, privilegiando não só a perspectiva individualista, mas também
uma visão em que os princípios da ciência médica sustentavam toda proposta
de compreensão. Nesse contexto, os debates versavam sobre o “normal” e o
“patológico”, o “natural” e o “inerente”.

A priorização do ser biológico e individual sustentados por uma


estrutura psíquica, invariante enquanto processo normativo, institui uma
dicotomia entre o indivíduo e o grupo, entre o homem e sociedade. O conceito
de personalidade oferecia um conjunto de princípios que previamente
classificavam os indivíduos em categorias, confirmando uma concepção de
sujeito em que pese a diversidade dos ambientes sociais. Os comportamentos
expressos pelos indivíduos invariavelmente serviam para justificar as
interpretações denominadas “científicas”, restando pouco ou quase nada a
fazer por parte daqueles que manifestavam tais condutas. Baseados no
princípio de “normalidade” e estrutura psíquica invariante, aplicado a todos
indistintamente, os psicólogos mostravam-se despreocupados em investigar o
comportamento dos homens. O comportamento, em si, configurava-se como
recurso para alimentar os princípios constitutivos da personalidade normal ou
patológica. A história social e singular do indivíduo participava apenas como
pano de fundo para a expressão dos comportamentos “sabidamente”
conhecidos.

Dissonante dessa perspectiva, e preocupados em considerar o


homem enquanto sujeito social, inserido num contexto sócio-histórico, os
psicólogos sociais adotaram o termo identidade.

De acordo com Ciampa (1984), é comum, em nosso cotidiano,


a seguinte pergunta: quem é você ? Tal questionamento invariavelmente
remete à identidade.

O emprego popular de tal termo apresenta-se marcado por uma


intensa diversidade conceptual, sugerindo que a ostentação de um nome tão
definitivo, continua sujeito a inúmeras variações (Jacques, 1998, p.159).

Essa imprecisão conceptual não se restringe ao universo da vida


cotidiana, mas reflete a dificuldade nos mais variados campos do
conhecimento que têm se dedicado a essa temática, como a Antropologia,
Filosofia, Sociologia e Psicologia.

“A importância conferida ao estudo da identidade foi variável ao


longo da trajetória do conhecimento humano, acompanhando a relevância
atribuída à individualidade e às expressões do eu nos diferentes períodos
históricos” (Jacques, 1998, p.159). Há momentos na história em que se
verifica um maior interesse sobre a questão da identidade, como registrado na
antigüidade clássica, em que predominava uma valorização da vida individual
e do mundo interno. Em contrapartida, constata-se um declínio acentuado no
feudalismo devido à influência da concepção cristã de homem e do
corporativismo feudal, fazendo com que historiadores remetam o
aparecimento da individualidade aos séculos XI, XII e XIII. Foi na época do
movimento romântico que o egocentrismo e a introspecção atingiram o seu
apogeu, fornecendo condições para que se propagassem as produções teóricas
sobre a identidade, inclusive no âmbito psicológico.

Na visão psicológica, os estudos sobre identidade são tratados


geralmente pela Psicologia Analítica do Eu e pela Psicologia Cognitiva
(Jacques,1998), que em comum compartilham a noção de desenvolvimento,
marcado por estágios crescentes de autonomia, entendendo a identidade como
produto da socialização e garantida pela individualização. Ainda segundo
aquele autor, a questão da identidade em Psicologia Social ocupou lugar
central nos estudos de William James , enquanto que, na tradição do
Interacionismo Simbólico, as referências concentram-se nos trabalhos de
George Mead.

As dificuldades apontadas nesse percurso, que respondiam por uma


excessiva ênfase, ora no individual, ora no social, são também encontradas na
atualidade sob formas diferentes, embora na “essência” ainda carreguem o
problema de origem, referente à demarcação do território limítrofe do social e
do individual. Tal afirmação pode ser ilustrada pelo uso de predicativos
diversos para qualificar os diferentes sistemas identificatórios que constituem
a identidade:
Jurandir Freire Costa emprega a qualificação "identidade
psicológica" para se referir a um predicado universal e
genérico definidor por excelência do humano em
contraposição a apenas um atributo do eu ou de algum eu
como é a identidade social, étnica ou religiosa, por exemplo.
Habermas (1990) refere-se a “identidade do eu “ que se
constitui com base na "identidade natural" e na "identidade de
papel" a partir da integração dessas através da igualdade com
os outros e da diferença em relação aos outros. Com base no
pressuposto inter-relacional entre as instâncias individual e
social, a expressão "identidade social" vem sendo empregada.
(Neto,1985) buscando dar conta dessa articulação. (Jacques,
1998, p.161).

Instala-se, então, uma dicotomia em que “a identidade passa a ser


qualificada como identidade pessoal (atributos específicos do indivíduo) e/ou
identidade social (atributos que assinalam a pertença a grupos ou
categorias).” (Jacques,1998, p. 161).

Diante dessa diversidade de qualificações e predicativos atribuídos


à identidade, destaca-se o termo identidade social, uma vez que os elementos
que o compõem parecem apontar, de forma mais evidente, as duas instâncias
- individual e social - em jogo na discussão da problemática conceptual, que
trata da origem individual ou coletiva da identidade. Com isso é possível fazer
algumas reflexões sobre a concepção de homem subjacente à interpretação do
termo, a fim de superar a falsa dicotomia (individual e social), bem como
mostrar que é na articulação destas que é tecida a identidade.

Os termos identidade e social sugerem, respectivamente, um conceito

que "explique por exemplo o sentimento pessoal e a consciência da posse de um eu..."

(Brandão, 1990 p.37) privilegiando, de um lado, o indivíduo, e de outro lado, a

coletividade, resultando numa configuração na qual se capta o homem inserido na


sociedade, bem como à dinâmica das relações sociais. A importância dessa relação pode
ser melhor compreendida nessa citação de Marx (1978a, p.9) “ A sociedade é, pois, a

plena unidade essencial do homem com a natureza, a verdadeira ressurreição da


natureza, o naturalismo acabado do homem e o humanismo acabado da natureza”.

A cisão encontrada nos textos de diferentes autores pode levar a um

entendimento do homem como sendo dois; coexistindo independentemente


e/ou separadamente um "eu" e um homem que se relaciona com outros homens.

Pode-se dizer que a concepção de homem que norteia tal


rompimento vincula-se à idéia de natureza humana, cujos pressupostos
pregam que todas as potencialidades do indivíduo já nascem com ele,
sendo função do ambiente social promover condições para a manifestação
dessas habilidades já pré-determinadas. O contexto social ocupa, assim, um
papel secundário, configurando-se apenas como o contato com outros homens.
Isso se reflete, de acordo com Bock (1997) nas perspectivas naturalista,
essencialista e maturacionista que colocam no indivíduo a origem das funções
psíquicas encontradas no substrato biológico.

É necessário compreender qual visão de homem orienta o estudo dessa

categoria de análise - a identidade social, por constituir-se numa lente que regerá todo o
processo de pensamento e construção do conhecimento desse fenômeno psicológico.

A identidade é considerada uma categoria de análise, ou seja,


constitui-se em um elemento que é utilizado como referencial para submeter
um objeto a uma análise; um recurso teórico que vai subsidiar a compreensão
de um dado fenômeno; mediação para a compreensão de um determinado
objeto.

Desprovidos da idéia de natureza humana, e assumindo uma concepção de

homem como ser sócio-histórico, as condições biológicas recebem um outro enfoque.


De acordo com Bock (1997) estas condições são a sustentação de um desenvolvimento
sócio-histórico, o que é endossado nas palavras de Sève:

Assim o homem se constitui, a partir de um suporte biológico que lhe


dá condições gerais de possibilidades (próprias da espécie Homo
Sapiens Sapiens) e condições particulares de realidade (próprias de
sua carga genética). No entanto, as características humanas
historicamente desenvolvidas se encontram objetivadas na forma de
relações sociais que cada indivíduo encontra como dado existente,
como formas históricas de individualidade, e que são apropriadas no
desenrolar de sua existência através da mediação do outro.(Sève, apud
Jacques, 1998, p. 162)

Logo, a identidade não é inata e pode ser entendida como uma forma sócio-

histórica de individualidade. O contexto social fornece as condições para os mais

variados modos e alternativas de identidade. O termo identidade pode, então, ser

utilizado para expressar, de certa forma, uma singularidade construída na relação com
outros homens.

Os acontecimentos da vida de cada pessoa geram sobre ela a formação


de uma lenta imagem de si mesma, uma viva imagem que aos poucos
se constrói ao longo de experiências de trocas com outros: a mãe, os
pais, a família, a parentela, os amigos de infância e as sucessivas
ampliações de outros círculos de outros: outros sujeitos investidos de
seus sentimentos, outras pessoas investidas de seus nomes, posições e
regras sociais de atuação (Brandão, 1990, p. 37).

É importante, segundo Jacques (1998), não limitar o conceito de identidade

ao de autoconsciência ou auto-imagem. A identidade é o ponto de referência, a partir do

qual surge o conceito de si e a imagem de si, de caráter mais restrito. Seria mais sensato

dizer que essa singularidade, o reconhecimento pessoal dessa exclusividade,


não é construída, mas vai sendo construída, a fim de abandonar a noção de
imutabilidade. A identidade não se apresenta sob a forma de uma entidade que rege o
comportamento das pessoas, mas é o próprio comportamento, é ação, é verbo.

A identidade constitui-se de uma multiplicidade de papéis. Na execução de

um papel social, como o de pai, por exemplo, está "introjetado" neste pai a dimensão

social em sua totalidade, desde a formação da palavra pai e sua suposta função, bem
como a dimensão individual, que por sua vez se constitui no social.

Não há uma separação, mas sim uma articulação, em que os limites, se é que

realmente existem, entre o social e o individual se confundem. Para existir um, são

necessários dois, não apenas do ponto de vista da concepção, da genética, da

sobrevivência, mas sobretudo em se tratando do homem ser reconhecido como tal; o

homem só se vê como homem se os outros assim o reconhecerem. Sob essa perspectiva,

é possível conceber a identidade pessoal como, e ao mesmo tempo, social, superando a


falsa dicotomia entre essas duas instâncias.

Para que a questão da identidade seja melhor esclarecida, torna-se

necessário partir da análise de algumas especificidades que a constituem. Ciampa

(1984) há muito tem se dedicado ao estudo da identidade, norteado por uma concepção

sócio-histórica de homem. Para ele, a compreensão da identidade exige que se tome

como ponto de partida a representação de identidade como um produto, para então

analisar seu próprio processo de construção. Por exemplo, a resposta à pergunta “quem

sou eu ?” seria insatisfatória para a configuração de uma concepção sobre identidade,

uma vez que capta somente o aspecto representacional da noção de identidade


(enquanto produto), deixando de lado seus aspectos constitutivos de produção.

Contrapondo-se à idéia de natureza humana, Marx (1978b) em “Para a

Crítica da Economia Política” busca compreender os “indivíduos produzindo em

sociedade, portanto a produção dos indivíduos determinada socialmente, é por certo o


ponto de partida” (p.103). Todo esforço em compreender o homem, recorrendo à
História, só tende a confirmar a dependência deste ao conjunto das relações nas quais

está envolvido. Por isso, a afirmação de Marx (1978b) “O homem é no sentido mais

literal, um zoon politikon, não só animal social, mas animal que só pode isolar-se em
sociedade”. (p.104).

A totalidade da realidade social é um princípio fundamental para captar o

movimento do homem no mundo. Assim, quando se fala de produção humana deve-se

situá-la como “[...] apropriação da natureza pelo indivíduo, no interior e por meio de

uma determinada sociedade” (Marx, 1978b, p.106).Uma totalidade, portanto, que se

materializa num tempo histórico social, totalidade concreta.Quando trata do processo de


produção, Marx demonstra como o princípio da totalidade se expressa:

O consumo cria o impulso da produção; cria também o objeto que atua


na produção como determinante da finalidade...o consumo põe
idealmente o objeto da produção, como imagem interior, como
necessidade, como impulso e como fim. Sem necessidade não há
produção. Mas o consumo reproduz a necessidade’ (Marx, 1978b, p.
110).

Momentos diferentes de um único processo, as etapas que configuram o

modo de produção é que “não é que a produção, a distribuição, o intercâmbio, o

consumo são idênticos, mas que todos são elementos de uma totalidade, diferenças
dentro de uma unidade” (Marx, 1978b, p. 115).

O significado de uma totalidade concreta é buscado pelo método científico,

em que “o concreto é concreto porque é a síntese de muitas determinações, isto é,


unidade do diverso” (Marx,1978b, p. 116).

Essa diversidade para ser captada e compreendida necessita


percorrer um trajeto, cujo início está na concepção de história.
A transformação é resultado da ação do homem e do mundo natural sobre os

objetos. Ao produzir, o homem consome parte de suas forças vitais, bem como consome
os meios empregados para a produção de um determinado produto.

O homem, no entanto, não é apenas ser natural, mas ser


natural humano, isto é , um ser que é para si próprio e, por isso, ser
genérico, que enquanto tal deve atuar e conformar-se tanto em seu ser
como em seu saber... nem objetiva nem subjetivamente está a natureza
imediatamente presente ao ser humano de modo adequado. E como
tudo o que é natural deve nascer, assim também o homem possui seu
ato de nascimento: a história, que, no entanto, é para ele uma história
consciente, e que, portanto, como ato de nascimento acompanhado de
consciência é ato de nascimento que se supera. A história é a
verdadeira história natural do homem . (Marx, 1978a, p.41 - grifos do
autor)

Embora o método dialético, na concepção de Marx (1978b), não apresente

leis, tais como as expostas por Gadotti (1983), e procure enfatizar a diferença entre

método de exposição e método de pesquisa, é importante assinalar que sua exposição

persegue a lei da transformação, buscando “[... o nascimento, a existência, o


desenvolvimento, a morte de determinado organismo social, e sua substituição por
outro de mais alto nível]”.(p.16).

Para melhor compreender a identidade enquanto processo, cujo


movimento é o aspecto central, recorrer-se-á às “leis” da dialética
apresentadas por Gadotti (1983). Isso consiste mais num esforço didático que
auxilia na compreensão da subjetividade enquanto totalidade que expressa a
diversidade, síntese de múltiplas determinações.

O processo de construção da identidade, bem como seus elementos


constituintes, tem um caráter dialético, e dentro dessa perspectiva é
interessante destacar os princípios ou “leis” da dialética, para um melhor
entendimento da noção de identidade, não só em seu aspecto representacional
mas também operativo.
De acordo com Gadotti (1983), as quatro "leis" da dialética
compreendem:

1) tudo se relaciona;

2) tudo se transforma;

3) mudança qualitativa;

4) unidade e luta dos contrários.

1) Tudo se relaciona (princípio da totalidade)

Segundo a dialética, a natureza é um todo coerente constituído por


objetos e fenômenos, que estão ligados entre si, relacionando-se de forma
recíproca.

A compreensão dialética da totalidade significa não só que as


partes se encontram em relação de interna interação e conexão
entre si e com o todo, mas também que o todo não pode ser
petrificado na abstração situada por cima das partes, visto que
o todo se cria a si mesmo na interação das partes. ”A parte
materializa o todo mas o todo não é a soma das partes, nem é a
parte o todo. Busca-se entender os fenômenos e os objetos
dentro de uma totalidade concreta pois “Nada é isolado. Isolar
um fato, fenômeno e depois conservá-lo pelo entendimento
neste isolamento, é privá-lo de sentido, de explicação, de
conteúdo. É imobilizá-lo artificialmente, matá-lo. É
transformar a natureza – através do entendimento metafísico –
num acúmulo de objetos exteriores uns aos outros, num caos
de fenômenos. (Henri Lefèbvre, apud Gadotti, 1983, p. 25) .

A identidade é totalidade, e uma de suas características é a


multiplicidade. Os papéis sociais são impostos ao indivíduo, desde o seu
nascimento e assumidos pelo mesmo na medida em que se comporta de
acordo com a expectativa da sociedade. Por exemplo: na presença do filho, o
homem se relaciona como pai; na presença de seu pai, comporta-se como
filho. Se for também professor do filho, o pai será pai/professor e aquele será
filho/aluno. O papel de pai, bem como o de filho, materializa a identidade
como totalidade/parcialidade, pois sendo expressão de uma parte, não revela a
identidade por inteiro. A cada personagem materializado, a identidade tem
assegurada sua manifestação enquanto totalidade, mas uma totalidade que não
se esgota nem tampouco se resume a concretização de personagens. As
personagens são partes constitutivas da identidade e, ao mesmo tempo,
configura-se como um todo que se cria a si mesmo, enquanto fenômeno de
uma totalidade concreta. A identidade é ainda um universo de personagens já
existentes e de outros ainda possíveis.

Desta forma, na relação com outros homens, o indivíduo não


comparece apenas como portador de um único papel, pois diversas
combinações configuram uma identidade como totalidade. Uma totalidade
contraditória, múltipla e mutável, no entanto una. Ao se apresentar frente a
uma determinada pessoa, comporta-se de uma dada maneira, neste momento
as “outras identidades” pressupostas estão ocultadas.

A identidade é vista como totalidade não apenas no sentido da


multiplicidade dos personagens, mas também no que se refere ao conjunto de
elementos biológicos, psicológicos e sociais que a constitui .

Não podemos isolar de um lado todo um conjunto de


elementos – biológicos, psicológicos, sociais, etc. – que
podem caracterizar um indivíduo, identificando-o, e de outro
lado a representação desse indivíduo como uma duplicação
mental ou simbólica, que expressaria a sua identidade. Isso
porque há como uma interpenetração desses dois aspectos, de
tal forma que a individualidade dada já pressupõe um processo
anterior de representação que faz parte da constituição do
indivíduo representado. (Ciampa, 1984, p. 65).

2) Tudo se transforma (princípio do movimento)

Para a dialética o movimento é uma característica inerente a todas


as coisas e estas necessitam ser consideradas em seu devir. A natureza e a
sociedade não são vistas como algo pronto e acabado, mas como elementos
que estão em constante transformação. E a causa dessa transformação é a luta
interna, a luta entre os elementos contraditórios que coexistem numa
totalidade estruturada. É a lei da negação da negação, como aponta Konder
(apud Gadotti, 1983, p. 25). Essa “lei”

...dá conta do fato de que o movimento geral da realidade faz


sentido, quer dizer, não é absurdo, não se esgota em
contradições irracionais, ininteligíveis, nem sempre se perde
na eterna repetição do conflito entre teses e antíteses, entre
afirmações e negações. A afirmação engendra necessariamente
a sua negação, porém, a negação não prevalece como tal: tanto
a afirmação como a negação são superadas e o que acaba por
prevalecer é uma síntese, é a negação da negação.

Assim como foi dito que o movimento é uma característica inerente


a todas as coisas, a identidade aí se inclui. “Identidade é movimento, é
desenvolvimento do concreto... é metamorfose.” (Ciampa, 1987 p. 74). Logo,
ao invés de se perguntar como a identidade é construída, seria mais sensato
questionar como vai sendo construída. Seria mais correto abordá-la enquanto
processo de identificação, e não apenas enquanto produto.
O autor citado parte do princípio de que o ser humano é matéria, e
como matéria está em constante transformação. É essa materialidade que
permite ao homem expressar a condição da plasticidade, entendida como
capacidade de projetar mundos, ou seja, o devir da identidade na forma de
personagens possíveis (sonhos, projetos, esperanças). Em função dessa
plasticidade, o homem pode negar o seu passado no futuro mediante
condições objetivamente dadas. O indivíduo pode negar aquilo que lhe negam
(lei da negação da negação), criando condições objetivas para se transformar.
Isso se dá mediante exercício de reflexão, é como diz Lane:

Apenas quando confrontamos as nossas representações sociais


com as nossas experiências e ações, e com as de outros do
nosso grupo social, é que seremos capazes de perceber o que é
ideológico em nossas representações e ações conseqüentes, ou
seja, pensar a realidade e os significados atribuídos a ela,
questionando-os de forma a desenvolver ações diferenciadas,
isto é, novas formas de agir, que por sua vez serão objeto do
nosso pensar, é que nos permitirá desenvolver a consciência
de nós mesmos, de nosso grupo social e de nossa classe como
produtos históricos de nossa sociedade, e também cabendo a
nós – agentes de nossa história pessoal e social – decidir se
mantemos ou transformamos a nossa sociedade (Lane, 1983,
p. 36-37).

É no nascimento que a plasticidade, ou possibilidades, apresentam-


se em sua plenitude, pois ao nascer, a criança encontra um mundo já
constituído e sobre ela lançam-se as expectativas da sociedade. O homem,
enquanto ser ativo, apropria-se da realidade social, atribuindo um sentido
pessoal às significações sociais. Dadas as condições objetivas, as expectativas
da sociedade, bem como as expectativas internalizadas pelo próprio homem, a
identidade vai sendo construída num constante processo de vir a ser. Um
pequeno trecho da obra de Ciampa (1987), em que o autor utiliza-se da
história de Severino - personagem ficcional do poema de João Cabral de
Mello Neto – “Morte e Vida Severina” é destacada a cena de um nascimento:

Será este recém-nascido tão diferente dos Severinos


homogêneos e homônimos que vimos encerrados na sua
mesmice? Na verdade, é um ser do mesmo gênero que,
inclusive, também pode vir a ser mais um Severino, como
possibilidade – não como necessidade. O que caracteriza é a
plasticidade; define-se pelo vir-a-ser”. Isso revela a vida ... “ o
humano é vir-a-ser humano – identidade humana é vida!
(Ciampa, 1987, p.36).

Neste fragmento fica caracterizado o mundo simbólico, marca do


homem. É essa subjetividade constituída por um universo de significados que
transforma o "ser" em humano. O homem não cria apenas o mundo; cria
sentido para o mundo em que vive. Traça caminhos, muda sua rota, altera sua
"pré-destinação" pelas ações que realiza junto com outros homens. Por isso,
deve ser visto como "se fazendo" e não "feito" e "acabado".

3) Mudança qualitativa (princípio da mudança qualitativa)

Esse princípio revela que a “transformação das coisas não se


realiza num processo circular de eterna repetição, uma repetição do velho.
Como é gerado o novo ? Esta mudança qualitativa se dá pelo acúmulo de
elementos quantitativos que num dado momento produzem qualitativamente o
novo.” (Gadotti, 1983 p. 26).

Como já salientado anteriormente, não basta apenas o aspecto


representacional, mas deve-se considerar também o aspecto operativo da
identidade. “O nascituro, uma vez nascido, constituir-se-á como filho na
medida em que as relações nas quais esteja envolvido concretamente
confirmem essa representação através de comportamentos que reforcem sua
conduta como filho e assim por diante” (Ciampa, 1984, p. 66). Logo, não é
suficiente uma representação prévia, essa identidade pressuposta, para ser
mantida tem que ser "re-posta" a cada momento, mostrando seu caráter
dinâmico. Contudo, a identidade sendo metamorfose aparece como não
metamorfose, pelo trabalho de "re-posição".

Esse processo de re-posição muitas vezes confunde a questão do


“movimento” da identidade. A re-posição é vista como algo dado e não como
um se dando, num contínuo processo de identificação, devido ao fato de que
as diferenças, a cada re-posição muitas vezes são pouco perceptíveis. A
personagem pode ser a mesma: aluno, mas não o mesmo aluno. Como a
sucessão é rápida, às vezes as mudanças não são reconhecidas. Mudanças
pequenas dão a impressão de não-movimento, necessitam de um acúmulo de
quantidade para que a percepção capte as transformações ocorridas. A cada
dia, novos acontecimentos e significados são acrescidos à vida cotidiana,
tornando o homem e o mundo "qualitativamente" diferentes. Quando a
mudança é mais visível, diz-se que esta ocorreu “de repente”, mas na verdade
não existe “de repente”, e sim um acúmulo de elementos até o momento em
que algo se torna distinto na forma como era percebido. A identidade é uma
sucessão temporal com mudanças muito pequenas. Na relação do indivíduo
com outros homens “as identidades” vão sendo re-postas e cada re-posição
não é a mesma, as condições objetivas são outras, outros significados vão
sendo dados e internalizados mesmo que imperceptíveis, pois como matéria
estamos em constante transformação. Esta plasticidade permite ao homem a
construção da sua singularidade, da sua identidade e de seu vir-a-ser.

4) Unidade e luta dos contrários (princípio da contradição)


Essa “lei” propõe que o movimento das coisas e suas
transformações se dão porque no interior destas coexistem forças opostas que
tendem simultaneamente à unidade e à oposição. Essa contradição, de caráter
universal, é inerente a todas as coisas materiais e espirituais.

A identidade é construída por elementos opostos, ela é diferença e


igualdade; objetividade e subjetividade, ocultação e revelação, humanização e
desumanização, mesmice e mesmidade, e, para compreendê-la, é necessário
articular essas dimensões aparentemente contraditórias a fim de superar a
dicotomia individual/social que constitui a problemática da identidade desde a
origem do termo.

Identidade é ao mesmo tempo diferença e igualdade . De acordo


com Jacques (1998), a palavra identidade evoca tanto a qualidade do que é
idêntico, igual, como a noção de um conjunto de caracteres que fazem
reconhecer um indivíduo como diferente dos demais. Assim, a identidade
implica tanto no reconhecimento de que um indivíduo é o próprio de quem se
trata, como também pertence a um todo, confundindo-se com outros, seus
iguais. Para subsidiar tal afirmação, é interessante retomar a história de
Severino, este personagem que na busca de sua singularidade (diferença),
acentuava cada vez mais sua igualdade. Severino, tentando dizer quem é,
recorre a um substantivo (palavra que nomeia o ser) para indicar sua
identidade, porém não é suficiente para que a sua identidade seja reconhecida.
Em uma segunda tentativa, recorre a outros substantivos próprios como nome
da mãe, do pai, definindo com isso a sua posição social – família determinada;
procura então uma região geográfica, depois, acrescenta a descrição de seu
corpo físico, mas nada o singularizava, até a morte e a vida eram iguais... na
busca da diferença encontrava igualdade.
Para muitos, a identidade se confunde com o nome e, nele estão a
diferença (pré-nome) e igualdade (sobrenome). O processo de identificação
começa no grupo social. O primeiro grupo social é a família na qual as duas
dimensões da identidade começam a se constituir – igualdade (sobrenome) e
diferença (pré-nome).

O nome não é a identidade; enquanto substantivo não revela a


identidade, mas apenas parte dela. O substantivo é algo que nomeia o ser, e
para isso é necessário uma atividade: o nomear. Logo, a identidade não é
substantivo, é verbo; identidade é atividade (Ciampa, 1984).

A igualdade é expressa na história social compartilhada pela


família, grupo social, localização geográfica, condições econômicas,
culturais.... A diferença pode ser entendida como a constituição da
singularidade, a transformação da significação social em sentido pessoal; e
isso se dá pela atividade, através da concretização de personagens. É nesse
processo de externalização (atividade humana) que a sociedade chega a se
constituir como produto humano.

A singularidade (diferença) está na negação da negação, ou a


negação de algo que nos é negado. A identidade singular é tecida na
identidade social. Um momento da negação se expressa quando um indivíduo
conquista seu reconhecimento, passando do indefinido e genérico, para o
definido e singular. Distingue-se dos demais com quem compartilha o mundo
social. As características peculiares, que dizem respeito à maneira de cada um
se relacionar com os outros, foram aprendidas nas relações grupais. A história
de vida do indivíduo é determinada pelas condições históricas do grupo social
no qual está inserido. Os papéis sociais que o homem aprende a desempenhar
foram definidos pela sociedade, e de acordo com Lane (1983), foram
engendrados visando garantir a manutenção das relações sociais, para que as
relações de produção da vida se reproduzam sem grandes alterações na
sociedade em que o homem vive. Há casos em que a identidade singular está
tão colada à identidade social que se confunde com aquela. Há uma
reprodução da ideologia dominante do conjunto de seus significados ao nível
individual. Porém, ao refletir sobre as contradições entre as representações e
suas atividades desempenhadas na produção da vida material, o homem faz
com que as ações subsequentes resultem num avanço no processo de
conscientização. Para Lane (1983), apenas quando o ser humano for capaz de
encontrar as razões históricas da sociedade e do grupo social, que explicam
porque o homem age desta forma e como o faz, é que ele estará
desenvolvendo a consciência de si mesmo. A diferença é essencial para a
tomada de consciência de si e é inerente à própria condição da vida social,
pois a diferença só aparece tomando como referência o outro. “Não é a
consciência dos homens que determina o seu ser, mas o contrário, é o seu ser
social que determina sua consciência.” (Marx & Engels ,1979 p.37).

Lane (1983) ressalta ainda que a consciência de si poderá alterar a


identidade social, na medida em que dentro dos grupos que definem o homem,
este questione os papéis quanto as suas funções históricas, ao mesmo tempo
em que os membros se identifiquem entre si quanto a esta determinação e
constatem as relações de dominação que reproduzem uns sobre os outros.
Somente desta maneira é que o grupo poderá se tornar agente de mudanças
sociais. Segundo Berger (1971), enquanto esse questionamento, por assim
dizer, se limitar à consciência individual e não for admitido por outros, ao
menos como possibilidade empírica, terá apenas uma existência
“fantasmagórica”.

O fenômeno da consciência é, ao mesmo tempo,


extremamente subjetivo, porque está muito carregado pela
presença efetiva do eu individual, e extremamente objetivo,
porque se esforça por considerar objetivamente não só o
ambiente exterior (o mundo), mas também o eu subjectivo.(...)
o eu considera-se simultaneamente como sujeito e como
objecto de conhecimento e considera o ambiente objectivo
implicando neste a sua própria existência subjectiva”. (Morin,
1973, p.132).

Neste processo de externalização, o homem constrói seu mundo e


ao mesmo tempo constrói a si mesmo e essa atividade construtora de mundos
dos homens é o trabalho, trabalho enquanto atividade consciente do homem.

A atividade sempre está vinculada à consciência. E é mediante esse


exercício de reflexão que o homem pode criar condições objetivas e superar as
situações do cotidiano, concretizando outras personagens. Nessa
concretização, a atividade é que configura a singularidade. O homem na sua
atividade se distingue das outras espécies animais, já que sua atividade é
consciente e sua produção não é determinada unicamente por suas
necessidades imediatas.

(...) É certo afirmar que também o animal produz (...) Porém


produz unicamente o que necessita de imediato para si ou para
sua prole; produz unilateralmente, enquanto que o homem
produz universalmente. O animal produz unicamente por
mandato da necessidade física imediata, enquanto que o
homem produz inclusive livre da necessidade física e só
produz realmente liberado dela; o animal produz apenas a si
mesmo, enquanto que o homem reproduz a natureza inteira; o
produto do animal pertence imediatamente com seu corpo
físico, enquanto que o homem se defronta livremente com seu
produto. O animal produz unicamente segundo a necessidade e
a medida da espécie a que pertence, enquanto que o homem
sabe produzir segundo a medida de qualquer espécie e sempre
sabe impor ao objeto a medida que lhe é inerente, por isso o
homem cria segundo as leis da beleza . (Marx, 1983, p.112).
De acordo com Marx (1978a), a base da sociedade, assim como a
característica fundamental do homem está no trabalho, atividade pela qual o
homem domina as forças naturais, humaniza a natureza, e ao mesmo tempo
cria a si mesmo. A respeito da relação homem-natureza, Marx afirma que o
homem faz parte da natureza mas não se confunde com ela. O homem é um
ser natural, no sentido de que foi criado pela própria natureza, submete-se às
leis que são naturais e depende desta natureza para sobreviver. Mas ao mesmo
tempo, o homem não se confunde com a natureza, pois a transforma de modo
consciente segundo suas necessidades e, nesse processo, se faz homem. É
nesta relação que o homem se constrói e transforma a si mesmo e a própria
natureza. Marx ressalta ainda que o homem só é capaz de transformar a
natureza e a si mesmo porque se reconhece e reconhece o outro nesse
processo. A natureza humanizada não é, portanto, construída através de idéias
ou resultado de uma abstração, mas atividade prática e consciente: a natureza
humanizada é trabalho.

O que o indivíduo concretiza, vive, aquilo que tem sido e vivido

corresponde à objetividade da identidade. A subjetividade da identidade está no "vir-a-

ser" na forma de personagens possíveis, está na plasticidade. O homem pode projetar

um "vir-a-ser" baseado nas experiências passadas, se de alguma forma, o sentido dessas

pretende preservar, e nesse processo procura criar condições objetivas que garantam a

possibilidade de recriar no futuro, essas experiências; caso contrário pode criar novas

condições para sua negação, conquistando assim, a superação. A superação pressupõe a

concretização, isto é, só se pode superar aquilo que já foi concretizado, externalizado e,


como foi dito, isso se dá pela atividade mediante o exercício de reflexão.

A identidade também é ocultação e revelação. A revelação é condição para a

ocultação. Perante determinadas condições objetivas é revelada a uma dada pessoa uma
personagem e ocultadas outras.
A identidade é também desumanização no sentido da
impossibilidade de novas concretizações. O indivíduo desenvolve atividades
que o negam como ser humano ou é forçado a repor personagens
reproduzindo as condições que o desumaniza. Nesse movimento, o homem
não se reconhece no produto de sua atividade, e isto se dá, segundo Marx
(1983), pois o homem se relaciona com o produto de seu trabalho como um
objeto alienado, “[...] a apropriação do objeto aparece como alienação a tal
ponto que quanto mais objetos o trabalhador produz tanto menos pode
possuir e tanto mais fica dominado pelo seu produto, o capital” (Marx, 1983,
p. 91). O homem ao transformar a natureza transforma a si mesmo e nesta
relação, produz-se como homem alienado, produzindo as condições de sua
própria escravização:

Quanto mais o trabalhador produz, tanto menos tem pra


consumir; quanto mais valor ele cria, tanto menos valioso se
torna; quanto mais aperfeiçoado o seu produto, tanto mais
grosseiro e informe o trabalhador; quanto mais civilizado o
produto, tão mais bárbaro o trabalhador; quanto mais poderoso
o trabalho, tão mais frágil o trabalhador; quanto mais
inteligência revela o trabalho, tanto mais o trabalhador decai
em inteligência e se torna um escravo da natureza. (Marx,
1983, p. 92).

Neste sentido, o indivíduo reproduz a ideologia dominante,


mantendo as condições sociais, ou seja, não transforma nem as relações
sociais, nem a ele mesmo. Enquanto humanização, o homem insere-se e
define-se no conjunto de suas relações sociais, desempenhando atividades
transformadoras destas relações, o trabalho apresenta-se como “[...] atividade
vital, vida produtiva” (Marx,1983 p. 95) e não “...apenas como meios para a
satisfação de uma necessidade, a de manter sua existência física”
(Marx,1983, p. 95).

Nessa articulação entre atividade e consciência define-se a


mesmidade (Ciampa, 1987). Este elemento caracteriza também a identidade
enquanto movimento e plasticidade, pois se dá pelo ato de refletir o que
temos sido e podemos ser. Trata-se de uma postura do homem em dispor-se a
saber mais, de refletir o conhecimento, recusando-se a reconhecê-lo como
realidade absoluta. Em contrapartida, se dá a mesmice que pode ser descrita
como simples re-posição de papéis, sem a mediação da reflexão.

Dentro dessa perspectiva é conveniente ressaltar que a identidade é


um fenômeno social, logo não é possível dissociar o estudo da identidade
singular, do estudo da sociedade. É do contexto histórico e social em que o
homem vive que decorrem suas determinações e, consequentemente, emergem
as possibilidades ou impossibilidades, os modos e as alternativas de
identidade.

“Somos personagens de uma história que nós mesmos criamos,


fazendo-nos autores e personagens ao mesmo tempo”. Esta frase de Ciampa
(1987) pode ser comparada a citada por Berger (1971): o homem é produto da
sociedade, a sociedade é produto do homem.

A personagem se refere à identidade empírica que é a forma pela


qual a identidade se expressa no mundo. Implica sempre na presença de um
ator desempenhando um papel social. A personagem ao mesmo tempo se
confunde e se diferencia do papel, isto porque o homem não ‘absorve’
passivamente o mundo social (com suas instituições, papéis, e identidades
apropriadas), mas apropria-se dele de maneira ativa – somos também autores
da nossa história ; a sociedade é produto do homem. O mundo objetivo é
apreendido com plena significação subjetiva, atribuindo-lhes sentidos à
realidade objetiva. É no desenvolvimento de atividades que o homem vai
construindo sua história. A personagem está sempre relacionada a um papel
social, e este representa uma identidade coletiva, abstrata e genérica;
associada, construída e mediada pelas relações sociais. Nesse sentido, os
homens são ao mesmo tempo autores e co-autores, pois precisam do outro
para se concretizar. A reposição de personagens só é possível porque o outro
oferece condições para isso. O outro é condição fundamental de expressão
da identidade enquanto singularidade. É diante do outro que o homem pode
negar aquilo que lhe negam. O homem tem que reconhecer a si mesmo e o
outro no processo de construção da identidade, “[...] quando o homem se
defronta consigo mesmo, também está se defrontando com outros homens”
(Marx, 1983, p. 97 – grifo do autor).

A questão da identidade é complexa, uma vez que é múltipla,


dinâmica, num constante devir. É uma intrincada rede de representações, em
que cada personagem reflete tantos outros, todos constitutivos da identidade,
ou melhor dizendo, instituintes de um processo identitário, desaparecendo,
assim, qualquer possibilidade de se estabelecer um fundamento originário
para cada uma delas. O mesmo ocorre com a questão da relação homem-
sociedade cuja complexidade é expressa por Allport (apud Ciampa, 1993, p.3)
no seguinte questionamento:

Como pode sua natureza (do indivíduo) depender


indubitavelmente da prévia existência de padrões culturais e
de seus papéis numa estrutura social pré-determinada,
enquanto que ao mesmo tempo ele é claramente uma pessoa
única, selecionando e rejeitando influências de seu meio
cultural e, por outro lado, criando novas formas culturais para
orientar as futuras gerações ? E ainda mesmo enquanto essa
interação entre o individual e o social está em evolução, o
homem também é, certamente, um ser biológico, sujeito às leis
de sua espécie .

A exposição feita até aqui pretendeu demarcar o espaço e as


múltiplas facetas que envolvem a temática de identidade, além de explicitar a
importância do adjetivo social que segue o substantivo identidade.

QUESTÕES CONTEXTUAIS

A complexidade desse tema tem sido responsável por discussões


extensas e muitas vezes estéreis em razão de princípios e conceitos
divergentes envolvidos. A fase denominada de capitalismo desorganizado
(Santos, 1999), para circunscrever o momento atual do mundo globalizado,
responde por novas configurações do homem, expondo perspectivas que
devem ser objeto de investigação dos cientistas sociais. Inúmeras são as
questões que se colocam hoje. Marcado por pressões de um mundo cada vez
mais complexo e desorganizado, a natureza dos problemas humanos se
redimensiona, obrigando todos a um investimento pessoal, por vezes
demasiado pesado. Perdido e premido por exigências do mundo, onde a
divisão entre público e privado manifesta-se com doses generosas de
ambigüidade, a identidade do homem transforma-se rapidamente, sem que a
ciência e o universo consensual possam dar conta dessas mudanças. O
conhecimento científico retrata uma provisoriedade sem precedentes, em que
pese todas as revoluções científicas e tecnológicas desse final de milênio.

A pergunta que se coloca agora é: Quem é o homem da


contemporaneidade? O que faz esse homem? Como dar conta desse fenômeno
psicológico? Qualquer tentativa de esgotar esses temas seria pretensiosa e
frágil, posto que teria que lidar com uma plasticidade ainda não totalmente
conhecida. A impessoalidade tal como discute Sennett (1988), transformou-se
num risco que poucos estão dispostos a correr. A apologia da intimidade
cristaliza os mundos público e privado, tornando-os impermeáveis.

Identificar-se com pessoas que não se conhece, pessoas


estranhas, mas que podemos compartilhar dos interesses
étnicos, dos problemas familiares, ou da religião, tornou-se
algo penoso... Quanto mais local a imaginação, maior se torna
o número de interesses e problemas sociais, para os quais a
lógica psicológica é: não nos deixaremos envolver; não
permitiremos que isso nos violente. Não se trata de
indiferença: é uma recusa, uma constrição voluntária de
experiências que o eu comum pode se permitir. (Sennett,
1988, p. 378).

Sennett (1988) denuncia uma realidade ao revelar a preocupação


com situações que circunscrevem a vida cotidiana. Censura o comportamento
dos homens preocupados em investir em si mesmos, estabelecendo vínculos
transitórios e frágeis com aqueles com quem compartilham a vida social.

Da mesma maneira, Santos (1999) entende que no mundo


globalizado observa-se um capitalismo desorganizado, no qual o homem está
obcecado pela diferença procurando por distinção. Na modernidade, entende
que há duas linhas de construção da subjetividade que merecem destaque
especial: a tensão entre subjetividade individual e coletiva de um lado, e a
subjetividade contextual e universal de outro. “Na tensão entre subjetividade
individual e subjetividade coletiva, a prioridade é dada à subjetividade
individual, na tensão entre subjetividade contextual e subjetividade abstrata,
a prioridade é dada à subjetividade abstrata” (Santos, 1999, p.137).
A complexidade originária do mundo capitalista trouxe, como
conseqüência, problemas para a identidade. A busca por uma hegemonia
proposta e controlada pelo Estado, estimula uma identidade reduzida
porquanto genérica e abstrata. É de Santos a afirmação: “concluo assim que,
sob a igualdade do capitalismo, a modernidade deixou que as múltiplas
identidades e os respectivos contextos intersubjetivos que a habitavam fossem
reduzidos à lealdade terminal ao Estado, uma lealdade omnívora das
possíveis lealdades alternativas” (Santos, 1999, p. 142). Essas amarras
assinaladas por Santos configuram a subjetividade do homem moderno.

Santos propõe uma análise crítica em que estejam relacionados três


marcos da história da modernidade, a saber: subjetividade, cidadania e
emancipação. Para isso, percorre um trajeto em que, de um lado, está a
regulação e, de outro, a emancipação e analisa como esses
limites relacionam-se com a subjetividade.

O projeto de modernidade, para Santos, é caracterizado por um


equilíbrio entre regulação e emancipação, sendo o primeiro sustentado pelos
princípios de Estado (Hobbes), de mercado (Locke) e comunidade
(Rousseau), enquanto o pilar do segundo - emancipação - se dá pela
articulação entre três dimensões de racionalização e secularização da vida
coletiva: a racionalidade cognitivo-experimental da ciência e técnicas
modernas, a racionalidade estético-expressiva e a racionalidade moral-prática
do direito moderno. Na verdade, o autor entende que o equilíbrio pretendido
nunca foi alcançado, oscilando ora a favor de um (regulação), ora a favor de
outro (emancipação).

Para demonstrar melhor estas oscilações, Santos propõe uma


relação entre subjetividade e cidadania, entendendo que esta última é mais
restrita e, exemplifica essa distinção por meio da teoria liberal, na qual a
sociedade - enquanto sociedade civil - não exerce a cidadania pela
impossibilidade de participação política. Introduz, assim, uma nova questão: a
relação entre democracia e participação.

A sociedade liberal é caracterizada por uma tensão entre a


subjectividade dos agentes na sociedade civil e a
subjectividade monumental do Estado. O mecanismo
regulador dessa tensão é o princípio de cidadania que, por um
lado, limita os poderes do Estado e, por outro, universaliza e
igualiza as particularidades dos sujeitos, de modo a facilitar o
controle social de suas atividades e, consequentemente, a
regulação social. (Santos, 1999, p.240).

O resultado dessas tensões parece estar sempre a favor do Estado


e/ou sociedade, reduzindo as possibilidades de expressão da subjetividade
naquilo que, em essência, é sua característica: a singularidade. Outra relação
de tensão e, ainda mais complexa, é a relação entre cidadania e subjetividade.
Poder-se-ia argumentar que a subjetividade se amplia e se enriquece quando a
ela se lhe acrescenta o princípio de cidadania, onde direitos e deveres são
elementos constitutivos. Mas, a crítica de Santos é a de que essa mesma
subjetividade fica reduzida porque os deveres e direitos se apresentam de
forma abstrata e universal, tornando impossível articular igualdade (cidadania)
e diferença (subjetividade).“A igualdade da cidadania colide, assim, com a
diferença da subjectividade”. (Santos, 1999, p.240). Esse dilema está presente
em todo o percurso da modernidade. A superação dessa tensão só ocorrerá, se
a relação entre cidadania e subjetividade for sustentada pela emancipação
(Santos), representando uma conquista do indivíduo e de sua subjetividade.
A aspiração de autonomia,criatividade e reflexividade é
transmutada em privatismo, dessocialização e narcisismo, os
quais, acoplados à vertigem produtivista, servem para integrar,
como nunca, os indivíduos na compulsão
consumista. ...(fazendo com que a) (...) personalização dos
objetos transforme estes em características de personalidade
de quem os usa e, nessa medida, os objetos transitam da esfera
do ter a esfera do ser. (Santos, 1999, p.255-256)

Nesse processo, o cotidiano, meio no qual a intersubjetividade se


desenvolve e tem expressão, configura-se numa nova relação entre
subjetividade e cidadania, instituindo uma luta por um mundo e vida melhor,
onde os excessos de regulação e as opressões vivenciadas são os motivos das
ações e reações do homem.

A conquista por novos espaços de expressão e reconhecimento


social, em que a relação entre cidadania e subjetividade esteja assente na idéia
de emancipação, deve tomar como fundamento o princípio de comunidade de
Rousseau que, segundo Santos, articulava as idéias de obrigação política
horizontal entre cidadãos e a idéia de participação e solidariedade concreta,
emergindo daí uma nova cultura política e, “[...] em última instância, uma
nova qualidade de vida pessoal e coletiva assentes na autonomia e no auto-
governo..”. (Santos, 1999, p.263).

Para ampliar o debate, far-se-á uma incursão nos textos de Giddens


(1991) e Morin (1973). Para Giddens (1991), a comunidade sofreu uma
destruição, no que se refere às marcas deixadas pelo homem na constituição
da vida social. Embora os “lugares”, enquanto espaços apareçam cada vez
mais integrados, revelam-se territorialmente fragmentados, genéricos e
iguais. Há como que um “estranhamento”, onde o homem não se reconhece
como constituinte desse processo.
Na modernidade, outras transformações são observadas no âmbito das

relações interpessoais: “as rotinas que são estruturadas por sistemas abstratos têm um

caráter vazio, amoralizado – isto vale também para a idéia de que o impessoal

submerge cada vez mais o pessoal”. (Giddens, 1991 p. 122). A preocupação de Giddens

é a de mostrar não uma ruptura entre o pessoal e o social institucionalizado, mas

explicitar novas bases sobre as quais se desenvolve essa relação, onde situações tão

diferentes e localizadas estão diretamente interligadas. Nesse sentido, poder-se-ia dizer

que a intimidade e a impessoalidade adquirem um lugar de expressão comum, e espaço


único, indiferenciando-se enquanto especificidades.

Surge daí um questionamento: a busca da auto-identificação seria uma

forma de narcisismo ou uma maneira do homem resistir às pressões das instituições


modernas ?

Talvez, esse dilema possa ser melhor compreendido por meio da


exposição de Giddens sobre a fenomenologia da modernidade, que caracteriza
em

... quatro estruturas de vivência dialeticamente relacionadas:


deslocamento e reencaixe: intersecção de estranhamento e
familiaridade. Intimidade e impessoalidade: intersecção de confiança
pessoal e laços impessoais. Perícia e reapropriação: a intersecção de
sintomas abstratos e cognoscibilidade cotidiana. Privatismo e
engajamento: a intersecção entre aceitação pragmática e ativismo.
(Giddens, 1991, p. 140).

Esse é o movimento que caracteriza a vida cotidiana., onde as oscilações e

o direcionamento e redirecionamento respondem pela apreensão dos fenômenos

psicossociais, ao mesmo tempo em que a ambigüidade se mostra como elemento


constante.
[...] – o mundo que se transforma gradativamente da familiaridade do
lar e da vizinhança local para um tempo – espaço indefinido – não é
de modo algum um mundo puramente impessoal... Vivemos num
mundo povoado, não meramente um mundo de rostos anônimos,
vazios, e a interpolação de sistemas abstratos em nossas atividades é
intrínseco à sua realização. (Giddens, 1991 p.144)

Buscando diferenciar sua posição da de outros estudiosos, Giddens

denomina de modernidade radicalizada (MR) sua concepção, em oposição à pós-

modernidade (PM) e, sintetiza suas idéias afirmando sua convicção no poder do homem
em se apropriar da vida cotidiana, apesar das perdas que sofre. Acredita, ainda, em

processos ativos de auto-identificação, onde a ambigüidade é uma constante, expressa

nas relações de integração e dispersão, engajamento e pragmatismo, estranhamento e

familiaridade. Sugere também que a solidão e distanciamento do homem, como

apontado por outros estudiosos é resultado de uma percepção fatalista e desesperançosa

do mundo moderno, onde não se percebe que as transformações ocorridas oferecem


novas oportunidades combinadas, é claro, com limites e imposições.

Do ponto de vista psicológico, é melhor compartilhar da visão de Giddens,


pois vislumbra possibilidades no horizonte do mundo humano.

Neste momento, vale lembrar a percepção de Morin (1973 p.108) acerca do


homem: O homem histórico

“é” um ser de uma afetividade intensa e instável, que sorri, chora, um


ser ansioso e angustiado, um ser gozador, ébrio, extático, violento,
furioso, amante, um ser invadido pelo imaginário, um ser que conhece
a morte, mas que não pode acreditar nela, um ser que segrega o mito e
a magia, um ser possuído pelos espíritos e pelos deuses, um ser que se
alimenta de ilusões e de quimeras, um ser subjectivo cujas relações
com o mundo objectivo são sempre incertas, um ser sujeito ao êrro e à
vagabundagem , um ser úbrico que produz desordem. (Morin, 1973,
p.108).

Esse homem multifacetado e ambíguo, cuja flexibilidade é


responsável pela capacidade de reorganização da vida cotidiana, é dono de
uma plasticidade que sugere sempre novas expectativas, novos domínios,
novos “vir-a-ser”.

O ceticismo de Santos (1999), deve ser visto como uma


preocupação do homem moderno e não como constatação de imposição e
amarras apenas. Desconsiderar as questões que apresenta do mundo
globalizado seria assumir uma ignorância intencional, uma recusa prévia em
perceber a realidade como complexa e contraditória. Quando afirma a
prevalência da subjetividade individual e abstrata, o faz fundamentado nas
situações da realidade social que configuram o homem na pós-modernidade.
Mas, faz também uma proposição, denunciando os dilemas que deve ser
objeto de preocupação de todos. A superação desse dilema, exige:

[...] uma nova teoria da democracia que permita reconstruir o


conceito de cidadania, uma nova teoria da subjectividade que permita
reconstruir o conceito de sujeito e uma nova teoria da emancipação
que não seja mais que o efeito teórico das duas primeiras teorias na
transformação da prática social levada a cabo pelo campo social da
emancipação. (Santos, 1999, p. 270).

Assim, ao se tratar da subjetividade, deve-se ter em conta que a expressão

do homem na vida em sociedade requer uma análise e um projeto político, de forma que

a pessoa alcance projeção, garantindo seu espaço e reconhecimento social, entendendo


essa projeção como direito e privilégio de todos os seres humanos. Não é possível
compreender a subjetividade a não ser pela articulação entre sistema político

(participação e representação), autonomia (conhecimento e reflexão crítica) e cidadania


(igualdade de direitos e solidariedade).

Notas

* - Discente do 4º ano do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina-Pr.


End. Rua Paes Leme, 64, apto. 101, Londrina - PR - Email: carollaurenti@onda.com.br.
** - Docente do Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade
Estadual de Londrina- Pr. End. Rua Governador Valadares, 500 - CEP 86061-100 -

Londrina - PR. Email: mnfbarros@uol.com.br

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Subjetividade, individualidade, personalidade e


identidade: concepções a partir da psicologia histórico-
cultural*

Subjectivity, individuality, personality and identity:


conceptions from cultural-historical psychology

Subjetividad, individualidad, personalidad y identidad:


concepciones desde la psicología historico-cultural

Flávia Gonçalves da Silva

Psicóloga, Doutora em Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP Docente da


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, campus Diamantina E-
mail: flaviagonsalves@yahoo.com.br

RESUMO

O artigo tem por objetivo discutir como a subjetividade, individualidade,


personalidade e identidade são compreendidas a partir da psicologia histórico-
cultural. Por subjetividade entende-se o processo pelo qual algo se torna
constitutivo e pertencente ao indivíduo de modo singular. É o processo básico que
possibilita a construção do psiquismo. A individualidade se refere à herança
biológica do indivíduo, sendo a base (mas não apenas ela) para o desenvolvimento
da personalidade, que é o sistema psicológico integrado que possibilita a formação
do eu. A identidade é compreendida como metamorfose do eu, e foi elaborada
numa tentativa, no Brasil, de substituir o termo personalidade por, supostamente,
estar contaminado por correntes teóricas vinculadas a práticas reacionárias dentro
da psicologia.

Palavras-chave: subjetividade, individualidade, personalidade, identidade


ABSTRACT

The aim of this article is discuss how the historical-cultural psychological approach
understands the terms. Subjectivity is understood as the process in which
something become constitutive and belonged to individual in a singular form. It is
the basic process that allows building the psyche. Individuality refers to an
individual biological inheritance, one of the bases of the personality's development.
Personality is the entire psychological system that enable to individual formation.
Identity is comprehended as individual metamorphosis, and it was a Brazilian
elaboration in attempt to replace the term personality, because this term would be
contaminated by reactionary practices and theories produced inside psychological
science.

Keywords: subjectivity, individuality, personality, identity

RESUMEN

El articulo tiene el objetivo de discutir cómo la subjetividad, la individualidad, la


personalidad e identidad son comprendidas a partir de la Psicología Histórico-
Cultural. Como subjetividad se comprende el proceso por el cual algo llega a ser
constitutivo y pertenece al individuo e manera singular. És el proceso básico que
hace posibe la construcción del psiquismo. La individualidad hace referencia a la
herencia biológica del individuo, siendo la base (pero no solo ella) para el desarrollo
de la personalidad, que es el sistema psicologico integrado que hace posible la
formación del yo. La identidad e entiende como metamorfose del yo, y fue
elaborada em uma tentativa, en el Brasil, de substituir el término personalidad,
pues suponen que estea contaminado por corrientes teóricas com vínculos a las
practicas reaccionárias em psicología.

Palabras claves: subjetividad, individualidad, personalidad, identidad

Na psicologia, termos como subjetividade, individualidade, personalidade e


identidade são comumente usados seja para se referir ao objeto de estudo dessa
ciência, seja para designar processos e/ou resultados que compõem ou auxiliam na
compreensão do objeto da ciência psicológica.

Na psicologia histórico-cultural (para alguns a psicologia sócio-histórica), que tem


em seus fundamentos teórico-metodológicos as produções de Vigotski, Leontiev,
Luria e outros autores soviéticos, o objeto de estudo é a consciência, mas, para
compreendê-la, é necessário considerar os processos que a constituem e fazem
com que seja constituída. Entre estes estão a subjetividade, a individualidade, a
personalidade e a identidade.

Nas produções de autores brasileiros, que buscam na psicologia histórico-cultural


seus fundamentos, muitas vezes esses termos são utilizados como sinônimos ou
são descartados um em detrimento de outro sob a justificativa que um termo
retrata melhor a historicidade e a dinamicidade do psiquismo que outro.

Mas, afinal, o que vem a ser subjetividade, individualidade, personalidade e


identidade? São palavras diferentes que designam a mesma coisa? Ou são palavras
diferentes para processos diferentes?

Para responder parcialmente a essas questões, buscaram-se fundamentos teóricos


em Vigotski e Leontiev, que são os autores soviéticos mais conhecidos e estudados
no Brasil (assim como Luria) e que usualmente referendam as produções brasileiras
da vertente histórico-cultural.

Muitos psicólogos utilizam atualmente o termo subjetividade, mesmo aqueles que


buscam os pressupostos teórico-metodológicos na psicologia histórico-cultural, com
as mais diferentes definições, sem um consenso sobre o que se entende, de fato,
por ela.

Geralmente, subjetividade é entendida como aquilo que diz respeito ao indivíduo,


ao psiquismo ou a sua formação, ou seja, algo que é interno, numa relação
dialética com a objetividade, que se refere ao que é externo. É compreendida como
processo e resultado, algo que é amplo e que constitui a singularidade de cada
pessoa. A ideia de que a subjetividade é algo, mas sem definir claramente o que
vem a ser esse algo, é bastante recorrente, como podemos verificar na citação
abaixo:

O fenômeno psicológico deve ser entendido como construção no nível individual do


mundo simbólico que é social. O fenômeno deve ser visto como subjetividade,
concebida como algo que se constituiu na relação com o mundo material e social,
mundo este que só existe pela atividade humana. Subjetividade e objetividade se
constituem uma à outra sem se confundirem (Bock, 2004, p. 6)

Gonzalez Rey (2005) afirma que a subjetividade é a categoria-chave para a


compreensão do psiquismo, definindo-a como "um sistema complexo capaz de
expressar através dos sentidos subjetivos a diversidade de aspectos objetivos da
vida social que concorrem em sua formação" (p. 19). Em outro texto, o autor
afirma:

A subjetividade representa um macroconceito orientado à compreensão da psique


como sistema complexo, que de forma simultânea se apresenta como processo e
como organização. O macroconceito representa realidades que aparecem de
múltiplas formas, que em suas próprias dinâmicas modificam sua autorganização, o
que conduz de forma permanente a uma tensão entre os processos gerados pelo
sistema e suas formas de autorganização, as quais estão comprometidas de forma
permanente com todos os processos do sistema. A subjetividade coloca a definição
da psique num nível histórico-cultural, no qual as funções psíquicas são entendidas
como processos permanentes de significação e sentidos. O tema da subjetividade
nos conduz a colocar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que
ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade
individual. (Gonzalez Rey, 2001, p. 1)

Apesar das duas concepções acima destacarem a historicidade e o caráter dialético


da subjetividade em relação à objetividade, pressuposto já contido nas ideias de
Leontiev, é Gonzalez Rey que oferece uma definição mais clara do termo. No
entanto, tal definição apresenta algumas diferenças na concepção de subjetividade
defendida por Leontiev.
Segundo Leontiev (1978b), subjetividade refere-se ao processo pelo qual algo se
torna constitutivo e pertencente no indivíduo; ocorrendo de tal forma que esse
pertencimento se torna único, singular. Nas palavras do próprio autor: 1

A tese de que o reflexo psíquico da realidade é sua imagem subjetiva indica que a
imagem pertence ao sujeito real da vida. Mas o conceito de subjetividade da imagem no
sentido de seu pertencimento ao sujeito da vida, implica a indicação de sua atividade.
(p. 46)

Por isso, o conceito de subjetividade da imagem inclui o conceito de parcialidade do


sujeito. (...) Aliás, é muito importante destacar que essa parcialidade está
objetivamente determinada e que se expressa não na inadequação da imagem (ainda
que também possa expressar-se nela), mas em que esta permite penetrar ativamente
na realidade. Dito de outro modo, a subjetividade no nível do reflexo sensorial não deve
ser compreendida como um subjetivismo, mas como sua "subjetualidade", isto é, seu
pertencimento ao sujeito ativo (p. 46-47)2

A função de situar o homem na realidade objetiva e transformá-la é uma forma de


subjetividade. (p. 74)

Posto que se partirmos do pressuposto que as influências externas provocam


diretamente em nós, em nosso cérebro, a imagem subjetiva, imediatamente surge a
questão de como essa imagem parece existir fora de nós, fora de nossa subjetividade,
ou seja, nas coordenadas do mundo exterior. (p. 102)

Optou-se por colocar várias citações, mesmo que extensas, para melhor referendar
a posição aqui defendida em relação à subjetividade. Em todas elas, Leontiev
aponta que a subjetividade é o que permite a particularidade do indivíduo, seja nas
esferas constitutivas das funções psíquicas, da atividade, da consciência, seja nas
da própria personalidade.

O fato de a subjetividade referir-se àquilo que é único e singular do sujeito não


significa que sua gênese esteja no interior do indivíduo. A gênese dessa
parcialidade está justamente nas relações sociais do indivíduo, quando ele se
apropria (ou subjetiva) de tais relações de forma única (da mesma maneira ocorre
o processo de objetivação). Ou seja, o desenvolvimento da subjetividade ocorre
pelo intercâmbio contínuo entre o interno e o externo, relação essa que Vigotski
(1995) descreve quando se refere à gênese das funções psicológicas superiores. 3

Desse modo, subjetividade não é categoria-chave para a compreensão do


psiquismo, como afirma Gonzalez Rey, mas é um processo que deve ser
considerado na constituição do psiquismo, visto que ele não é o psiquismo em si.
Em síntese, subjetividade é o processo de tornar o que é universal singular, único,
isto é, de tornar o indivíduo pertencente ao gênero humano.

Antes de prosseguir, é importante esclarecer o que se entende por universal,


particular e singular ou os processos de universalidade, singularidade e
particularidade.

A universalidade refere-se às possibilidades construídas pelo gênero humano e que


podem ser apropriadas pelo indivíduo, o que permite aos homens produzirem seus
meios de satisfação das necessidades, apropriarem-se desses meios por eles
produzidos e do conhecimento decorrente dessa atividade, tornando-os órgãos de
sua individualidade, transformando-os em seu corpo inorgânico e em condição de
sua existência.
A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único na
ontogênese humana. A singularidade é produto da história das condições sociais e
materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza e com outros
homens. Conforme a complexificação dessas relações (que foram perdendo o
caráter eminentemente imediato para mediato), o indivíduo se distancia das
relações imediatas, apropria-se das mediações e objetiva outras. É por isso que o
homem só se individualiza, por meio da subjetividade, na relação com outros
homens. A forma como indivíduo percebe e representa a realidade possibilita a
construção e a atribuição de significado às suas apropriações e objetivações,
produzindo, a partir das relações sociais, sentidos a essas (o conteúdo sensível, o
significado e o sentido pessoal para Leontiev) de maneira única; é a sua
singularidade, que é construída pela mediação do particular entre o singular e o
universal.

A particularidade constitui as mediações que determinam a singularidade e a


universalidade e concretizada na singularidade. O indivíduo (singular) apropria-se
do corpo inorgânico e transforma-o numa possibilidade de se desenvolver
plenamente (universalidade). Cada sociedade oferece condições materiais
específicas para que os seus membros possam se desenvolver e essas condições se
referem à particularidade.

Ora, dado que a relação do homem com a espécie humana é, desde o início,
formada e mediatizada por categorias sociais (como trabalho, linguagem,
intercâmbio, etc.); dado que, por princípio, não pode ser "muda", mas se realiza
apenas em relações e vínculos que operam em nível da consciência; dado isso, tem
lugar no interior do gênero humano, que a princípio é também um ente que existe
apenas em-si, realizações parciais concretas que, no desenvolvimento da
consciência genérica, assumem o lugar desse em-si precisamente através de sua
parcialidade e particularidade concreta. Ou seja: a genericidade universal biológico-
natural do homem, que existe em-si e que deve continuar ineliminavelmente a
persistir como em-si, só se pode realizar como gênero humano na medida em que
os complexos sociais existentes, precisamente em sua parcialidade e
particularidade concreta, façam sempre com que o "mutismo" da essência genérica
seja superado pelos membros de tal sociedade, uma superação que os torne
conscientes, no quadro desse complexo, da sua genericidade enquanto membros
desse complexo. (Lukács, 1979, p.145)

As categorias singular-particular-universal não podem ser entendidas em si, mas


apenas na relação de uma com as outras. Não se pode perder de vista nenhuma
dessas categorias, nem utilizá-las de modo equivocado, apesar dos equívocos
ocorrerem em duas situações:

O primeiro refere-se à delimitação do que seriam os polos extremos da relação


singular-particular-universal. A categoria de "sociedade" é algo mais imediatamente
percebido do que a categoria de gênero humano. Nessa sequência de raciocínio
baseada na obviedade, na imediaticidade do que é perceptível, a relação indivíduo-
sociedade passa a ser relação a ser considerada nas análises, como se
correspondesse à relação singular-universal. Obviamente, como consequência
imediata dessa escolha, a categoria de gênero humano fica descartada. Como esse
processo é impulsionado pelo óbvio, esse descartar nem chega a ser percebido por
muitos. O segundo erro refere-se ao fato de que a realidade da categoria de
"indivíduo" e de "sociedade" é concebida como sendo aquilo que está sendo
manifestado, aquilo que se pode ver, medir, observar, de imediato. Como estamos
na sociedade de classes, os polos da relação indivíduo-sociedade se mostram
necessariamente antagônicos, já que este antagonismo é um reflexo das relações
sociais de produção que servem à subordinação e domínio - a sociedade de classes.
Nesse modo em que o raciocínio fica restrito ao imediatamente dado, às meras
manifestações fenomênicas, a vida do homem singular é vista como algo
contraposto à totalidade social. E as mediações sociais, que, na sociedade de
classes são alienantes e alienadoras são esquecidas nessa luta lógico-formal do
"ou...ou", isto é, de um lado o indivíduo e do outro lado a sociedade, como se esta
pudesse ser eliminada para que aquele pudesse concretizar-se. (Oliveira, 2001,
p.18)

Assim, a subjetividade enquanto processo de constituição do psiquismo possibilita


ao homem apropriar-se das produções da humanidade (universalidade), a partir de
determinadas condições de vida (particularidade), que constituem indivíduos únicos
(singularidades), mesmo quando compartilham a mesma particularidade.

Feita essa exposição, sigamos agora para a individualidade. O termo


individualidade, assim como subjetividade, refere-se ao indivíduo. Para Leontiev
(1978b), a constituição desse indivíduo ocorre por meio de elementos da filo e da
ontogênese, da integração e do desenvolvimento de características herdadas
geneticamente e adquiridas socialmente desde os primeiros dias de vida.

O indivíduo inteiro é um produto da evolução biológica cujo transcurso opera-se


não somente no processo de diferenciação dos órgãos e funções, mas também de
sua integração, de seu "ajuste" recíproco. (...) O indivíduo é antes de tudo uma
formação genotípica. Mas o indivíduo não é apenas isso, sua formação é contínua -
como é sabido - na ontogênese, durante o curso da vida. Por isso, na
caracterização das mesmas que se formam ontogeneticamente. (p. 136).

Características naturais (herdadas biologicamente) como constituição física, modo


de funcionamento do sistema nervoso, emoções, a dinâmica das necessidades
biológicas, pertencem ao indivíduo e vão se singularizando e diferenciando-se de
outros ao longo de seu desenvolvimento. Apesar da base inata, esses aspectos se
modificam nos e por meio dos processos de objetivação e apropriação da realidade
- e assim sendo pela atividade do indivíduo - sendo produtos da integração da
evolução biológica e ontológica, como Leontiev sinaliza acima.

A individualidade refere-se a essas características naturais que constituem todo o


indivíduo e que servem de base para o desenvolvimento da singularidade e do
psiquismo como um todo. Como podemos perceber acima, Leontiev não menciona
o termo individualidade, e não foi encontrado na obra Atividade, Consciência e
Personalidade nenhuma referência a ele. Nem mesmo nas obras de Vigotski esse
termo aparece (pelo menos não frequentemente como personalidade).

No Brasil, entre os estudiosos da teoria histórico-cultural, o termo individualidade


ganha maior notoriedade a partir do estudo de Duarte (1999), publicado na obra A
individualidade para-si. Nela, o autor busca compreender o que vem a ser a
individualidade a partir da ontologia marxiana compreendendo-a como o produto e
ao mesmo tempo o processo, da relação universalidade, particularidade e
singularidade, diferenciando a individualidade em-si como aquela que é
consequência de apropriações alienadas, e individualidade para-si, que se refere ao
indivíduo que consegue se apropriar das produções mais elaboradas do gênero
humano.

Em 2004, Duarte organiza uma coletânea de textos que versavam sobre a Crítica
ao fetichismo da individualidade, em que vários autores, inclusive Duarte, expõem
como na sociedade atual (capitalista) as explicações e responsabilidades para os
fatos contemporâneos recaem nas individualidades que são
fetichizadas,4desconsiderando as determinações históricas, sociais e a sociedade
dividida em classes sociais.
Nessa obra, a individualidade é entendida, de forma geral, como aquilo que se
refere à singularidade do indivíduo, sem qualquer distinção entre subjetividade e
personalidade. É importante destacar que não era objetivo do autor fazer tal
distinção, tampouco poderia ser sua preocupação, tendo em vista que tais
diferenciações se referem à psicologia e não à educação, objeto central das
investigações de Duarte.

No entanto, entende-se que no campo da psicologia a compreensão desses


diferentes processos/produtos não se refere ao mero preciosismo terminológico,
mas à precisão teórica necessária para uma rigorosa e coerente análise dos
fenômenos que se referem a ciência psicológica, no caso, de vertente histórico-
cultural.

Retomando as discussões feitas até o momento, subjetividade se refere ao


processo de apropriação da realidade objetiva, sendo processo básico para a
constituição e compreensão do psiquismo, enquanto a individualidade é a herança
biológica de toda pessoa, que é a base para o processo de subjetivação e
construção de todo o psiquismo.

Já a personalidade se refere à complexificação da individualidade de forma


superior, cuja base é a individualidade, sendo a gênese e o desenvolvimento
histórico-sociais "o tecido" que possibilita seu desenvolvimento (além da atividade e
da consciência, que são as outras categorias centrais, junto com a personalidade,
para a compreensão do psiquismo).

Dessa forma, não se nasce personalidade, chega-se a ser personalidade por meio
da socialização e da formação de uma endocultura, através da aquisição de hábitos,
atitudes e formas de utilização de instrumentos. A personalidade é um produto da
atividade social e suas formas poderão ser explicadas somente nestes termos.
(Leontiev, 2004, p. 129)

Martins (2001) afirma que a personalidade é uma objetivação da individualidade, a


sua expressão máxima, mais complexa. É um processo resultante da relação do
indivíduo com o mundo, tendo origem endopsíquica, que engloba as
particularidades das funções psicológicas superiores e do temperamento, e a
exopsíquica, que abarca as experiências vividas pelo indivíduo na sociedade. É claro
que há uma relação de interdependência do endopsiquismo e do exopsiquismo, já
que a gênese das funções psicológicas superiores é social, e a dimensão biológica
também determina o âmbito social;5 mas a gênese da personalidade, apesar da
dimensão biológica também ser dela constitutiva, é social.

A personalidade é um processo resultante de relações entre as condições objetivas


e subjetivas do indivíduo, que, inserido numa sociedade (e essa é a condição
fundamental), singulariza-se e diferencia-se ao ponto de ser único.

De acordo com Martins (ibid., p. 107) "em sua gênese, a personalidade resulta de
relações dialéticas entre fatores externos e internos sintetizados na atividade social
do indivíduo". Por fatores externos a autora entende as condições sociais
(materiais) do indivíduo, desde suas relações mais imediatas com outros indivíduos
àquelas que se estabelecem com o gênero humano. Os fatores internos (as
condições subjetivas) se referem à materialidade biológica e psicológica do
indivíduo, que se desenvolveram em decorrência da atividade social deste (ibid.).

Nesse sentido pode-se entender a personalidade tal como Séve (1979, p. 390)
propõe: "um sistema de processos" objetivos e subjetivos, resultado da luta entre
indivíduo e sociedade, em que o primeiro se diferencia do segundo a partir da sua
atividade e de seu modo de existência, marcada na contemporaneidade pela luta de
classes sociais.

A personalidade é um "produto da atividade individual condicionada pela totalidade


social" (Martins, 2001, p. 114). Dessa forma, é pela atividade do indivíduo que é
possível compreender a gênese e o desenvolvimento da personalidade, sendo a
unidade de análise psicológica do processo de personalização6 (Leontiev, 1978b e
Séve, 1979).

Leontiev (1978b) reafirma propositalmente, em várias partes de seu texto, a


exigência teórico-metodológica de ter a atividade como unidade de análise para a
compreensão da personalidade, pois

[...] não é possível obter nenhuma "estrutura da personalidade" a partir de uma


seleção de algumas peculiaridades psíquicas ou psicossociais do homem; a base
real da personalidade do homem não está em programas genéticos postos nele,
nem profundezas de seus dotes e inclinações inatas, tampouco nos hábitos,
conhecimentos e habilidades que adquire, incluídos os profissionais; mas no
sistema de atividades que cristaliza esses conhecimentos e habilidades. (...) ... é
preciso, a partir do desenvolvimento da atividade, de seus tipos e formas concretas
e dos vínculos que estabelecem entre eles, enquanto seu desenvolvimento modifica
radicalmente a significação dessas premissas. Consequentemente, a investigação
não deve estar orientada a partir dos hábitos, habilidades e conhecimentos
adquiridos nas atividades que os caracterizam, mas no conteúdo e nos vínculos das
atividades, na busca do como, mediante que processos se realizam e são possíveis.
(p. 145)

Se a atividade é a unidade de análise, torna-se patente o estudo do processo de


sua constituição, ou seja, é preciso conhecer quais são as necessidades, os motivos
e os fins que a engendram, além da relação hierárquica estabelecida entre as
atividades, o que implica identificar e analisar qual (ou quais) é a atividade principal
naquele momento da vida do indivíduo.

A necessidade é sempre necessidade de algo (seja de um objeto material ou ideal)


que foi produzida na atividade. Ao longo do desenvolvimento da atividade, as
relações (os vínculos) que o indivíduo vai estabelecendo entre necessidades e seu
objeto se dinamizam, de tal forma que se torna difícil conhecer qual é o objeto que
satisfaz aquela necessidade. Mas, para se entender a atividade, é preciso conhecer
essa necessidade, que se objetiva justamente nesse processo de descoberta do
objeto, e este (objeto) "descoberto" (que corresponde a uma necessidade) ganha a
função de estimular e orientar a atividade, ou seja, torna-se um motivo.

Assim, não há atividade sem motivo, que pode até ser desconhecido pelo próprio
indivíduo, mas que nesses casos encontra-se no reflexo psíquico como um tono
emocional, conferindo a positividade e/ou negatividade a satisfação das
necessidades. Logo, o estudo das emoções pressupõe o estudo da atividade. Sem
emoção, não haveria necessidade como elemento ativo na consciência, pois
também não existiria a motivação, a mobilização nem a regulação da atividade
(Leite, 1999). As reações emocionais têm sua materialidade nas funções cerebrais,
mas são condicionadas e reguladas pela experiência individual do homem.

[...] a emoção está relacionada à necessidade objetiva de suportar a situação que


se torna crítica aguentá-la, dominá-la, isto é, experimentar emocionalmente algo.
Logo, a emoção representa uma atividade emotiva de grande intensidade, que
contribui para a reorganização do mundo íntimo da personalidade e para a
consecução do equilíbrio necessário. (Petrovski et al, 1989, p. 370)
Leontiev ainda aponta que o desconhecimento do motivo pode ocorrer

[...] como resultado da divisão de funções dos motivos, que se opera durante o
desenvolvimento da atividade humana. Essa divisão ocorre porque a atividade se
torna necessariamente polimotivada, isto é, responde ao mesmo tempo a dois ou
vários motivos (1978b, p. 157).

No entanto, a tomada de consciência do motivo da atividade "surge somente no


nível da personalidade e que reproduz de forma constante durante o curso de seu
desenvolvimento" (ibid., p. 157). Isso porque os princípios gerais que orientam o
processo de desenvolvimento da personalidade são, justamente, "1) as
especificidades dos vínculos do indivíduo com o mundo; 2) o grau e organização da
hierarquia de atividades em relação aos motivos e 3) o grau de subordinação desta
organização à consciência sobre si e autoconsciência" (Martins, 2001, p. 149).

O primeiro princípio refere-se à relação entre os motivos, fins e necessidades da


atividade que o indivíduo engendra em seu modo de vida, especialmente a
qualidade desses vínculos (desde os aspectos quantitativos aos conteúdos desses
vínculos, que estão na dependência da atividade).

O segundo princípio, por referir-se à hierarquia das atividades em relação aos


motivos, implica o estudo da estrutura motivacional da personalidade. A
compreensão desses processos demanda a identificação daquelas atividades que
têm função predominante no desenvolvimento do indivíduo, ou seja, da atividade
principal. É a atividade principal a responsável pelas mudanças mais significativas
dos processos psíquicos e da personalidade.

A atividade principal tem por característica o fato de no seu interior se originarem


outros tipos de atividade; "é aquela na qual se formam ou se reorganizam os seus
processos psíquicos particulares" (Leontiev, 1978a, p. 293), mas não
exclusivamente nela; e é dessa atividade que dependem as mudanças psicológicas
fundamentais relacionadas à personalidade. Assim, podemos sintetizar a atividade
dominante como "aquela cujo desenvolvimento condiciona as principais mudanças
nos processos psíquicos (...) [do indivíduo] e as particularidades psicológicas da sua
personalidade num dado estádio de seu desenvolvimento" (ibid.).

Com o enriquecimento e a complexificação da atividade, ela pode entrar em


contradição com os motivos que a geraram, particularmente em determinados
períodos do desenvolvimento (Leontiev, 1978b). O distanciamento entre os motivos
e os fins da atividade principal modifica toda a relação hierárquica da atividade e,
consequentemente, da estrutura motivacional da personalidade, o que leva o
indivíduo às chamadas crises no seu desenvolvimento. Leontiev, em suas obras
publicadas em língua portuguesa e espanhola,7 não desenvolve estudo muito
aprofundado sobre esse tema, mas aponta que ele é largamente estudado na
psicologia evolutiva e se baseia, fundamentalmente, nas pesquisas de Vigotski
sobre o assunto.

De acordo com Vigotski (1996), as crises no desenvolvimento são marcadas,


fundamentalmente, por três peculiaridades, sendo a primeira o fato de não haver
uma idade definida para que elas ocorram e a dificuldade em identificar o início e
fim das crises. Outra peculiaridade é a diminuição no ritmo e rendimento do
indivíduo em relação a períodos de estabilidade no desenvolvimento, e a terceira se
refere ao que Vigotski denomina índole negativa do desenvolvimento, aspecto esse
mais importante do ponto de vista teórico, mas também o de maior dificuldade de
compreensão, segundo o próprio autor.
Para Vigotski, essa terceira peculiaridade implica a perda do que foi desenvolvido
anteriormente pelo indivíduo e que o caracterizava (naquela fase do
desenvolvimento), para que algo novo possa surgir. Na verdade

A criança mais perde o que conseguiu antes do que adquire algo novo. O advento
da idade crítica não se distingue pelo aparecimento de novos interesses, de novas
aspirações, de novas formas de atividade, de novas formas de vida interior. A
criança, ao entrar nos períodos de crises, se distingue melhor por traços contrários:
perde os interesses que antes orientavam toda sua atividade, que antes ocupava a
maior parte de seu tempo e atenção, e agora diria que estão vazias as formas de
suas relações externas, assim como sua vida interior. (1996, p. 257)

Isso significa que os motivos e os fins da atividade principal entram em conflito,


sendo necessária uma reorganização hierárquica da atividade. Um exemplo é a
crise dos três anos8 na qual o negativismo se evidencia quando a criança não tem
mais interesse em cumprir uma determinada ordem ou tarefa. Para Vigotski (1996)
a negação da criança não se refere ao conteúdo em si, mas à pessoa que a
solicitou, sendo uma forma de a criança mostrar para si e para outros sua
independência. Ou seja, o negativismo está "sempre relacionado com o fato de que
a criança motive seus atos não por conteúdo da própria situação, mas por suas
relações com outras pessoas" (ibid.). Na verdade, as crises se referem às relações
sociais da criança com os indivíduos que a rodeiam.

Mas, o autor ainda completa que por "trás de cada sintoma negativo se oculta um
conteúdo positivo que consiste, quase sempre, num passo de uma forma nova e
superior" (ibid., p. 259) no desenvolvimento. No caso da crise dos três anos, ela
possibilita melhor compreensão da realidade e principalmente de si, tanto que, em
geral, é nessa idade que a criança deixa de usar o próprio nome para referir a si
mesma e passa a utilizar a primeira pessoa do pronome pessoal.

Outro aspecto sobre as crises do desenvolvimento analisadas por Vigotski é


importante: todas elas não ocorrem, necessariamente, para todos os indivíduos. As
crises dependem do conteúdo da atividade e não da idade e do desenvolvimento
biológico do indivíduo. Como afirmou Leontiev (1978a, p. 296)

Na realidade, estas crises não acompanham inevitavelmente o desenvolvimento


psíquico. O que é inevitável não são as crises, mas as rupturas, os saltos
qualitativos no desenvolvimento. A crise, pelo contrário, é o sinal de uma ruptura,
de um salto que não foi efetuado no devido tempo. Pode perfeitamente não haver
crise se o desenvolvimento psíquico da criança se não efetuar espontaneamente,
mas como um processo racionalmente conduzido, de educação dirigida.

Importante ressaltar que os conflitos entre os fins e os motivos da atividade que


resultam na mudança da atividade principal do indivíduo ocorrem inúmeras vezes
até o fim da vida do indivíduo, sempre determinada pela sua história de vida e
pelas condições sócio-históricas de seu tempo. Só para exemplificar algumas
situações, o ingresso ou término de um curso superior, a mudança de emprego,
uma união (ou separação) conjugal, a maternidade (ou paternidade), podem ser
situações que alterem a estrutura motivacional do indivíduo e a hierarquia da sua
atividade, modificando não apenas seu modo de vida, mas também propiciando
desenvolvimento psicológico.9 Afinal, como bem pontuou Leontiev (1978b, p. 171):

As hierarquias dos motivos existem sempre, em todos os níveis do


desenvolvimento. São elas que criam as unidades relativamente autônomas da vida
da personalidade, que podem ser menores ou maiores, desunidas entre si ou entrar
em uma única esfera motivacional.
É importante salientar que desenvolvimento psicológico e cerebral (neuroanatômico
e neurofisiológico) não ocorrem apartados, e, tendo em vista esse aspecto, Vigotski
(1996, p. 258) afirma que

Os períodos de crises que se intercalam entre os estáveis, configuram os pontos


críticos, de virada no desenvolvimento, confirmando uma vez mais que o
desenvolvimento da criança é um processo dialético em que o passo de um estádio
a outro não se realiza por via evolutiva, mas revolucionária.

Após discorrermos sobre o segundo princípio para o desenvolvimento da


personalidade (a hierarquia da atividade e a estrutura motivacional do indivíduo)
falta discutir o terceiro apontado por Leontiev (1978b) e Martins (2001): a
autoconsciência.

Para Leontiev (1978b) e Martins (2001), a autoconsciência se refere ao fato de o


indivíduo poder refletir sobre sua existência enquanto ser social, pertencente ao
gênero humano, compreendendo as possibilidades e limites da genericidade.

Vigotski (1996), ao discutir a autoconsciência, o faz pensando não apenas no


âmbito da qualidade desta em face das possibilidades do gênero humano

O que continua a alterar após esse período é a funcionalidade cerebral (a


neurofiosiologia e a neuroquímica), como a quantidade e qualidade das sinapses, a
dinâmica de funcionamento de neurotransmissores, enfim, do metabolismo
neuronal como um todo. Esse fato se reflete em caso de pessoas que sofrem de
lesões cerebrais com alteração na anatomia cerebral: quanto mais jovem a pessoa,
em especial crianças, maiores são as probabilidades de reabilitação. Isso porque
até os dezessete, dezoito anos, tanto a neuroanatomia como a neurofisiologia e a
neuroquímica estão em processo de desenvolvimento; após a idade mencionada
apenas os aspectos referentes à funcionalidade cerebral continuam a se
desenvolver, o que dificulta a reabilitação. Luria e Leontiev desenvolveram muitos
trabalhos com pessoas que sofreram lesões cerebrais, principalmente durante a II
Guerra e fazem ampla discussão sobre o assunto, bem como a neurologia
contemporânea. Dessa forma, é inquestionável que o desenvolvimento
neuroanatômico implica desenvolvimento neurofisiológico e neuroquímico, mas, em
consonância com os pressupostos teórico-metodológicos aqui defendidos, essa
materialidade do psiquismo não se desenvolve de forma evolutiva, espontânea. É
determinada (e ao mesmo tempo determina) pelas e nas relações sociais que o
indivíduo estabelece com o mundo desde os primeiros momentos de sua vida, ou
seja, as relações sociais são as condições essenciais para que o desenvolvimento
cerebral ocorra.

e de um processo de humanização mais pleno para o indivíduo, mas também como


condição para que este se humanize. É nesse sentido que Vigotski (1996, p. 232)
afirma que

[...] a autoconsciência não é outra coisa que um certo momento no processo do


desenvolvimento do ser consciente, um momento inerente a todos os processos de
desenvolvimento em que a consciência começa a cumprir um papel mais ou menos
notável.

A autoconsciência é, para Vigotski (ibid.), o fato de o homem ter consciência de si


mesmo como indivíduo, de suas capacidades, limites e possibilidades, que é a
consciência sobre si, mas também de compreender-se na universalidade do gênero
humano, determinada historicamente. De acordo com o autor, a personalidade é
justamente
[...] a autoconsciência do homem que se forma justamente até então: o novo
comportamento do homem se transforma no comportamento para si, o homem
toma consciência de si mesmo como de uma determinada unidade (Ibid., p.231).

Como bem sintetizou Martins (2001, p. 147)

Entendemos que o nível de consciência sobre si fecha-se no âmbito da


individualidade em-si, da particularidade, enquanto o da autoconsciência, sem
preterir o primeiro, o supera, permitindo ao homem a efetivação de sua essência
enquanto um ser que trabalha, consciente, social, universal e livre.

Para Vigotski, tanto quanto para Leontiev (1978b), a personalidade não pode ser
desenvolvida, tampouco compreendida, independentemente dos elementos da
individualidade, das funções psíquicas, das emoções, sentimentos, da consciência e
do modo de vida do indivíduo.

Nessa perspectiva, a personalidade, para Vigotski (1996), é um sistema psicológico


integrado, indissolúvel e estável, mas de forma alguma estático. A personalidade
não poderia ser entendida de forma diferente, pois, como já foi sinalizado, há a
relação de interdependência de todas as esferas constitutivas do psiquismo (as
funções psíquicas, as emoções, os afetos, o inconsciente, a consciência) e é essa
justamente a lei geral do processo de constituição da personalidade. Mesmo para
os casos denominados "personalidades patológicas", Vigotski (ibid.) aponta que
essa lei geral de desenvolvimento também se aplica, afirmando que "as
enfermidades da personalidade se manifestam antes de tudo na transformação do
papel das diversas funções, da hierarquia de todo seu sistema" (ibid., p. 246).

Bratus (1990, p. 135), fundamentando-se nesse pressuposto defendido por


Vigotski, afirma que

[...] os mecanismos psicológicos são os mesmos para o desenvolvimento normal e


patológico, mas eles funcionam em condições diferentes, que resultam em
diferenças qualitativas e, à primeira vista, produtos finais incompatíveis.10

Mas, e a atividade, nesse processo? Vigotski desconsiderou-a ou a deixou em


segundo plano? A resposta é: de maneira alguma. É verdade que nas obras de
Vigotski, não encontramos com frequência menção à atividade, nem mesmo um
texto específico discorrendo sobre ela, como é o caso de Leontiev e a parte mais
substantiva de sua obra.

No entanto, entende-se que Vigotski tinha clareza da atividade como pressuposto


fundante do indivíduo, em consonância com a própria exigência epistemológica que
utilizava.

Vale ressaltar, ainda, que como bem apontou Duarte (2000, p. 164) Leontiev
ampliou a estrutura de análise proposta por Vigotski, "estabelecendo uma relação
entre a estrutura da atividade humana e a estrutura da consciência humana".
Leontiev (1978b) aponta que é necessário conhecer os elementos constitutivos da
consciência, algo que é possível, entre outros, por meio da apreensão do sentido e
significado por meio da linguagem. Segundo Lane (1984), a melhor forma de
compreender o indivíduo é investigar não só a linguagem e o pensamento, mas,
também, a atividade do sujeito, buscando apreendê-lo em sua totalidade, ou seja,
em sua indissolúvel relação com a realidade objetiva.

Outro aspecto importante abordado por Vigotski (1995) é a consciência que o


indivíduo deve ter de suas ações e atividade para ter melhor e maior controle de si,
como pode ser observado na análise do autor sobre o processo de escolha, que
denominou de livre arbítrio. Vigotski (1995, 1931, p. 289) afirma que

[...] o livre arbítrio não consiste em estar livre dos motivos, mas consiste na
tomada de consciência da criança da situação, tomada de consciência da
necessidade de escolher, qual é o motivo que se impõe, e que sua liberdade, neste
caso dado, como diz a definição filosófica, é uma necessidade gnosiológica.

A tomada de consciência da situação refere-se justamente à inserção da atividade


num determinado contexto e da necessidade de a criança conhecer os motivos
desta para optar por uma escolha. É possível afirmar que assim como para Leontiev
(1978b), para Vigotski o desenvolvimento da personalidade se refere ao
desenvolvimento da autoconsciência do individuo no sentido mais denotativo da
expressão, que implica um sistema psicológico integrado.

No entanto, esse processo só é possível e decorrente da atividade do indivíduo.


Nesse sentido, a teoria de personalidade vigotskiana, de um modo geral, é
compatível com a teoria desenvolvida por Leontiev, sendo que os dois primeiros
princípios para o desenvolvimento desse sistema psicológico, apontado por Martins
(2001) - as peculiaridades dos vínculos entre o indivíduo e a realidade e a
organização e hierarquia da atividade com os motivos -, são a base estrutural para
o desenvolvimento da terceira, a autoconsciência. Vale ressaltar que, apesar de os
dois primeiros serem base para o terceiro, cada um determina e é determinado
pelo outro, numa constante relação dialética. Posto isto, a afirmação de Leontiev
(1978b) de que a atividade é a unidade de análise para a apreensão da gênese e do
desenvolvimento da personalidade é patente.

De acordo com o exposto, é possível afirmar que se a personalidade é fragmentada


e alienada, com pouco desenvolvimento de suas possibilidades ante o gênero
humano, podemos caracterizá-la como uma personalidade em si alienada,
encerrada em atividades abstratas, desenvolvidas na cotidianidade11 do indivíduo.
Essa proposição vai na mesma direção da tese de individualidade desenvolvida por
Duarte (1999), em que defende que uma individualidade presa no cotidiano e com
poucas (ou com conteúdo qualitativamente inferior) apropriações e objetivações da
genericidade humana, é uma individualidade em si alienada.

Quando o indivíduo consegue romper com as esferas cotidianas de sua vida, ou


seja, com o conhecimento aparente da realidade, propicia (e ao mesmo tempo é
resultado) o desenvolvimento de uma individualidade para si, que lhe permite
conhecer as multideterminações de si e da realidade, tendo um corpo inorgânico
rico, o que o leva a ser livre e universal, ou seja, ao desenvolvimento da
autoconsciência, e, consequentemente, da personalidade para-si. No âmbito da
autoconsciência, esse processo se reflete, de acordo com Martins (2001), quando o
indivíduo tem uma relação consciente com os motivos e os fins de sua atividade na
relação com o gênero humano.

Assim, uma personalidade desenvolvida na direção das máximas possibilidades do


gênero humano, que tem nas atividades concretas o principal cerne para seu
desenvolvimento, é uma personalidade para-si, sendo também uma objetivação de
uma individualidade para-si.

É claro que numa sociedade que tem como modo de produção e organização o
capitalismo, as possibilidades para o desenvolvimento de uma individualidade e
personalidade para-si estão tolhidas, principalmente para a maioria das pessoas
que são desprovidas de condições materiais adequadas e necessários para o
desenvolvimento mais pleno do indivíduo. Mas, apesar de restritas, essas
possibilidades estão postas e é nelas e por elas que se devem planejar as ações,
seja de indivíduos como profissionais (nas mais diferentes áreas de atuação e do
saber) e/ou como militantes políticos.

A individualidade e a personalidade para-si podem ser, aparentemente, uma


exceção no capitalismo, mas Séve (1979) aponta numa hipótese extremamente
interessante, o quanto essa exceção pode ser, de fato, aparente. O autor faz essa
reflexão reportando-se à restrita existência de "gênios" na humanidade.

Não será já tempo de pôr termo à vacuidade teórica flagrante de uma certa
mitologia biológica do gênio, interrogando-nos sobre a existência dos grandes
homens, das personalidades que se realizaram, não seria a prova de que o estádio
de desenvolvimento alcançado pela sociedade torna regra geral, possível esta
autorrealização, e, se, por consequência, o fato de a enorme massa dos indivíduos
permanecerem embotados não advirá de que estes são impedidos de se
desenvolverem, ao mesmo tempo que tal é permitido a outros, devido às relações
sociais desumanas, no sentido histórico concreto do termo, que anulam, no que
lhes respeita, as possibilidades de um desenvolvimento integral implicadas pelo
nível geral das forças produtivas e da civilização? Os grandes homens, exceções de
uma época na exata medida em que a imensa maioria dos outros homens é
embotada pelas condições sociais, não seria, num certo sentido, os homens
normais dessa épica, e não seria, precisamente, a regra comum do embotamento a
exceção que seria necessário explicar? (p. 284)

Sendo regra ou exceção, a constituição de uma personalidade mais plenamente


desenvolvida será decorrente de um conjunto de atividades, com relações entre os
motivos e os fins distintos, mas não divergentes, que correspondam a necessidades
humanas, que propiciará o desenvolvimento de uma consciência que possibilite ao
indivíduo apreender as determinações não só aparentes, mas fundamentalmente
concretas da realidade. Isso só será possível por meio da subjetividade, processo
constitutivo de todo o psiquismo, que tem como base material, além das condições
objetivas de vida do sujeito, a individualidade deste, que se constitui pela herança
genética e características biológicas, que vão ganhando singularidade ao longo do
processo de desenvolvimento, até se complexificar em personalidade, que
incorpora, por superação, a individualidade.

O último termo proposto para análise neste artigo é de identidade, uma categoria
elaborada teoricamente por Antonio da Costa Ciampa na década de 1980. Ciampa
fazia parte do grupo de pesquisas e estudo coordenado por Silvia Lane, no
Programa de Estudos Pós-Graduados da PUC-SP, na época, um dos principais
centros de pesquisa em psicologia social no Brasil e de estudos dos autores
soviéticos, especialmente Leontiev e Vigotski.

A década de 1980 foi um dos principais períodos na psicologia brasileira de


contestação das abordagens burguesas na psicologia, que não consideravam as
necessidades e peculiaridades sociais e históricas da sociedade brasileira (Carone,
2007). O grupo coordenado por Lane buscava acompanhar e elaborar teorias
psicológicas que fossem críticas à realidade social, e parte desse grupo, inclusive
Lane, encontrou nas obras de Leontiev e Vigotski caminhos para a almejada
criticidade, especialmente por estes autores usarem como fundamento a
epistemologia marxista.

De Leontiev, Lane e parte do grupo se apropriaram das categorias atividade e


consciência, expostas na obra Atividade, Consciência e Personalidade. No entanto,
a categoria personalidade foi deixada de lado por esse grupo por, naquele
momento, entenderem que o termo personalidade estava muito atrelado a
concepções burguesas, mecanicistas e a-históricas do psiquismo, que
individualizam em demasia as formações psíquicas, privilegiando a formação do eu
como algo que emanava do próprio indivíduo, mesmo com as interferências do
meio social.

Esse grupo buscava uma compreensão de eu histórica e socialmente determinada,


que se modificava com as alterações do meio social em que o individuo estava
inserido, e que não fosse estático ou pouco dinâmico, como as teorias psicológicas
da época postulavam.

Por essa compreensão, e pelo fato de a personalidade ser um termo tão caro à
psicologia, Ciampa, orientando de Lane, elabora a categoria identidade como
substituto à personalidade, mas que explicava (e explica) a constituição do eu de
forma dinâmica, numa abordagem psicológica mais crítica.

A partir da publicação do livro A estória do Severino e a história da Severina de


Ciampa, em 1987, quase todos os estudos voltados para a constituição do "eu"
coordenados por Lane, em seu grupo conhecido como aquele que estudava a
psicologia sócio-histórica, adotaram a categoria identidade.

Dentro das epistemologias críticas, Ciampa não usou os fundamentos marxistas na


sua elaboração teórica. De Marx, Ciampa (1987) usa a compreensão de atividade,
no sentido de atividade vital - trabalho - que promoveu o desenvolvimento da
humanidade e é o núcleo do capitalismo, por meio da exploração do trabalho. As
bases epistemológicas da categoria identidade estão especialmente em Habermas,
mas também a menções a Hegel, Bosi e Stanislaviski.

Para Ciampa (ibid.) identidade é metamorfose, um processo de constituição do eu


que promove constantes mudanças pelas condições sociais e de vida que o
indivíduo está inserido. Nas palavras de Ciampa (ibid., pp. 241-242)

[...] identidade é identidade de pensar e ser (...). O conteúdo que surgirá dessa
metamorfose deve subordinar-se ao interesse da razão e decorrer da interpretação
que façamos do que merece ser vivido. Isso é busca de significado, é invenção de
sentido. É autoprodução do homem. É vida.

No processo de constituição da identidade, os papéis que o indivíduo assume ao


longo de sua vida fazem parte de sua construção, partindo de uma identidade
pressuposta (o que o outro ou a própria pessoa idealizava em relação ao
desempenho daquele papel), a vivida e a que será vivida enquanto projeto de vida.
Assim, a identidade é posta e reposta continuamente, pois o indivíduo vivencia ao
mesmo tempo vários papéis, o que o torna um personagem da vida, que sempre se
metamorfoseia de acordo com as condições históricas e sociais a que está
submetido (ibid.).

Em cada momento da minha existência, embora eu seja uma totalidade, manifesta-


se uma parte de mim como desdobramento das múltiplas determinações a que
estou sujeito. Quando estou frente a meu filho, relaciono-me como pai; com meu
pai, como filho; nunca compareço frente aos outros apenas como portador de um
único papel, mas como uma personagem (chamada por um nome, Fulano, ou por
papel, o Papai, etc), como uma totalidade ... parcial. O mesmo pode ser dito de
meu filho e de meu pai (ibid., p. 170)

O autor, além da categoria atividade (entendida na verdade como trabalho),


também utiliza a categoria consciência, pois, o método para o estudo da identidade
foi a narrativa, em que só se tem acesso a elementos que são conscientes, que
para Ciampa (1987) se refere à dimensão dos sentidos e significados. Deixando de
lado as concepções que Vigotski e Leontiev apresentaram em suas obras sobre
sentidos e significados, Ciampa buscou a teoria de Habermas, especialmente sua
elaboração teórica do agir comunicativo, para explicar como esses conteúdos
participavam da formação da identidade.

A partir de Habermas, Ciampa (ibid., p. 212) afirma que "a reprodução da vida
precisa ser mediatizada pela interpretação do que merece ser vivido, sob as
condições dadas", sendo um dos elementos básicos para compreender o agir
comunicativo. Ciampa ainda prossegue afirmando que

[...] a despeito de diferentes pontos de partida sobre como a humanidade garantiu


seu desenvolvimento - esquematicamente, o trabalho ou a socialização (dinâmica
pulsional) -, há como que um princípio norteador levando a espécie a se elevar
acima da existência animal, ou seja, pode-se perceber, através dos dois
pensamentos comparados [de Marx e Freud], um movimento progressivo de
humanização do homem, graças a um sistema de autoconservação da espécie
(sociedade ou cultura), que no fundo é traduzível pelo interesse da razão. (p. 209)

O interesse da razão em garantir a autoconservação da espécie humana se explica


porque a reprodução é mediatizada pela interpretação do que merece ser vivido, e
esse merecer está vinculado à autoconservação e determinado pelas condições de
vida do indivíduo.

O autor, nos seus estudos, trabalhou com processos de metamorfoses de


identidade que eram conscientes para o indivíduo, mas não descartou a
possibilidade de muitos conteúdos envolvidos na metamorfose estarem no
inconsciente, o que exigiria uma "interpretação das profundezas". Sobre esse
aspecto, Ciampa (ibid., p. 195) afirma que a

[...] narrativa autobiográfica analisada ficou praticamente restrita às


representações conscientes, o que significa que a psicanálise (com seus
desenvolvimentos) não possa ser utilizada no estudo da identidade; pelo contrário.
Especialmente uma psicanálise livre dos perigos do mecanicismo, do a-historicismo
(e de certo positivismo) tem muito a contribuir.

Essa possibilidade de aceitar as contribuições da psicanálise, nas condições acima


apontadas, explica-se por Habermas ver nessa teoria uma forma de explicar alguns
elementos referentes ao psiquismo. No entanto, as condições exigidas por Ciampa
em relação à psicanálise não são possíveis sem que a psicanálise deixe de ser ela
mesma. O núcleo teórico da psicanálise, de qualquer vertente, é o inconsciente
constituído por impulsos libidinais. São esses impulsos que determinam a vida
psíquica do indivíduo, a partir de interferências do meio social.

Há ainda outros elementos contraditórios da categoria identidade que foram


identificados por Castro (2009),12como o idealismo hegeliano e algumas concepções
da fenomenologia, especialmente se considerarmos as colocações de Marx e a
intenção de dar à identidade um caráter material. No entanto, aventa-se que os
objetivos de Ciampa não eram construir uma teoria marxista, mas crítica à
realidade social brasileira em face das demandas possível de serem atendidas pela
psicologia.

Como afirma Carone (2007, p. 63)

[...] o programa de Psicologia Social, sob a batuta de Sílvia Lane, estava muito
mais preocupado com as mudanças de conteúdo da Psicologia Social e suas
decorrências metodológicas, ou seja, com mudanças ontológicas, epistemológicas e
políticas, do que com mudanças formais na grade curricular. Além disso, não havia
uma indicação expressa em buscar no marxismo o solo privilegiado para dar a
grande guinada ontológica, mesmo porque a obra clássica de Marx (Marx, 1978)
não comportava e não expunha nenhuma teoria psicológica, embora fosse baseada
numa antropologia crítica e filosófica do trabalho alienado.

Essa afirmação explica o fato de Carone ter buscado na teoria crítica da escola de
Frankfurt os fundamentos para compreender a psicologia, e Ciampa, em Habermas,
os fundamentos para a categoria identidade. Vale frisar que ambas fazem parte do
conjunto de teorias críticas da psicologia em geral e da psicologia social em
específico. No entanto, não podemos denominar essas teorias legitimamente
marxistas, como se pretende na teoria histórico-cultural e naqueles que a
denominam sócio-histórica.

Mas é notório o fato de a categoria identidade ser usualmente utilizada em conjunto


com as categorias atividade e consciência nos estudos de autores brasileiros da
psicologia que buscam nas bases marxistas a compreensão de sociedade e de
homem, inclusive na sua dimensão psicológica, utilizando os trabalhos de Vigotski,
Luria e Leontiev.

É comum esses autores que utilizam as categorias atividade, consciência (na


concepção dos autores soviéticos) e identidade denominarem seus estudos
psicologia sócio-histórica, que, em sua origem, tinha um sério comprometimento
não apenas em construir uma psicologia crítica, mas uma psicologia crítica e
marxista.

Tendo em vista as bases epistemológicas, não é possível conciliar teorias tão


diversas, que partem de concepções de mundo radicalmente opostas, como é o
caso da psicanálise (que tem algumas influências em Habermas) e da teoria
desenvolvida pelos autores soviéticos já mencionados. A própria proposição de
Ciampa de tirar da psicanálise o positivismo, mecanicismo e a-historicismo é
impossível, sem descaracterizar a própria psicanálise. Em 1927, Vigotski, ao
discorrer sobre a crise da psicologia de sua época, afirmava, de modo bastante
pertinente, que

[...] o procedimento de associar ideias alheias se assemelha a um tratado de


aliança entre dois países, mediante o qual nenhum dos dois perde sua
independência, mas concordam em atuar conjuntamente, partindo da comunidade
de interesses. Este procedimento é o que ocorre quando se quer associar o
marxismo e a psicologia freudiana. Neste caso, se utiliza o método que por analogia
com a geometria poderíamos denominar "método de sobreposição lógica de
conceitos". Define o sistema marxista como monista, materialista, dialético, etc.
Depois se estabelece o monismo, o materialismo, etc do sistema freudiano; ao
sobreposicionar os conceitos, estes coincidem e se declaram unidos no sistema.
Mediante um procedimento elementar se eliminam as contradições bruscas, que
saltam aos olhos, excluindo-as simplesmente do sistema, as consideras
exageradas, etc. Assim é como se dessexualiza o freudismo, porque o
pansexualismo não concorda em modo algum com a filosofia de Marx. "Bem", nos
dizem, "admitimos o freudismo sem os postulados da sexualidade". Mas ocorre que
esses postulados precisamente constituem o nervo, a alma, o centro de todo o
sistema. Cabe aceitar um sistema sem o seu centro? Porque a psicologia freudiana
sem o postulado da natureza sexual do inconsciente é o mesmo que o cristianismo
sem Cristo, o budismo com Alá (Vigotski, 1991, p. 296-297).
Assim, compreende-se que para se ter coerência epistemológica no campo da
psicologia, é necessário utilizar as categorias atividade, consciência e personalidade
(na compreensão aqui exposta), sendo incoerente substituir a personalidade por
identidade, se atividade e consciência forem entendidas em bases legitimamente
marxistas, tal como Leontiev e demais autores soviéticos propõem (Bratus,
Zeigarnik, Davidov, entre tantos outros).

Entende-se que quando a categoria identidade foi elaborada, e até meados da


década de 1990, o uso dela em conjunto com atividade e consciência era plausível,
tendo em vista o precário acesso às obras dos autores soviéticos, pela necessidade
de romper com uma psicologia a-histórica e acrítica, e do início de estudos com
uma teoria que era nova no cenário da psicologia brasileira. No entanto, após a
metade da década de 1990, várias obras dos autores soviéticos foram traduzidas
para a língua portuguesa além de uma série de obras em língua espanhola que
passaram a ser mais acessíveis aos pesquisadores brasileiros.13 É estranho que
mesmo após quinze anos de acesso a essa literatura, ainda persistem trabalhos que
tentam conciliar o que é inconciliável.

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* Texto extraído parcialmente da tese de doutoramento, defendida no Programa de


Estudos Pós-Graduados da PUC-SP, com financiamento do CNPq e CAPES.
1 Todos os trechos em que a palavra subjetividade aparece na obra Actividad,
consciencia e personalidad foram transcritos no presente texto e traduzidos pela
autora.
2 As traduções de todas as citações são de responsabilidade nossa.
3 "Todas as funções psíquicas superiores estão relacionadas com a interiorização da
ordem social, que são o fundamento da estrutura social da personalidade. Sua
composição, estrutura genética e modo de ação, em uma palavra, toda a sua
natureza é social; inclusive ao converter-se em processos psíquicos continuam
sendo quase sociais" (Vigotski, 1995, p. 151).
4 O termo fetichismo refere-se a atribuir a objetos materiais características que
foram construídas socialmente, mas são percebidas como naturais. Objetos
fetichizados são aqueles aos quais são conferidos força e poderes como algo natural
deles, mas que não correspondem efetivamente à realidade concreta.
5 A premissa marxiana "que as circunstâncias fazem os homens tanto como os
homens fazem as circunstâncias" (Marx e Engels, 1984, p. 49) perpassa toda a
compreensão das categorias atividade, consciência e personalidade.
6 É fundamentalmente nesse ponto (da atividade como unidade de análise) que há
divergências entre os estudos desenvolvidos por Leontiev - e seus colaboradores e
seguidores - com outros autores soviéticos como Bozhovich. Dos autores
ocidentais, Van der Veer e Valsiner (1996) e Gonzalez Rey (1995) são os mais
conhecidos no Brasil que questionam a "demasiada" importância dada por Leontiev
à função da atividade no desenvolvimento da consciência e da personalidade.
Duarte (2000) traz alguns argumentos em defesa da complementariedade dos
estudos de Vigotski e Leontiev, mas ainda é necessário no Brasil pesquisas que
contestem as posições defendidas por Gonzalez Rey e Van der Veer e Valsiner,
entre outros.
7 Desenvolvimento do psiquismo e Actividad, consciencia y personalidad.
8 Vigotski, (1996/1932) descreve e analisa seis crises ao longo do desenvolvimento
do indivíduo: a crise pós-natal (primeiro ano de vida), a crise de um ano (infância
precoce), a crise dos três anos (idade pré-escolar), crise dos sete anos (idade
escolar), crise dos treze anos (puberdade) e crise dos dezessete anos (idade
adulta).
9 Vigotski tinha clareza da continuidade das crises no desenvolvimento, mesmo
após a última por ele descrita. Nossa hipótese para a descrição e análise de
Vigotski, como de alguns outros autores, até a adolescência ou puberdade (entre
14 e 18 anos) é por ser nesse período que o desenvolvimento da estrutura cerebral
(a neuroanatomia) se completa (como o volume e o tamanho dos córtices).
10 Todo o estudo do autor, na obra aqui utilizada, é voltado para a hipótese que
nos indivíduos que sofrem de alguma enfermidade da personalidade há uma
significativa alteração na estrutura motivacional e, consequentemente, na relação
dos motivos, fins e necessidades. A partir disso, Bratus (1990) faz vários estudos
sobre as "anomalias da personalidade" pesquisando pessoas que sofrem de
epilepsia e dependência química. Zeigarnik (1981) também fez estudo sobre
psicopatologia a partir dessa premissa.
11 Por cotidianidade entende-se, de acordo com Heller (1972), que é a vida do
indivíduo inserido historicamente em uma sociedade, ou seja, as formas como
esses indivíduos singulares agem no mundo. As ações cotidianas não são sinônimas
de ações diárias, mas são aquelas que se referem à reprodução da sociedade,
enquanto as ações não cotidianas são aquelas que são a reprodução do indivíduo.
12 O autor, nesse artigo, faz uma crítica ao modo como Codo, Lane e demais do
grupo denominado sócio-histórica compreendem o psiquismo, partindo das
concepções "mecanicistas" de Leontiev e idealistas da categoria identidade e
consciência, que para ele é entendida como representação. Apesar da pertinência
da crítica, avalia-se que a forma como autor avaliou a obra de Leontiev foi
equivocada, especialmente pela leitura tendenciosa feita a partir de críticos já
bastante conhecidos do autor russo. No entanto, esse assunto não cabe no
presente artigo.
13 Almeida (2008) traz em sua tese de doutoramento uma lista de obras de
autores soviéticos que fazem parte do acervo de algumas bibliotecas de
universidades públicas brasileiras. Muitas dessas obras são referências importantes
para uma melhor compreensão da produção soviética e da busca por uma
compreensão do psiquismo com bases no marxismo.

O OLHAR DA PSICOLOGIA

DOMINGO, 1 DE JUNHO DE 2008

A identidade em crise

Cada pessoa tem a sua própria identidade, que é diferente da de todos os outros seres
humanos, por isso, dizemos que cada pessoa é única e irrepetível, ou seja, possui
características próprias que a distinguem de todas as outras pessoas. Podemos também
afirmar que o conceito de identidade está fundamentalmente relacionado com a história de vida
de cada pessoa, com as características da sua personalidade, os seus sonhos, etc.
Deve ter-se em conta que o processo de construção de identidade é contínuo e só termina
aquando à morte pois, nesse momento, deixamos de ser uma pessoa com um projecto de vida,
com sonhos ou ambições. Ao longo deste processo podemos deparar-nos com situações que
nos superam e termos aquilo a que se chama uma “crise de identidade”.
Certamente, todos nós, alunos do 12º ano, estamos a passar uma fase de grande pressão,
porque chegamos àquele momento em que temos finalmente de tomar uma decisão acerca do
curso que pretendemos seguir e da profissão que iremos ter, pois bem, esta etapa da nossa
vida pode levar-nos a colocar algumas questões a nós próprios tais como “afinal quem sou
eu?”, “andei tantos anos a estudar e agora não consigo encontrar um curso adequado para
mim!” Estas perguntas que teimam em existir constantemente no nosso pensamento pode
causar-nos uma crise de identidade. Esta situação provoca-nos uma sensação de angústia,
tristeza e até mesmo de desespero.
A crise de identidade deve-se, principalmente, a dois factores: a exigência social e a
insegurança pessoal. Relativamente à exigência social, podemos dizer que ela revela grande
importância pois todos nós queremos ter uma profissão digna, respeitada e imprescindível para
a sociedade e, sobretudo, bem remunerada pois hoje em dia não nos podemos dar ao luxo de
tomar uma decisão baseada apenas no nosso desejo. Por outro lado, coloca-se a questão da
insegurança pessoal pois, apesar de o dinheiro ser extremamente importante, a nossa
realização pessoal também o é.
Resta apenas referir que este é apenas um dos muitos exemplos que nos podem levar a uma
crise de identidade pois são inúmeros os factores que contribuem para tal. Estamos numa
idade em que qualquer problema que surja é, para nós, considerado o fim do mundo!

Bibliografia:

Identidade

A identidade é um conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma determinada pessoa.


Alguns elementos definem aspectos da nossa identidade, daquilo que somos e que nos
distingue dos outros: o lugar onde nascemos e onde vivemos e a data do nosso nascimento
situam-nos no espaço e no tempo; o nome dos nossos pais define a nossa pertença familiar
indicando a nossa ascendência directa. Outros dados reportam-se ao nosso corpo: a nossa
cara é única, inconfundível e a impressão digital distingue-nos de outros milhares de milhões
de seres humanos.
A identidade depende da diferenciação que fazemos entre o “eu” e o “outro”. Passamos a ser
alguém quando descobrimos o outro porque, desta forma, adquirimos termos de comparação
que permitem o destaque das características próprias de cada um.
Já ouvimos falar muitas vezes da crise de identidade. Esta, de facto, acontece e,
principalmente, na adolescência quando o sentido de identidade está sujeito a uma certa
tensão.
Este conceito supera a compreensão do homem enquanto conjunto de valores, de habilidades,
atitudes… pois compreende todos estes aspectos integrados e busca captar a singularidade do
indivíduo, produzida no confronto com o outro.
A identidade pessoal é, portanto, o conjunto das percepções, sentimentos e representações
que uma pessoa tem de si própria, que lhe permitem reconhecer e ser reconhecido
socialmente. Este processo constrói-se ao longo do tempo, actualiza-se permanentemente até
à morte.
Psicologia, identidade e personalidade
3 de janeiro de 2016 PRM Psicologia

Qual a diferença entre identidade e personalidade? Ou são sinônimos?


É comum ouvirmos a expressão: “Fulano tem pouca personalidade”.
A personalidade é medida em quantidade?
Não.
Iniciemos nossa análise com alguns pensamentos iniciais sobre
personalidade.
O termo “personalidade” deriva do latim persona, que designava as
máscaras usadas no teatro e também pode significar aparência.
Porém é preciso entender e não confundir “personalidade” com “papel
social”.
Personalidade tem a haver com nosso “eu” verdadeiro (mas sem ser
sinônimo) e “papel social” com o que desempenhamos em público.
Personalidade também não é a imagem que fazemos de nós com base em
nossa vaidade. Isto é um “eu idealizado”.

Enfim, personalidade é…
Uma organização dinâmica de partes interligadas, que vão evoluindo do
recém-nascido biológico até o adulto biopsicossocial, em um ambiente de
outros indivíduos e produtos culturais.

O conjunto de nossos modos de ser, especialmente para com as


outras pessoas e que resulta das experiências e influências que recebemos
durante toda a nossa vida.
A personalidade de um indivíduo é composta de “todas” as suas qualidades
(ou traços de personalidade) são abstraídas de seu comportamento.

Identidade e Personalidade
Identidade: é pessoal e social, acontece de forma interativa entre o
indivíduo e o meio em que está inserido.
Não deve ser vista como algo estável e imutável, como se fosse uma
armadura para a personalidade, mas como algo em constante movimento.
Pela identidade nos apresentamos ao mundo.
Personalidade: nela estão todas as nossas qualidades e essas qualidades
são expressas ao mundo através de nossa identidade.

Exemplificando Identidade e Personalidade

U m adolescente com aspecto rebelde e agressivo, porém é


extremamente caridoso e pratica a filantropia.
Este jovem apresenta uma identidade de rebeldia e suposta agressividade.
Este mesmo jovem tem traços de personalidade humanitários.

Por que a dissonância entre Identidade e Personalidade


pode ocorrer?
Porque o ser humano é submetido a pressões externas e internas
excessivamente fortes e isso pode afastá-lo de seu auto crescimento e
dirigir seu desenvolvimento para outras direções.
As fortes pressões do meio podem criar sérios bloqueios ao crescimento da
personalidade.
Baseado no livro “Psicologia Moderna” de Antônio Xavier Teles
IDENTIDADE: TERRITÓRIOS EXISTENCIAIS

PSICOLOGIA
Definição do conceito de identidade, o que é subjetividade, subjetividade
humana, a formação de identidade,
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O conceito de identidade pode ser definido como um conjunto de aspectos


individuais que caracteriza uma pessoa. No entanto, entendemos identidade como
plural, constituída a partir das relações sociais, o que tem caráter de
metamorfose, por compreender o processo de permanente mudança que os
encontros nos possibilitam.

A psicologia como estudo científico da subjetividade humana nos propõe


investigar modos de subjetivação no que consiste à produção de sujeitos
diferenciados (FREIRE, 2003). A identidade é um continuo processo de
construção da subjetividade.

A subjetividade é um sistema complexo de significações e sentidos subjetivos


produzidos na vida cultural humana, e ela se define ontologicamente como
diferente dos elementos sociais, biológicos, ecológicos e de qualquer outro tipo,
relacionados entre si no complexo processo de seu desenvolvimento. Temos
definido dois momentos essenciais na constituição da subjetividade – individual
e social -, os quais se pressupõem de forma recíproca ao longo do
desenvolvimento. A subjetividade individual é determinada socialmente, mas não
por um determinismo linear externo, do social ao subjetivo, e sim em um
processo de constituição que integra de forma simultânea as subjetividades social
e individual. O individuo é um elemento constituinte da subjetividade social e,
simultaneamente, se constitui nela (GONZÁLEZ REY, 2002, p. 36-37).

É importante frisar que, não obstante a distinção, os aspectos individuais e


sociais da subjetividade estão necessariamente no mesmo plano, isto é, não se
separam a não ser para fins didáticos, o que não deixa de ser um grave equívoco,
na medida em que produz uma determinada maneira de conceber a subjetividade
a partir de uma dicotomia inexistente.

Segundo Ciampa, a identidade se produz em constante transformação, o que


sugere pensar nas mudanças que a vida nos reserva. Porém, a identidade é
comumente apresentada como algo estático, o que camufla seu caráter sempre
flexível, mutável, provisório, o que corresponde às mudanças contínuas ocorridas
tanto no plano das relações sociais, do desenvolvimento tecnológico e das
articulações da história de vida pessoal com o funcionamento da sociedade, seus
equipamentos culturais (estudo, trabalho, crenças, ideologias etc.).

As considerações podem ser compreendidas como uma interação de caracteres,


desde a função a ser desempenhada por alguém (identidade de papéis) à forma
como este se apresenta frente às circunstâncias da vida, em que se estabelecem as
relações cotidianas. Sabe-se que o psicólogo como profissional da área de saúde
exerce papel importante de ajudar a quem sofre, o que vincula o compromisso à
pessoa e de modo indireto à sociedade, por entender que esta faz parte do social.

A formação de identidade está associada a consubstancia do individual com o


plural, o que sugere pensar no coletivo que habita cada pessoa (identidade
social). Somos aquilo que se define no agora, o que trazemos de nossas
experiências anteriores e o que está por vir, ou seja, o que também projetamos.
Constituímo-nos em territórios existenciais, os quais são cartografias
sentimentais que se traduzem na travessia, do superar-se a cada dia. Como nos
ensina Ciampa, identidade é um metamorfosear-se a cada encontro, o que
perpassa pela transformação pessoal do humano.

Todo nascimento pede nova identidade


Ocupação do espaço existencial
Toda identidade deseja transformar
Territórios linhas a nos permitir
Fios conduzem eletricidade
Movimentam os homens
E suas cidades
Cérebros são cidades
Corrente de intensidades
Pensamentos condensados sensação
Funcionam como elos
Formando mapas a nos constituir
Mente saber anelo, porque vivo?
Lugares nem sempre vistos, são descobertos
Habitam em nós, embrutecidos
Somos afetos sentimentos a nos conduzir

Ualy Castro Matos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CIAMPA, Antonio da Costa. A estória do Severino e a História da Severina.


Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 2001.

FREIRE, José Célio. A Psicologia a Serviço do Outro: Ética e Cidadania na


Prática Psicológica. Psicologia: ciência e profissão. Conselho Federal de
Psicologia – v.23, n.4. Brasília: CFP, 2003.

GONZÁLEZ REY, F. L. Pesquisa qualitativa em psicologia: caminhos e


desafios. Trad. Marcel Aristides Ferrada Silva. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2002.

Publicado por: UALY CASTRO MATOS

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do Brasil Escola, através do


canal colaborativo Meu Artigo. Para acessar os textos produzidos pelo site,
acesse: http://www.brasilescola.com.
A IDENTIDADE PESSOAL

A Identidade

...........• Identidade pessoal: é um processo activo que decorre até ao fim da nossa vida e
designa o conjunto de percepções e sentimentos que temos em relação a nós próprios,
que nos permitem reconhecer e ser reconhecido socialmente; neste processo actuam
factores psicológicos e sociais

Características da identidade:
- continuidade
- estabilidade
- unicidade
- diversidade
- realização
- auto-estima

A identidade constrói-se no processo de socialização, pelo que actualiza-se até à morte.


As relações precoces vão ser importantes pois, as boas relações precoces, conferem ao
bebé um sentimento de identidade que vai ser construído e em várias fases da sua vida:
na adolescência (processo de identificação/diferenciação) e na fase adulta.

A construção da identidade está sempre marcada pela relação de interacção com os


outros. Como tal, a identidade de cada um possui uma componente social, na medida em
que a forma como nos vemos e a opinião que temos de nós mesmos é muito influenciada
pelo modo como os outros nos encaram e julgam. Em suma, a identidade constitui-se
como a interpretação da sua história de vida (as experiencias vividas pelo sujeito) e, no
seu processo de construção, estão envolvidas a dimensão biológica e relacional.

• Identidade social: designa a consciência social que temos de nós próprios que,
consequentemente, resulta do conjunto de interacções que estabelecemos com os outros
ao longo da nossa vida; a construção da identidade social decorre no processo de
interacção social.
• Identidade cultural: designa o conjunto de valores que o sujeito partilha com a
comunidade a que pertence que, inevitavelmente, permitem que ele se reconheça nos
mesmos sabendo a que comunidade pertence

....................................................................................................Nádia, 12ºB

RG cristão x identidade do povo


“…O que nos torna diferente? Quais
características definem uma pessoa como
cristão? Está escrito “e outra vez vereis a
diferença...

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por Robson Santos

RG cristão x identidade do povo

“…O que nos torna diferente? Quais características definem uma pessoa como cristão? Está
escrito “e outra vez vereis a diferença entre o justo e o ímpio” mas que diferença é essa?..”

“A marca de um santo não é a perfeição, mas a consagração. Um santo não é um homem sem
faltas, mas um homem que se deu sem reservas a Deus.”
Bishop Westcott

Todos possuem uma identidade ou característica peculiar, segundo definições de terceiros “na
identidade ou RG (registro geral), através das impressões digitais existentes nele indica quem nós
somos, é a única identificação que diferencia um indivíduo do outro. E um dos maiores
problemas desta geração é a falta de identidade.”
Quando pensamos em identidade de alguém ou povo é necessário entender que a sociedade pode
ser vista como um grupo de pessoas com semelhanças étnicas, culturais, políticas e/ou religiosas
ou mesmo pessoas com um objetivo comum. Somos povo escolhido, nação santa, forasteiros
neste mundo, cidadãos dos céus, porém em que somos diferentes?

Dizer que a nossa diferença está no coração, amor, trato pessoal, mansidão, honestidade, coisas
só no interior não são suficiente, pois encontramos essas qualidades também em várias pessoas
que não servem a Deus. Santo quer dizer separado, mas se participamos das mesmas coisas e
vestimos as mesmas roupas, como o mundo poderá enxergar uma diferença nítida em nós? Qual
a diferença no exterior?

“Ser membro de uma igreja não faz de alguém um cristão, da mesma forma que ter um piano
não faz de alguém um músico.” Autor desconhecido

Diferenciamos grupos, raças ou nações pelo sotaque, modo de vestir, cor, semelhanças étnicas
(Paulista, Carioca, Mineiro, Americano e etc.). Na bíblia encontramos várias referências sobre
que tipo de roupa, comportamentos, cultura entre outros (Elias, JoãoBatista, Pedro), qual a
revelação ou importância para vida presente?

Está escrito “O próprio Deus vos santifique em tudo em vosso espírito, alma e corpo e sede
irrepreensíveis….”1 Ts 5.23, sinceramente o que quer dizer isto?

Quem sou em Cristo:


versículos selecionados
Publicado em 22/04/2012por Conexão Conselho Bíblico

A nova identidade do Cristão


A Bíblia repetidamente nos mostra que em Cristo Jesus temos uma nova posição, novos
recursos espirituais e uma nova missão − o ministério da reconciliação. É
recomendável sempre lembrar quem somos em Cristo. O propósito, porém, não é nos
sentirmos bem a nosso respeito, mas louvarmos e servirmos a Deus de modo condizente
com a nossa posição.

● Amado por Deus


2Ts 2.13 – Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo
Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação
do Espírito e fé na verdade.
Jd 1 – Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus
Pai e guardados em Jesus Cristo.
● Aperfeiçoado em todo bem
Cl 2.10 – Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e
potestade.;
Hb 13.21 – Ora, o Deus da paz […] vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a
sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem
seja a glória para todo o sempre. Amém!
● Chamado por Deus
Rm 1.7 – A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes
santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
1Ts 2.12 – Exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de
Deus, que vos chama para o seu reino e glória.
Jd 1 – Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus
Pai e guardados em Jesus Cristo.
● Cidadão da pátria celestial
Fp 3.20 – Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo,
● Co-herdeiro com Cristo
Rm 8.17 – Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-
herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.
● Embaixador em nome de Cristo
2Co 5.20 – De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus
exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis
com Deus.
● Escolhido por Deus
Ef 1.4 – assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
2Ts 2.13 – Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo
Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação
do Espírito e fé na verdade.
● Feitura de Deus para boas obras
Ef 2.10 – Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais
Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
● Filho de Deus
Jo 1.12 – Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;
Rm 8.14 – Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Gl 3.26 – Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
Gl 4.6 – E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu
Filho, que clama: Aba, Pai!
1Jo 3.1 – Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados
filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos
conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.
● Frutífero
Jo 15.5, 16 – Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. […] Não fostes vós que me
escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que
vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai
em meu nome, ele vo-lo conceda.
● Guardado em Cristo
Jd 1 – Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus
Pai e guardados em Jesus Cristo.
1Jo 5.18 – Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.
● Guiado pelo Espírito Santo
Gl 5.18 – Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
● Herdeiro de Deus
Gl 4.7 – De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro
por Deus.
Cl 1.12 – dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos
santos na luz.
Tt 3.7 – a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a
esperança da vida eterna.
● Imitador de Deus
Ef 5.1 – Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
● Justificado pela graça
At 13.39 – e, por meio dele [Cristo], todo o que crê é justificado de todas as coisas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.
Rm 3.24 – sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há
em Cristo Jesus,
Rm 5.1 – Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo;
Rm 5.9 – Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira.
Rm 5.19 – Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram
pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.
1Co 6.11 – Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas
fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.
Tt 3.7 – a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a
esperança da vida eterna.
● Livre de condenação
Rm 8.1 – Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
● Livre para não pecar, morto para o pecado
Rm 6.11 – Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para
Deus, em Cristo Jesus.
Rm 8.2 – Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e
da morte.
1Jo 5.18 – Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.
● Luz
Mt 5.14 – Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um
monte;
Ef 5.8 – Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos
da luz
● Ministro de reconciliação
2Co 5.18,19 – Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
● Nascido de Deus
1Jo 5.1 – Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.
● Nova criatura
2Co 5.17 – E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas.
Ef 4.24 – e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão
procedentes da verdade.
● Parte de família de Deus
Jo 17.21 – a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti,
também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
Ef 2.19 – Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e
sois da família de Deus,
● Perdoado
Cl 1.13, 14 – Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do
Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
● Peregrino e forasteiro nessa terra
1Pe 2.11 – Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes
das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma,
● Propriedade de Deus
Jo 17.9 – É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste,
porque são teus;
1Co 1.30 – Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus,
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
Tt 2.14 – o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.
1Jo 5.19 – Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.
● Protegido do maligno
1Jo 5.18 – Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.
● Purificado
Tt 2.14 – o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.
● Reconciliado com Deus
Rm 5.10 – Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a
morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
2Co 5.18,19 – Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio
de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.
Cl 1.22 – agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte,
para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,
● Redimido pelo sangue de Cristo
Ef 1.7 – [Cristo] no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados,
segundo a riqueza da sua graça,
Cl 1.13, 14 – Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do
Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
Tt 2.14 – o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.
● Regenerado
1Pe 1.3 – Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos,
1Pe 1.23 – pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível,
mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
● Sal da terra
Mt 5.13 – Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o
sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
● Salvo
1Co 15.2 – por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a
menos que tenhais crido em vão.
Ef 2.5-8 – e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo,
— pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema
riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
Tt 3.5 – não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele
nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,
● Santificado
1Co 6.11 – Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas
fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.
● Santuário de Deus, habitação do Espírito
1Co 6.19,20 – Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que
está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque
fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.
● Selado com o Espírito Santo
Ef 1.13 – em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa;
Ef 4.30 – E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção.
● Servo da justiça
Rm 6.18 – e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
● Servo de Deus
Rm 6.22 – Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus,
tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;
1Pe 2.16 – como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da
malícia, mas vivendo como servos de Deus.
● Testemunha de Cristo
At 1.8 – mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da
terra.
2Co 2.15 – Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que
são salvos como nos que se perdem.
● Unido ao corpo de Cristo
Rm 12.5 – assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e
membros uns dos outros,
1Co 12.27 – Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.
● Vencedor
Rm 8.37 – Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele
que nos amou.
1Jo 5.5 – Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de
Deus?
Divulgue!

QUEM SOU EU?

Uma das questões mais relevantes da vida, a meu ver, gira em torno da compreensão da
identidade de cada um de nós. Somos criados por Deus, o artista mais criativo do
universo, que nos fez a cada um com um design único.

Somos obra de Deus, criados com uma identidade própria para cumprir um propósito
aqui na terra. A partir do conhecimento de Deus, conseguimos compreender a nossa
identidade e o propósito pelo qual somos como somos, e para qual finalidade existimos.

Neste texto, eu gostaria de compartilhar um pouco a respeito desse assunto, e por isso
gostaria de citar três questões cruciais que estão interligadas dentro desse tema:
1. Quem sou eu?

2. Qual é o meu dom, talento ou habilidade?

3. Como unir estas questões com vistas à identificação e cumprimento do meu propósito de vida?

Ao escrever sobre este assunto, me lembrei da Escola Adorando que realizamos no ano
de 2007. Na reunião de abertura da escola, por um direcionamento de Deus, eu deixei
para os alunos estas três perguntas acima , e disse a eles: se ao final da escola vocês
tiverem estas três simples questões esclarecidas, certamente vocês irão avançar muito
na vida e ministério de vocês.

Me lembro da reação de um dos alunos especificamente, que por coincidência era um


pastor bem jovem. Ele me procurou ao final de uma aula e compartilhou comigo o tanto
que ficara atordoado por não ter respostas para essas questões. Sinceramente, eu não
tinha ideia do quanto Deus queria mexer com aquela turma através dessas perguntas.

De qualquer maneira, te convido a refletir sobre este assunto comigo, na esperança de


que você seja edificado e instigado a buscar estas respostas em Deus, caso você não as
tenha ainda.

“Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito;


maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não
te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da
terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas
foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas
havia. E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as
somas deles!”

Salmos 139:14-17

Este salmo expressa muito bem sobre o assunto da nossa reflexão e nos traz uma
fundamentação importante sobre a qual eu gostaria de ressaltar dois pontos:

Identidade e propósito:
1.Fomos criados por Deus;

2. Para cumprir um propósito.

Conforme eu citei anteriormente, o conhecimento de Deus e o nosso relacionamento


com Ele nos dá um entendimento muito claro da nossa identidade e isso é libertador
para que possamos romper de fato e nos alinhar aos pensamentos e propósitos Dele a
nosso respeito. (Leia mais sobre este assunto no texto Superficialidade X
Profundidade). Jesus é o nosso maior exemplo de alguém que teve sua identidade
sustentada em seu relacionamento com o Pai e caminhou integralmente dentro
disto. Filipenses 2:5-11
Constantemente somos bombardeados com “verdades” a nosso respeito, baseadas em
fatos, padrões e pensamentos humanos estabelecidos por nós mesmos ou pela sociedade
que nos cerca, que nos levam a viver uma eterna comparação com os outros. De fato,
somos cercados por verdades que nem sempre são fundamentadas na VERDADE , ou
seja, na palavra de Deus, e por isso andamos em círculos e não fluímos na vida.

O que a Bíblia diz a nosso respeito:


1. Somos criados por Deus – Salmos 139:13-15
2. Criados à imagem e semelhança de Deus – Gênesis 1:27
3. Nova criatura – 2Coríntios 5:17
4. Filhos e herdeiros de Deus – 1João 3:1-2; Gálatas 4:1-7
5. Tesouro particular de Deus – Êxodo 19:5,6
6. Livres – Gálatas 5:1
7. Templo do Espírito Santo – 1Coríntios 6:19,20
8. Amigos de Deus – João 15:15
9. Sacerdócio real – 1Pedro 2:5,9

Certamente é libertador, quando nos alinhamos com a palavra de Deus e entendemos


quem somos em Cristo.

Baseados nesta compreensão de nossa identidade, podemos chegar a algumas


conclusões a respeito do propósito da nossa existência, Na próxima semana darei
continuidade a este assunto no texto: Para que eu existo?

Espero ter contribuído de alguma forma para você que tem lutado com estas
questões. Gostaria de deixar um vídeo de uma ministração que fala do nosso lugar em
Deus.

Definindo sua identidade


Por

Everson Barbosa

10 de fevereiro de 2011

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Procure responder três perguntas a respeito da sua identidade e
propósito nesta terra:

Quem é você, como você se definiria hoje?

Em que se baseia a sua identidade, qual é o alicerce?

O que define quem você é?

Na medida em que o Senhor é conhecido, essas respostas vão sendo


respondidas. Não são as circunstâncias exteriores na vida do cristão que
definem sua identidade. Uma identidade em Cristo saudável se sustenta
na revelação de quem Jesus é e de Sua obra na Igreja. Quando as
pessoas começarem a entender quem são em Deus, grande parte de
seus problemas vai acabar. O sucesso no Reino é estar no centro da Sua
vontade. Ele quer construir em cada um a identidade que Ele reservou
para Seus filhos.

“Jesus teve a Sua identidade sustentada no Seu relacionamento com o


Pai e por isso Ele era capaz de desempenhar qualquer papel: o de rei
sem se ensoberbecer, o de servo sem se sentir humilhado.” (Pr.
Ariovaldo Ramos)

Embasamento bíblico: Fp 2: 5-11, Sl 139: 13-15, II Co 5:17, I Jo 3:1-2,


I Pe 2:9.

Lembre-se: “O que você é define o que você faz. O que você faz é fruto
do que você é.” A identidade de alguém é constante independente do
lugar onde está ou do momento vivido. Então, o que devem ser os
cristãos? Discípulos de Jesus.

Por Christie Tristão

Ser cristão é andar na contramão | Jonathan Silveira


9
138

“O que as pessoas vão pensar quando ouvirem que eu sou um maluco por Jesus?
O que as pessoas vão fazer quando virem que isso é verdade?
Eu não me importo se eles me rotulam de Maluco por Jesus
Pois não há como esconder a verdade
As pessoas dizerem que sou estranho faz de mim um estranho?
Meu melhor amigo nasceu em uma manjedoura”.
– dc Talk, “Jesus Freak”
Ser um seguidor de Jesus é ser um “maluco”, alguém que é diferente do padrão
do mundo. Se dizemos que somos cristãos, mas ninguém que convive ao nosso
redor percebe que somos cristãos, então há algum problema. O cristão é alguém
que vive de maneira diferente, que anda na contramão, e as pessoas percebem.

Pensando nisso, eu gostaria de trabalhar três perguntas.

1. Por que o cristão anda na contramão?


2. Será que as pessoas sabem que você é um cristão? Será que as nossas
atitudes são típicas de alguém que se diz cristão?
3. Será que você tem medo do que as pessoas vão pensar a seu respeito por
ser um seguidor de Jesus?
……………………………………

1. POR QUE O CRISTÃO ANDA NA CONTRAMÃO, É


ALGUÉM DIFERENTE?
Dizemos que somos seguidores de Jesus, mas Jesus é invisível e impopular. Jesus
não é um tipo de celebridade que podemos seguir no Twitter e, além disso, ele
ensinou coisas bastante difíceis de serem cumpridas. Por exemplo:

“Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já
cometeu adultério com ela no seu coração” (Mateus 5:28).

“Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os
perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus”
(Mateus 5:44,45).

Muita gente acha os ensinamentos de Jesus e os demais ensinamentos da Bíblia


bonitos, até terem que colocá-los em prática. A verdade, porém, é que os
ensinamentos da Bíblia contrariam a nossa natureza pecaminosa, desagradam a
nossa carne. Então, muita gente prefere continuar vivendo sem a interferência de
Jesus em suas vidas. Se somos seguidores de Jesus, a Bíblia é o nosso manual de
vida e, quando vivemos o que esse manual de vida nos ensina, nosso estilo de
vida nos faz diferentes do mundo. A Bíblia nos ensina que a nossa identidade não
pode ser confundida com a do ímpio.

Romanos 12.2: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus”.

Existe uma filosofia de vida no mundo que é destruidora e não podemos nos
submeter a ela (o mundo jaz no maligno). Nosso estilo de vida não pode ser
confundido com as práticas do mundo. Existe um contraste muito grande entre o
filho de Deus e o ímpio. No próprio texto de Romanos, Paulo nos mostra isto. Há
um contraste entre as palavras “conformar” e “renovar”. A mente conformada é
uma mente obscurecida pela filosofia do mundo. O conformismo nos faz aprovar
e praticar as ações do mundo. Começamos a pensar que nosso estilo de vida é
aceitável, normal. Isso nos impede de vivermos a boa vontade de Deus. Uma
mente mundana, conformada, é como um espelho empoeirado: enquanto ele não
for limpo de toda a sujeira, não poderá refletir a luz do sol.
Então, um cristão não se adequa aos padrões deste mundo. Este mundo, na
verdade, é apenas um lugar de passagem. Somos forasteiros.

2. SERÁ QUE AS PESSOAS SABEM QUE VOCÊ É UM


CRISTÃO? SERÁ QUE AS NOSSAS ATITUDES SÃO
TÍPICAS DE ALGUÉM QUE SE DIZ CRISTÃO?
Um exemplo de homem temente a Deus e que não se conformou com este mundo
é Daniel. No capítulo 1 de Daniel, vemos que o rei Nabucodonosor estava à
procura dos melhores homens para servirem na Corte. Daniel, Hananias, Misael e
Mesaque foram escolhidos.

Daniel 1.8: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas


iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe permitisse não contaminar-se”.

A comida e a bebida que Daniel recusou não eram preparadas de acordo com a
lei e, provavelmente, eram consagradas a ídolos. Daniel decidiu não se envolver
com o mundo. Daniel foi ousado e andou na contramão. Ele foi fiel a Deus.

Será que faríamos a mesma coisa no lugar de Daniel? Honraríamos a Deus?


Ficaria claro para o rei que somos tementes a Deus? Imagine se seu patrão
pedisse para você fraudar alguém, um cliente. Ou então se o professor substituto
deixasse você colar na prova do professor que precisou se ausentar. Qual seria a
sua reação?

1João 2.15 diz: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém
amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não
procede do Pai, mas procede do mundo”.

Deus quer que sejamos santos, que sejamos separados do mundo. As pessoas
saberão que somos cristãos com a nossa santidade e piedade.

Que sentido faz eu dizer que torço para o Palmeiras, mas me comporto como um
torcedor do Corinthians? Visto a camisa do Corinthians, me sento na
arquibancada do Corinthians no estádio etc. Se sou palmeirense, essa minha
identidade deve ficar clara a todos. Do mesmo modo, se somos filhos de Deus,
temos que vestir a camisa de Cristo e não a do mundo. De nada adianta dizermos
que somos cristãos se nossas atitudes não demonstram isso.

Deus é glorificado em nossas vidas quando nossas atitudes, nossa identidade,


influenciam outras pessoas e a nossa cultura. Jesus disse que devemos ser sal. O
sal dá sabor ao alimento. Sem sal, o alimento fica sem graça, sem sabor. O que
será do mundo sem nós? Nós, por meio da capacitação do Espírito Santo, somos
os responsáveis em dar algum equilíbrio a este mundo caído e isso acontece ao
andarmos na contramão.

Não é fácil andar na contramão, mas é bom. Como G. K. Chesterton disse uma
vez: “Uma coisa morta pode seguir a correnteza, mas somente uma coisa viva
pode contrariá-la”.

Ao andarmos na contramão, indica que estamos vivos, que estamos lutando. Ao


andarmos na contramão, pessoas se esbarram em nós, mas é nessa circunstância
que devemos deixar a marca de Cristo em outras pessoas. Nadar contra a
correnteza impede que a correnteza cresça. Traz um equilíbrio.

3. SERÁ QUE VOCÊ TEM MEDO DO QUE AS PESSOAS


VÃO PENSAR A SEU RESPEITO POR SER UM SEGUIDOR
DE JESUS?
Muitas vezes na escola e na faculdade eu tive vergonha de dizer que era cristão.
Por que será que fazemos isso? Paulo escreve em Romanos 1.16-17:

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a


salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto
que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O
justo viverá pela fé”.

Se realmente entendemos quem é Jesus e o que Ele fez por nossas vidas, não
devemos nos envergonhar o evangelho.

Em Atos, vemos que os apóstolos tinham tanto orgulho de serem cristãos que
estavam prontos a sofrerem grande violência por causa disso.

Atos 5.40-42: “Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando-lhes que


não falassem em o nome de Jesus, os soltaram. E eles se retiraram do Sinédrio
regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse
Nome”.

Em contraste com essa cena de Atos, nós também nos deparamos com Pedro que
negou a Jesus por três vezes. Pedro, porém, foi restaurado e se tornou um grande
apóstolo.
Se realmente entendemos quem é Jesus e o que Ele fez por nossas vidas, não
devemos nos envergonhar do evangelho. Isso faz parte de andarmos na
contramão.

………………………….

Muitas pessoas dizem que não se adequam aos padrões do mundo moderno e se
revoltam, criando suas ideologias. Quando essas pessoas fazem isso, porém,
estão fazendo por motivos que pertencem a este mundo. Com os cristãos é
diferente. Dizemos que não nos adequamos aos padrões do mundo moderno
porque sequer pertencemos a este mundo. Somos apenas forasteiros e peregrinos
por aqui.

Devemos olhar para o eterno, para a cruz de Cristo. Cristo entregou sua vida por
nós, pagou um alto preço, para que vivêssemos de um modo digno daquilo que
Ele nos ensinou (Ef 4.1), para que não nos conformássemos com este mundo,
mas que fôssemos sal, o tempero dele.

É fácil fazer isto? Não é. C. S. Lewis uma vez disse: “Se eu fosse te recomendar
uma religião para lhe fazer sentir confortável certamente não lhe recomendaria o
Cristianismo”. A verdade nem sempre é fácil.

Seja sal na sua escola, no seu trabalho, na sua família. Viva uma vida santa para
Deus e não deixe sua identidade ser confundida com a do mundo. Ser cristão é
andar na contramão.

LIÇÃO 05 – A IDENTIDADE DO
ESPÍRITO SANTO
Comentário da Lição Bíblica para o fim de semana com o Pr.
Jairo Teixeira
Texto:(Jo 14.15-18,26)
INTRODUÇÃO
Vemos claramente na Bíblia a exposição do ESPÍRITO SANTO como DEUS,
coexistindo na trindade com o Pai e com o Filho, numa mesma substância. É
clara sua identidade, sua deidade, sua personalidade, suas obras, suas
reações e seus atributos. Os primeiros cristãos não tiveram dificuldades em
reconhecer tudo isto, mas vieram outras gerações que não conheceram os
primeiros apóstolos e Paulo. Como no tempo dos hebreus, após a morte de
Moisés e Josué, o povo se corrompeu, a igreja também, após os apóstolos,
deixaram que heresias penetrassem em seu meio e a doutrina verdadeira foi
corrompida. A partir do Concílio de Niceia. Iniciou-se uma tentativa de
formulação da doutrina pneumatológica e na segunda metade do século IV foi
mais desenvolvida para corrigir os heréticos de então. Nesta lição,
estudaremos sobre quem é o Espírito Santo, destacando Sua personalidade e
divindade; pontuaremos Sua atuação no Antigo e Novo Testamento; falaremos
sobre alguns nomes que recebe na Bíblia; e, por fim, trataremos sobre sua
atuação na experiência humana.
I - QUEM É O ESPÍRITO SANTO
Nosso credo diz: O ESPÍRITO SANTO, é a terceira pessoa da Santíssima
Trindade, consubstancial com o Pai e o Filho, Senhor e Vivificador; que
convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo; que regenera o pecador;
que falou por meio dos profetas e continua guiando o seu povo (2 Co 13.13; 2
Co 3.6,17; Rm 8.2; Jo 16.11; Tt 3.5; 2 Pe 1.21 e Jo 16.13).
O nome Espírito Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma
hagios”. Ele é Deus, igual com o Pai e o Filho, e juntos os três formam uma só
divindade, pois eles são “allos” - palavra grega que denota “da mesma
natureza, da mesma espécie e da mesma qualidade”; diferente
de “heteros”que denota “ser de espécie diferente”. Desta forma, Ele não é
uma força ou um raio cósmico, mas uma pessoa como o Pai e o Filho o são (Mt
28.19; 2Co 13.13). “Quando se fala a respeito do Espírito Santo como
terceira Pessoa da Trindade, isso não significa terceiro numa hierarquia
[...]. As três Pessoas são iguais e não há entre elas primeiro e
último” (SOARES, 2017, pp. 77,78). Textos em que o Espírito Santo é citado
em primeiro lugar (Is 61.1; 1Co 12.4-6; Ef 4.4-6); em segundo (Mt 3.16,17; 1Co
12.12,13; 1Pd 1.2); e em terceiro (Mt 28.19; At 10.38; 2Co 13.13).
II - A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
Uma pessoa é um ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso, partindo do
princípio que apresenta plena capacidade mental, é responsável pelos seus
atos. Alguns sinônimos da palavra pessoa são: personagem, personalidade,
indivíduo ou ser. Embora que algumas seitas heréticas tentem negar a
personalidade do Espírito Santo, afirmando que Ele é apenas uma energia,
ou uma força ativa de Deus, as Escrituras Sagradas desmentem essa falsa
teoria. A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, pois possui
características pessoais: sentimento (emoção), intelecto (inteligência) e
vontade (arbítrio).
Vejamos:
Ele fala (2Sm 23.2; Ap 2.7, 11, 17);
Ele guia (Jo 16.13; At 8.29; Rm 8.14);
Ele pode ser resistido (At 7.51);
Ele intercede (Rm 8.26);
Ele impede (At 16.6,7);
Pode-se mentir a Ele (At 5.3,4);
Ele testifica (Jo 15.26; Rm 8.16);
Ele tem vontade (Jo 3.8; 1Co 12.11);
Ele tem emoções (Is 63.10; Ef 4.30);
Ele ama (Rm 15.30);
Ele lembra (Jo 14.26);
Pode-se blasfemar contra Ele (Mt 12.31,32);
Ele ensina (Ne 9.20; Jo 14.26; 1Co 2.13);
Ele convence (Ne 9.30; Jo 16.7,8);
Ele realiza milagres (At 8.39);
Ele se revela (At 10.19-21; Ef 1.17);
Ele lidera (Jo 16.13,14);
Ele pode ser ultrajado (Hb 10.29);
Ele escolhe (At 13.2; 20.28);
Ele julga (At 15.28);
Ele advoga (At 5.32);
Ele clama (Gl 4.6);
Ele envia missionários (At 13.2-4);
Ele convida (Ap 22.17);
Ele tem inteligência (Is 11.2);
Ele consola (Jo 14.16, 15.26);
Ele é bom (Sl 143.10).
III - A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
A asseidade do Espírito Santo “designa o atributo divino segundo o qual
Ele existe por si próprio”. Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é
auto-existente. Ou seja: não depende de nada fora de si para existir. Ele
sempre existiu; é um ser incausado; “[...] pelo Espírito eterno” (Hb 9.14). Em
toda a Bíblia, podemos ver claramente que o Espírito Santo é Deus; pois, além
de possuir atributos divinos, Ele faz coisas que somente Deus pode fazer.
Vejamos alguns atributos incomunicáveis:
Ele é o Espírito de Deus (1Co 6.11; 2Co 3.3);
Ele é criador (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.24,25,30);
Ele é o Espírito de Cristo (At 16.7; Rm 8.9).
Ele foi o autor da concepção virginal de Jesus (Lc 1.35);
Ele é Eterno (Hb 9.14);
Ele é Deus (At 5:3,4);
Ele é Onipotente (Lc 1.35; 1Co 12.11);
Ele é visto junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2Co 13.13);
Ele é Onipresente (Sl 139.7-10);
Ele é doador de vida (Jó 33.4; Sl 104.30);
Ele é Onisciente (Is 40.13; 1Co 2.10-12);
Ele inspirou a Bíblia (1Pe 1.11; 2Pe 1.21; 2Tm 3.16).
IV – A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO
O Espírito Santo está presente em toda a Bíblia. Na criação, no planejamento e
na construção do universo (Gn 1.2; Sl 104.30), e na formação do homem (Jó
33.4). A Bíblia descreve a atuação do Espírito Santo no AT. Vejamos algumas:
4.1 O Espírito Santo na Criação. A primeira referência ao Espírito Santo no
AT é em Gn 1.2, onde a Bíblia diz que “... o Espírito de Deus se movia sobre
a face das águas”. Assim, desde o princípio, o Espírito Santo estava ativo na
criação, junto com o Pai e o Filho (Jó 26.13; 33.4; Sl 33.6; 104.30).
4.2-O Espírito Santo nos líderes de Israel. No AT o Espírito Santo atuava
principalmente na vida dos juízes, profetas, sacerdotes e reis (Nm 27.18-21; Jz
3.9-10; Gn 41:38-40; Êx 35.30-31; Nm 11.16,17; Jz 6.34, 11.29; 13.24,25; 1Sm
10.6; 1Sm 16.13). Podemos entender, então, que Ele atuava de maneira
específica e temporária, sobre pessoas específicas, e para obras específicas.
Encontramos no AT três expressões utilizadas para a atuação do Espírito
Santo nas pessoas: a) Ele revestia alguém: “O Espírito de Deus revestiu de
Zacarias”(2Cr 24:20); b) Ele repousava sobre alguém: “O Espírito repousou
sobre eles”(Nm 11.25), e, c) Ele enchia alguém: “Eu o enchi do Espírito de
Deus” (Êx 31.3).
V - A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE JESUS
Com exceção da Segunda e Terceira Epístola de João, todos os livros do NT
contém referências à pessoa e obra do Espírito Santo, onde podemos ler sobre
a ação Dele na vida de Cristo, dos pecadores e, principalmente dos servos de
Deus. Vejamos alguns exemplos. Notemos: a) no seu nascimento (Mt 1.20; Lc
1.35), b) no seu batismo (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32,33), c) no seu
ministério (Mc 1.12; Lc 4.18,19; At 10.38), d) na sua morte (Hb 9.14), e, e) na
sua ressurreição (Rm 1:4; 8:11). Em suma, podemos afirmar que Jesus foi
concebido pelo Espírito (Lc 1.35); guiado pelo Espírito (Lc 4.1); ungido pelo
Espírito (Lc 4.18; At 10:38); revestido com poder pelo Espírito (Mt 12.27, 28);
ofereceu a Si mesmo pelos nossos pecados, pelo Espírito (Hb 9:14); foi
ressuscitado pelo Espírito (Rm 8.11); e deu mandamentos por intermédio do
Espírito (At 1.2).
VI – ALGUNS NOMES DO ESPÍRITO SANTO
Em Lucas 11.20, o Espírito Santo é chamado de “O dedo de Deus”; em
Apocalipse 19.10, de “Espírito de Profecia”; e, em Isaías 11.2, Ele é descrito
com diversos títulos que representam a Sua plenitude. A Bíblia descreve
diversos Nomes e Títulos atribuídos ao Espírito Santo, os quais revelam, além
de sua personalidade e divindade, Seus atributos, natureza, bem como as
Suas obras. Vejamos alguns:

 · Espírito Santo. Assim como Deus é santo (1Pe 1.16) e Jesus é santo (At
2.27), o Espírito também o é (Sl 51.11; Is 63.10,11; Mt 1.18,20; 3.11; Lc 1.35;
Jo 14.26; 1Ts 4.7-8). É chamado de Espírito Santo porque sua obra principal é
a santificação (Jo 3.5-8, 16.8; Rm 15.16; 1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.1,2).
 · Espírito de Deus. Este nome aparece em diversos textos, tanto no AT
quanto no NT (Gn 1.2; Êx 35.31; Jó 33.4; Mt 3.16; 12.28; Rm 15.19; I Co 2.11).
É natural que o Espírito Santo seja chamado Espírito de Deus, visto que ele é
enviado por Deus (Jo 15.26). A Bíblia também o chama de Espírito de Deus,
porque Deus age através dEle (Jo 6.44; Rm 8.14).
 · Espírito de Cristo. O Espírito Santo é chamado o Espírito de Cristo (Rm 8.9;
1Pd 1.11). Jesus disse que a vinda do Espírito Santo para habitar nos corações
dos crentes seria a vinda do próprio Cristo (Jo 14.16-20). Podemos afirmar que
o Espírito é chamado de “Espírito de Cristo” porque é enviado em nome de
Cristo e por Ele (Jo 14.26; 16.7).
 · Espírito da Promessa. O Espírito Santo é assim chamado (Ef 1.13) porque
sua manifestação e poder são prometidos no AT (Jo 2.28,29). A prerrogativa
mais elevada de Cristo, ou do Messias, era a de conceder o Espírito; e esta
prerrogativa Jesus a reivindicou quando disse: "Eis que sobre vós envio a
promessa de meu Pai" (Lc 24.49).
 · Espírito da Verdade. A Bíblia diz que Deus é a verdade (Jr 10.10); Jesus é a
verdade (Jo 14.6) e o Espírito Santo também é a verdade (1Jo 5.6). Ele veio
para nos guiar em toda a verdade (Jo 16.13,14).
 · Espírito de Adoção. Quando a pessoa é salva, não somente lhe é dado o
nome de filho de Deus (Jo 1.12), e adotada na família divina (Ef 2.19), mas
também recebe dentro de sua alma o conhecimento de que participa da
natureza divina (Rm 8.15). Assim como Cristo é nossa testemunha no céu;
aqui na terra, o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus
(Rm 8.16).

VII - O ESPÍRITO SANTO NA EXPERIÊNCIA HUMANA

O NT descreve diversas atividades do Espírito Santo na experiência humana,


de maneira que, à luz da Bíblia, podemos afirmar que seria impossível o
homem ser salvo, sem a ação do Espírito em sua vida.

 · Ele convence. Em João 16.7-11 Jesus descreve a obra do Consolador em


relação ao mundo, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo.
 · Ele regenera. A regeneração é o mesmo que “nascer de novo”. Através da
regeneração, o homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual,
tornando-se uma nova criatura em Cristo (Jo 3.5-8; Tt 3.5).
 · Ele habita. No ato da regeneração, o Espírito Santo passa a habitar no
crente, mantendo uma relação pessoal com o indivíduo. Esta união com Deus
é chamada de habitação ou morada do Espírito em nós (Jo 14.17; Rm. 8.9;
1Co 6.19; 2Tm 1.14; 1Jo 2:27; 3.24; Ap 3:20).
 · Ele reveste de poder e concede dons. Uma das principais atividades do
Espírito Santo na vida do cristão é revesti-lo de poder (At 1.8), distribuindo
dons espirituais (1Co 12.7-11) e capacitando-o a testemunhar de Cristo.

CONCLUSÃO

 O ESPÍRITO SANTO tem na Bíblia toda a revelação divina de que é DEUS.


Houve um esquecimento das doutrinas básicas de nossa fé, ensinadas pelos
apóstolos e também por Paulo e seus auxiliares, por parte da igreja após 100
anos. O ESPÍRITO SANTO era conhecido como DEUS pelos primeiros
cristãos. A divindade do ESPÍRITO SANTO à luz da Bíblia é vista na divindade
declarada, na divindade revelada e nas obras divinas realizadas pelo
ESPÍRITO SANTO. Os atributos da divindade se dividem entre atributos
incomunicáveis (só DEUS os possui e os pode revelar) – o ser humano não os
possui), e também os atributos comunicáveis que são transferidos aos crentes
para que possam ter uma vida cristã sadia. O ESPÍRITO SANTO e a trindade é
claramente percebido na Bíblia principalmente na Grande Comissão (Mt
28.19), na Bênção Apostólica ( 2 Co 13.13 ) e em João 5:7,8. . A personalidade
do ESPÍRITO SANTO é vista claramente pelas suas faculdades e reações.
Sendo o Espírito Santo “Deus”, seria impossível defini-lo ou descrevê-lo em
Sua plenitude. Por isso, procuramos apenas descrever alguns atributos, bem
como algumas de suas atividades que foram registradas nas Sagradas
Escrituras, tanto no AT como no NT, sem esquecer-nos, no entanto, de que a
atuação deste supremo Ser, não se limita às experiências que foram
registradas nas páginas das Sagradas Escrituras; pois, Ele continua agindo, de
maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos
servos de Deus, espalhados por todo o mundo.

REFERÊNCIAS

o · STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


o · SILVA, Severino Pedro da A existência e a Pessoa do Espírito
Santo. CPAD.
o · PEARLMAN, Myer Conhecendo as Doutrinas da Bíblia.Vida.
o · HORTON, St

Descobrindo a verdade sobre quem é Deus e


sobre quem é você
 IDENTIDADE / IDENTIDADE
 15 MAR, 2017
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Quem é Deus e quem é você? Hoje, lendo uma passagem simples na bíblia
entendi mais uma vez, e tive vontade de compartilhar o quanto uma coisa está
intimamente ligada a outra.
Tenho percebido ao longo dos anos que não entender quem Deus é nos
conduz a muitas doutrinas e teologias, e que sempre nos afastará Dele.

Tenho percebido também que não saber quem você é, ou se esquecer disso,
faz com que você retorne ao vômito e se afunde nele.

Veja a passagem que li: “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que
eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”
Respondeu Jesus: “Feliz é você, simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi
revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos deus. E eu lhe
digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhes darei a chave do Reino dos
céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você
desligar na terra terá sido desligado nos céus.” Mateus 16:15-19

A busca sobre quem somos não está dentro de nós. Nem está nas igrejas. Está
na palavra de Deus, mais especificamente em nos relacionarmos com Jesus.
Satanás trabalha para as pessoas não saibam quem são, e portanto, são
paralisadas. Também trabalha para que, através de feridas de pessoas
religiosas, aqueles que sabiam quem eram, esqueçam, e assim, voltam a ser
paralisados.

Essa não é a vontade de Deus. Crer em Jesus não é crer que Ele viveu, mas
crer em seu testemunho e em sua palavra. Reconhecer que o testemunho Dele
é verdadeiro, nos faz entender que Ele veio para nos salvar de nossos pecados,
e vivermos uma vida limpa e com intimidade em Deus.

Não somente isto, nos faz entender que somos filhos, discípulos e com uma
missão clara: anunciar esta palavra a outras vidas, e fazer outros discípulos.

Infelizmente passei alguns anos sendo ferido e afligido, e esqueci, por assim
dizer, de quem eu sou em Cristo.
Mediante a maravilhosa Graça de Deus, Ele não só me relembrou, como
resolveu me direcionar para que eu mergulho no verdadeiro evangelho. Mas
qual seria esse? Bem, o que está exatamente descrito na bíblia.

Saber quem você é, é entender que é salvo, livre do pecado, e com uma
missão importante: anunciar o Reino de Deus através do Poder do Espírito
Santo. Viver as mesmas coisas que os discípulos viveram na igreja primitiva,
como lido no Livro de Atos.

A palavra diz que foi dado a chave do Reino junto com a revelação de quem
ele era: tudo que ligares na terra, será ligado nos céus, e o inverso também.

A revelação de quem você é, é poderosa


Sabem de uma coisa? A revelação de Cristo, de sua identidade e de quem
você é, será acompanhada de ministério e poder.

Em breve vou começar a escrever sobre tudo que tenho aprendido. Aprenderá
que todo aquele que crê em Jesus precisa se arrepender de seus pecados, ser
batizado em Cristo e batizado com o Espírito Santo. Ter uma vida cristã de
discípulo e de fazer discípulos. De fazer tudo que Cristo fez e ainda coisas
maiores, porque Ele foi para o Pai. Aprender que você, que já recebeu tudo
isso, tem tudo o que é necessário para sair e fazer o que seu coração sempre
ardeu para fazer. Se você nasceu de novo, você está pronto.

Deus o abençoe e até a próxima.

Identidade
por André Persil | Comente
Aprendemos que o desenho das impressões digitais é único para cada ser
humano e que isto faz parte da nossa identidade. Mas não somos apenas
linhas nas pontas dos dedos, código genético ou números em estatísticas.
A humanidade busca pela própria identidade desde que a mesma foi revelada
para si e percebeu o absurdo que é o mundo. Que o diga o Eclesiastes!

O pensamento existencialista (assunto amplo demais para ser tratado neste


artigo) é uma tentativa humana de entender-se e entender o mundo.
Basicamente, o pensamento existencialista é o ato de buscar para si as
respostas das perguntas feitas a Jonas pelos marinheiros do barco que estava
prestes a naufragar [Jonas 1:8] e matar a todos:

Quem somos, qual é a nossa responsabilidade, qual é a nossa missão, qual é


o nosso lugar, fazemos parte de algo maior?
São perguntas difíceis, profundas, talvez até agressivas, pois surgem quando
tudo parece estar fora de lugar e lembramos que vida é mais do que
experimentamos agora. Mas, mesmo que todas estas perguntas fossem
respondidas ainda estariam longe de nos definir, de revelar quem somos.

Nossa percepção é limitada, tendenciosa. Quando nos convencemos de que


somos o que vemos, ouvimos, lemos e fazemos, percebemos que não somos
mais do que os outros veem, ouvem, leem e recebem de nós.

É inacreditável, mas compreensível, como entre “quem nós somos” e “quem


nós acreditamos que somos” existe muito mais dos outros do que – qualquer
um – gostaria. No fim, não somos nada mais do que mostram, dizem,
escrevem e fazem sobre nós.

E é certo de que isto vale para todos! Afinal, os outros podem ser para nós o
que não são para si. Talvez os consideremos melhores do que são. Ou não!
Talvez sejam muito melhores do que consideramos.

No fim, entre quem acreditamos que somos e quem somos de verdade, entre
nós e os outros, não há nada além de mais um ser humano, falho, medíocre e
incompleto. É quando nos perdemos entre o reflexo em nossos espelhos e os
rótulos que recebemos dos outros que nos descobrimos almas viventes feitas
de pó da terra, com fôlego emprestado.

Fôlego que devolveremos um dia e que prestaremos conta a quem o


emprestou, Deus!

E quem é Deus? Deus é Deus! Nós não.

No espaço entre quem achamos que somos e o que os outros acham que
somos, Deus é o único que sabe de fato, quem somos, quais são as nossas
responsabilidades, quais é a nossa missão, qual é o nosso lugar e qual é o
algo maior que fazemos parte.

O Pastor Martin Luther King Jr afirmou o seguinte sobre a questão existencial:


Eu não sou quem eu gostaria de ser;
eu não sou quem eu poderia ser, ainda,
eu não sou quem eu deveria ser. Mas graças a Deus
eu não sou mais quem eu era!
Deus está acima de qualquer pensamento existencialista, que pode nos afastar
de dEle. Em Deus estão pensamentos mais altos que os nossos [Isaías 55:9] e
mais pacíficos que os dos outros [Jeremias 29:11] a nosso respeito.

Graças a Deus, por sua Graça que nos permite livre acesso em confiança por
meio da fé que temos em Jesus Cristo [Efésios 3:10-12]. Fé que nos faz vencer
a existência neste mundo para um dia termos revelada a nossa verdadeira
identidade, no dia em que receberemos de Deus um novo nome [Apocalipse
2:17].

dentidade, conclusão
por André Persil | (4) comentários

É preciso concluir o assunto do último artigo observando a diferença entre ser e


estar. Mesmo não sabendo claramente quem somos, estamos neste mundo. E
esta estada define quem seremos e onde estaremos.
No princípio, a humanidade foi criada a imagem e semelhança de Deus
[Gênesis 1:27], mas o pecado a condenou imediatamente à morte [Genêsis
3:22, Romanos 5:12], a separou de Deus [Isaías 59:2] e a afastou
completamente da Glória de Deus [Romanos 3:23].

Desde então, alma humana sofre profundamente por este afastamento de


Deus [Salmos 42]:

Há um vazio com o formato de Deus no coração de cada pessoa, e ele não


pode ser preenchido por nada que tenha sido criado. Este vazio só pode ser
preenchido por Deus, que se faz conhecido através de Jesus Cristo. — Blaise
Pascal
Depois do pecado este é o estado da humanidade. Expulsos do paraíso,
sentimos – e de fato estamos – como andarilhos, peregrinos à procura de seu
destino [1 Pedro 2:11] em um mundo que não é o que Deus fez inicialmente
para nós, e é só em Cristo que encontramos o caminho de volta para Deus
[João 14:6].
Quando aceitamos esta realidade e nos tornamos amigos de Cristo [João
15:15] somos adotados como filhos por Deus [Efésios 1:5], nos tornamos um
com Cristo [Gálatas 3:26-28] e somos separados deste mundo [João 17:16].

Deixamos de estar como andarilhos perdidos e sem destino, passamos a estar


neste mundo como uma nação santa [1 Pedro 2:9,10] com o objetivo de
temperar, conservar (sal) e iluminar (luz) este mundo [Mateus 5:14], nos
descobrimos escolhidos por Deus para dar frutos [João 15:16].

Mas, ainda assim, estaremos em uma condição temporária, pois quando vier o
que é perfeito [1 Coríntios 13:9,10] veremos a Cristo face a face [1 Coríntios
13:12], seremos remidos de toda maldade [Tito 2:14] e conheceremos nosso
novo e verdadeiro lar preparado por Jesus [João 14:1-4].

Leia também:
QUEM SOU EU?

Uma das questões mais relevantes da vida, a meu ver, gira em torno da compreensão da
identidade de cada um de nós. Somos criados por Deus, o artista mais criativo do
universo, que nos fez a cada um com um design único.

Somos obra de Deus, criados com uma identidade própria para cumprir um propósito
aqui na terra. A partir do conhecimento de Deus, conseguimos compreender a nossa
identidade e o propósito pelo qual somos como somos, e para qual finalidade existimos.
Neste texto, eu gostaria de compartilhar um pouco a respeito desse assunto, e por isso
gostaria de citar três questões cruciais que estão interligadas dentro desse tema:

1. Quem sou eu?

2. Qual é o meu dom, talento ou habilidade?

3. Como unir estas questões com vistas à identificação e cumprimento do meu propósito de vida?

Ao escrever sobre este assunto, me lembrei da Escola Adorando que realizamos no ano
de 2007. Na reunião de abertura da escola, por um direcionamento de Deus, eu deixei
para os alunos estas três perguntas acima , e disse a eles: se ao final da escola vocês
tiverem estas três simples questões esclarecidas, certamente vocês irão avançar muito
na vida e ministério de vocês.

Me lembro da reação de um dos alunos especificamente, que por coincidência era um


pastor bem jovem. Ele me procurou ao final de uma aula e compartilhou comigo o tanto
que ficara atordoado por não ter respostas para essas questões. Sinceramente, eu não
tinha ideia do quanto Deus queria mexer com aquela turma através dessas perguntas.

De qualquer maneira, te convido a refletir sobre este assunto comigo, na esperança de


que você seja edificado e instigado a buscar estas respostas em Deus, caso você não as
tenha ainda.

“Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito;


maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não
te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da
terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas
foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas
havia. E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as
somas deles!”

Salmos 139:14-17

Este salmo expressa muito bem sobre o assunto da nossa reflexão e nos traz uma
fundamentação importante sobre a qual eu gostaria de ressaltar dois pontos:

Identidade e propósito:
1.Fomos criados por Deus;

2. Para cumprir um propósito.

Conforme eu citei anteriormente, o conhecimento de Deus e o nosso relacionamento


com Ele nos dá um entendimento muito claro da nossa identidade e isso é libertador
para que possamos romper de fato e nos alinhar aos pensamentos e propósitos Dele a
nosso respeito. (Leia mais sobre este assunto no texto Superficialidade X
Profundidade). Jesus é o nosso maior exemplo de alguém que teve sua identidade
sustentada em seu relacionamento com o Pai e caminhou integralmente dentro
disto. Filipenses 2:5-11

Constantemente somos bombardeados com “verdades” a nosso respeito, baseadas em


fatos, padrões e pensamentos humanos estabelecidos por nós mesmos ou pela sociedade
que nos cerca, que nos levam a viver uma eterna comparação com os outros. De fato,
somos cercados por verdades que nem sempre são fundamentadas na VERDADE , ou
seja, na palavra de Deus, e por isso andamos em círculos e não fluímos na vida.

O que a Bíblia diz a nosso respeito:


1. Somos criados por Deus – Salmos 139:13-15
2. Criados à imagem e semelhança de Deus – Gênesis 1:27
3. Nova criatura – 2Coríntios 5:17
4. Filhos e herdeiros de Deus – 1João 3:1-2; Gálatas 4:1-7
5. Tesouro particular de Deus – Êxodo 19:5,6
6. Livres – Gálatas 5:1
7. Templo do Espírito Santo – 1Coríntios 6:19,20
8. Amigos de Deus – João 15:15
9. Sacerdócio real – 1Pedro 2:5,9

Certamente é libertador, quando nos alinhamos com a palavra de Deus e entendemos


quem somos em Cristo.

Baseados nesta compreensão de nossa identidade, podemos chegar a algumas


conclusões a respeito do propósito da nossa existência, Na próxima semana darei
continuidade a este assunto no texto: Para que eu existo?

Espero ter contribuído de alguma forma para você que tem lutado com estas
questões. Gostaria de deixar um vídeo de uma ministração que fala do nosso lugar em
Deus.

A Bíblia nos ensina a viver: “Identidade”


Posted by Johnny Bernardo in VIDA CRISTÃ
Por Johnny Bernardo
Na série “A Bíblia nos ensina a viver” apresentaremos uma sequência de textos (artigos) sobre os mais
diversos assuntos, como identidade, valor, responsabilidade, família, sustentabilidade, trabalho, vergonha,
obediência, inveja etc. Trabalharemos a partir de casos do dia a dia – a exemplo de pessoas que sofrem
de depressão e crise de identidade – dando a eles um basamento bíblico, de superação das dificuldades
e aflições que atinge toda a humanidade. Acreditamos que a Bíblia contém a Palavra de Deus, que ela é
suficiente no sentido em que nos oferece lições de como viver, de como nos comportar em meio a uma
sociedade em constante processo de degeneração e crise. Para começar, partiremos da criação do
homem, de seu valor enquanto criatura de Deus.
Identidade

Aos 15 anos, tudo o que Ana Luiza quer é ser compreendida. Na espiral de emoções que vive, a
estudante vivencia uma crise em busca da própria identidade. Veste-se de preto e, às vezes, se
enclausura no quarto e chora. Em outros momentos, ignora a mãe e só consegue se sentir confortável
perto dos amigos, que nem sempre entendem o que se passa na cabeça da amiga. Luiza está
experimentando modelos de vida. Não quer ser chamada de “patricinha”, mas também se assusta com
suas atitudes quando deseja ser rebelde. Da última vez, em meio a um ataque de raiva, chorou ao ouvir
uma música. Ficou tão triste que cortou o braço com uma gilete. Queria morrer.

“Quando estou triste, me corto. É como se a tristeza fosse embora. Dói ali e não dói a tristeza. A dor que
eu sentia por dentro era maior que a dor do braço – explica”.

Anelise Zanoni (ZR: 2008) apresenta, em seu artigo “Crise de identidade e tristeza recorrente são causas
de depressão em adolescentes” um exemplo da amplitude deste fenômeno que atinge pelo menos 350
milhões de pessoas no mundo. Segundo o site minha vida, a “depressão é um distúrbio afetivo que
acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza,
pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si”. É um mal.

Assim como Luiza, centenas de outras pessoas lutam contra a depressão, como Cristina, 35 anos.
“Depressão. O que dizer sobre esse assunto? É cinza, sem sabor, sem cor, sem brilho, sem vida. É o que
sentimos. Nada faz sentido, nada tem valor, nada é bonito, nada importa. A sensação da morte presente
sim é algo muito real, porque a gente se sente, morto-vivo e vivo-morto. E tudo que lembra a morte é mais
familiar e mais desejado que qualquer outra coisa. Sintomas? Dores terríveis, sensação de fim, uma
tristeza inexplicável, apatia total às coisas da vida, não se tem vontade de fazer absolutamente nada. Só
de morrer, devagarinho, pedindo que o mundo nos deixe em paz. Um sofrimento sem razão de ser, mas
com feridas profundas. De onde vem? Não sei explicar. Não tem explicação. Tudo é tristeza, tudo é um
vão. Um poço sem fundo”.

O que, de fato, faz com que pessoas de duas faixas etárias diferentes – uma adolescente e uma adulta de
35 anos – tenham constantes crises de identidade, de baixa autoestima? Vivemos dias difíceis, de
correria, de luta por sobrevivência. É típico da sociedade pós-moderna o individualismo, o egoismo, a
ausência de amor e companheirismo. Nas grandes cidades, pais não acompanham o crescimento dos
filhos. Os meios de comunicação – e especialmente as redes sociais – apresentam um homem diferente
daquele que conhecemos. Não somos tratados como indivíduos, como pessoas. Mas a algo maior que
aflige a humanidade, que está na raiz de todos os males, que é o pecado. O pecado nos distancia de
Deus (Romanos 3.23), gera morte e tristeza (6.12).

Fomos criados à imagem e à semelhança de Deus


De acordo com um estudo publicado na revista científica PLoS Biology, e que teve menção no jornal
britânico BBC News (2011), há 8,7 milhões de espécies de seres vivos no mundo, fora as espécies
desconhecidas pelo universo científico. Imagine a seguinte situação: de todos os seres vivos criados por
Deus, apenas o homem foi criado à sua imagem, e conforme a sua semelhança. “E disse Deus: Façamos
o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança […]” (Gênesis 1.26). Quão maravilhosa é a
nossa posição frente às demais criaturas, e não somente as físicas, mas também as espirituais. Embora
com alguma semelhança com Deus, os anjos não foram criados à sua imagem. Daí a importância do
homem dentro do processo criativo de Deus. Somos únicos, e é por isso que temos de agradecer por
nossa posição privilegiada no universo.
A ideia de que somos parte de um processo evolutivo, que temos parentesco com primatas africanos, não
encontra respaldo bíblico. Pelo contrário: nenhum macaco possui a imagem de Deus, e a nenhuma das
espécies de primatas foi dada a primazia de domínio, a não ser dentro de sua própria espécie. O homem,
portanto, aparece em uma posição de destaque frente os 8,7 milhões de espécies criadas por Deus. De
certa forma, o homem aparece como a coroa da criação, o elemento vivo para o qual foi dedicado o sexto
dia do processo criativo. No quarto e quinto dias foram criados os milhares de espécies de animais, mas
no sexto dia toda a atenção foi direcionada ao homem. Pela primeira vez desde a criação da luz (1.3), há
uma convergência divina na criação. Pai, Filho e Espírito Santo se mobilizam para a criação do homem.
“Façamos o homem…”.

Devemos reconhecer tamanha mobilização e cuidado dedicado à coroa da criação. Isso revela a nossa
importância enquanto seres únicos. Fomos criados à imagem de Deus no sentido em que nos
identificamos com Ele. Somos a imagem de Deus, assim como Jesus o era por ocasião de sua vinda ao
mundo. “E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou” (João 14.6). Ao dotar o homem com sua
imagem, Deus permitiu que este pudesse ter comunhão com Ele, expressar seus sentimentos e alegria
por servi-lo. O pecado trouxe sérias consequências ao homem, como a perda momentânea de sua
comunhão com Deus. “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não veja” (Isaías 59.2). A comunhão entre Deus e Adão
foi interrompida no momento em que este pecou.

O comentarista bíblico e evangelista norte-americano Dwight Lyman Moody (1837-1891) fala das
consequências da desobediência do homem e de sua posição (de privilégio) anterior ao pecado, ao dizer
que o homem “era uma criatura que o seu criador podia visitar e ter amizade e comunhão com ele. De
outro lado, o Senhor podia esperar que o homem lhe correspondesse e fosse digno de sua confiança. O
homem foi constituído possuidor do privilégio da escolha, até o ponto de desobedecer a seu criador, Ele
tinha de ser o representante e mordomo responsável de Deus sobre a terra, fazendo a vontade do seu
criador e cumprindo o propósito divino”. O pecado de fato estabeleceu uma barreira entre nós e o nosso
criador, mas em Cristo reencontraríamos o caminho.

Se pela imagem Adão tinha a possibilidade de identidade com Deus, de aproximação com Ele, de que
maneira podemos entender a expressão “conforme a nossa semelhança”? Temos aí uma mera expressão
repetitiva, uma reafirmação do fato de que o homem seria criado à imagem de Deus, ou algo mais
profundo, como uma semelhança de caráter, de confiabilidade, de imutabilidade? Sim, o homem recebeu
do criador parte de seus atributos morais, como amor, compaixão, caridade, benignidade e
longanimidade, mas também a imortalidade, ou seja, a capacidade de viver para sempre. Mas esse viver
para sempre estava atrelado à manutenção de sua santidade, do preservar a imagem de Deus, concedida
gratuitamente ao homem. Adão tinha uma grande responsabilidade pelo o fato de ter sido constituído por
Deus seu representante na terra.

Consegue compreender a complexidade da existência humana? O homem foi criado com o objetivo de
ser o embaixador de Deus, de ser seu representante, mas ao ceder ao pecado o homem escolheu trilhar
outro caminho. É claro que o homem não perdeu a imagem de Deus e nem muito menos a capacidade de
exercer os atributos morais, mas precisa urgentemente se voltar para Deus como forma de regeneração.
Agora, é verdade que a queda de Adão e Eva levou seus descendentes a degeneração, a um
distanciamento do paraíso que fez com que a imagem de Deus no homem fosse gradualmente
prejudicada, no sentido em que o pecado cria uma mancha na alma somente removida pelo sangue
purificador de Jesus Cristo. Casos como depressão e crise de identidade são consequências do pecado,
e que tem prejudicado muitas famílias.
O que temos feito com a imagem de Deus? Casos como a da jovem Luiza e da Cristina são exemplos de
como a humanidade caminha, como ela se distancia de Deus. A depressão tem a capacidade de fazer
com que adolescentes e adultos mutilem seus próprios corpos, seja quando da tentativa de suicídio ou
quando da entrega de seus corpos para a prostituição. Para reverter tal situação pecaminosa e destrutiva
é preciso, primeiro, que o homem reconheça seus pecados e peça perdão a Deus. Segundo, tem de
restabelecer sua comunhão com o criador por meio da oração. Dessa forma, o homem torna-se capaz de
retomar parte de suas prerrogativas atribuídas quando de sua criação. Terceiro, e mais importante: é
preciso reconhecer a nossa importância dentro do processo criativo de Deus, o nosso papel enquanto
representantes dEle entre os homens. Jesus morreu na cruz com o objetivo de permitir que cheguemos a
essa compreensão.

PALAVRA DO LEITOR
 10 de julho de 2016

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Dupla identidade
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“Aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos, e atentou para
as suas cargas; viu que um egípcio feria um hebreu, homem de seus irmãos. Olhou a um e
outro lado, vendo que não havia ninguém, matou ao egípcio, e escondeu-o na areia.” Êx
2;11 e 12

Moisés em sua dupla identidade. Formalmente egípcio, sentimentalmente, hebreu. Passeava


entre os escravos, como um supervisor de Faraó, mas, ao ver um dos de seu sangue ferido, a
identidade formal sucumbiu ante o laço de sangue, matou ao soldado que era dos “seus”,
para defender um dos seus irmãos.

A dupla identidade funciona em filmes de super-heróis, mas, na vida, mais dia, menos dia, o
que somos, digo, aquilo que prepondera em nosso ser, assoma, sobretudo, em momentos de
crise. Vulgarmente se diz: “A ocasião faz o ladrão”. Isso é falso! A ocasião é a crise que
manifesta o ladrão que habita no interior do homem ambíguo, que encena ser honesto, mas,
oculta um ladrão. O íntegro não sucumbe a ocasiões favoráveis, antes, mantém sua
integridade. Jamais vi a ocasião presa por roubo, sempre é o ladrão o culpado.

Porém, agir de coração como hebreu e seguir com privilégios da Corte egípcia era quase
impossível; assim, “olhou a um e outro lado, vendo que não havia ninguém ali, matou ao
egípcio, e escondeu-o na areia.” Certificou-se de que não haveria testemunhas, depois,
ocultou o cadáver tentando enterrar com ele, seu feito. Acontece que, o próprio irmão que
defendera, espalhou a notícia. Tinham um defensor “egípcio”; “E tornou a sair no dia
seguinte, eis que dois homens hebreus contendiam; e disse ao injusto: Por que feres a teu
próximo? O qual disse: Quem te tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós? Pensas matar-
me, como mataste o egípcio? Então temeu Moisés, e disse: Certamente este negócio foi
descoberto.” Vs 13 e 14

O anseio de ser bem quisto pelos dois povos ao mesmo tempo se revelara impossível, desde
então. Como, quem fica sobre o muro acaba levando pedradas de ambos os lados, não ficou
nem egípcio, nem hebreu, teve que fugir, acabou no deserto de Midiã. O que O Eterno fez
depois, com ele, é outra história; por agora estamos analisando a dupla identidade.

Quantos são “Crentes” acariciando a um ser mundano dentro de si, e, à crise de uma
tentação mais incisiva escandalizam a Obra de Deus? Ou, outros que, tendo sido salvos, por
uma picuinha qualquer, voltaram as costas pra igreja, não conseguem agir mais como
mundanos, levam uma vida dupla, nem ímpio, nem santo, apenas uma confusão que não
serve cabalmente ao inimigo, nem, presta pra obra de Deus?

Tiago fez da duplicidade o tema de sua epístola. “Peça-a, ( sabedoria ) porém, com fé, em
nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento,
lançada de uma para outra parte. Não pense, tal homem, que receberá do Senhor alguma
coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos.” 1;6 a 8 O
primeiro duplo, crente incrédulo, pede a coisa certa, e duvida. Não vai receber.

“Se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao
espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, e logo esquece de como
era.” O segundo duplo, o não praticante. A Palavra é boa como teoria, mas, na prática,
prefere fazer as coisas do seu jeito mesmo.

Temos ainda o teórico, bom de propaganda e ruim de produto. “Meus irmãos, que aproveita
se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?” 2;14 Nos
lábios, amor, nos atos, indiferença.

O duplo de língua. “Com ela bendizemos a Deus Pai, com ela amaldiçoamos os homens,
feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus
irmãos, não convém que isto se faça assim.” 3;9 e 10
Enfim, todas essas duplicidades são traços de um, que, como Moisés, ansiava pertencer a
dois povos. Naquele caso era fisicamente mesmo. No nosso, a duplicidade possível é
espiritual; Tiago resume: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se
inimigo de Deus.” 4;4

Finalmente, uma tomada de posição: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, ele fugirá
de vós. Chegai-vos a Deus, ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo
ânimo, purificai os corações.” Tg 4;7 e 8

Se nossa escolha é a ditosa sina de ovelhas, que nossa dieta não seja de lobos; teríamos que
comer a nós mesmos, numa autofagia espiritual.
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Dupla Identidade
02/08/2017Paulo Raposo CorreiaDeixe um comentárioGo to comments

Vida na igreja e vida fora da igreja


“Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem em todo o
tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para
sempre!”(Deuteronômio 5.29)
Introdução
True Lies, “Mentiras Verdadeiras” ou “A Verdade da Mentira” é um filme de ação de 1994,
dirigido por James Cameron e estrelado por Arnold Schwarzenegger e Jamie Lee Curtis.
Trata-se de uma história de ação e espionagem sobre um agente secreto com vida dupla
espionando a própria esposa e terminando por envolvê-la numa terrível trama terrorista.
Harry Tasker é um agente secreto de elite que esconde sua profissão de sua esposa Helen,
que pensa que ele é um vendedor de computadores. Quando Harry descobre que sua esposa
está se encontrando com outro homem, não sabe que é porque ela quer ir atrás de mais
aventura em sua vida – não atrás de sexo, como ele imaginava. De alguma forma, ela acaba
caindo na mão de perigosos terroristas e dessa vez ele terá que revelar quem realmente é
para salvar os dois – ou, até mesmo, ser salvo por ela[1].
Vida dupla ou dupla identidade não é apenas enredo de filme ou de produção literária, mas
uma lamentável e frequente realidade na igreja evangélica de todos os tempos. Mais do que
dupla, às vezes consegue-se viver, pelo menos por algum tempo, múltiplas identidades,
como, por exemplo: na família, na igreja e na empresa. Para não poucos crentes é muito
comum dicotomizar, ou dividir a vida, em vida na igreja e vida fora da igreja; vida religiosa e
vida social; vida espiritual e vida material. Assim, para estes, o comportamento, na igreja, é
um e, fora dela, outro.

Certa mulher, ouvindo o pastor pregar, disse para quem estava ao seu lado: “– Esse é o
homem que eu gostaria de ter lá em casa; esse é o homem que eu sempre sonhei como
marido; e não aquele que vive lá em casa”. Porém, aquele pastor e pregador era o próprio
marido dela. No púlpito e na igreja era amável e atencioso; porém, em casa, egoísta e
agressivo. Ser íntegro é ser inteiro, ser completo, em todo o tempo e o tempo todo, como o
apóstolo: “E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me
conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,” (At 20.18)
Neste estudo, desenvolveremos o tema proposto, tratando das motivações, dos
desdobramentos e consequências da dupla identidade, bem como das ações para se tratar
tal comportamento.

1. O que leva uma pessoa a enveredar pelo caminho da dupla identidade?


Que motivações poderiam levar uma pessoa a viver identidades diferentes?

1.1 Um nobre propósito


“Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com
todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” (1Co 9.22)
Não me recordo de muitas santas e recomendáveis motivações para se viver e aparentar ser
aquilo que não se é. Entretanto, veio à minha mente a expressão do apóstolo Paulo, no
versículo acima, que usarei como exemplo positivo de “dupla identidade”, com a devida
“licença teológica”. O que exatamente ele fez? O que podemos fazer e até que limite, para
viver uma outra identidade com o fim de ganhar almas para Cristo? A empatia, o colocar-se
no lugar do outro, sempre será um excelente exercício para se buscar uma estratégia
adequada de evangelismo. É difícil aceitar que um crente justifique estar participando de
alguns eventos ou práticas, mundanos, com o fim de ganhar alguém para Cristo. Não dá
para imaginar um crente se drogando, para ganhar um drogado, percebe? Há limite pra
tudo! Às vezes não dá para ir muito longe com esta “identidade estratégica” pois seríamos
compelidos a pecar contra Deus, o que não nos é lícito.

Às vezes esse nobre propósito pode ser o de salvar um reino, evitar uma tragédia
gigantesca. Não consigo me imaginar fazendo o que Husai, amigo e conselheiro do rei Davi
fez, quando Absalão se rebelou contra o rei, seu próprio pai, e pretendia matá-lo.
Reconheço, entretanto, que as circunstâncias extremamente graves demandaram dele tal
procedimento. Em vez de fugir com Davi, abandonando o palácio real, por sugestão deste
(2Sm 15.32-37) Husai retornou ao palácio e apresentou-se astutamente a Absalão com o fim
de servi-lo e ao povo, obtendo êxito nessa sua primeira investida (2Sm 16.15-19). Tendo
ouvido que Aitofel, o conselheiro oficial de Absalão, havia dado um conselho que certamente
provocaria a destruição de Davi e do povo que com ele estava, Husai apresentou-se, outra
vez, a Absalão para confundi-lo, dando outro conselho que acabou prevalecendo. Assim,
Husai salvou a Davi e provocou a derrota e morte de Absalão (2Sm 17).

1.2 Medo de ser discriminado pelo grupo


“O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que
a luz; porque as suas obras eram más.” (Jo 3.19)
Jesus nunca alimentou falsas esperanças de que os de fora da igreja nos amariam e nos
aceitariam como somos e com o que defendemos e praticamos, pelo contrário: “Se vós
fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo
contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.” (Jo 15.19). Ainda que usando de
mordaz ironia, com a intenção de confrontar a presunção dos coríntios, o apóstolo expressa
uma dura e inevitável realidade: ”… até agora, temos chegado a ser considerados lixo do
mundo, escória de todos.” (1Co 4.13b)
Se Jesus deu sua vida para nos libertar das práticas pecaminosas em que vivem os de fora
da igreja, por que tanta preocupação de não ser rejeitado pelos tais? “o qual se entregou a si
mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a
vontade de nosso Deus e Pai,” (Gl 1.4). Há um divisor de águas entre o viver cristão e o
viver do não cristão. Necessariamente, o seguir a Cristo, nos conecta a um padrão moral e
ético nos termos daquele apresentado por Jesus no Sermão do Monte; nos faz ter usos e
costumes diferenciados, nos faz repelir toda sorte de sincretismo. Por isso, nesses novos
tempos, evangelizar se tornou um tremendo desafio; pode ser visto como invasão de
privacidade e, na empresa, descumprimento de código de ética.
Um tipo característico de dupla identidade é o que popularmente e em tom de brincadeira se
apelida de “crente camaleão”. É interessante observar algumas das características dos
camaleões, aplicando-as a esse tipo de crente: a) Este réptil se adapta facilmente ao
ambiente em que está, tendo a capacidade de mudar de cor e, assim, se camuflar. Tal
crente se amolda facilmente ao ambiente da igreja, quando está na igreja, e ao
mundanismo, quando fora da igreja. b) Este réptil pode mover seus olhos em duas direções,
ao mesmo tempo. Tal crente consegue direcionar seu olhar para o reino de Deus e para o
mundanismo, ao mesmo tempo. c) Este réptil tem uma língua muito grande e rápida no
gatilho para pegar suas presas. Tal crente tem muita lábia para enganar as pessoas,
desfazer amizades e destruir reputações. d) Este réptil geralmente pode comer de tudo. Tal
crente geralmente se alimenta de tudo que lhe é oferecido pela igreja e pelo mundo, sem a
preocupação de distinguir o certo do errado, o que convém do que não convém.

Para descontrair, vejam alguns tipos estranhos de crente:


 Crente 190: só busca a Deus em caso de emergência.
 Crente Abacaxi: é casca grossa e espeta os outros.
 Crente Açúcar: se for para a igreja com chuva, derrete.
 Crente Agente Secreto (ou 007): ninguém sabe que ele é crente.
 Crente Alvenaria: acha que Deus é pedreiro e só o busca quando a casa cai.
 Crente Aranha: vive na rede social.
 Crente Avestruz: vive escondendo a cabeça em baixo da terra quando tem um problema.
 Crente bom de Canto: vive no canto, não quer saber de trabalhar!
 Crente Bule: aquele de “pô café” (pouca fé).
 Crente Cabeleireiro: vive só para fazer a cabeça dos outros.
 Crente Camaleão: vive camuflado, se amolda ao ambiente onde está.
 Crente Carrinho-de-mão: só anda se alguém empurrar.
 Crente Chiclete: só mastiga a Palavra, mas não a engole.
 Crente Crocodilo: tem uma boquinha…
 Crente Elevador: está sempre subindo e descendo na vida espiritual.
 Crente Escoteiro: só aparece em acampamento.
 Crente Fantástico: só aparece no domingo à noite.
 Crente Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, e eu sou assim, vou ser sempre assim,
Gabriela.
 Crente Iô-Iô: está sempre saindo e voltando da igreja.
 Crente Leão: se acha o Rei da igreja.
 Crente Macaco: vive pulando de igreja em igreja.
 Crente Mamadeira: nunca cresce, está sempre bebendo leitinho.
 Crente Miojo: só presta atenção na pregação por 3 minutos.
 Crente Noé: nunca as coisas são com ele –“noécomigo, irmão”.
 Crente Noiva: só chega atrasado.
 Crente Nutella: é o crente moderninho, descolado e liberal.
 Crente Oba-Oba: “tudo é festa”.
 Crente Pão de Forma: casca grossa, miolo mole, chato e quadrado.
 Crente Papagaio: só sabe repetir o que ouve.
 Crente Piolho: vai pela cabeça dos outros.
 Crente Pipoca: quando a coisa esquenta ele pula.
 Crente Quiabo: vive escorregando.
 Crente Rexona: Bíblia, só debaixo do braço.
 Crente Rocambole: vive enrolado.
 Crente Sanguessuga: vive sugando os irmãos.
 Crente Seis horas: vive pedindo a oração dos irmãos: “seisora” por mim?
 Crente Submarino: vive sumido, mas de vez em quando aparece.
 Crente Tesoura: qualquer ideia, ele já corta.
 Crente Turista: vive passeando e não se envolve na igreja.
Porém, também há esses tipos interessantes de crentes:

 Crente Avental: em que posso ajudar? (prestativo)


 Crente Novalgina: vive aliviando a dor do próximo (solidário).
 Crente Bombril: tem mil e uma utilidades (útil).
 Crente Corega: está sempre promovendo a união (agregador).
 Crente Esponja: absorve bem os ensinamentos bíblicos.
 Crente Peneira: só retém o que é bom.
 Crente Raiz: é o crente tradicional que ora, lê a bíblia, frequenta a igreja, dá o dízimo e dá
bom testemunho.
1.3 Pecado oculto
“Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? —diz o SENHOR;
porventura, não encho eu os céus e a terra? —diz o SENHOR.” (Jr 23.24)
a) O que levaria alguém a praticar e esconder o pecado?
Podemos facilmente identificar pelo menos três causas:

– Vantagens financeiras.
Para muitos, a riqueza e tudo o que o dinheiro pode comprar é verdadeira fonte de
felicidade, não importando se os meios de obtenção forem ilícitos.

– Realizações pessoais, superar o outro e exercer poder.


Para outros, exercer poder sobre os outros, realizar os projetos da sua mente e vontade,
deixando sua marca pessoal na história da humanidade é tudo o que importa na vida, a que
custo for.

– Prazeres carnais e sexuais.


Para não poucos, não há nada mais importante do que dar vazão aos desejos carnais e
sexuais ilícitos.

Essas coisas exercem um fascínio implacável sobre aqueles que não têm domínio sobre o
pecado e farão qualquer coisa para obtê-las: “Ao contrário, cada um é tentado pela sua
própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à
luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tg 1.14-15). O problema do
crente com dupla identidade é que ele pretende ganhar o céu, a salvação eterna, sem abrir
mão dos seus pecados ocultos que, aparentemente podem lhe conferir certas vantagens ou
prazeres. Foi o que aconteceu com Acã (Josué 7). Ele (e todo o povo) estava avisado da
proibição divina quanto aos despojos de Jericó, mas achou que poderia dissimular, como se
fosse possível esconder algo de Deus (Js 6.17-19). A cobiça por riquezas ilícitas o atraiu e
seduziu (Js 7.21), levando-o à morte (Js 7.25).
O verdadeiro crente, nascido de novo, tem no Senhor e não nas coisas efêmeras desta vida,
a sua verdadeira fonte de prazer: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa
alguma podemos levar dele.” (1Tm 6.7)
b) Que consequências o pecado oculto tem na vida pessoal?
Ninguém peca por falta de aviso. Deus sempre deixa claro, através da sua Palavra e dos
seus mensageiros, o que lhe agrada e o que não lhe agrada. Mesmo quando a voz de Deus
não se manifestar de forma explícita, ele nos falará através da nossa consciência: “Estes
mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência
e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,” (Rm 2.15). O fato é
que todos foram informados do que Deus havia determinado, inclusive Acã. O grande
problema é o ser humano dar ouvidos à voz de Deus quando a sedução da cobiça berra em
seus ouvidos.
Pecados ocultos trazem consequências desastrosas na vida do crente. Quebra a sua
comunhão com Deus e provoca a sua ira. Afeta, inevitavelmente, a sua família, podendo
desestruturá-la ou destruí-la. Quando os membros da família tomam conhecimento e nada
fazem, tornam-se coniventes ou cúmplices desse pecado oculto e assumem, coletivamente,
o ônus das consequências de seus atos. Há situações que também afetam a vida profissional
do crente, podendo ocasionar problemas no rendimento do trabalho, nos relacionamentos,
quebra de confiança e demissão.

c) Que consequências o pecado oculto tem na igreja?


Um pecou, porém, o texto bíblico afirma que todos prevaricaram: “Prevaricaram os filhos de
Israel nas coisas condenadas; porque Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da
tribo de Judá, tomou das coisas condenadas. A ira do SENHOR se acendeu contra os filhos de
Israel.” (Js 7.1). Uma laranja podre, espremida no suco, estraga todo o suco. A nossa
conduta particular, fora do alcance da igreja, não é só problema nosso, quando pode afetar a
relação de Deus com a sua igreja, isto é, no momento em que se torna transgressão a Deus.
Assim, Deus se afasta, ficamos por nossa conta e a derrota é certa, como no caso de Israel,
na guerra contra Ai.
Algumas consequências dessa quebra de comunhão, são:

– Falsa confiança (Js 7.2-3)


– Decepção com Deus (Js 7.7)
– Humilhação diante do inimigo (Js 7.8)
– Temor e insegurança (Js 7.9)
A derrota na batalha contra Ai foi realmente inesperada e frustrante. Quantas vezes, grandes
programações e projetos fracassam porque há pecado encoberto no nosso meio ou há
confiança exagerada na capacidade humana? Quantas vezes temos nos sentido no direito de
argumentar com Deus sobre a falta de poder espiritual na nossa vida ou mesmo na igreja,
quando a culpa está nessa dupla identidade que se alastra pelas igrejas?

2. Como a igreja deve lidar com o assunto?


Efetivamente o que ela não pode é se omitir! A restauração da comunhão exige
providências: “…já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a coisa
roubada.” (Js 7.12b). Não é sem razão que as Escrituras enfatizam tanto a necessidade de
se tratar aquele que está em pecado. O grande desafio é convencer, líderes e liderados, da
relevância disso.
As muitas misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos e nos permitem o
retorno à normalidade, isto é, a restauração da comunhão com Deus. Há três passos
claramente indicados no texto (Js 7.10-15):
a) Buscar e ouvir a voz de Deus (Js 7.10-12)
b) Buscar a santificação (Js 7.13)
c) Exercer a disciplina (Js 7.14-15)
A disciplina não é uma opção, é uma necessidade; quer na família, quer na igreja, quer em
qualquer outra instituição da sociedade: “Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo
Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1Co 11.32). É interessante a
abordagem que considera a disciplina eclesiástica em três
níveis: preventiva, corretiva e cirúrgica ablativa[2]. Esse terceiro nível – cirúrgica ablativa –
foi o caso da disciplina aplicada a Acã, seus filhos, suas filhas, seus animais, sua tenda e
tudo o que possuía. Eles foram apedrejados e, depois, tudo foi queimado, no vale de Acor (Js
7.22-26). A Lei Mosaica previa meios de perdão e restauração do transgressor. Entretanto,
neste caso, a soberania divina determinou, de imediato, a sentença de morte. A família de
Acã também foi punida, pois, provavelmente foi cúmplice de seu pecado (Dt 24.16). Em
alguns casos narrados na bíblia, a punição divina pode parecer ser excessiva, mas tem a
explícita intenção de ser exemplar, como neste caso ou no caso de Ananias e Safira, por
exemplo.

Conclusão
Pode-se dizer que essa ideia de levar vantagem em tudo não é coisa tão recente assim, nem
é marca registrada do povo brasileiro. Acã, no Antigo Testamento; e, Ananias e Safira, no
Novo Testamento, são bons exemplos disso. É sempre oportuno cada um avaliar como tem
sido sua vida e suas práticas, dentro e fora da igreja. É preciso ser íntegro e inteiro, ter uma
só cara, diante de Deus e diante dos homens!

Finalmente, podemos concluir que os efeitos do pecado em nossa vida hoje são tão maléficos
como nos dias de Jericó. Quando o Espírito Santo é persistentemente ofendido, mostrará a
sua tristeza, retirando primeiramente o seu poder e, depois, o seu testemunho. Se isso não
for o suficiente para trazer de volta o crente inconstante, então é certo que virá o açoite da
correção divina.

Para nossa reflexão:


 Até que ponto seria utopia, idealismo, pensar numa igreja sem mácula? Não podemos aceitar
que isso seja utopia! Para esse fim Cristo se entregou por ela (Ef 5.25b-27). Entendemos
que isso não significa que os membros da igreja deixarão de pecar. Mas sim, que os remidos
do Senhor terão o ardente desejo de não pecar (Hb 10.22-24).

 Se é necessária a santificação de todos os membros da igreja, para que haja poder e


manifestação do Espírito Santo, então é quase impossível que isso ocorra? Mesmo que seja
tão difícil, esta unidade de propósito, não é impossível. Já tem ocorrido muitas vezes, em
vários lugares. No entanto, isto é tão importante que o apóstolo, quando se dirigia às igrejas
sobre este assunto, usava a expressão “Rogo-vos…” (Rm 12.1; 1Co 1.10; Ef 4.1; Fp 4.2). É
por isso que damos tanta ênfase a este assunto.

 Mas, se o joio está semeado entre o trigo, como é possível, então, a santificação da igreja?
Quanto ao joio, embora atrapalhe bastante, não faz parte da igreja. Entendemos que o
“rogo-vos” do apóstolo Paulo não foi e não é dirigido ao joio. Estes são parasitas que, a seu
tempo, serão cortados pelo Senhor.

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