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Para uma redefinição de letramento crítico: conflito e produção de significação

Chapter · January 2011

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Lynn Mario Menezes de Souza


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Para uma redefinição de Letramento Crítico: conflito e produção de
significação

Lynn Mario T. Menezes de Souza

DLM-USP

O mundo globalizado contemporâneo traz consigo a aproximação e justaposição de


culturas e povos diferentes - muitas vezes em situações de conflito. Se todas as partes
envolvidas no conflito tentassem ler criticamente suas posturas, procurando
compreender suas próprias posições e as de seus adversários, há a esperança de
transformar confrontos violentos e sangrentos. Por isso, preparar aprendizes para
confrontos com diferenças de toda espécie se torna um objetivo pedagógico atual e
premente, que pode ser alcançado através do letramento crítico.

Aqui vale lembrar as reflexões de Paulo Freire sobre as relações entre ‘palavra’ e
‘mundo’. Freire (2005:151) fala de maneiras ‘ingênuas’ de ler o mundo baseando-se no
sentido comum, onde os significados são tomados como ‘dados’, ‘naturais’,
incontestáveis e representam uma forma de saber elaborado a partir da “experiência”.
Freire contrasta essa forma de saber “ingênuo” com um saber mais “rigoroso” e
analítico, produto de reflexão crítica, e fala da necessidade pedagógica de se afastar de
leituras ingênuas do mundo para desenvolver leituras mais críticas calcadas na
importância de aprender a escutar/ouvir. Freire, em tempo nos lembra que “... no
fundo, não é falando que eu aprendo a falar, mas escutando que eu aprendo a falar”
(2005:157). Isso faz parte do desenvolvimento do processo político de reflexão crítica
que Freire definiu como conscientização – um entendimento politicamente consciente
do mundo sócio-histórico e sua relação com a leitura e a construção do conhecimento
através de um entendimento da linguagem e os processos de formação de significação
(2005:242). Para Freire, essa consciência crítica da relação palavra-mundo, de forma
diferente da consciência ingênua, do senso-comum de simplesmente “estar no mundo”
envolve a consciência da conexão e da diferença entre estar no mundo e estar com o
mundo.

Enquanto a consciência do senso-comum nos leva a acreditar que aprendemos a falar


falando, a percepção crítica de estar com o mundo vem através da conscientização social
e crítica de que nunca estamos sozinhos no mundo. A percepção de si mesmo enquanto
um “eu”, diz Freire, surge a partir da consciência de um “não-eu” do qual surge, se
destaca e a qual se conecta o “eu” individualizado. Esse “não-eu” sócio-histórico ao
mesmo tempo é distinto de e constitui o “eu” da identidade social: “Quer dizer, foi
exatamente o mundo, como contrário de mim, que disse a mim você é você” (Freire
2005:252). Esse imbricamento e constituição mútua do “eu” com o “não-eu” - do
semelhante com o diferente, do indivíduo com o coletivo é enfatizado de forma inédita
por Freire: “Não é a partir de mim que eu conheço você... é o contrário. A partir da
descoberta de você como não-eu meu, que eu me volto sobre mim e me percebo como
eu e, ao mesmo tempo, enquanto eu de mim, eu vivo o tu de você. É exatamente quando
o meu eu vira um tu dele, que ele descobre o eu dele. É uma coisa formidável” (Freire
2005:149)

Um passo importante para perceber a conexão entre o “não-eu” coletivo e o “eu” no


processo educacional de desenvolver a conscientização crítica é aprender a
escutar/ouvir. Ao aprender a escutar, o aprendiz pode perceber que seu mundo e sua
palavra – ou seja, seus valores e seus significados - se originam na coletividade sócio-
histórica na qual nasceu e a qual pertence. A tarefa de letramento crítico seria então a de
desenvolver essa percepção e entendimento.

Isso significa que já não basta entender o letramento crítico como um processo de
revelar ou desvelar as verdades de um texto construídas e tendo origem no contexto do
autor do texto. Entendemos agora que o processo é mais amplo e complexo: tanto o
autor quanto o leitor estão no mundo e com o mundo. Ambos - autor e o leitor - são
sujeitos sociais cujos “eus” se destacaram de e tiveram origem em coletividades sócio-
históricas de “não-eus”. Torna-se importante agora perceber como esse fato interfere,
influencia e contribui para a produção da escrita do texto e a produção da leitura do
texto. Ou seja, o letramento crítico não pode mais se contentar apenas em entender
como o texto está no mundo; ele precisa também entender como o texto e a leitura do
texto estão com o mundo nos termos de Freire. Dito de outra forma, o processo de ler
criticamente envolve aprender a escutar não apenas o texto e as palavras que o leitor
estiver lendo mas também - e talvez mais crucialmente no mundo de conflitos e
diferenças de hoje - aprender a escutar as próprias leituras de textos e palavras. Isso
quer dizer que ao mesmo tempo em que se aprender a escutar, é preciso aprender a se
ouvir escutando. Ler criticamente implica então em desempenhar pelo menos dois atos
simultâneos e inseparáveis: (1) perceber não apenas como o autor produziu
determinados significados que tem origem em seu contexto e seu pertencimento sócio-
histórico, mas ao mesmo tempo, (2) perceber como, enquanto leitores, a nossa
percepção desses significados e de seu contexto está inseparável de nosso próprio
contexto e os significados que dele adquirimos. É assim que podemos apreciar em toda
a sua plenitude a complexidade da relação freireana palavra-mundo.

Essa acepção de ‘letramento crítico’ como um ato que não se limita a revelar ou
desvelar as condições de produção do texto lido necessita por sua vez de outra acepção
do conceito de ‘crítica’. Se, segundo Hoy (2005), o conceito tradicional de crítica se
referia a um processo que almejava um entendimento inequívoco e claro, obtido através
do desvelo de sentidos subjacentes e mascarados do texto (todos com origem no
contexto de produção do texto), essa outra acepção - que Hoy chama de “pós-crítica” –
enfatiza o fato de que tanto a escrita quanto a leitura são atos de produção de textos
(enquanto unidades de significação). Sendo assim, tanto o autor quanto o leitor são
produtores de textos e produtores/construtores de significação através da linguagem. E
como já foi explicado acima, nossos significados e valores tem origem nas
coletividades/comunidades ás quais pertencemos. Portanto, uma análise pós-crítica é
aquela que focaliza a genealogia ou origem dos significados que atribuímos a textos e
das leituras que produzimos, enquanto autores e leitores de textos.

O conceito de genealogia vem das teorias de Nietzsche e Foucault e não significa


chegar a uma origem derradeira do significado; significa sim um processo de
reconhecimento e análise das produções textuais (no sentido duplo de autoria e leitura
de textos) anteriores nas quais um determinado leitor/autor participou ou ás quais foi
exposto; significa reconhecer que enquanto leitores/autores de textos somos frutos de
nossas histórias de leitura/escrita, histórias essas sempre sociais e coletivas. Como
lembra Foucault, inseparável de nossa genealogia e de nossa produção de linguagem,
estão as relações de poder que nos regem socialmente de forma assimétrica e desigual.
Porém, nossas histórias são sociais e coletivas menos por não se diferenciarem em
termos individuais e sim pelo fato de que mesmo quando se escreve ou se lê
individualmente, está-se usando, nos termos de Bakhtin, palavras, significados, textos e
leituras que antecederam e que constituíram tanto o momento atual de produção de texto
quanto o próprio autor/leitor.

Corre-se o risco de entender que as produções de sentido vistas assim seriam


determinísticas e que isso não explicaria variações no entendimento de um mesmo texto
por leitores diferentes de uma mesma coletividade sócio-histórica. Não se trata disso por
uma razão simples. O “não-eu” que produz o “eu”, na explicação de Freire, nunca é
homogênea e redutora. De fato, o “não-eu” é constituído por uma complexa
heterogeneidade de comunidades e grupos (classe social, gênero, raça, religião, faixa
etária etc.), cada qual com sua própria linguagem e valores; apesar disso, todas essas
comunidades estão interconectadas em coletividades maiores. Assim cada “eu” nasce
num conjunto coletivo complexo e interconectado de comunidades do qual se destaca;
ao mesmo tempo em que o pertencimento a conjuntos diferentes de comunidades
diferencia um “eu” de outro “eu” – gerando individualidades aparentes - o fato de todo
“eu” sempre pertencer a e ser constituído por conjuntos de comunidades une os “eus”
em conjuntos coletivos maiores de “não-eus”; isso faz com que seja possível haver
leituras/escritas semelhantes e compartilhadas de comunidades como gênero (uma
leitura “feminina”), classe social (uma leitura de “classe dominante”), faixa etária (uma
leitura “juvenil”) etc. Paradoxalmente, além de explicar semelhanças de e coincidências
em leituras/escritas de um dado grupo de leitores, a genealogia pode também explicar as
diferenças de leituras desse mesmo grupo quando a “origem” das diferenças de leitura
de determinados leitores está em seu pertencimento a coletividades sócio-históricas
diferentes.

Dessa maneira, na acepção pós-crítica de letramento crítico, caracterizada pela


genealogia e pelo processo de se ouvir escutando, torna-se importante o leitor/autor se
engajar num processo de conscientização de sua própria auto-genealogia no ato de
produzir um texto (tanto ler ou escrever). Vale lembrar que isso implica em perceber a
conexão entre o “eu” e sua origem no “não-eu”; implica também em perceber que
apesar de a autoria e a leitura parecerem atos individuais e/ou voluntariosos, são
constituídas sócio-historicamente pelas comunidades ás quais se pertence e pelas suas
histórias anteriores da produção de significação.

Para Freire, o letramento crítico deve promover essa percepção da temporalidade e das
origens genealógicas da linguagem e do conhecimento como tendo origem na história
do conjunto de comunidades ao qual se pertence. O letramento crítico deve promover a
percepção resultante de que essa história, longe de ter acabado, constitui e afeta a
percepção do presente. Uma vez trazida á reflexão crítica, essa percepção da ação do
passado na produção de significação no presente poderá contribuir para a transformação
dos possíveis efeitos negativos atuais dessa produção em efeitos mais positivos e
desejáveis para o futuro: “Os homens se relacionam com seu mundo de uma forma
crítica. Eles apreendem os dados objetivos de sua realidade através da reflexão e não
por reflexo... no ato de percepção crítica, os homens descobrem sua própria
temporalidade. Transcendendo uma dimensão única, eles alcançam lá atrás o ontem,
reconhecem o hoje e assim deparam com o amanhã” (Freire 1990:3).

Tanto a proposta de Freire de ler a palavra-mundo enquanto ato de aprender a escutar


criticamente quanto a proposta de Hoy de pós-crítica enquanto auto-genealogia
enfatizam a construção local e específica da significação e do ‘eu’ de autores e leitores.
Isso em si pode parecer uma proposta de relativismo total pelo qual qualquer leitura de
qualquer texto pode ser igualmente válida. Nesse sentido, Rorty (1996) chama atenção
ao fato de que, se não houver uma medida objetiva e externa que limita a multiplicidade
de interpretações ou produções de significação de modo que seja efetivamente
impossível de distinguir entre uma leitura certa e outra errada isso pode resultar numa
paralisia ética, política e moral caracterizada por uma situação em que cada autor/leitor
defende sua “perspectiva pessoal” individual.

Quanto a isso, vale lembrar que a produção de significação não é um ato aleatório e
voluntarioso de indivíduos independentes: pelo contrário, a produção de significação é
um ato complexo sócio-histórico e coletivo no qual cada produtor de significação
pertence simultaneamente a diversas e diferentes comunidades que constituem um
conjunto social coletivo.

A temporalidade desnuda mais uma faceta da complexidade do processo da produção de


significação no letramento crítico: ela torna cada comunidade constituinte do coletivo
mutável através do tempo. A temporalidade gera assim a complexidade e multiplicidade
potenciais de leituras/escritas produzidas num dado coletivo de comunidades; porém,
essa mesma temporalidade também reduz a multiplicidade potencial de produções de
significação.

Isso ocorre pela razão seguinte: se, como já vimos, a produção de significação sempre
ocorre em contextos sócio-históricos específicos, produto de determinadas comunidades
e suas histórias, cada produção de significação de cada comunidade adquire então sua
validade apenas em dado momento histórico dessa comunidade. Por exemplo, se ao
longo da história de uma determinada comunidade produziram-se significações
múltiplas e diferentes, a validade de cada produção está restrita ás condições temporais
e sociais específicas daquela comunidade; assim uma produção num dado momento
temporal do passado da comunidade pode ter um valor diferente (para mais ou para
menos) de outra produção em outro momento mais recente.

Além do mais, enquanto que uma determinada leitura possa ser válida para uma
comunidade específica constituinte do conjunto social – uma comunidade religiosa, por
exemplo, – a mesma leitura pode não ser válida para outra comunidade ou nem sequer
para o conjunto social todo constituído por várias comunidades. Veja o caso de questões
de cunho religioso como o aborto ou planejamento familiar que, embora em termos do
conjunto social possam ter valores múltiplos e variáveis (a favor ou contra), em cada
comunidade o valor dado á questão pode ser único e restrito (ou a favor ou contra).
Portanto, é importante no letramento crítico não confundir a multiplicidade de leituras e
seus valores com a ausência de fatores ‘redutores’ como a genealogia e o pertencimento
social que reduzirão em determinados contextos essa multiplicidade potencial.

Essa acepção de letramento crítico situa a produção de significação sempre em termos


do pertencimento sócio-histórico dos produtores de significação, e postula tanto leitores
quanto autores como igualmente produtores de significação; como tal, ela recusa a
normatividade universal e a crença em verdades universais e não sócio-históricos que
sirvam para fundamentar de forma “objetiva” (isto é a-temporal e não social) leituras
“certas” ou “erradas”. Isso torna vulnerável esse letramento crítico a críticas sobre sua
utilidade e seu papel político, ético e educacional como vimos nos comentários de Rorty
acima. Porém, como apontam White (2000) e Vattimo (2004), a falta de normas e
critérios tidos como universalmente válidos não implica necessariamente na inexistência
de normas verdades e fundamentos, fatores importantes para qualquer ação política. O
que propõe essa acepção de letramento crítico é que existem sim fundamentos sobre os
quais normas, verdades e ações éticas e políticas possam ser empenhadas; porém, esses
fundamentos são vistos como contingentes e comunitários - não universais – e, portanto,
temporais, locais e mutáveis. Nos termos de Vattimo, no lugar de uma concepção dura e
substantiva de fundamentos, propõe-se uma concepção “fraca” (no sentido de mutável e
contingente) de fundamentos; não se trata de defender a inexistência, falta ou não
necessidade de fundamentos, apenas sua contingência, ou seja, a percepção de que as
verdades e os fundamentos próprios são produtos das comunidades ás quais
pertencemos e de sua história.

Para concluir, o que pode contribuir essa acepção de letramento crítico para
ensinar/aprender a lidar com situações de conflito e confrontos com a diferença?
Primeiro, ele propõe que as verdades e valores dos outros, como os nossos, são também
produtos das suas comunidades e de suas histórias - diferentes, portanto, de nossas
verdades e valores - mas igualmente fundamentados. Sendo assim, diante de situações
de conflito com outros de valores diferentes, surge a importância de aprender a escutar,
nos termos de Freire; aprender a escutar não apenas o outro, mas também a escutar nós
mesmos ouvindo o outro. O que implica o processo de escutar o outro? Como a nossa
genealogia e pertencimento sócio-histórico interferem nesse nosso processo de escutar o
outro? Como as relações de poder nos unem ou nos separam? Como a genealogia e o
pertencimento sócio-histórico do outro interferem em seu processo de produção de
significações e em se processo de nos escutar?

Esse enfoque crítico nas condições complexas de produção de significação de ambos os


lados pode ajudar a entender a complexidade do conflito em questão e a impossibilidade
de eliminar as diferenças - e portanto os conflitos - de ambos os lados. A criticidade está
em não apenas escutar o outro em termos de seu contexto de produção de significação,
mas em também se ouvir escutando o outro. O que resulta desse processo de escutar é a
percepção da inutilidade de querer se impor sobre o outro, dominá-lo, silenciá-lo ou
reduzir sua diferença á semelhança de nosso ‘eu’; a escuta cuidadosa e crítica nos levará
a perceber que nada disso eliminará a diferença entre nós mesmos e o outro, e nos
levará a procurar outras formas de interação que não sejam nem o confronto direto e
nem a busca da eliminação harmoniosa das diferenças.
Letramento Crítico Tradicional Letramento Crítico Redefinido

Enfoque no contexto e nas condições de Enfoque no contexto e na produção de


produção da escritura do texto e do autor: significação (leitura/escritura;
autor/leitor):
Como o Outro produziu a significação?
Como o Eu (do autor e do leitor) produz a
Qual é esse significado (certo)? significação.

Todas as leituras de um mesmo texto são Qual a diferença entre contexto de


homogêneas, iguais. produção da escritura e da leitura do texto

A percepção da significação no texto


nunca pode ser final ou certa mas sempre
Poder dividido entre dominante e passível de ser re-interpretada.
oprimido (Visão marxista).
As leituras/escrituras de um mesmo texto
Leitura como consenso: convergência só poderão ser semelhantes (nunca iguais)
entre leitores. se forem produzidas por leitores/autores
de comunidades sócio-históricas
Porque o outro escreveu assim? Por que o semelhantes
outro diz X e quer dizer Y
Poder distribuído entre todos, porém de
formas desiguais (Foucault).

Leitura como dissenso, conflitante:


divergência entre produtores de
significação.

Porque eu entendi/ele entendeu assim?


Porque eu acho/ele acha isso
natural/óbvio/inaceitável?Porque eu acho
que ele quer dizer X?

Bibliografia
Bakhtin, M. (1978) Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo, Hucitec

Foucault, M. (1996) A Ordem do Discurso. São Paulo, Loyola.

Freire, P. (2005) Pedagogia da Tolerância. São Paulo, Editora Unesp.

Freire, P. (1990) Education for Critical Consciousness. New York, Continuum.

Hoy, D.C. (2005) Critical resistance: from Poststructuralism to Post-Critique.


Cambridge, The MIT Press.

Vattimo, G. (2004) Nihilism and Emancipation: ethics, politics and the law. New York,
Columbia University Press

White, S.K. (2000) Sustaining Affirmation: the strengths of Weak Ontology in Political
Theory. Princeton, Princeton University Press.

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