Você está na página 1de 17

NIETZSCHE:

FILÓSOFO DA
SUSPEITA
Prof.ª KÉSIA CAROLINE DOS PASSOS
E-mail: kesiapassos@gmail.com
Colégio Santo Inácio - Maringá
Para Schopenhauer, a vida
humana é marcada pela
dor, pelo sofrimento e pelo
tédio. O ser humano é uma
vontade que nunca se
satisfaz por completo, por
isso sempre estará em
busca de algo, o que
provoca dor e sofrimento.

Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) nasceu em Röcken, estado da atual


Alemanha. Formou-se em Filologia pela Universidade de Leipzig, mas
iniciou carreira docente na Universidade da Basileia, quando era muito
jovem. Admirava a música de Richard Wagner e a obra de Arthur
Schopenhaeur, mas acabou rompendo com o primeiro, por causa da
sua aproximação com o cristianismo, e se distanciou do pessimismo do
segundo. Nos últimos anos de vida, Nietzsche foi acometido pela
loucura, ficando sob os cuidados da mãe e da irmã.
Aforístico: modo de
organizar um texto em
aforismos. Os aforismos
são proposições curtas e
breves que exprimem uma
verdade ou uma regra para
a vida prática.

As obras de muitos filósofos foram marcados pelo gênero argumentativo


e pelo elogio da democracia. Nietzsche ao contrário, elaborou um estilo
aforístico e enigmático, que foi elogiado por suas qualidades literárias.
DIONISIO E APOLO
O pensamento filosófico não surgiu com Sócrates, mas a maioria dos
filósofos o considera o patrono da Filosofia. Nietzsche não fez parte dessa
maioria. Avaliou Sócrates como o início da decadência do
pensamento grego, marcado ate então pelo vigor e pelo esplendor.
Antes de Sócrates, a cultura grega estava estabelecida sobre os impulsos
fundamentais, personificados nas divindades de Dionisio e Apolo.
Em 1872, Nietzsche publicou “O nascimento da tragédia”, obra
dedicada ao compositor Richard Wagner na qual abordava os dois
impulsos fundamentais da mentalidade grega sob a influência dos
conceitos de vontade e representação da Filosofia de Schopenhauer.

De acordo com Schopenhauer,


a primeira verdade filosófica
afirma que o mundo inteiro é
representação. Por exemplo,
não sabemos o que as coisas
são em si mesmas, mas
apenas o que são para nós, ou
seja, sua representação.

Nessa obra, o deus Apolo representava a harmonia e se manifestava na


épica e nas artes plásticas (representação); e o deus Dionisio
representava as paixões irracionais e se manifestava na música e na
tragédia (vontade).
De acordo com Nietzsche, o apolíneo e o dionisíaco estavam articulados
em uma sínteses criativa na Grécia pré-socrática. A grandiosidade e a
genialidade do espírito grego eram resultado da relação entre o
equilíbrio e a racionalidade, representados pelo apolíneo, e o instinto
de luta e paixão, representados pelo dionisíaco.

Depois de Sócrates, porém, a Ciência e a


racionalidade tornaram-se hegemônicas.
Desde então o pensamento filosófico se
degenerou!
A TRANSVALORAÇÃO DOS VALORES
De acordo com Nietzsche, a moral dos fortes sempre esteve relacionada a
valores como bravura, coragem e nobreza. Ela é também conhecida
como moral do senhor ou aristocrática, pois expressa normas de
conduta de uma pequena casta que se considera superior a todas as
outras.

A moral aristocrática, no entanto, teria sido posta de cabeça para


baixo por uma moral inventada pelos pobres, fracos e ressentidos,
que afirma os valores da piedade e da humildade e privilegia o
submisso em detrimento do forte.
A moral dos fracos também ficou conhecida como moral dos escravos, pois
indica a impotência e a fraqueza dessa camada submissa. Segundo
Nietzsche, a moral dos escravos foi primeiramente formulada pelo
judaísmo, mas foi finalmente coroada pelo cristianismo. Quando os
valores dos fracos e ressentidos, como a humildade e a benevolência,
foram elevados à categoria de valores a serem alcançados, então ocorreu
uma inversão ou, mais propriamente, uma transvaloração dos valores.
A moral dos escravos também é a moral do ressentimento. Com o
objetivo de se vingarem dos fortes, os fracos interpretam como mau tudo o
que era proveniente de uma casta aristocrática, inclusive seus valores, e
entendem como bom tudo o que afirmasse a sua posição.
De acordo com Nietzsche, a transvalorização dos valores, que interpretou
como boa a moral dos escravos, rebaixou a dignidade do ser humano. Por
isso, é preciso de uma transvalorização dos valores, que resgate os
ideais aristocráticos e ponha abaixo a moral dos fracos. É preciso que
a atual humanidade dê lugar ao novo ser humano, a alguém além do
próprio ser humano, ao que alguns chamam de super-homem.
09
O ALÉM DO HOMEM

O novo homem se desvencilhará dos prejuízos que pesam sobre a


humanidade atual, marcada por valores que menosprezam o mundo
em que estamos, mas que glorificam um mundo divino ou celeste que
se encontra em outro lugar.
Sigmund Freud
(1856 – 1893)
Na obra “Assim falou Zaratustra”, Nietzsche apresentou esse novo
momento da humanidade, em que o ser humano será capaz de se
livrar do sobrenatural e afirmar o sentido da Terra.

Para Nietzsche, depois de afirmar a morte de todos os deuses, será


preciso elaborar novos valores, que, no entanto, deverão estar
vinculados às coisas terrenas. O novo ser humano não dirá mais “tu
deves”, mas afirmará a própria vontade e dirá “eu quero”. Com a
morte de Deus, será preciso viver o além homem, cuja vontade se
expressa na invenção de novos valores e significados.
O ETERNO RETORNO

O Ouroboros é um signo para


a eternidade

O tempo do cristianismo é linear: é uma sucessão de acontecimentos


que se repetem. Além disso, tudo tem começo e, de acordo com a
Bíblia, chegará a um fim. Nietzsche, por sua vez, afirmou que tudo o
que acontece já ocorreu e ocorrerá novamente, inclusive seus
detalhes. É a ideia de eterno retorno.

Você também pode gostar