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Nietzsche

um sujeito contra o seu tempo.

PSICOLOGIA EXISTENCIAL HUMANISTA


ESTÁCIO FLORIANÓPOLIS
PROFESSORA: BIANKA GARCIA
Objetivos desta aula

 Dando continuidade as reflexões produzidas na aula anterior, hoje demarcaremos


a influência de Nietzsche para o existencialismo.
Friedrich Nietzsche
1844 – 1900 (55 anos)
Reino da Prússia (Atual Alemanha)
Filósofo, poeta e compositor.

Nietzsche exerceu grande influência no


Ocidente. Sua obra mais conhecida é “Assim
Falou Zaratustra”. Estendeu sua influência para
além da filosofia, penetrando na literatura,
poesia e todos os âmbitos das belas artes.
Vida e Obra
 Nietzsche era filho, neto e bisneto de pastores protestantes;
 Com cinco anos de idade ele ficou órfão de pai, ficando aos cuidados da mãe, da avó
e da irmã mais velha;
 Durante a juventude pretendia seguir o exemplo do pai e dedicou-se à leitura da
Bíblia. Com 14 anos recebeu uma bolsa de estudos de preparação para o clero.
Destacou-se nos estudos religiosos, literatura alemã e estudos clássicos, porém
começou a questionar os ensinamentos do Cristianismo.
 Em 1864 continuou seus estudos em Teologia e Filologia Clássica, na Universidade.
 Em 1867, Nietzsche foi convocado para o exército prussiano, quase morreu de uma
queda de cavalo, e voltou para continuar seus estudos em Leipzig.
Vida e Obra
 Em 1869, com 25 anos, considerado aluno brilhante, dotado de sólida
formação clássica, Nietzsche foi nomeado professor de filologia na
universidade de Basileia.
 Em 1870, com a deflagração da Guerra Franco-Prussiana, pediu
licença da universidade e retornou voluntariamente para o Exército.
Mas em pouco tempo, Nietzsche contraiu difteria e voltou para
Basileia a fim de se restabelecer.
 Os estudos de sua biografia indicam que a experiência da violência e
o sofrimento chocaram-no profundamente.
 Em 1872 Nietzsche publica “O Nascimento da Tragédia”, que marca
o início de sua obra.
Vida e Obra
 Em 1879, seu estado de saúde obrigou-o a deixar o posto de professor. Sua
voz, inaudível, afastava os alunos;
 Mas, Nietzsche não cessou de escrever em um ritmo crescente.
 Este período terminou brutalmente em 1889 com uma "crise de loucura"
que durou até à sua morte. Neste dia ele teria testemunhado o açoitamento
de um cavalo, correu em direção ao cavalo, jogou os braços ao redor de seu
pescoço para protegê-lo e, em seguida, caiu no chão.
 Após o episódio, Nietzsche entra estado alucinatório, personificou
alternativamente as figuras de Dionísio e Cristo, expressas em bizarras
cartas e afundando, depois, em um silêncio quase completo até à sua morte,
em 1900.
Principais Obras

 O Nascimento da Tragédia (1872)


 A Gaia Ciência (1882)
 Assim Falou Zaratustra (1883)
 Além do Bem e do Mal (1886)
 Genealogia da Moral, uma Polêmica (1887)
 Ecce Homo, de como a gente se torna o que a gente é (Autobiografia)(1888)
 O Anticristo (1895)
Nietzsche e a visão trágica de mundo

“O Nascimento da Tragédia” é o livro que Nietzsche escreve para


introduzir no pensamento filosófico de sua época um resgate em
torno da visão trágica de mundo proveniente da cultura grega.
A Tragédia Grega

A tragédia surge no teatro grego para colocar em questão


alguma forma de conflito que envolvia um personagem
contra uma instância maior.

Em geral, elas eram encenadas visando a exaltação e


danças em honra ao Deus grego Dionísio, valorizando a
excentricidade e o lado visceral da vida.
A Tragédia Grega
 Nesta perspectiva, os Gregos trazem na representação artística uma espécie de “Visão
trágica de mundo”, que Nietzsche considera uma perspectiva realista.
 Para ele, a Tragédia Grega é uma representação artística de um sofrimento que é
natural.
 Ele utiliza os conceitos “Apolínio e Dionisíaco” de forma didática, para metaforizar
o que ele considera a “grandiosidade da vida humana”.
 Apolo é Deus Sol, da beleza, da forma perfeita, da uniformidade;
 Dionísio é o Deus do vinho, da orgia, da desmedida, exagero;
 Neste sentido, Nietzsche observa que os Gregos compreendiam a vida como um
equilíbrio Apolínio-Dionisíaco.
A Tragédia para os cristãos e os modernos

 Para ele, o cristianismo acabou por relegar a tragédia a uma concepção


“negativa de mundo”, e vê na tragédia a cristalização do “mal” em oposição
ao “bem”.

 Segundo ele, a nossa cultura ocidental priorizou a “Razão” como única


maneira de leitura da realidade.

 O trágico ganhou um sentido pejorativo e foi associado a adjetivos como:


desgraça, infortúnio, desesperança, medo, morte e dor.
Principais Contribuições

Suas ideias chave incluíam:


 Perspectivismo;
 Vontade de potência;
 A morte de Deus;
 Übermensch (Além do Homem);
 O Eterno retorno.
Perspectivismo
O conceito foi criado por Leibniz. Mas Nietzsche foi um grande desenvolvedor e defensor da
ideia.

Perspectivismo é uma visão filosófica que se diferencia do objetivismo e do relativismo, onde


toda percepção e pensamento tem lugar a partir de uma perspectiva que é alterável.

Objetivismo – A Realidade é o que é, independente da subjetividade;


Relativismo – Não há verdade absoluta, a verdade depende da realidade do interlocutor;
Perspectivismo – Não Existem fatos, mas somente interpretações.
Perspectivismo

Nietzsche leva o conceito de Perspectivismo para além do conhecimento (saber sobre


o mundo), colocando em perspectiva também a lógica da moral.

Desta forma, ele coloca em perspectiva o “bem” e o “mal”, o “certo” e “errado”.

Se não existem fatos, somente interpretações, então todo o conceito de moral, os


costumes e valores ocidentais, são baseados em interpretações?
Vontade de potência
Vontade = desejo / potência = criação. Ou seja, desejo de criar algo.

“O mundo é vontade de potência” Ou seja, anterior aos corpos, existe uma pluralidade de
forças, em constante conflito, que criam tudo aquilo que existe. Estas forças atuam através dos
corpos, e a vontade humana seria apenas como um espelho, daquilo que atua antes mesmo da
consciência.

A “vontade de potência” ou “vontade de poder” é para Nietzsche a principal força motriz nos
seres humanos. Para ele, nossos pensamentos são constituídos através destas forças, que geram
valor através dos corpos. Que pensam e desejam através dos corpos.
Vontade de Potência e Criação de Valores

Se os valores não caíram do céu, não foram dados, eles foram criados. Que vontade
no homem, então, criou estes valores?

Nietzsche coloca os valores como um sintoma da vontade de potência no homem,


que pode ser:
 uma vontade de negação deste mundo;
 ou de criação de sentido.
Homem Reativo e a má consciência

Forças Ativas – Forças que dominam outras forças, são forças de criação;
Forças Reativas – Forças que são dominadas, são forças de conservação.

O “homem reativo” para Nietzsche é aquele que é dominado por forças reativas e o
homem só conhece então a perspectiva da conservação, da adaptação ao meio.

Esse vai ser definido por Nietzsche como o fenômeno da “má consciência”.
A Morte de Deus

“Deus está Morto!”

Nietzsche é um grande crítico da moral, e portanto também se opõe fortemente ao


Cristianismo. Ele identifica o fanatismo religioso, ou até mesmo os mais sutis valores
morais impostas pelo Cristianismo na cultura como uma “doença social”, o que ele
chama de Niilismo negativo.

Niilismo negativo = Negação do mundo real, em prol de um mundo ideal (espiritual,


religioso).
“O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar.
‘Para onde foi Deus’, gritou ele, ‘já lhes direi! Nós o matamos – vocês e eu.
Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber
inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que
fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move agora? Para
onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos
continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções?
Existem ainda ‘em cima’ e ‘embaixo’? Não vagamos como que através de um
nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais
frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã?”
Nietzsche, A Gaia Ciência,
A Morte de Deus

A morte metafórica de Deus, para Nietzsche simboliza uma tentativa de reverter a


cultura que ele considera alienadora e niilista.

Para ele, não existe qualquer instância superior, eterna.


O Homem depende apenas de si mesmo.

Com a morte de Deus, o que sobra à humanidade?


Qual será o princípio norteador da vida?
Übermensch (Além do Homem)

“Além do Homem” ou “Super-Homem” é o termo utilizado por Nietzsche no livro


Assim Falou Zaratustra, que explica os passos através dos quais o homem pode se
tornar um “além do homem”. Ou seja, um “homem superior”.

“Eu ensino-lhes o Ubermensch.


O homem deve ser superado.
O que você faz para vencê-lo?
O Ubermensch é o sentido da Terra”.
(Assim falou Zaratustra)
Übermensch (Além do Homem)

Com a “Morte de Deus” a humanidade enfrenta o perigo do Niilismo.


Com o Ubermensch o homem cria os seus próprios valores e propósitos. Vive uma
vida com maior intensidade e profundidade.

A grandeza do Ubermensch é espiritual, é um guerreiro do reino do conhecimento,


ideias e artes. Ama a vida e o mundo para o último grau, ele quer o eterno retorno de
todas coisas. “Ame a sua dor”.

O oposto do “Além-do-Homem” seria o “Ultimo Homem”, que não deseja nada além
do conforto e satisfação.
O Eterno Retorno
“E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse
furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: ‘Esta vida,
como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma
vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada
dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é
inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder
novamente, tudo na mesma sequência e ordem  – e assim também
essa aranha e esse luar entre as árvores, e também esse instante e eu
mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada
novamente – e você com ela, partícula de poeira!’.”
Nietzsche, Gaia Ciência, p. 341.
O Eterno Retorno

Nietzsche não petende provar como uma verdade literal a existência de Eterno Retorno, mas apresenta como
umas espécie de experimento de pensamento para testar sua atitude perante a vida.

Então ele pede para o leitor considerar como uma possibilidade e em seguida
pergunta como reagiria se fosse verdade?
O Eterno Retorno
Ele assume que a primeira reação seria de total desespero, pois a condição humana é
trágica, a vida contém muito sofrimento, e o pensamento de reviver tudo isso um
número infinito de vezes parece terrível.

Mas então ele imagina uma reação diferente: Suponha que alguém pudesse acolher a
notícia e abraça-la como algo que se deseja. Isto, para Nietzsche seria a expressão
máxima de uma atitude de afirmação da vida. Esta seria a forma de alcançar o
“Übermensch” (Além do Homem).
Niilismo

Para Nietzsche o Niilismo se apresenta como uma vontade de negação da realidade,


“vontade de nada”.

Niilismo Negativo – Negação da realidade, a partir do culto ao além da vida.


Niilismo Passivo – quando o homem se depara diante da Existência sem sentido e
sem valor.
Niilismo Libertador – Afirma a vida e começa a criar sentido e criar valor.
A vontade de potência contra a
moral de rebanho

Através desta obra Nietzsche vai destacar as circunstancias


que geraram os valores em que vive a sociedade do Sec. XIX,
e vai também destacar dois conceitos fundamentais: O
ressentimento e a má consciência.

O Homem Reativo é um homem ressentido, culpado, pois tem


interiorizado as suas forças ativas. Já o Homem Ativo é aquele
que mata o ressentimento e a culpa. Uma vez que os
sentimento de culpa são constituídos por uma moral.
GENEALOGIA DA MORAL
Genealogia da Moral

A obra consiste em apresentar o cristianismo como uma moral


de rebanho responsável por apequenar o sujeito, tornando-o
alguém passivo e contemplativo diante da vida. Mesmo o
sujeito moderno, não conseguiu superar essa condição, pois
carrega consigo muito dos valores cristãos em suas ações.

“O homem precisa daquilo que em si há de pior se pretende


alcançar o que nele existe de melhor.”
(Assim falou Zaratustra, 1891)
Zaratustra e a anunciação do
“além do homem”

Assim Falou Zaratustra é o livro mais poético escrito por


Nietzsche. Através de uma linguagem paradoxal, ele recupera
um obscuro poeta persa que realmente existiu no século VI
a.C. para apresentá-lo no século XIX como profeta do “além
do homem”.

Nietzsche realiza esse procedimento para contextualizar a


tarefa ética dada ao homem moderno, qual seja, superar a sua
condição de escravo para preparar a terra para o “além do
homem”.
Nietzsche é um grande crítico à tudo que generaliza e controla os homens. Ele
critica: A religião, A ciência, Os valores, A própria Filosofia, A verdade... Para
ele, o que sobra?

No que isto contribui para a Filosofia Existencialista?


Saiba +

 YOUTUBE: CIVILIZAÇÃO X VIDA - NIETZSCHE ERA NIILISTA? - E AGORA?


COM VIVIANE MOSÉ
https://www.youtube.com/watch?v=AsmLaKmQXTU

 YOUTUBE: O ETERNO RETORNO E O ALÉM-DO-HOMEM | OSWALDO


GIACOIA JUNIOR:
https://www.youtube.com/watch?v=qDAHX8KnFz0
Atividade Verificadora de Aprendizado

Em grupo, respondam às perguntas:


https://bit.ly/3JMBK0b

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