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Antes de partimos de imediato para a resposta dessa questão, farei uma breve
digressão para apresentar o universo no qual se insere o Nascimento da Tragédia, bem
como o processo de criação artística na metafísica nietzschiana.
1
Schopenhauer, 2005
caracterizar o Nascimento da Tragédia, como o livro de um filólogo que ousou pensar
filosoficamente e que via no renascimento da arte apolíneo-dionisíaca da tragédia, a
promoção de uma reflexão sobre a cultura alemã a partir de uma estética afirmativa da
vida.
Nietzsche entende só ter sido possível essa junção através da música. O coro
trágico, oriundo do cultos das bacantes, teria sido o responsável pelo rompimento com
os princípios de individuação, na medida em que incitava uma descarga de imagens
apolíneas. Essa descarga produzia o mito trágico que trazia em sua essência a sabedoria
dionisíaca do aniquilamento do herói. Ao ser aniquilado, o indivíduo é reconectado ao
Uno, passa a conhecer então a essência do mundo. Nesse sentido, a tragédia grega
exprime o fenômeno da embriaguez dionisíaca, na medida em que é capaz de romper
2
O professor Roberto Machado define esses cultos como “cortejos orgiásticos de mulheres que, em transe
coletivo, dançando, cantando e tocando tamborins em honra de Dioniso, à noite, nas montanhas,
invadiram a Grécia vindos da Ásia. Cf (2005, p. 8).
com o consciente fazendo com que o indivíduo entre em contato com o prazer
primordial
3
“Essa autocisão que se efetua no mundo da individuação é remetida a um misterioso pecado original,
que põe fim à unidade originária e harmônica da vontade consigo mesma”.
4
Cf. ARALDI, 2009, P. 124
originárias, visto que através da arte, ele consegue glorificar a vontade nas suas
manifestações belas e aparentes:
Nesta passagem está contido também algo que será de grande importância para o
desenvolvimento da obra, que é tragédia como sinônimo de alegria, no sentido em que
transforma o sofrimento em um sentimento afirmativo da existência. É nesse sentido
que Nietzsche a conceitua como um consolo metafísico, pois, no desenvolvimento da
arte trágica, afirma Machado, “o espectador aceita o sofrimento com alegria, como parte
integrante da vida, porque seu próprio aniquilamento como indivíduo em nada afeta a
essência da vida” (2005, p. 9).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS