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Podemos agora olhar para o feto tal como ele realmente é -- vendo as
características reais que possui -- e podemos avaliar a sua vida
colocando-a no mesmo escalão em que colocamos as vidas dos seres
com características semelhantes que não são membros da nossa
espécie. Torna-se agora claro que o nome do movimento Pró- _Vida
ou Direito à Vida é enganador (...) Porque, em qualquer comparação
justa de características moralmente relevantes -- como a racionalidade,
a autoconsciência, a consciência, a autonomia, o prazer e o
sofrimento, etc. --, a vaca, o porco e a tão ridicularizada galinha ficam
muito à frente do feto em qualquer estádio da gravidez -- e, se
fizermos a comparação com o feto de menos de 3 meses, um peixe
mostra maiores sinais de consciência (SINGER, 2002, p. 160).
Podemos perceber que a questão central para Singer não é a discussão sobre o que seria
ou não moralmente aceitável, mas se a defesa da criminalização do aborto estaria de acordo com
as práticas que realizamos todos os dias com os animais não humanos. A questão não seria
cometer ou não o aborto, mas sim se questionar em qual nível de senciência estou projetando
dor a outro ser.