Ano escolar 2022/2023 Direção Regional de Educação DISCIPLINA DE HISTÓRIA A – 12ºAno do Norte A Professora – Sónia Morais Tema: Portugal no primeiro pós-guerra 12º Ano Módulo 7 AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX Dificuldades Económicas Os problemas portugueses deste período são de carácter estrutural e têm profundas raízes históricas, mas foram agravados pelos condicionalismos particulares deste pós-guerra; Mantêm-se as mesmas dificuldades económicas e financeiras que levaram à Contexto instauração da I República; A participação de Portugal na guerra veio tornar mais difícil a concretização das promessas republicanas e agravar a situação financeira do país; Tal como no resto da Europa, existe um clima propício à agitação social, ao qual não resistem os frágeis governos republicanos. A actividade agrícola não evidencia grandes desenvolvimentos técnicos; No norte mantém-se o tradicional parcelamento da propriedade que inviabiliza os grandes investimentos; No centro e sul, zona de grandes propriedades, a pobreza do solo não atrai o investimento; os proprietários também não aderem à inovações, mantendo-se uma Agricultura produtividade muito baixa e uma tendência sistemática para a emigração rural; Portugal não era auto-suficiente na produção cerealífera, facto que se veio a agravar com a guerra, dificultando a sua importação; Criou-se um subsídio à importação do trigo estrangeiro, tentando travar-se a subida do preço e controlar as fomes; Na sequência do surto industrial da segunda metade do século XIX, a indústria encontra-se numa situação de relativa prosperidade, sobretudo nos sectores virados para a exportação e nos anos que se seguiram à I Guerra Mundial; A diminuição das importações e da concorrência externa durante o conflito, permitiram a conquista de mercados pelos fabricantes nacionais. O número de fábricas, centrais eléctricas e bancos, cresceu. Cresceu também a importação de matérias-primas e os investimentos na indústria. O crescimento mais significativo ocorreu no sector das conservas de peixe. Contudo, o sector secundário mantém a sua debilidade devido à estagnação dos Indústria transportes de comunicações: os sectores rodoviário e ferroviário não sofreram alterações desde Fontes Pereira de Melo; não se investiu no seu alargamento ou na sua reparação; contudo, as linhas de telégrafo e telefone cresceram durante este período No apetrechamento dos grandes portos marítimos, Portugal encontra-se cada vez mais afastado das novidades da circulação marítima; a marinha mercante é incapaz de competir com as grandes frotas estrangeiras; A quantidade e dimensão das fábricas e o número do proletariado são baixos relativamente aos outros países Finanças A insuficiência produtiva, tal como nos restantes países, resulta na prática dos racionamentos e do constante aumento de preços; Para fazer frente aos défices orçamentais, procedeu-se à emissão de notas de banco de forma a evitar medidas menos populares como as de grande austeridade; as emissões destas notas e o consequente aumento da moeda em circulação deram origem à sua desvalorização e à imediata subida de preços, a um ritmo violento, irregular; Crescente fuga de capitais para o estrangeiro dada a depreciação do escudo; os particulares, também descrentes na divisa portuguesa, recorreram ao entesouramento de metais preciosos; Os depósitos bancários diminuíram; 2/1 As reservas de ouro do Banco de Portugal caíram para níveis muito baixos; Aumenta o desemprego; Agravamento do défice da balança comercial; Aumento da divida pública; A partir de 1924, foi possível travar a desvalorização do escudo e estabilizar o seu valor cambial. 3/1
Tema: Portugal no primeiro pós-guerra
12º Ano Módulo 7 AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX
Após a implantação da República, começaram a transparecer as divergências no
seio do Partido Republicano; A democracia parlamentar instaurada e as reformas legislativas levadas a cabo nos domínios do trabalho, religioso e familiar, deram origem a inúmeras cisões no seio dos republicanos; O laicismo e anticlericalismo patentes nas medidas da I República garantiram a hostilidade da Igreja e do país conservador e católico; O movimento republicano acabou por se pulverizar em pequenas facções que se Instabilidade digladiavam no Congresso; política A constituição de 1911 instituíra o predomínio do poder legislativo sobre o poder executivo; Assim, o Congresso interferia sistematicamente nos governos impedindo a sua acção, fazendo cair as suas equipas e os presidentes; Os governos continuavam a ser vistos como a continuação da administração corrupta que se tinha pretendido derrubar em 1910; As medidas legislativas não agradavam aos revolucionários que as consideravam insuficientes, nem aos conservadores que as consideravam exageradas;
As circunstâncias descritas no plano económico, financeiro e político explicam o
quadro social explosivo que então se vivia; A inflação e desvalorizações não foram acompanhadas das respectivas subidas nos salários dos trabalhadores; Instabilidade As classes médias titulares de rendimentos fixos foram especialmente afectadas; social Os operários tiveram de suportar o aumento do custo de vida e o desemprego; As manifestações e greves aumentaram; Receava-se o anarquismo, o bolchevismo; A Igreja esperava recuperar a sua anterior influência.
Era unânime o desejo de ordem, tranquilidade, desafogo económico;
As soluções autoritárias começam a imperar na Europa; Em 1915, Pimenta de Castro instaurava a ditadura militar; Em 1917, Sidónio Pais envereda igualmente pela ditadura; Em 1919, houve guerra civil em Lisboa e no Norte; foi então proclamada uma efémera «Monarquia do Norte»; Falência da 1ª As maiorias parlamentares não se verificavam, dando origem a uma sequência de República governos efémeros – 26 governos; Em 1926, 28 de Maio, foi organizado, a partir de Braga, um movimento militar que, através de um golpe de Estado, instituiu uma ditadura militar, decretou o fim das liberdades individuais, dissolveu o Congresso, Extinguiu todas as instituições de inspiração liberal e democrática; A democracia parlamentar chegava ao fim, bem como a I República; 4/1
Tendências Culturais: entre o Naturalismo e as Vanguardas
Pode afirmar-se que, nos primeiros anos do século XX, a Literatura Portuguesa evidenciava forte resistência à inovação; Evolução política europeia e desagregação político-social da 1ª República – serviram de pretexto para a formação de algumas correntes literárias mais ou menos antagónicas, entre elas, o movimento do Integralismo Lusitano (com a revista “Nação Portuguesa”), e o movimento da “Seara Nova” (com a revista “Seara Nova”); O Integralismo Lusitano foi um movimento chefiado por António Sardinha; este movimento popular reconduziu Portugal aos caminhos da tradição, tanto na política como na cultura; O Grupo “Seara Nova”numa linha de racionalismo crítico e de doutrinação político- social-democrática, fizeram parte nomes como: Jaime Cortesão, Raúl Proença, António Sérgio, Raúl Brandão, Aquilino Ribeiro, entre outros; contexto No período da República, começam a entrar em Portugal as primeiras influências dos movimentos de vanguarda; O baixo nível de alfabetização da população portuguesa, o conservadorismo dos meios urbanos, não forneceram abundância de público a estas novas manifestações, A predominância do gosto naturalista nas artes figurativas e o prestígio dos seus autores (Malhoa, Columbano) não facilitou a entrada da inovação; A própria República apoiava estas tendências culturais que procuravam incessantemente uma identidade nacional; Existiu igualmente um desfasamento cronológico entre a eclosão das vanguardas europeias e o conhecimento que delas tiveram os escritores e artistas portugueses; Alguns responsáveis pelo modernismo em Portugal, viveram em Paris e contactaram com as vanguardas e é o seu regresso ao país que promove o surto de novas tendências; O sentimento de crise colectiva e de inconformismo manifestou-se através de um grupo modernista, à volta da revista “Orpheu” (1915); O primeiro e segundo números da revista provocaram escândalo e crítica, tal como o grupo pretendia, contestando a velha ordem literária; A revista teve de fechar devido ao insucesso financeiro; Não tinha uma linha programática definida, pretendia-se, sobretudo, romper com as formas culturais dominantes; eram cosmopolitas e apreciavam o mundanismo boémio; Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e Fernando Pessoa constituíram as personalidades literárias que mais se destacaram neste grupo; Primeiro Fernando Pessoa - é a maior revelação do “Orpheu”; o seu génio manifestou-se pela sua capacidade de “desmembrar-se em vários personagens” (heterónimos) à Modernismo semelhança de diversos papéis de uma peça que se distribuem por diferentes actores Na literatura (Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Torres e Fernando Pessoa); A obra de Fernando Pessoa continua a constituir um manancial de pesquisa entre filósofos e historiadores da Literatura do nosso tempo. Nas suas dissertações repudiavam o homem contemplativo e exaltavam o homem de acção, lamentavam a morbidez saudosista dos portugueses. Revelaram a sua faceta mais inovadora – o futurismo. O manifesto Anti-Dantas, atacou violentamente as críticas de Júlio Dantas a este movimento. Em 1917, sai a revista «Portugal Futurista», considerada a «peça fundamental do movimento futurista português», apreendida pela polícia, à saída da tipografia. Segundo A geração do 2º Grupo Modernista constituiu-se à volta da revista “Presença” (1927- Modernismo 40), que apesar de não significar inovação em relação à anterior, revelou alguns poetas notáveis: José Régio, Casais Monteiro e Miguel Torga. Na literatura Os autores da “Presença” proclamam-se como não doutrinários, nem politicamente comprometidos. Voltam a lutar contra uma Literatura academizante e esterilizante, preferindo colocar perguntas e conceder aos outros o direito de dar respostas. Inspirados na psicanálise freudiana, bateram-se pelo primado do individual sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuição sobre a razão; Na prosa, do período em estudo distinguiram-se entre outros, Aquilino Ribeiro (1885- 5/1 1963), Ferreira de Castro (1898-1974), Miguel Torga (1907-1995). Ferreira de Castro – torna-se o percursor do neo-realismo, que surgiu nas vésperas da 2ª Guerra Mundial e constituiu uma escola de numerosos escritores, como Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes e outros. O Neo-realismo – contesta o afastamento da literatura dos problemas nacionais defendido pelo grupo “Presença”. 6/1
Começou a manifestar-se em Portugal a partir de 1911, na Exposição Livre realizada
em Lisboa; neste ano regressam de Paris alguns pintores portugueses, como Dórdio Gomes e Santa-Rita Pintor. Na exposição imperou o humor, a caricatura e a ilustração. Provocou o escândalo e a crítica, apesar de não primar pelo vanguardismo. Praticava-se a estilização formal dos motivos, esbatia-se a perspectiva, usavam-se cores claras e contrastantes; Com a eclosão da 1ª Guerra Mundial regressam outros, como os escultores Diogo de Macedo e Francisco Franco, Eduardo Viana, Amadeo de Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita (2ª geração de Paris), e com eles o casal Delaunay. Destes regressos resultou a formação de dois pólos activos e inovadores: um em Lisboa, liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita e aos quais se juntaram Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro; Outro pólo surgiu no Norte em torno do casal Delaunay, Eduardo Viana e Amadeo. Foi na cidade do Porto que se assumiu o termo Modernismo ao intitular-se uma exposição, em 1915, de “Humoristas e Modernistas” e, em 1916, Amadeo de Souza- Modernismo na Cardoso, nas exposições de Lisboa e Porto, ao intitular-se como “Impressionista, Pintura Cubista, Futurista e Abstraccionista”. Almada Negreiros – considerado um génio, foi pintor, desenhador, romancista, poeta, bailarino, crítico de arte, autor de tapeçarias e vitrais; Entre as obras mais conhecidas desta artista destacam-se os frescos que executou para as gares marítimas de Lisboa; Abel Manta – Foi outro notável pintor desta geração. Influenciado pelos impressionistas e Cézanne, foi um retratista, de penetração psicológica difícil de ultrapassar na pintura portuguesa contemporânea; Maria Helena Vieira da Silva (1908-1994) – Tendo-se radicado definitivamente em Paris, é considerada um dos maiores pintores do Abstraccionismo. No Período pós 2ª Guerra Mundial – O Neo-realismo e o Surrealismo são as correntes que “desempenham um duplo compromisso estético e político – que correspondia a um desejo mais amplo de participação dos problemas e esperanças que se colocavam ao mundo”. Neo-realistas: António Pedro (1909-1966) e António Dacosta (n. 1914); Surrealistas: Marcelino Vespeira, Mário Cesariny. Arquitectura Modernista Portuguesa na 1ª metade do século XX. Clima de instabilidade social e política – 1ª República e participação na 1ª Guerra Mundial contribuíram para um atraso na renovação artística da arquitectura portuguesa. Apesar de tudo... alguns arquitectos distinguiram-se nas primeiras décadas deste século: José Luís Monteiro e Ventura Terra, em Lisboa, e Marques da Silva, no Porto; Contudo, continuaram a utilizar os esquemas da arquitectura oitocentista. Um outro grupo de jovens arquitectos procurou a criação de um “estilo português”: Modernismo na Carlos Ramos, Cotinelli Telmo, Pardal Monteiro e Keil do Amaral são alguns dos arquitectura nomes mais representativos deste movimento; Era a época da renovação dos edifícios públicos e da expansão urbana de Lisboa; O edifício em que melhor se definiu a síntese arquitectónica entre as formas do Modernismo e as tendências decorativas e nacionalistas (influenciadas pela ideologia do Estado Novo) foi o pavilhão (ferro, madeira e gesso) da Exposição do Mundo Português, na Praça do Império, em Belém (1940). Pardal Monteiro - autor da 1ª igreja construída em estilo francamente modernista: a Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa. Os vitrais são da autoria de Almada Negreiros, e o friso da entrada foi esculpido por Francisco Franco. A escultura deste período não conheceu uma renovação idêntica à que se verificou com a pintura; as manifestações de vanguardismo foram restritas; Discípulos de Modernismo na Teixeira Lopes como Diogo de Macedo, ou saídos da Academia de Lisboa, como escultura Francisco Franco, Leopoldo de Almeida e Álvaro de Brée; Da Escola de Belas-Artes do Porto saíram: Barata Feio, Lagoa Henriques, entre outros.