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UNIDADE CURRICULAR: História Económica e Social

CÓDIGO: 41071
DOCENTE:
A preencher pelo estudante
NOME:
N.º DE ESTUDANTE:
CURSO: Licenciatura Ciências Sociais
DATA DE ENTREGA: 29/04/2022

3,9/4
Parabéns pelo excelente trabalho!

Votos de um bom trabalho,


Hernâni do Carmo

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Os problemas de sucessão ao trono, lutas entre conservadores e progressistas, alterações
à Carta constitucional e dificuldades económicas, agravadas com dividas externas
avultadas, levaram a que Portugal vivesse um período de instabilidade política e
económica. Apesar dessa dificuldade o liberalismo foi implementado e com ele
alcançou-se uma estabilidade política e um crescimento económico que iria durar quase
quatro décadas.
Foi em abril de 1851, através de um golpe militar que a Regeneração iniciou, com a
troca do partido do conservador pelo partido progressista. Este golpe foi seguido por
uma restruturação constitucional em que se instituiu o sufrágio direto (1852)
conseguindo-se a estabilidade económica e política ansiada. Este período ficou também
conhecido como Fontismo, devido ao nome do seu principal impulsionador: António
Maria de Fontes Pereira de Melo. Este foi Ministro das Finanças e Ministro das Obras
Publicas assim como foi durante mais de dez anos Chefe de Governo, conseguindo
implementar políticas focadas nos aumentos das redes de transporte (estradas, pontes,
caminhos de ferro, portos) e na modernização da agricultura e indústria.
A par destas políticas, existiu uma verdadeira reforma fiscal, onde a décima militar foi
substituída por meios de tributação diretos que incluíam a contribuição predial(1852),
os lucros das industrias e das profissões liberais(1860), a contribuição de juros sobre os
juros(1870), esta tributação foi efetuada visando as futuras necessidades de capital,
tentando minimizar a necessidade de recorrer ao crédito externo, contudo estas não
foram suficientes, existindo a necessidade do governo de recorrer, em grande escala, a
empréstimos públicos, ficando, nos finais de 1880, com uma divida publica que se
aproximava dos 80% do produto interno bruto e com encargos perto dos 50% das
receitas publicas (Mata&Valério,2003:152).
Existiram também reformas monetárias para alcançar a normalização principalmente a
adoção do padrão-ouro e a recunhagem de moeda estrangeira, em que o real português
foi definido em 1,625 mg de ouro como valor de referência
O sistema bancário também sobre um desenvolvimento nesta época, principalmente
entre 1850 e 1870. Surgem novos bancos emissores, principalmente no norte de

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Portugal devido a ser: “uma das regiões portuguesas de mais forte emigração”
(Mata&Valério,2003:148), uma alteração da legislação das sociedades anonimas veio
impulsionar o “nascimento” de vários bancos comerciais. Já os bancos poupança, como
a Caixa Económica de Lisboa, e bancos hipotecários, como a Caixa Económica
Portuguesa floresceram, por contra os bancos de investimento não tiveram presença no
sistema bancário em Portugal. A sua expansão durou até 1876, ano que existiu uma
crise bancaria, que apesar de ter tido uma curta duração prejudicou o sistema bancário
português. Esta crise levaria à decisão de colocar o Banco de Portugal como o único
autorizado a emitir notas (1891).
Foi nesta época, por decreto de D. Maria II que existiu a implantação de um único
sistema métrico (1853), tendo sido dado um período de dez anos para estar
completamente implantado1, uniformizando a forma de medição para todas as
localidades.
Como dito anteriormente, nesta época ocorreu uma alteração da legislação sobre as
sociedades anónimas, significando o fim da autorização prévia governamental para a
existência de uma sociedade desta natureza, passando a existir apenas a obrigatoriedade
do registo. Neste período surge o primeiro Código Civil, estabelecendo ressalvas sob
divisões de bens e heranças. É importante realçar que foi nesta época que existiu a
abolição da pena de morte (1867), sendo o primeiro país europeu a excluir esta prática2.
Já o Código Comercial que atualmente é utilizado (embora com alterações) foi
promulgado nesta época, em 1888.
O Fontismo tinha como objetivo políticas de modernização do país através de obras
publicas necessárias para incrementar o crescimento económico, é nesta época então
que surge um novo Ministério das Obras Publicas com o objetivo de gerir o programa
político de obras publicas. Ao longo do tempo foram surgindo investimentos nos
caminhos de ferro, estradas, portos, correios e telefone. Quando existia algum problema
de financiamento, o Estado, devido a serem obras de interesse publico, assumia os
encargos.
A aposta nos caminhos de ferro assumiu uma posição de destaque, foram construídos
caminhos entre Lisboa, Porto, Alentejo e Algarve e Madrid. Em 1890, já existia uma

1 Adoção do Sistema Métrico e sua Divulgação - IPQ

2 A abolição da pena de morte em Portugal - RTP Ensina

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rede com cerca de 2000km. Contudo embora tenha trazido benéficos como o aumento
da acessibilidade e o transporte de mercadoria, ficou a aquém dos resultados visto nos
outros países europeus, muito devido ao nível económico dos portugueses.
A par da aposta dos caminhos de ferro, a rede de estradas também mereceu uma atenção
especial por parte do governo, existindo uma aposta considerável nesta área, passado de
200km (1850) a 10000km, em 1890.
Os portos foram alvo de investimentos, assim os portos de Leixões, Figueira da Foz,
Lisboa e Ponta Delgada sofreram melhoramentos, para aumentar a segurança e foi
contruído entre 1880 a 1890 uma rede de faróis.
O serviço de correio, em 1850, teve a introdução do selo postal. O melhoramento das
redes de transporte levou a um aumento de eficiência nestes serviços, incluindo ligações
internacionais no âmbito da União Postal Internacional. Já o telegrafo apareceu em 1850
ficando disponível apenas uma década depois, já as ligações internacionais e
transatlânticas por cabo submarino ficaram apenas disponíveis nos anos seguintes. Os
telefones, por sua vez, começam a funcionar apenas em Lisboa (1882), passando
posteriormente para o Porto e depois para o resto do país
Estas obras publicas, foram feitas através do investimento do Estado, e este para se
capitalizar teve de recorrer a inúmeros empréstimos públicos, e ao aumento de
impostos. Porém este aumento de tributação era visto como um “mal necessário” pois
futuramente iria recolher os frutos no crescimento e desenvolvimento económico.
Tanto os transportes como as comunicações internacionais proporcionaram
oportunidades de integração da economia portuguesa na economia internacional.
Contudo estas não foram suficientes para conseguir uma balança comercial favorável,
ficando constantemente negativa, pois Portugal importava em grande número bens
essenciais para o desenvolvimento económico como os cereais, carvão e máquinas de
indústria e apenas exportava vinho, gado, cortiça e conservas de peixe, em número
insuficiente para alterar a balança comercial.
Em busca de melhores oportunidades a emigração aumentou, já que a abolição da
escravatura levou a uma procura de mão-de-obra não especializada, assim em 1880
tinham emigrado cerca de 30000 pessoas para destinos como a América do Norte,
América do Sul, realçando o Brasil como destino com maior influência. Embora isto
significasse uma perda de população ativa, o capital trazido por estes, cerca de 60
milhões de libras (entre 1851 e 1891) tornou-se vital para compensar o saldo negativo

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da balança, um outro fator que ajudou a equilibrar este saldo foram os empréstimos
públicos, contudo estes traziam por acréscimos pagamento de juros e lucros.

Bibliografia

MATA, Eugénia; VALÉRIO, Nuno - História Económica de Portugal. Uma


perspectiva global. Lisboa: Editorial Presença, 2003, pp. 136-238 (disponível no
ambiente da sala de aula virtual)

PIMENTA, Fernando Tavares - A instalação do liberalismo em Portugal e a


Regeneração (1820-1890), Textos de Apoio e de Contextualização Histórica da
Unidade Curricular de História Económica e Social. Ano Académico 2022/202

DUARTE,Diana, 150 anos da abolição da pena de morte,RTP,2017 in A abolição da


pena de morte em Portugal - RTP Ensina

Adoção do Sistema Métrico e a sua Divulgação, Instituto Português de Qualidade,


consultado a 24/04/2023 in Adoção do Sistema Métrico e sua Divulgação - IPQ

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